segunda-feira, agosto 01, 2005

Estratégia de Empresa e Estratégia Pessoal: Os anos que se seguem

"Golden girls and boys all must
like the chimney sweeper turn to dust..."


A inevitabilidade do passar dos anos deixa muitas pessoas preocupadas com o futuro pós-empresa.

O que fazer quando já nada, aparentemente, haverá para fazer?

Neste artigo debruço-me especialmente não só sobre aqueles que se vão retirar da vida activa por limite de idade, mas sobretudo sobre os outros, os que - sem terem manifestado para isso vontade - foram enterrados vivos dentro das Empresas, sem ocupações condignas ou mesmo sem qualquer ocupação.

Não é esta ainda a altura para discutir as causas dessas situações, o objectivo por agora é discutir as suas consequências e as melhores formas de as ultrapassar.

Num capítulo da sua obra "Desafios da Gestão para o século XXI" Peter Drucker aborda esta matéria, aconselhando a que o Plano Pessoal de qualquer gestor contemple a possibilidade de, na segunda metade da sua vida, poder:

a) Iniciar uma carreira paralela, não abandonando a actual, ou

b)Tornar-se um "empreendedor social" dedicado às causas das ONG's de carácter não lucrativo, ou

c) Finalmente, iniciar uma segunda carreira diferente noutra Empresa.

Talvez que nos USA esta última hipótese seja viável para Técnicos superiores com 50 anos ou mais, mas aqui em Portugal - e salvo honrosas excepções - não me parece ser actualmente exequível.

Assim ficaremos com as possibilidades de iniciar uma "carreira Paralela" - por exemplo no Ensino Superior ou na Política Autárquica - ou ainda de nos dedicarmos às "Boas Obras" sejam estas num enquadramento religioso ou laico.

O grande problema que defrontam - a médio prazo - as pessoas que são "encostadas às tábuas" nas Organizações é um problema de Auto-Estima: "colocaram-me nesta situação porque não sou suficientemente bom". "Estou aqui agora porque devo ter feito alguma coisa de muito errado, mas não me consigo lembrar do que foi..."

Esta linha de raciocínio é perigosa porque desvia a atenção e o fócus da pessoa em causa. Em lugar de sentir que foi injustiçada porque alguém o decidiu autocraticamente, acaba por tentar encontrar dentro de si as explicações profundas para o acontecido.
A revolta que se sente durante os primeiros meses - normalmente corporizada num Gestor de Topo que tomou a decisão - acaba por se transformar, com o passar dos anos, numa triste apatia não reactiva, caracterizada por chavões como : "Agora só quero é que não me chateiem" . "Ao menos ainda me pagam o ordenado todos os meses..." . "Há quem esteja muito pior do que eu..."

Sou de opinião que devemos evitar seguir por esse caminho. A todo o custo! Aquilo que somos (ou melhor, aquilo em que nos tornámos ao fim de 40 anos de preparação) não pode ser posto em causa por decisões instantâneas de má gestão, que nos transcendem.

A verdade sobre aquilo que somos tem de se sobrepor a estas contrariedades; há que afirmar, todos os dias : "É nisto que eu sou Bom! É assim que eu acho que devia trabalhar! Estes são os meus Valores!"

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