Prestes a tomar o rumo da "mais alta" (do Côtenente!) faço com os amigos o rescaldo da noite de 24 e do dia de ontem.
A santa mãe amuou porque não lhe fiz o bacalhau com as couves. É engraçado que quando questionada dias antes disse que não o desejava...Mistérios da 4ª idade. A santa tia acha tudo bem, come e faz sempre boa companhia. Bem haja.
Na Garret foi engraçado medir a cauda da fila e comparar com as dos anos anteriores. Os "habitués" da velha pastelaria resguardam-se sempre nestas ocasiões com o truque da "encomenda". Para além do bolo-rei ou rainha, a encomenda exige que se leve mais qualquer coisinha. Mas a vantagem é entrarmos directamente para a sala das "encomendas" , evitando assim a fila para o bolo-rei. Neste ano pareceu-me ser a fila um pouco mais longa do que no ano passado.
Não posso garantir, mas lá que me pareceu, isso pareceu...
Pelas 7,30h o último dos "esperantes" já aguardava na curva da rua, lá em cima depois da porta do "Saloio". E a Garret só abre às 8.00h.
Nota: A "Quinta do Saloio" é uma das melhores mercearias de luxo da linha.
O Amigo Casaleiro fecha a 26 e 27, como contrapartida das noites em branco à frente dos fornos.
Por isso muita gente se avia até ao dia de Ano Novo. Como a santa mãe amua sempre que não vê a mesa cheia de doces, lá tive de esportular uns bons euritos. Para 4 gatos-pingados comerem.
Enfim...
Mas estou a chegar à idade em que não aturo dois amuos no mesmo dia (ou noite), vindos de onde vêm.
Parto para a Beira Alta com alguma preocupação, Mas é esta aquela situação em que saímos da frigideira quente para o meio da panela que está ao lume... Com anciãs nos dois lados, e em estado de saúde mais complicado, cabe ao blogger equilibrar a sua vida numa situação de compromisso entre o Estoril e São Martinho.
Outra preocupação, menor obviamente, é que a recepção de rede para enviar estes Posts e receber os mails está cada vez pior lá na Serra da Estrela. Pelo menos para quem usa banda larga da MEO.
Se as costumeiras Crónicas da Serra não se fizerem notadas não é por preguiça, mas sim por traição da tecnologia.
No Ano Novo a grande decisão será em redor da ementa: cozido à portuguesa com os enchidos caseiros lá da quinta ou o cabrito assado que me ficou atravessado neste Natal?
Lá mais para o dia 30 tomarei a decisão. Autocraticamente, pois claro, porque uma das vantagens de um gajo chegar aos 60 com algum juízo é poder decidir sem passar cartão a ninguém...
Mas sobre isto tudo ainda falaremos (ou melhor, falarei). Desde que a "rede" o permita.
Continuação de muito Boas Festas para todos. Saúde e dinheiro para trocos!
Como nos disseram ontem que "Este Natal é o primeiro de há muitos anos em que não há nuvens negras no horizonte", pode ser que o "dinheiro para trocos" signifique mais largueza de gastos das desgraçadas famílias. Mas neste caso estou como o velho São Tomé: Ver para crer.
sexta-feira, dezembro 26, 2014
terça-feira, dezembro 23, 2014
As Festas
É suposto que todos temos de partilhar nesta altura do ano o famoso "Espírito de Natal".
Mesmo quem não sinta muito essa toada de "paz e amor" na sua vida de todos os dias. A Consoada e o almoço de Natal, embora pobrinhos, se forem passados com a família ao redor acabam sempre por trazer algum conforto aos que deles partilham.
Esta é a teoria oficial do politicamente correcto. Nada tenho contra quem assim pensa, mas para mim não é esta uma quadra que me agrade por aí além.
Razões históricas (a Natália faleceu a 28), mas também razões mais práticas. Sem crianças em casa - a quem dedicamos sempre mais tempo e mais alegria nestes dias - o que se pode fazer à volta de duas anciãs a bater nos 85?
Dar-lhes o bacalhauzinho da Consoada logo ao almoço do dia 24, pô-las a verem por algumas horas o programa favorito das TV's (será o Natal dos Hospitais?) e, em tendo elas abandonado a casa para se irem deitar logo pelas 7 da tarde, lá ficamos eu e o meu senhorio a ver algum filme antes de irmos também nós para a cama, porque no dia de Natal a azáfama na cozinha começa bem cedo.
Lá para cima, para a quinta, ainda será mais solitária essa noite, O meu cunhado e a minha sogra a olharem um para o outro e a lembrarem-se quando aquela mesa (que senta 10 pesooas) estava cheia de gente e de boa disposição nesta altura do ano.
Iremos ter com eles para o Ano Novo, mas mesmo dobrando a audiência não deixamos de ser apenas 4...
Que estas reflexões não deixem os meus amigos de passarem um Santo Natal, na companhia de quem mais gostam. E se por acaso tiverem que aturar nestas dias alguém menos "afável" e cuja companhia bem dispensavam, não se esqueçam do tal "espírito de Natal" com que começei a crónica. Façam o sacrifício por uma noite (ou duas).
Sogras e sogros, noras e genros? É Natal. Até cães e gatos devem fazer um esforço para se aturarem por algumas horas.
Por mim já decidi que passaremos a noite do dia 24 a fazer uma maratona de Downton Abbey. Parece que o G. Clooney é artista convidado no episódio de Natal. Pena a mulher também não ter vindo...
Mesmo quem não sinta muito essa toada de "paz e amor" na sua vida de todos os dias. A Consoada e o almoço de Natal, embora pobrinhos, se forem passados com a família ao redor acabam sempre por trazer algum conforto aos que deles partilham.
Esta é a teoria oficial do politicamente correcto. Nada tenho contra quem assim pensa, mas para mim não é esta uma quadra que me agrade por aí além.
Razões históricas (a Natália faleceu a 28), mas também razões mais práticas. Sem crianças em casa - a quem dedicamos sempre mais tempo e mais alegria nestes dias - o que se pode fazer à volta de duas anciãs a bater nos 85?
Dar-lhes o bacalhauzinho da Consoada logo ao almoço do dia 24, pô-las a verem por algumas horas o programa favorito das TV's (será o Natal dos Hospitais?) e, em tendo elas abandonado a casa para se irem deitar logo pelas 7 da tarde, lá ficamos eu e o meu senhorio a ver algum filme antes de irmos também nós para a cama, porque no dia de Natal a azáfama na cozinha começa bem cedo.
Lá para cima, para a quinta, ainda será mais solitária essa noite, O meu cunhado e a minha sogra a olharem um para o outro e a lembrarem-se quando aquela mesa (que senta 10 pesooas) estava cheia de gente e de boa disposição nesta altura do ano.
Iremos ter com eles para o Ano Novo, mas mesmo dobrando a audiência não deixamos de ser apenas 4...
Que estas reflexões não deixem os meus amigos de passarem um Santo Natal, na companhia de quem mais gostam. E se por acaso tiverem que aturar nestas dias alguém menos "afável" e cuja companhia bem dispensavam, não se esqueçam do tal "espírito de Natal" com que começei a crónica. Façam o sacrifício por uma noite (ou duas).
Sogras e sogros, noras e genros? É Natal. Até cães e gatos devem fazer um esforço para se aturarem por algumas horas.
Por mim já decidi que passaremos a noite do dia 24 a fazer uma maratona de Downton Abbey. Parece que o G. Clooney é artista convidado no episódio de Natal. Pena a mulher também não ter vindo...
sexta-feira, dezembro 19, 2014
Para Descansar a Vista
Em louvor de Cuba , do seu povo, da sua história, dos ideais que quase todos compartilhámos quando éramos (mais) novos. Em louvor desta trégua e paz.
Embora com alguma desconfiança "à cause des puros" - com receio que o USD tome conta dessas ocorrências num futuro próximo e deixe apenas as sobras para nosotros.
De todas as formas e como pareceria de um egoísmo extremo estar a assombrar estas notícias magníficas por causa de um vício*, aqui vos deixo Roberto Fernandez Retamar .
*Nota: Fumar um cubano de quando em vez será ainda um vício que mantenho, mas raro, muito raro atendendo à crise que atravessamos. Nem lhe chamaria já uma "adição", mais uma "subtracção" onde, de vez em quando, lá somamos uma parcela em dia de arco-íris. Nem todos podemos ser Álvaros Sobrinhos...
Embora com alguma desconfiança "à cause des puros" - com receio que o USD tome conta dessas ocorrências num futuro próximo e deixe apenas as sobras para nosotros.
De todas as formas e como pareceria de um egoísmo extremo estar a assombrar estas notícias magníficas por causa de um vício*, aqui vos deixo Roberto Fernandez Retamar .
*Nota: Fumar um cubano de quando em vez será ainda um vício que mantenho, mas raro, muito raro atendendo à crise que atravessamos. Nem lhe chamaria já uma "adição", mais uma "subtracção" onde, de vez em quando, lá somamos uma parcela em dia de arco-íris. Nem todos podemos ser Álvaros Sobrinhos...
Bio de Retamar por cortesia de Virgilio Lopez Lemus: Começa a carreira literária em 1950, com Elegía como un himno (1950).
Em 1952 edita Patrias e em 1955 Alabanzas, conversaciones. Reconhecido como um ensaísta de talento, esteve sempre entre os mais importantes criadores de sua geração. Vuelta a la antigua esperanza (1959) é um livro do coloquialismo, corrente que se expressa com mais intensidade em Con las mismas manos (1962), Historia antigua (1964), Que veremos arder (1970), Circunstancia de poesía (1977), Juana y otros poemas personales (1981), Hacia la Nueva (1988), entre outros. Agrupou quase todos seus poemas em Poesía reunida (1966) e no livro mais destacado Palabra de mi pueblo (1980). Em 1989 recebeu o Prémio Nacional de Literatura.
FELICES LOS NORMALES
Felices los normales, esos seres extraños.
Los que no tuvieron una madre loca, un padre borracho, un hijo delincuente,
Una casa en ninguna parte, una enfermedad desconocida,
Los que no han sido calcinados por un amor devorante,
Los que vivieron los diecisiete rostros de la sonrisa y un poco más.
Los llenos de zapatos, los arcángeles con sombreros,
Los satisfechos, los gordos, los lindos),
Los rintintín y sus secuaces, los que cómo no, por aquí,
Los que ganan, los que son queridos hasta la empuñadura,
Los flautistas acompañados por ratones,
Los vendedores y sus compradores,
Los caballeros ligeramente sobrehumanos,
Los hombres vestidos de truenos y las mujeres de relámpagos,
Los delicados, los sensatos, los finos,
Los amables, los dulces, los comestibles y los bebestibles.
Felices las aves, el estiércol, las piedras.
Pero que den paso a los que hacen los mundos y los sueños,
Las ilusiones, las sinfonías, las palabras que nos desbaratan
Y nos construyen, los más locos que sus madres, los más borrachos
Que sus padres y más delincuentes que sus hijos
Y más devorados por amores calcinantes.
Que les dejen su sitio en el infierno, y basta.
(De: Historia antigua - 1962)
quinta-feira, dezembro 18, 2014
O incómodo das peruas no Natal
As peruas ( e esposos) sofrem mais no Natal do que nas outras épocas do ano.
Penso que todos conhecem aquela anedota em que um bando de perús vem para a rua em solene manifestação, trazendo um cartaz onde se lia:
" É Natal! Jesus comia peixe!"
Na véspera ainda lhes damos algum crédito, mas quando se trata do dia 25 não consta que se tenham safado. Eu próprio até já partilhei aqui uma receita para melhor se tragarem estes galinácios nesta época festiva.
Todavia, não é às peruas com penas que me quero referir.
Nem sequer às outras "peruas", às que são primas das "cadelas" e que decorrem do exagerado consumo de liquidos nesta época do ano, embora o assunto também mereça um Post dedicado.
Falo das "outras" peruas que tenho lá por casa e que aproveitam a minha disponibilidade para pedirem boleia e "irem às compras" nesta época .
Quando a minha santa ainda se enxergava era mais fácil. Eu metia-a dentro da superfície comercial, punha-lhe um carrinho nas delicadas mãozinhas, dava-lhe um prazo para "ir às compras" e combinávamos um lugar onde a fosse buscar, 2 horas depois.
Neste momento - e por culpa dos governantes que introduziram a nova moeda em 2000 - a santa já não dá conta do recado sozinha. Preciso de andar sempre atrás dela para lhe dizer quanto custam as coisas em "escudos e contos".
Ainda hei-de acabar esta quadra a concordar com o MRPP : "Portugal tem de sair do Euro! Já!".
Dir-se-ia que se a minha santa fosse acompanhada pela irmã - um ano mais nova, e com uma cabeça melhor do que a dela ( e do que a minha!) para as contas - tudo se resolveria.... Mas não. Elas não gostam de andar juntas nestas altura do ano, com medo que "se a outra visse o que eu comprava ia logo atrás comprar o mesmo também".
E tratando-se de irmãs que vivem a metros uma da outra, as criaturas a quem dão presentes são sempre as mesmas, o que traria algum incómodo quando as recipentes da bondade alheia verificassem que estavam a receber o mesmo presente em dobra.
Atendendo a estas restrições, cabe ao desgraçado do Blogger resolver a quadratura do círculo: Ir com as duas, depositá-las no mesmo local, andar atrás da mais velha para que ela não compre uma caixa de bombons por 70 euros pensando que eram 70 escudos, mas nunca deixando de ter um olho nas andanças da mais nova, que apesar de ter boa cabeça para as contas já não se entende muito bem com os códigos das balanças para pesar a fruta e os legumes.
Sim, porque encontrando-se ambas no Hipermercado não mercam apenas os presentes. Isso é que era bom!! Leva cada uma o seu carrinho carregado de todas as outras coisas que entendem necessárias, desde o leite às alfaces.
Onde é que estas anciãs nos idos dos 80's metem tudo aquilo que compram carago??!! Todos os fds têm de se abastecer... Mistério que me recuso a investigar com receio de descobrir alguma verdade incómoda, tipo uma arrecadação a tresandar a podre, cheia de tudo o que compraram mas não utilizaram. Ou então dão guarida lá em suas casas a um pelotão fugido à guera do Afeganistão...
Na óptica dos meus leitores trata-se de uma manhã mais chata por ano para mim, sem dúvida, mas , há que ter paciência, não é?
Pois é...Se fosse uma manhã apenas. Ando nisto desde que entrou o mês de Dezembro. Pelas minhas contas já são 3 fins de semana. E ainda falta um importante detalhe: as flores para o cemitério!! Já que os falecidos também têm direito ao Natal, no entendimento "peruano".
Dessa Via Sacra me ocuparei no dia 20.
Depois disto tudo acho que mereço um cubano e um belo whisky de malte na noite de Natal, sozinho com o meu senhorio no conforto do meu sofá.
Mas já nem sei se isso está garantido, amigos.
Cuba está a fazer as pazes com os USA!! Magnífico!! Que bela notícia de Natal e para todo o ano!!
Mas reparem nisto: sendo muito bom para quase tudo, tem um senão... Quando o embargo acabar para onde é que V. acham que vão voar os meus ( salvo seja) "puros"?? E a que preçozinho vão chegar aqui ao rectângulo?
Exactamente... Ainda não tinham pensado nisso?
Arriba Cuba! Y Raul , amigo, no vendas todos los habanos a los hermanos Yankees! Si non ainda te f*** (te prejudicas) comigo y los otros lusitanos (Partáguas!).
Penso que todos conhecem aquela anedota em que um bando de perús vem para a rua em solene manifestação, trazendo um cartaz onde se lia:
" É Natal! Jesus comia peixe!"
Na véspera ainda lhes damos algum crédito, mas quando se trata do dia 25 não consta que se tenham safado. Eu próprio até já partilhei aqui uma receita para melhor se tragarem estes galinácios nesta época festiva.
Todavia, não é às peruas com penas que me quero referir.
Nem sequer às outras "peruas", às que são primas das "cadelas" e que decorrem do exagerado consumo de liquidos nesta época do ano, embora o assunto também mereça um Post dedicado.
Falo das "outras" peruas que tenho lá por casa e que aproveitam a minha disponibilidade para pedirem boleia e "irem às compras" nesta época .
Quando a minha santa ainda se enxergava era mais fácil. Eu metia-a dentro da superfície comercial, punha-lhe um carrinho nas delicadas mãozinhas, dava-lhe um prazo para "ir às compras" e combinávamos um lugar onde a fosse buscar, 2 horas depois.
Neste momento - e por culpa dos governantes que introduziram a nova moeda em 2000 - a santa já não dá conta do recado sozinha. Preciso de andar sempre atrás dela para lhe dizer quanto custam as coisas em "escudos e contos".
Ainda hei-de acabar esta quadra a concordar com o MRPP : "Portugal tem de sair do Euro! Já!".
Dir-se-ia que se a minha santa fosse acompanhada pela irmã - um ano mais nova, e com uma cabeça melhor do que a dela ( e do que a minha!) para as contas - tudo se resolveria.... Mas não. Elas não gostam de andar juntas nestas altura do ano, com medo que "se a outra visse o que eu comprava ia logo atrás comprar o mesmo também".
E tratando-se de irmãs que vivem a metros uma da outra, as criaturas a quem dão presentes são sempre as mesmas, o que traria algum incómodo quando as recipentes da bondade alheia verificassem que estavam a receber o mesmo presente em dobra.
Atendendo a estas restrições, cabe ao desgraçado do Blogger resolver a quadratura do círculo: Ir com as duas, depositá-las no mesmo local, andar atrás da mais velha para que ela não compre uma caixa de bombons por 70 euros pensando que eram 70 escudos, mas nunca deixando de ter um olho nas andanças da mais nova, que apesar de ter boa cabeça para as contas já não se entende muito bem com os códigos das balanças para pesar a fruta e os legumes.
Sim, porque encontrando-se ambas no Hipermercado não mercam apenas os presentes. Isso é que era bom!! Leva cada uma o seu carrinho carregado de todas as outras coisas que entendem necessárias, desde o leite às alfaces.
Onde é que estas anciãs nos idos dos 80's metem tudo aquilo que compram carago??!! Todos os fds têm de se abastecer... Mistério que me recuso a investigar com receio de descobrir alguma verdade incómoda, tipo uma arrecadação a tresandar a podre, cheia de tudo o que compraram mas não utilizaram. Ou então dão guarida lá em suas casas a um pelotão fugido à guera do Afeganistão...
Na óptica dos meus leitores trata-se de uma manhã mais chata por ano para mim, sem dúvida, mas , há que ter paciência, não é?
Pois é...Se fosse uma manhã apenas. Ando nisto desde que entrou o mês de Dezembro. Pelas minhas contas já são 3 fins de semana. E ainda falta um importante detalhe: as flores para o cemitério!! Já que os falecidos também têm direito ao Natal, no entendimento "peruano".
Dessa Via Sacra me ocuparei no dia 20.
Depois disto tudo acho que mereço um cubano e um belo whisky de malte na noite de Natal, sozinho com o meu senhorio no conforto do meu sofá.
Mas já nem sei se isso está garantido, amigos.
Cuba está a fazer as pazes com os USA!! Magnífico!! Que bela notícia de Natal e para todo o ano!!
Mas reparem nisto: sendo muito bom para quase tudo, tem um senão... Quando o embargo acabar para onde é que V. acham que vão voar os meus ( salvo seja) "puros"?? E a que preçozinho vão chegar aqui ao rectângulo?
Exactamente... Ainda não tinham pensado nisso?
Arriba Cuba! Y Raul , amigo, no vendas todos los habanos a los hermanos Yankees! Si non ainda te f*** (te prejudicas) comigo y los otros lusitanos (Partáguas!).
segunda-feira, dezembro 15, 2014
Adaptações e Prioridades
Como de costume hoje de manhã passei pela Versailles. A única diferença foi que tinha dois bolos-rei já previamente encomendados , um mimo que faço aos colegas nesta quadra.
Hoje para o Báltico, no dia de reis para a João Saraiva, onde o início do balanço não aconselha que seja agora.
Um dos arrumadores que costuma estar de serviço à porta da clássica pastelaria foi neste momento promovido a ajudante dos proprietários do meu quiosque de jornais e revistas. Acarta os molhos de jornais, arruma as revistas, ajuda a abrir a porta do veículo da VASP, etc, etc...
Pensava eu que ele tinha arranjado outro trabalho, quando logo que me viu dirigiu-se a pedir a moedinha do costume.
-" Oh Amigo, então V. não ajudou a estacionar! Estava a arrumar jornais!"
-"Nos outros dias também não ajudo e o Senhor dá sempre..."
- "Não ajuda mas ao menos faz a parte!"
- " Olha! Já tem o senhor chegado primeiro que eu e depois dá a moeda!"
- "Então mas isto é pagamento de serviços ou esmola?"
- "Qualquer coisa serve, desde que dê a moeda..."
No que tinha o homem inteira razão. Para quê estarmos a filosofar sobre as causas se as suas consequências são as mesmas?
A placa do meu fogão - antiga e boa, 5 bicos protegidos com ferro forjado - deu o corpo ao manifesto. Tem bicos que já não mantêm o gás aceso, tem outros que devem estar entupidos.
A placa é fundamental durante todo o ano, mas então agora nem se fala.
No Sábado passado, e com medo das compras de Natal ( suplício que todos temos que passar), estava logo de manhã à porta da Loja que dava apoio técnico à marca da minha placa.
Os clientes que se dirigiam aos balcões para falar de assistência técnica eram atendidos por ordem de chegada, mas parecia haver pouca gente nesse serviço, e a única senhora que havia nada percebia. Questionada , o que disse foi que:
- " Estou aqui por necessidade, não sou especialista. Os especialistas na assistência técnica são dois. Um está doente e o outro de férias".
Como iamos dizendo que não parecia ser a melhor altura para irem de férias, a amável e jovem senhora retorquiu:
-"Sabe, nesta altura do ano o que queremos é vender... Assistência técnica pode esperar para Janeiro".
Todos entendemos.
Os "especialistas na assistência técnica" deviam mas era estar ao balcão a vender! Qual doença e quais férias!
Se eu quisesse comprar uma placa nova estava já ali quem me explicasse tudo!
E quem os pode criticar?
Hoje para o Báltico, no dia de reis para a João Saraiva, onde o início do balanço não aconselha que seja agora.
Um dos arrumadores que costuma estar de serviço à porta da clássica pastelaria foi neste momento promovido a ajudante dos proprietários do meu quiosque de jornais e revistas. Acarta os molhos de jornais, arruma as revistas, ajuda a abrir a porta do veículo da VASP, etc, etc...
Pensava eu que ele tinha arranjado outro trabalho, quando logo que me viu dirigiu-se a pedir a moedinha do costume.
-" Oh Amigo, então V. não ajudou a estacionar! Estava a arrumar jornais!"
-"Nos outros dias também não ajudo e o Senhor dá sempre..."
- "Não ajuda mas ao menos faz a parte!"
- " Olha! Já tem o senhor chegado primeiro que eu e depois dá a moeda!"
- "Então mas isto é pagamento de serviços ou esmola?"
- "Qualquer coisa serve, desde que dê a moeda..."
No que tinha o homem inteira razão. Para quê estarmos a filosofar sobre as causas se as suas consequências são as mesmas?
A placa do meu fogão - antiga e boa, 5 bicos protegidos com ferro forjado - deu o corpo ao manifesto. Tem bicos que já não mantêm o gás aceso, tem outros que devem estar entupidos.
A placa é fundamental durante todo o ano, mas então agora nem se fala.
No Sábado passado, e com medo das compras de Natal ( suplício que todos temos que passar), estava logo de manhã à porta da Loja que dava apoio técnico à marca da minha placa.
Os clientes que se dirigiam aos balcões para falar de assistência técnica eram atendidos por ordem de chegada, mas parecia haver pouca gente nesse serviço, e a única senhora que havia nada percebia. Questionada , o que disse foi que:
- " Estou aqui por necessidade, não sou especialista. Os especialistas na assistência técnica são dois. Um está doente e o outro de férias".
Como iamos dizendo que não parecia ser a melhor altura para irem de férias, a amável e jovem senhora retorquiu:
-"Sabe, nesta altura do ano o que queremos é vender... Assistência técnica pode esperar para Janeiro".
Todos entendemos.
Os "especialistas na assistência técnica" deviam mas era estar ao balcão a vender! Qual doença e quais férias!
Se eu quisesse comprar uma placa nova estava já ali quem me explicasse tudo!
E quem os pode criticar?
sexta-feira, dezembro 12, 2014
Para Descansar a Vista
Recorro mais uma vez a meu mestre Eugénio de Andrade. Esta sexta feira de nevoeiro lembrou-me o primeiro tema. Ao qual acrescentei um belíssimo poema de solidão, também ele adequado a este Inverno do nosso descontentamento.
E é Natal... Mas só a 24. Talvez esse seja o problema.
Passamos pelas coisas sem as ver
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos como animais envelhecidos;
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos:
como frutos de sombra sem sabor
vamos caindo ao chão apodrecidos
As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugénio de Andrade
E é Natal... Mas só a 24. Talvez esse seja o problema.
Passamos pelas coisas sem as ver
Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos como animais envelhecidos;
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos:
como frutos de sombra sem sabor
vamos caindo ao chão apodrecidos
Eugénio de Andrade
As palavras que te envio são interditas
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.
Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.
E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.
Eugénio de Andrade
quinta-feira, dezembro 11, 2014
Perú ou Cabrito?
Falsa questão. Sempre o cabrito pois então!
A não ser que alguém possua meios para criar perús livremente no campo, alimentados a milho, alfaces e couves, vadiando alegremente pelos prados?
Não têm desses? Então façam um favor a toda a gente lá de casa e atravessem-se pelo Cabrito...
Dito isto, por motivos que se prendem com a necessidade das minhas anciãs cá de baixo ("velhas" nesta quadra parece mal, e "santas" não lhes chamo enquanto me lembrar da última partida que me fizeram) viverem em boa harmonia comigo e com o senhorio, este ano terei de assar um perú... A decisão foi tomada por ambas, tendo em atenção que:
- "Tu (eu) depois vais-te embora para a quinta e do cabrito não sobra nada! Ao menos com perú ficamos com sandes para vários dias!".
Lógica inatacável...
Para assar um perú (conhecido nos meios entendidos como o McDonald's circulante) que tenha nos pratos um mínimo de sabor e que disfarce tanto quanto possível a ração e a farinha com que foi alimentado, há apenas duas opções.
Ou compramos no El Corte Inglês (encomendando) um perú de criação biológica, segundo parece oriundo da Herdade alentejana do Freixo do Meio:
http://www.herdadedofreixodomeio.com/pt/component/content/article/70-perus.html
Ou então há que utilizar a imaginação (com resultados as mais das vezes sofríveis, mas melhores do que nada).
Assim, aqui vai uma proposta que parte do princípio que temos um perú inteiro, com os seus miúdos.
Vai ao forno quente por umas 2 horas a 2 horas e meia. Na altura de tirar deve ser "apresentado" a uma corrente de ar fria para se "constipar", ficando a pele crocante.
Costumo acompanhar este Perú com batatas fritas aos cubos e grelos salteados de nabo.
Mesmo que o sabor final não seja entusiasmante para gastrónomos exigentes, ajuda muito se o acompanharmos com um Tinto "à maneira"!
Três opções "capitalistas":
- Quinta da Leda 2011 (magnífico Tinto do Douro de um ano excepcional! Cerca de 37 euros...)
- Dão Quinta da Pelada , Álvaro Crasto, 2011 (idem, idem para o Dão, cerca de 28 euros...).
- Quinta do Mouro Tinto de 2008, alentejano de Estremoz. Custará cerca de 35 euros.
Baratas são carochas? É bem certo...
Mas ainda há outras possibilidades, com relevo para uma, que descobri por acaso e me entusiasmou. O Vinha do Mouro 2011 (também ele do Dr. Miguel Louro) que não chega aos 6 euros! Muito bom!
Nota: quem não gosta de perú mas é obrigado a tê-lo na mesa, faça como eu. Coma pouco da ave e passe logo para um pratinho de queijo da serra a escorrer, com pão quente. Tem é que manter perto de si um vinho tinto em condições! Isto não é negociável!
A não ser que alguém possua meios para criar perús livremente no campo, alimentados a milho, alfaces e couves, vadiando alegremente pelos prados?
Não têm desses? Então façam um favor a toda a gente lá de casa e atravessem-se pelo Cabrito...
Dito isto, por motivos que se prendem com a necessidade das minhas anciãs cá de baixo ("velhas" nesta quadra parece mal, e "santas" não lhes chamo enquanto me lembrar da última partida que me fizeram) viverem em boa harmonia comigo e com o senhorio, este ano terei de assar um perú... A decisão foi tomada por ambas, tendo em atenção que:
- "Tu (eu) depois vais-te embora para a quinta e do cabrito não sobra nada! Ao menos com perú ficamos com sandes para vários dias!".
Lógica inatacável...
Para assar um perú (conhecido nos meios entendidos como o McDonald's circulante) que tenha nos pratos um mínimo de sabor e que disfarce tanto quanto possível a ração e a farinha com que foi alimentado, há apenas duas opções.
Ou compramos no El Corte Inglês (encomendando) um perú de criação biológica, segundo parece oriundo da Herdade alentejana do Freixo do Meio:
http://www.herdadedofreixodomeio.com/pt/component/content/article/70-perus.html
Ou então há que utilizar a imaginação (com resultados as mais das vezes sofríveis, mas melhores do que nada).
Assim, aqui vai uma proposta que parte do princípio que temos um perú inteiro, com os seus miúdos.
Depois
do peru arranjado e bem limpo, esfrega-se com vinho branco e cortam-se as extremidades das patas e o pescoço.
Coloca-se o peru num alguidar coberto com
água fria, sal (1kg) , laranjas e limões ás rodelas. Deixa-se ficar assim de um dia
para o outro.
No dia seguinte, escorre-se e enxuga-se com um pano de modo a
ficar bem enxuto.
Temos entretanto já preparada uma pasta de barrar feita com massa de pimentão, alhos, cebola , pimenta preta, sal e azeite. Os alhos e as cebolas são levados à máquina de triturar (1,2,3) e depois temperados com os outros ingredientes numa tigela funda. Com a mão passa-se esta pasta por todo o peru.
À parte, partimos para outra tigela 250g de pão alentejano de trigo em bocados, que se envolve em 3 ou 4 ovos inteiros. Juntamos 150 g de presunto cortado em pedacinhos, um patê de foie gras que tenha pelo menos um "arremedo" de trufas , os miúdos que foram alourados em azeite, picados ou partidos finos . Mexam bem com o molho que ficou na frigideira de alourar os miúdos, de forma a ficar um preparado homogéneo.
Enche-se o peito do peru
com este preparado, calcando para que fique bem cheio, e fecha-se a a abertura com
agulha e linha .
Vai ao forno quente por umas 2 horas a 2 horas e meia. Na altura de tirar deve ser "apresentado" a uma corrente de ar fria para se "constipar", ficando a pele crocante.
Costumo acompanhar este Perú com batatas fritas aos cubos e grelos salteados de nabo.
Mesmo que o sabor final não seja entusiasmante para gastrónomos exigentes, ajuda muito se o acompanharmos com um Tinto "à maneira"!
Três opções "capitalistas":
- Quinta da Leda 2011 (magnífico Tinto do Douro de um ano excepcional! Cerca de 37 euros...)
- Dão Quinta da Pelada , Álvaro Crasto, 2011 (idem, idem para o Dão, cerca de 28 euros...).
- Quinta do Mouro Tinto de 2008, alentejano de Estremoz. Custará cerca de 35 euros.
Baratas são carochas? É bem certo...
Mas ainda há outras possibilidades, com relevo para uma, que descobri por acaso e me entusiasmou. O Vinha do Mouro 2011 (também ele do Dr. Miguel Louro) que não chega aos 6 euros! Muito bom!
Nota: quem não gosta de perú mas é obrigado a tê-lo na mesa, faça como eu. Coma pouco da ave e passe logo para um pratinho de queijo da serra a escorrer, com pão quente. Tem é que manter perto de si um vinho tinto em condições! Isto não é negociável!
terça-feira, dezembro 09, 2014
Os Brancos do Tramagal
O vosso Blogger não deu em racista tardio. Apesar do título.
O que está em causa são os vinhos brancos da região do Tramagal, que já foi berço de industria muito importante ( a clássica metalúrgica Duarte Ferreira) e hoje apresenta uma inexorável asfixia laboral, remetendo-se aos serviços (poucos) e retomando a vocação agrícola que era dos seus bisavós.
Nada de extraordinário. Nas terras pequenas deste país por norma não há trabalho, por isso são pequenas (dirão alguns). Na retoma da actividade agrícola que se verifica um pouco por todo o lado como forma de fazer face à crise, a Vila do Tramagal encontrou algum lampejo na vinicultura.
A empresa Casal da Coelheira , com Adega na Estrada Nacional 118, possui vinhos premiados, como o Casal da Coelheira Reserva e DOC, Terraços do Tejo e, mais recentemente, o Mythos e o Casal da Coelheira Rosé 2009 (premiado como melhor Rosé do mundo em Bruxelas, no ano de 2010).
Devo confessar que os tintos desta região nunca me convenceram nos chamados "topos de gama". Um destes é o Mythos, feito apenas em anos excepcionais a partir de Touriga Nacional e Franca , e de Cabernet. O último que bebi foi o de 2007. Apesar das críticas muito favoráveis do Amigo João Paulo Martins (que lhe atribuíu 17 pontos em 20), achei-o com fruta demasiado "madura" e a madeira proeminente, quase doce na boca...
Agora já por aí se encontra à venda o de 2011, e pode ser que este ano abençoado tenha estendido a benção ao vinho. Custará cerca de 16 euros no local e nas Garrafeiras talvez vinte e picos...
Mas do que gosto, sem reservas, é o Branco Reserva (neste momento em venda está o de 2013) feito à base de Chardonnay com um pouco de Arinto. É um branco notável, de relação qualidade preço muitíssimo boa (custa menos de 6 euros). A maçã da Chardonnay casou muito bem com amadeira , originando um vinho com alguma complexidade, mas ainda assim bem fresco na boca. E que, na minha opinião, vai melhorar com a idade.
Veremos quando o provar daqui a alguns anos.
A tradição do Tramagal em vinhos brancos é muito antiga. Já o saudoso Dr. Chambel, do Fórum Prior do Crato, acreditava nesse binómio do Ribatejo em brancos. Cooperativa de Almeirim, Alorna (que nos deu um magnífico espumante há uns anos atrás), mesmo até ao Sardoal, com a Quinta do Vale do Arno, eram famosas pelos brancos de Fernão Pires, casta rainha naquela zona.
E mesmo nos tintos "normais", se não quisermos sinfonias e cantatas à moda do Douro, para o dia-a-dia, há propostas bem honestas a preços muito razoáveis naquela zona.
Tintos bons para o bacalhau, assado ou em arroz de línguas, para as migas de couve com sável, para acompanhar a morcela de arroz e os maranhos da Sertã. Sem falar na Rainha Dona Lampreia...
Aqui em Lisboa, passe a publicidade, encontram-se por vezes bons Maranhos (encomendando, pois os proprietários são da Região) e um excelente Bacalhau Cozido com todos (segundas feiras), no Restaurante " Tertúlia do Paço", a Telheiras.
O que está em causa são os vinhos brancos da região do Tramagal, que já foi berço de industria muito importante ( a clássica metalúrgica Duarte Ferreira) e hoje apresenta uma inexorável asfixia laboral, remetendo-se aos serviços (poucos) e retomando a vocação agrícola que era dos seus bisavós.
Nada de extraordinário. Nas terras pequenas deste país por norma não há trabalho, por isso são pequenas (dirão alguns). Na retoma da actividade agrícola que se verifica um pouco por todo o lado como forma de fazer face à crise, a Vila do Tramagal encontrou algum lampejo na vinicultura.
A empresa Casal da Coelheira , com Adega na Estrada Nacional 118, possui vinhos premiados, como o Casal da Coelheira Reserva e DOC, Terraços do Tejo e, mais recentemente, o Mythos e o Casal da Coelheira Rosé 2009 (premiado como melhor Rosé do mundo em Bruxelas, no ano de 2010).
Devo confessar que os tintos desta região nunca me convenceram nos chamados "topos de gama". Um destes é o Mythos, feito apenas em anos excepcionais a partir de Touriga Nacional e Franca , e de Cabernet. O último que bebi foi o de 2007. Apesar das críticas muito favoráveis do Amigo João Paulo Martins (que lhe atribuíu 17 pontos em 20), achei-o com fruta demasiado "madura" e a madeira proeminente, quase doce na boca...
Agora já por aí se encontra à venda o de 2011, e pode ser que este ano abençoado tenha estendido a benção ao vinho. Custará cerca de 16 euros no local e nas Garrafeiras talvez vinte e picos...
Mas do que gosto, sem reservas, é o Branco Reserva (neste momento em venda está o de 2013) feito à base de Chardonnay com um pouco de Arinto. É um branco notável, de relação qualidade preço muitíssimo boa (custa menos de 6 euros). A maçã da Chardonnay casou muito bem com amadeira , originando um vinho com alguma complexidade, mas ainda assim bem fresco na boca. E que, na minha opinião, vai melhorar com a idade.
Veremos quando o provar daqui a alguns anos.
A tradição do Tramagal em vinhos brancos é muito antiga. Já o saudoso Dr. Chambel, do Fórum Prior do Crato, acreditava nesse binómio do Ribatejo em brancos. Cooperativa de Almeirim, Alorna (que nos deu um magnífico espumante há uns anos atrás), mesmo até ao Sardoal, com a Quinta do Vale do Arno, eram famosas pelos brancos de Fernão Pires, casta rainha naquela zona.
E mesmo nos tintos "normais", se não quisermos sinfonias e cantatas à moda do Douro, para o dia-a-dia, há propostas bem honestas a preços muito razoáveis naquela zona.
Tintos bons para o bacalhau, assado ou em arroz de línguas, para as migas de couve com sável, para acompanhar a morcela de arroz e os maranhos da Sertã. Sem falar na Rainha Dona Lampreia...
Aqui em Lisboa, passe a publicidade, encontram-se por vezes bons Maranhos (encomendando, pois os proprietários são da Região) e um excelente Bacalhau Cozido com todos (segundas feiras), no Restaurante " Tertúlia do Paço", a Telheiras.
sexta-feira, dezembro 05, 2014
Ovos mexidos à Maluco (Je)
O meu mestre António Mendonça (Beira Mar e Monte Mar) foi um dos que se encarregou da minha "endoutrinação" na prática da cozinha, assim que - mau fado nosso e dela - a minha mulher partiu.
Eu tinha sido criado por tias velhas que sabiam cozinhar muito bem. Meu Pai também se ajeitava à frente dos tachos, fruto dos ensinamentos maternos. A Natália já cozinhava para 10 pessoas lá na quinta, ainda não teria 15 anos... E eu, bem criado e bem casado, aproveitava que me fartava (o que ainda hoje se nota).
Minha Mãe, infelizmente, nunca soube estrelar um ovo e o vosso blogger sempre entendeu que, neste aspecto, saía à mãe (salvo seja).
Na altura da nossa crise familiar Mestre Mendonça ensinava, eu ia aprendendo. O que me preocupava por vezes era a falta de tempo, durante a semana, para me dedicar à cozinha. Quem começa necessita de mais tempo, e apenas a experiência dá desembaraço.
Uma das primeiras coisas que aprendi foram uns ovos mexidos com alguns ingredientes que os faziam destacar do vulgar de Lineu. Mendonça chamava a isto "comida de p****", mas como isto é um Blogue decente, em vez disso chamei-lhes "ovos mexidos à Maluco". Sendo de referir que o maluco sou eu, e não quem mos ensinou a fazer!!
Digo isto e sublinho, para ver se me cabem algumas perdizinhas à Beira Mar ainda este ano...
Os ovos devem estar à temperatura ambiente, bem assim como um pouco de leite gordo.
Cortamos em bocados pequenos uma cebola e três ou quatro dentes de alho. Tomates cherry devem também estar já lavados e cortados ao meio. Deitamos para uma tigela grande os ovos (3 por pessoa) juntamente com sal, pimenta e uma colher de sopa de molho de tomate (gosto de Barilla). Batemos , contando 100 golpes de garfo.
Depois de batidos juntamos a cebola, os tomates cherry e o alho e envolvemos bem.
Numa frigideira de bom tamanho e com bom azeite alouramos um chouriço cortado aos pedacinhos (de porco preto custa 2€ no Tio Belmiro, marca branca).
Em estando o chouriço alourado juntamos o conteúdo da tigela à frigideira e vamos mexendo até os ovos fritarem, mas sem deixar queimar.
Vai na frigideira para a mesa, salpicado de salsa. Onde deve estar bom pão (que será o único acompanhamento). Único, não, porque um copo de tinto faz sempre boa companhia.
Ao longo dos anos evoluí dos ovos mexidos à p*** para outras coisas. Nesta aprendizagem muita gente sofreu, destaco o meu senhorio (coitado) mas também os amigos Alves, que ainda hoje se devem lembrar das "batatas Cabo da Roca" que se viram negras para chegar à mesa do bacalhau...
Depois triunfou o ADN. Minha bisavó Jerónima foi cozinheira de El-Rei D. Carlos, no Palácio de Queluz , e seu marido, meu bisavô João da Cruz, era carteiro no Murtal e no Estoril. Nasceu em 1853, na data de emissão do 1º selo português.
Eu teria inexoravelmente de ser o que sou hoje...
Eu tinha sido criado por tias velhas que sabiam cozinhar muito bem. Meu Pai também se ajeitava à frente dos tachos, fruto dos ensinamentos maternos. A Natália já cozinhava para 10 pessoas lá na quinta, ainda não teria 15 anos... E eu, bem criado e bem casado, aproveitava que me fartava (o que ainda hoje se nota).
Minha Mãe, infelizmente, nunca soube estrelar um ovo e o vosso blogger sempre entendeu que, neste aspecto, saía à mãe (salvo seja).
Na altura da nossa crise familiar Mestre Mendonça ensinava, eu ia aprendendo. O que me preocupava por vezes era a falta de tempo, durante a semana, para me dedicar à cozinha. Quem começa necessita de mais tempo, e apenas a experiência dá desembaraço.
Uma das primeiras coisas que aprendi foram uns ovos mexidos com alguns ingredientes que os faziam destacar do vulgar de Lineu. Mendonça chamava a isto "comida de p****", mas como isto é um Blogue decente, em vez disso chamei-lhes "ovos mexidos à Maluco". Sendo de referir que o maluco sou eu, e não quem mos ensinou a fazer!!
Digo isto e sublinho, para ver se me cabem algumas perdizinhas à Beira Mar ainda este ano...
Os ovos devem estar à temperatura ambiente, bem assim como um pouco de leite gordo.
Cortamos em bocados pequenos uma cebola e três ou quatro dentes de alho. Tomates cherry devem também estar já lavados e cortados ao meio. Deitamos para uma tigela grande os ovos (3 por pessoa) juntamente com sal, pimenta e uma colher de sopa de molho de tomate (gosto de Barilla). Batemos , contando 100 golpes de garfo.
Depois de batidos juntamos a cebola, os tomates cherry e o alho e envolvemos bem.
Numa frigideira de bom tamanho e com bom azeite alouramos um chouriço cortado aos pedacinhos (de porco preto custa 2€ no Tio Belmiro, marca branca).
Em estando o chouriço alourado juntamos o conteúdo da tigela à frigideira e vamos mexendo até os ovos fritarem, mas sem deixar queimar.
Vai na frigideira para a mesa, salpicado de salsa. Onde deve estar bom pão (que será o único acompanhamento). Único, não, porque um copo de tinto faz sempre boa companhia.
Ao longo dos anos evoluí dos ovos mexidos à p*** para outras coisas. Nesta aprendizagem muita gente sofreu, destaco o meu senhorio (coitado) mas também os amigos Alves, que ainda hoje se devem lembrar das "batatas Cabo da Roca" que se viram negras para chegar à mesa do bacalhau...
Depois triunfou o ADN. Minha bisavó Jerónima foi cozinheira de El-Rei D. Carlos, no Palácio de Queluz , e seu marido, meu bisavô João da Cruz, era carteiro no Murtal e no Estoril. Nasceu em 1853, na data de emissão do 1º selo português.
Eu teria inexoravelmente de ser o que sou hoje...
quinta-feira, dezembro 04, 2014
O regresso do Tollan?
Estive ausente uns dias a tratar de algumas emergências familiares, primeiro na Beira Alta, agora cá por baixo. São as minhas "santas" a dar trabalho... mas neste caso foi maior o alarme lá para cima.
Entretanto houve o Congresso do PS (bom, bem concluído com um discurso à antiga socialista portuguesa), o Sr. Engº José Sócrates descobriu uma veia epistolar que só fica bem a aprendizes de filósofos, e a velha cidade de Évora recebeu mais uma atracção, depois do Fialho, da Tasca do Oliveira, da Sé Catedral e demais monumentos.
O homem das farturas e a senhora das sandes de couratos já pensam em executar o franchising das respectivas roulottes, por forma a que não deixem de estar no novo local da moda "passeante" lusa, sem abandonar a sede , no Estádio da Luz (onde o negócio já foi melhor) ou no Estádio de Alvalade (onde o negócio nunca foi assim tão bom).
Está criado um novo fenómeno semelhante ao do Tollan. Quem se recorda das tardes de Sábado e de Domingo, quando os nabos lisboetas com as suas alfaces pelo braço, "iam ver o Tollan"? Estou a ficar um bocado ginja...
Esta "moda" aconteceu entre 1980 e 1983 ( acho eu). Tratava-se de um porta-contentores inglês que foi abalroado no Tejo, virou-se e ficou por ali anos a fio, sem que ninguém o conseguisse voltar a pôr a flutuar . Deu origem a anedotas, baptizou cafés e restaurantes , etc, etc...
A cadeia de Évora arrisca-se a ser o "Tollan do Sócrates". Pelo menos as TV´s não arrancam pé da porta da esquadra (digo, da porta da cadeia).
Entretanto o Sr. Governo lá continua a sua vidinha, muito satisfeito porque o impacto mediático se tem desviado para outras freguesias. Que grande taluda de Natal lhes saíu!
Por mim, estou muito curioso por saber dos resultados das sondagens eleitorais nacionais, depois do efeito Sócrates e do efeito António Costa no Congresso do PS.
Arrisco dizer que, apesar das vozes e das nozes, não mudou assim tanto o sentido de voto dos tugas...
Mas esperemos para comentar com toda a propriedade!
"Toda a Propriedade" não, que ainda pensa a AT que estou carregado de prédios, andares, vivendas e quintas...
Altero a frase: "Comentarei na posse da informação de carácter público, que for veículada pelos MCS, sem ter sido obtida através de fontes duvidosas, em confissões forçadas, por meios enganosos ou escutas telefónicas, aprovadas ou não por Juiz de Direito".
(Acho que não me esqueci de nada?).
Entretanto houve o Congresso do PS (bom, bem concluído com um discurso à antiga socialista portuguesa), o Sr. Engº José Sócrates descobriu uma veia epistolar que só fica bem a aprendizes de filósofos, e a velha cidade de Évora recebeu mais uma atracção, depois do Fialho, da Tasca do Oliveira, da Sé Catedral e demais monumentos.
O homem das farturas e a senhora das sandes de couratos já pensam em executar o franchising das respectivas roulottes, por forma a que não deixem de estar no novo local da moda "passeante" lusa, sem abandonar a sede , no Estádio da Luz (onde o negócio já foi melhor) ou no Estádio de Alvalade (onde o negócio nunca foi assim tão bom).
Está criado um novo fenómeno semelhante ao do Tollan. Quem se recorda das tardes de Sábado e de Domingo, quando os nabos lisboetas com as suas alfaces pelo braço, "iam ver o Tollan"? Estou a ficar um bocado ginja...
Esta "moda" aconteceu entre 1980 e 1983 ( acho eu). Tratava-se de um porta-contentores inglês que foi abalroado no Tejo, virou-se e ficou por ali anos a fio, sem que ninguém o conseguisse voltar a pôr a flutuar . Deu origem a anedotas, baptizou cafés e restaurantes , etc, etc...
A cadeia de Évora arrisca-se a ser o "Tollan do Sócrates". Pelo menos as TV´s não arrancam pé da porta da esquadra (digo, da porta da cadeia).
Entretanto o Sr. Governo lá continua a sua vidinha, muito satisfeito porque o impacto mediático se tem desviado para outras freguesias. Que grande taluda de Natal lhes saíu!
Por mim, estou muito curioso por saber dos resultados das sondagens eleitorais nacionais, depois do efeito Sócrates e do efeito António Costa no Congresso do PS.
Arrisco dizer que, apesar das vozes e das nozes, não mudou assim tanto o sentido de voto dos tugas...
Mas esperemos para comentar com toda a propriedade!
"Toda a Propriedade" não, que ainda pensa a AT que estou carregado de prédios, andares, vivendas e quintas...
Altero a frase: "Comentarei na posse da informação de carácter público, que for veículada pelos MCS, sem ter sido obtida através de fontes duvidosas, em confissões forçadas, por meios enganosos ou escutas telefónicas, aprovadas ou não por Juiz de Direito".
(Acho que não me esqueci de nada?).
sexta-feira, novembro 28, 2014
Para Descansar a Vista
Os dias estão cheios de incertezas. Estava eu a apoiar o meu Estoril (viro-me sempre mais para o Estoril-Praia quando os vermelhos me dão desgostos) e a vibrar com as recuperações de resultado face aos alemães, quando já não houve segunda parte por causa da chuva...
Vão ver que hoje, com o solzinho a brilhar, os alemães ainda nos ganham, apesar do nome do nosso clube ser bem solarengo, acima como a cor das camisolas.
Existe também incerteza em relação a coisas mais sérias, de onde destaco obviamente a evolução do Desemprego. Sem dúvida a maior chaga social e a mais importante consequência da crise que assolou o mundo ocidental. Depois do Verão e do trabalho temporário como se evolui?
Para trás, como seria de esperar.
Por isto tudo aqui vos deixo um poema que bem poderia ilustrar estes novos tempos.
Poema de um grande, enorme, poeta alentejano, pois nesta data importa louvar o "Cante" e a sua subida a Património Imaterial da Humanidade! (obviamente com direito a selo postal comemorativo!).
Dona Abastança
"A caridade é amor"
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»
Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.
O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.
Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.
Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
Vão ver que hoje, com o solzinho a brilhar, os alemães ainda nos ganham, apesar do nome do nosso clube ser bem solarengo, acima como a cor das camisolas.
Existe também incerteza em relação a coisas mais sérias, de onde destaco obviamente a evolução do Desemprego. Sem dúvida a maior chaga social e a mais importante consequência da crise que assolou o mundo ocidental. Depois do Verão e do trabalho temporário como se evolui?
Para trás, como seria de esperar.
Por isto tudo aqui vos deixo um poema que bem poderia ilustrar estes novos tempos.
Poema de um grande, enorme, poeta alentejano, pois nesta data importa louvar o "Cante" e a sua subida a Património Imaterial da Humanidade! (obviamente com direito a selo postal comemorativo!).
Dona Abastança
"A caridade é amor"
Proclama dona Abastança
Esposa do comendador
Senhor da alta finança.
Família necessitada
A boa senhora acode
Pouco a uns a outros nada
«Dar a todos não se pode.»
Já se deixa ver
Que não pode ser
Quem
O que tem
Dá a pedir vem.
O bem da bolsa lhes sai
E sai caro fazer o bem
Ela dá ele subtrai
Fazem como lhes convém
Ela aos pobres dá uns cobres
Ele incansável lá vai
Com o que tira a quem não tem
Fazendo mais e mais pobres.
Já se deixa ver
Que não pode ser
Dar
Sem ter
E ter sem tirar.
Todo o que milhões furtou
Sempre ao bem-fazer foi dado
Pouco custa a quem roubou
Dar pouco a quem foi roubado.
Oh engano sempre novo
De tão estranha caridade
Feita com dinheiro do povo
Ao povo desta cidade.
Manuel da Fonseca, in "Poemas para Adriano"
quinta-feira, novembro 27, 2014
Gelado na Boca
Andei 3 horas dentro da Casa Forte do Museu Postal, onde a temperatura ambiente é de 12º. Em mangas de camisa.
O que levei desta aventura foi uma carraspana das antigas. O que antigamente se chamava "um resfriado".
Mas como era ontem dia de arrancar mais um dente do sizo (pôrra! Porque é que são 4?? Só vai ainda no segundo...) lá fiz das tripas coração e ala para o dentista.
Não sei se alguma vez arrancaram um dente tendo o nariz completamente entupido? Não o recomendo.
Sem poder respirar pelo nariz, e com a boca cheia da água do destartarizante, a sensação é semelhante à daquela técnica de interrogatório desenvolvida pelos "médicos americanos" , o "waterboarding".
Já passou, mas enquanto durou deu para perceber a eficácia dos interrogatórios. Livra! Livra como "da-se " e "pôrra" (repito), mas do que me não livrei foi de um maxilar mais uma vez cosido a linha de costura e de um inchaço na gengiva.
Havia que "pôr gelo" e apenas comer coisas frescas, de preferências em estado líquido ou fluido...
Chegado a casa levava debaixo do braço uma embalagem grande de gelado haagen dazs. Sendo Inverno havia poucas na superfície comercial . Lá escolhi uma de "caramelo". Também, por azar, se não levasse o "caramelo" teria que levar outra de ..."caramelo". Era o que havia.
Não gosto de coisas doces, e estava convencido que a malta "amaricana" era nesse aspecto bem mais suave no açúcar do que a portuguesada...
Enganei-me. Aquilo era mesmo muito doce... Comi como se fosse remédio ( e resultou!) e porque tinha alguma larica, mas foi um sacrifício.
Hoje estou a pensar abancar ao almoço nalgum lado onde me façam uma açordinha, de preferência morna, e com uma posta de pescada lá dentro.
Ao jantar? Gelado outra vez. Mas vou-me tratar ao Santini!! O Santini dá 10 a 0 ao haagen dazs!
Farmácia por farmácia, prefiro o gelado ao Ibuprofeno... E , comprando gelado acho que há reduzidas hipóteses de um gajo ser arrastado para algum processo de Mega Fraude na distribuição dos medicamentos.
O país está perigoso, andam a prender toda a gente. Perdeu-se o respeito...
Viva Verdi!
O que levei desta aventura foi uma carraspana das antigas. O que antigamente se chamava "um resfriado".
Mas como era ontem dia de arrancar mais um dente do sizo (pôrra! Porque é que são 4?? Só vai ainda no segundo...) lá fiz das tripas coração e ala para o dentista.
Não sei se alguma vez arrancaram um dente tendo o nariz completamente entupido? Não o recomendo.
Sem poder respirar pelo nariz, e com a boca cheia da água do destartarizante, a sensação é semelhante à daquela técnica de interrogatório desenvolvida pelos "médicos americanos" , o "waterboarding".
Já passou, mas enquanto durou deu para perceber a eficácia dos interrogatórios. Livra! Livra como "da-se " e "pôrra" (repito), mas do que me não livrei foi de um maxilar mais uma vez cosido a linha de costura e de um inchaço na gengiva.
Havia que "pôr gelo" e apenas comer coisas frescas, de preferências em estado líquido ou fluido...
Chegado a casa levava debaixo do braço uma embalagem grande de gelado haagen dazs. Sendo Inverno havia poucas na superfície comercial . Lá escolhi uma de "caramelo". Também, por azar, se não levasse o "caramelo" teria que levar outra de ..."caramelo". Era o que havia.
Não gosto de coisas doces, e estava convencido que a malta "amaricana" era nesse aspecto bem mais suave no açúcar do que a portuguesada...
Enganei-me. Aquilo era mesmo muito doce... Comi como se fosse remédio ( e resultou!) e porque tinha alguma larica, mas foi um sacrifício.
Hoje estou a pensar abancar ao almoço nalgum lado onde me façam uma açordinha, de preferência morna, e com uma posta de pescada lá dentro.
Ao jantar? Gelado outra vez. Mas vou-me tratar ao Santini!! O Santini dá 10 a 0 ao haagen dazs!
Farmácia por farmácia, prefiro o gelado ao Ibuprofeno... E , comprando gelado acho que há reduzidas hipóteses de um gajo ser arrastado para algum processo de Mega Fraude na distribuição dos medicamentos.
O país está perigoso, andam a prender toda a gente. Perdeu-se o respeito...
Viva Verdi!
terça-feira, novembro 25, 2014
A Operação do Marquês e o consequente Processo
O Marquês foi operado há uns anos. Na impossibilidade de o levarem ao Hospital - a estátua (incluindo o leão) deve pesar toneladas - foi o Hospital ter com o Marquês. Levou algum tempo a ser convenientemente limpa de todas as profanações, incluindo a dos entusiastas de Carnide, bêbedos de glória ( e com o resto, obviamente) que assinaram "casal ventoso".
Foi o cirurgião Dr. A. Costa que se encarregou da Operação, e parece que não ficou satisfeito por ter de desembolsar o dinheirinho da CML para corrigir a obra dos vermelhos...
Quanto ao Processo do Marquês, esse é um pouco mais antigo. Devemos começar por observar que enquanto o Marquês foi Primeiro Ministro não houve ninguém com coragem para o acusar de nada...
Mas depois o reviralho foi tremendo. Acabando o enterro de D. José, lá apareceu D. Maria e foi o que se viu.
Em princípios de 1779, desencandeou-se o célebre processo instaurado por Francisco Galhardo de Mendanha, residente em Abrantes, a quem o Marquês teria enganado na venda de uma propriedade, exilando-o depois para a Ilha Terceira, a fim de o reduzir ao silêncio.
Três graves acusações pendiam sobre o dito Marquês: abusos da sua posição oficial para defraudar particulares, entre os quais o de obrigar pessoas a vender-lhe propriedades por preço inferior ao seu real valor, e o de não pagar as suas dívida. Roubos ao Estado, como nos contratos dos diamantes, e do tabaco e ainda na apropriação, para a família, de valiosos terrenos na capital. Finalmente, diversas arbitrariedades de natureza política.
Estando o Marquês sempre negando as acusações, após 4 meses de interrogatórios, a rainha acabou por ter em conta a idade do acusado (80 anos) e acabou por o exilar 20 léguas para fora da corte.
Morreu nas suas terras de Pombal em Agosto de 1782.
Uma coisa foi certa: Apesar do descrédito que se lançou em cima de Pombal, lá está o centro da Praça emblemática de Lisboa ocupado com a sua carantonha severa, passeando o bichano de estimação... A estátua começou a ser construída 100 anos depois da sua morte, com fundos provenientes de donativos. E porque lhe construiram a estátua (perguntarão os leitores)?
Porque, entre outras coisas:
"Reedificou Lisboa.
Animou a Agricultura.
Estabeleceo as Fabricas.
Restituiu as Sciencias."
Um verdadeiro Homem da Construção!
A história é uma coisa engraçada... Parece uma nora com os seus alcatruzes para cima e para baixo, sempre a girar.
Haverá quem imagine , daqui a cento e cinquenta anos, uma nova estátua em Lisboa, talvez no início da A1, olhando para os km de auto-estrada que se perdem no horizonte, com uma mão empunhando uma colher de pedreiro e mantendo um Magalhães debaixo do outro braço?
Sei lá eu??!! Já vi coisas mais esquisitas... Porcos a andar de bicicleta, e até vidas abastadas em Paris com o vencimento de funcionário público português.
Foi o cirurgião Dr. A. Costa que se encarregou da Operação, e parece que não ficou satisfeito por ter de desembolsar o dinheirinho da CML para corrigir a obra dos vermelhos...
Quanto ao Processo do Marquês, esse é um pouco mais antigo. Devemos começar por observar que enquanto o Marquês foi Primeiro Ministro não houve ninguém com coragem para o acusar de nada...
Mas depois o reviralho foi tremendo. Acabando o enterro de D. José, lá apareceu D. Maria e foi o que se viu.
Em princípios de 1779, desencandeou-se o célebre processo instaurado por Francisco Galhardo de Mendanha, residente em Abrantes, a quem o Marquês teria enganado na venda de uma propriedade, exilando-o depois para a Ilha Terceira, a fim de o reduzir ao silêncio.
Três graves acusações pendiam sobre o dito Marquês: abusos da sua posição oficial para defraudar particulares, entre os quais o de obrigar pessoas a vender-lhe propriedades por preço inferior ao seu real valor, e o de não pagar as suas dívida. Roubos ao Estado, como nos contratos dos diamantes, e do tabaco e ainda na apropriação, para a família, de valiosos terrenos na capital. Finalmente, diversas arbitrariedades de natureza política.
Estando o Marquês sempre negando as acusações, após 4 meses de interrogatórios, a rainha acabou por ter em conta a idade do acusado (80 anos) e acabou por o exilar 20 léguas para fora da corte.
Morreu nas suas terras de Pombal em Agosto de 1782.
Uma coisa foi certa: Apesar do descrédito que se lançou em cima de Pombal, lá está o centro da Praça emblemática de Lisboa ocupado com a sua carantonha severa, passeando o bichano de estimação... A estátua começou a ser construída 100 anos depois da sua morte, com fundos provenientes de donativos. E porque lhe construiram a estátua (perguntarão os leitores)?
Porque, entre outras coisas:
"Reedificou Lisboa.
Animou a Agricultura.
Estabeleceo as Fabricas.
Restituiu as Sciencias."
Um verdadeiro Homem da Construção!
A história é uma coisa engraçada... Parece uma nora com os seus alcatruzes para cima e para baixo, sempre a girar.
Haverá quem imagine , daqui a cento e cinquenta anos, uma nova estátua em Lisboa, talvez no início da A1, olhando para os km de auto-estrada que se perdem no horizonte, com uma mão empunhando uma colher de pedreiro e mantendo um Magalhães debaixo do outro braço?
Sei lá eu??!! Já vi coisas mais esquisitas... Porcos a andar de bicicleta, e até vidas abastadas em Paris com o vencimento de funcionário público português.
sexta-feira, novembro 21, 2014
Para Descansar a Vista
Aproveitemos este Sol de Inverno para pôr a roupa ( e a consciência) a arejar um bocadinho.
Mas será de pouca dura.
The Winter is Coming...
Aos que a Felicidade é Sol, Virá a NoiteQuero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada 'spera
Tudo que vem é grato.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
Mas será de pouca dura.
The Winter is Coming...
Aos que a Felicidade é Sol, Virá a NoiteQuero ignorado, e calmo
Por ignorado, e próprio
Por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
O ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada 'spera
Tudo que vem é grato.
Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa
quinta-feira, novembro 20, 2014
O Mocho
Os mochos e corujas não se comem (de um modo geral e salvaguardando ocasiões especiais, onde a fome grassa e tudo quanto mexe é considerado comida, tenha 1, 2, 3 ou 4 patas).
Refazendo a frase, o mocho não tem aptidão gastronómica que eu conheça. Recordo que estas coisas são sempre relativas, pois até ter comido morcego nas Ilhas Seychelles também nunca acreditaria que tal alimária era comestível ( sem ser nas tais ocasiões).
Animal que não serve para comer terá outras funções na ordem geral das coisas, mas para mim perde parte do seu interesse. Não digo grande parte, porque por exemplo eu adoro cavalos desde puto e recuso-me a comer a carne. E se souber que há alguém do meu circulo que a consome, acabou-se a amizade logo ali.
O Mocho controlará as chamadas "pestes", os ratos, esquilos, coelhos e coisas dessas. Deve ser um trabalho importante , mas eu, francamente, não sendo biólogo nem estudioso das sustentabilidades ambientais, não lhe detecto grande utilidade.
Resta a questão estética. E aí sim! os grandes Mochos (mesmo os pequenos) são lindos de morrer. Têm um olhar que mete medo e um porte altivo que fará pensar duas vezes qualquer águia (excepto aquela vermelha).
A mim sempre me meteu um bocado de respeito a figura do mocho. Tínhamos um empallhado na secção dos antigos alunos dos salesianos (o mistério da sua aparição naquele local nunca foi por mim desvendado) , e eu juraria que quando me apanhava lá sozinho, o bicho virava a cabeça mesmo depois de morto e embalsamado, para nunca deixar de me fitar. Enervante!
Cheguei a virar a coisa para a parede, mas quando lá chegava no dia seguinte a senhora que cuidava da limpeza da sede já o tinha colocado no sítio certo. A relação entre o mocho e a minha pessoa era tão estranha que nunca lhe cheguei a dar um nome, com medo que ele não gostasse...
Mesmo hoje em dia, se vou a algum lado onde há mochos ou corujas embalsamadas, apresso normalmente o passo e não me detenho muito na observação da espécie.
Imaginem então um dia do meu passado recente, por ocasião do lançamento do nosso livro e selos sobre a arte da falcoaria, em Salvaterra de Magos, onde uns senhores muito amáveis da Associação Portuguesa de Falcoaria , me queriam passar para o pulso um Grão Duque ... Um Grão Duque é uma espécie de mocho criado com esteróides anabolizantes. Tem mais de 70 cm de altura e pesa para burro!
Pôrra! Grão Duque ? Só se viesse com ou dois ovos Faberger fugidos à Revolução de Outubro nas garras... E mesmo assim tinha que pensar bem no assunto. Ala meano! E basei.
Sou cobarde nestas coisas de mochos...Ou corujas...
Refazendo a frase, o mocho não tem aptidão gastronómica que eu conheça. Recordo que estas coisas são sempre relativas, pois até ter comido morcego nas Ilhas Seychelles também nunca acreditaria que tal alimária era comestível ( sem ser nas tais ocasiões).
Animal que não serve para comer terá outras funções na ordem geral das coisas, mas para mim perde parte do seu interesse. Não digo grande parte, porque por exemplo eu adoro cavalos desde puto e recuso-me a comer a carne. E se souber que há alguém do meu circulo que a consome, acabou-se a amizade logo ali.
O Mocho controlará as chamadas "pestes", os ratos, esquilos, coelhos e coisas dessas. Deve ser um trabalho importante , mas eu, francamente, não sendo biólogo nem estudioso das sustentabilidades ambientais, não lhe detecto grande utilidade.
Resta a questão estética. E aí sim! os grandes Mochos (mesmo os pequenos) são lindos de morrer. Têm um olhar que mete medo e um porte altivo que fará pensar duas vezes qualquer águia (excepto aquela vermelha).
A mim sempre me meteu um bocado de respeito a figura do mocho. Tínhamos um empallhado na secção dos antigos alunos dos salesianos (o mistério da sua aparição naquele local nunca foi por mim desvendado) , e eu juraria que quando me apanhava lá sozinho, o bicho virava a cabeça mesmo depois de morto e embalsamado, para nunca deixar de me fitar. Enervante!
Cheguei a virar a coisa para a parede, mas quando lá chegava no dia seguinte a senhora que cuidava da limpeza da sede já o tinha colocado no sítio certo. A relação entre o mocho e a minha pessoa era tão estranha que nunca lhe cheguei a dar um nome, com medo que ele não gostasse...
Mesmo hoje em dia, se vou a algum lado onde há mochos ou corujas embalsamadas, apresso normalmente o passo e não me detenho muito na observação da espécie.
Imaginem então um dia do meu passado recente, por ocasião do lançamento do nosso livro e selos sobre a arte da falcoaria, em Salvaterra de Magos, onde uns senhores muito amáveis da Associação Portuguesa de Falcoaria , me queriam passar para o pulso um Grão Duque ... Um Grão Duque é uma espécie de mocho criado com esteróides anabolizantes. Tem mais de 70 cm de altura e pesa para burro!
Pôrra! Grão Duque ? Só se viesse com ou dois ovos Faberger fugidos à Revolução de Outubro nas garras... E mesmo assim tinha que pensar bem no assunto. Ala meano! E basei.
Sou cobarde nestas coisas de mochos...Ou corujas...
quarta-feira, novembro 19, 2014
Falta de Audácia
Tenho algum apego a ser bem tratado. Quem não tem??!!
Gosto que me recebam bem. Gosto que saibam aquilo que mais me agrada e que me reconheçam quando entro a porta.
Para mim o reconhecimento é isso mesmo. Tu sabes onde eu poiso o casaco, eu sei onde tu deixas a mala de mão. Mas não estamos a falar de casamentos ou relacionamentos desses.
Aqui a questão é mesmo sobre os restaurantes onde costumamos ir e aqueles onde nunca vamos porque não nos conhecem.
Não nego que ter algum "conhecimento interno" é importante. Que o diga a malta apanhada nas malhas do Processo dos Vistos Gold...
E não nego também que tenho retirado até trunfos desses conhecimentos pessoais: mesas de restaurantes "todas reservadas" e que por milagre se abrem ao "Je", miminhos dos chefes para o meu prato, e coisas assim.
Nunca deixei de pagar ( coisa que me faria nunca mais voltar) a não ser em casos excepcionais. O mais que aceito, quando estou acompanhado, será um "cheirinho" de whisky no copo do senhorio, porque eu normalmente não bebo digestivos.
Mas com estas ideias de velho acomodado vou perdendo a emoção da "caça"... E não é apenas dessa "caça" em que estão a pensar! Da "caça e captura" das boas novidades que se podem ir abrindo no ramo da restauração.
Bem posso ir lendo as mensagens da Fátima e do Mário no Face, sempre a "abrir" nesta área. Bem posso ler as crónicas do Fugas (Moreira e Fortunato fazem um bom trabalho!). Bem posso penar com saudades do meu Zé (melhorando, devagarinho, da maleita na vista)...
Mas quando chegamos aos "finalmentes", à hora de escolher? Lá vai o gordo para os mesmos lados outra vez: O Beira Mar, o Solar, o maluco do Pedro da Horta, o Galito, o Jockey, a Tia Matilde...
Por isso estimo as deslocações, que me permitem variar. Bem, variar um pouco apenas, porque tudo o que é demais deita por fora.
Esta falta de audácia terá a ver com a idade ? Ou com o necessário aprumo da escolha, agora que o dinheiro está cada vez mais caro e que não tenho ninguém (como nunca tive) para pagar as contas?
E se for para ir, sentar, comer mal, pagar e nunca mais lá pôr as solas, porque diabo iremos?
Lembra-me esta conversa as minhas aulas de análise de risco, quando associava valores de probabilidade a certas decisões de gestão.
Quanto maior o risco (medido em custo , despesa, ou prejuízo potencial) mais alta deveria ser a medida de probabilidade que aconselhava a acção.
Ou, dito por outras palavras: "Se vais ter uma reunião importante de tarde e almoças antes, tira a gravata de seda à mesa!"
Há ainda tanta casa boa e conhecida para comer... Porque é que havemos de correr o risco?
Porque quem não arrisca , não petisca.
E é o caso aqui. Não petiscas mesmo!
Gosto que me recebam bem. Gosto que saibam aquilo que mais me agrada e que me reconheçam quando entro a porta.
Para mim o reconhecimento é isso mesmo. Tu sabes onde eu poiso o casaco, eu sei onde tu deixas a mala de mão. Mas não estamos a falar de casamentos ou relacionamentos desses.
Aqui a questão é mesmo sobre os restaurantes onde costumamos ir e aqueles onde nunca vamos porque não nos conhecem.
Não nego que ter algum "conhecimento interno" é importante. Que o diga a malta apanhada nas malhas do Processo dos Vistos Gold...
E não nego também que tenho retirado até trunfos desses conhecimentos pessoais: mesas de restaurantes "todas reservadas" e que por milagre se abrem ao "Je", miminhos dos chefes para o meu prato, e coisas assim.
Nunca deixei de pagar ( coisa que me faria nunca mais voltar) a não ser em casos excepcionais. O mais que aceito, quando estou acompanhado, será um "cheirinho" de whisky no copo do senhorio, porque eu normalmente não bebo digestivos.
Mas com estas ideias de velho acomodado vou perdendo a emoção da "caça"... E não é apenas dessa "caça" em que estão a pensar! Da "caça e captura" das boas novidades que se podem ir abrindo no ramo da restauração.
Bem posso ir lendo as mensagens da Fátima e do Mário no Face, sempre a "abrir" nesta área. Bem posso ler as crónicas do Fugas (Moreira e Fortunato fazem um bom trabalho!). Bem posso penar com saudades do meu Zé (melhorando, devagarinho, da maleita na vista)...
Mas quando chegamos aos "finalmentes", à hora de escolher? Lá vai o gordo para os mesmos lados outra vez: O Beira Mar, o Solar, o maluco do Pedro da Horta, o Galito, o Jockey, a Tia Matilde...
Por isso estimo as deslocações, que me permitem variar. Bem, variar um pouco apenas, porque tudo o que é demais deita por fora.
Esta falta de audácia terá a ver com a idade ? Ou com o necessário aprumo da escolha, agora que o dinheiro está cada vez mais caro e que não tenho ninguém (como nunca tive) para pagar as contas?
E se for para ir, sentar, comer mal, pagar e nunca mais lá pôr as solas, porque diabo iremos?
Lembra-me esta conversa as minhas aulas de análise de risco, quando associava valores de probabilidade a certas decisões de gestão.
Quanto maior o risco (medido em custo , despesa, ou prejuízo potencial) mais alta deveria ser a medida de probabilidade que aconselhava a acção.
Ou, dito por outras palavras: "Se vais ter uma reunião importante de tarde e almoças antes, tira a gravata de seda à mesa!"
Há ainda tanta casa boa e conhecida para comer... Porque é que havemos de correr o risco?
Porque quem não arrisca , não petisca.
E é o caso aqui. Não petiscas mesmo!
terça-feira, novembro 18, 2014
O Alentejo e seus vinhos
Uma região que muito lucrou com as modernas técnicas de MKT aplicadas ao sector dos vinhos e da vinha (enoturismo, etc..) foi o nosso Alentejo.
Ainda hoje , em número de garrafas vendidas no mercado nacional (talvez não em exportação, onde avoluma o mercado do vinho do Porto), será o Alentejo o "campeão das grandes superfícies".
Mas reparem como a frase "campeão das grandes superfícies" pode levar o leitor para um paradigma de quantidade, sem que aos produtos vínicos transtaganos possam ser igualmente atribuídas as grandes medalhas da qualidade.
Essa interpretação não é correcta.
No Alentejo há hoje também muita qualidade. E quando ouço dizer que "ainda não têm o seu Barca Velha", só me apetece dizer que ainda bem! Pois o Douro é o Douro e a Planície é outra coisa distinta. Se bem que - em termos de preços na restauração - o Pera Manca não fique muito atrás do mito duriense.
Onde provavelmente o Alentejo ganha, como começei esta conversa, é nas técnicas de MKT aplicadas à actividade no seu todo, desde as acções de relações públicas até à publicidade e promoção, passando ainda por uma correcta relação com a distribuição. Se entrarem num qualquer supermercado que seja especializado em vinhos, poderão ver que o maior espaço é dedicado ao Alentejo. O que traduz obviamente a imensa área que está dedicada à vinha nessa região, mas também a abundância de marcas e a estratégia de ponto de venda.
Claro que o "Tio Belmiro" e outros quejandos acabam por colocar nas cabeças das gôndolas e ao nível dos olhos do consumidor os vinhos que lhes rendem mais. E a esse nível das margens que o vinho liberta para o produtor e para o vendedor, pode ser que a quantidade de garrafas produzida seja um trunfo que o Alentejo esgrime com maior evidência do que as outras regiões...
Em contraponto recordo apenas a Bairrada e o Dão, onde existem vinhos magníficos, e que parece subalternizada nas cartas de vinhos dos restaurantes da nossa terra, bem assim como nas grandes superfícies.
Hoje em dia o grande problema do Alentejo é que a notoriedade da região apaga a notoriedade das suas marcas (com as clássicas excepções que todos conhecemos!)... E como estas se multiplicam, o consumidor não tem já condições para poder provar de tudo.
Do Alentejo, e em complemento da viagem que fiz ontem a Évora em trabalho, trago aqui três vinhos pouco conhecidos, mas muito bons.
- Joaquim Madeira, Branco DOC de 2013: um vinho gordo e com notas de bela madeira. Um
branco de Inverno que agradará a todos os que estão um bocado fartos dos vinhos frutados e a cheirar a maracujá. Custa cerca de 8 euros. Tem Antão Vaz, Arinto e Chardonnay.
- Torais, Tinto de 2008: Belo tinto pelo mesmo preço do branco anterior. Um vinho "de ataque", para beber todos os dias e que não deixa ficar mal a "coudelaria", Tem 14 graus e é feito com predominância de Shiraz e Aragonês.
- Ponte das Canas DOC, Tinto 2010: Um pouco mais caro, pelos 15 euros. É marca do Mouchão, a seguir ao D. Rafael e antes do Mouchão verdadeiramente dito, o que lhe dá logo respeitabilidade teórica. E tem Alicante Bouschet, está claro! Na prática é um tinto cheio de aroma e de cor, muito bom na boca e com laivos de fruta preta madura. Não tem o corpo do "pai" Mouchão", mas por este preço não há milagres...
A provar para depois contarem as vossas opiniões.
Ainda hoje , em número de garrafas vendidas no mercado nacional (talvez não em exportação, onde avoluma o mercado do vinho do Porto), será o Alentejo o "campeão das grandes superfícies".
Mas reparem como a frase "campeão das grandes superfícies" pode levar o leitor para um paradigma de quantidade, sem que aos produtos vínicos transtaganos possam ser igualmente atribuídas as grandes medalhas da qualidade.
Essa interpretação não é correcta.
No Alentejo há hoje também muita qualidade. E quando ouço dizer que "ainda não têm o seu Barca Velha", só me apetece dizer que ainda bem! Pois o Douro é o Douro e a Planície é outra coisa distinta. Se bem que - em termos de preços na restauração - o Pera Manca não fique muito atrás do mito duriense.
Onde provavelmente o Alentejo ganha, como começei esta conversa, é nas técnicas de MKT aplicadas à actividade no seu todo, desde as acções de relações públicas até à publicidade e promoção, passando ainda por uma correcta relação com a distribuição. Se entrarem num qualquer supermercado que seja especializado em vinhos, poderão ver que o maior espaço é dedicado ao Alentejo. O que traduz obviamente a imensa área que está dedicada à vinha nessa região, mas também a abundância de marcas e a estratégia de ponto de venda.
Claro que o "Tio Belmiro" e outros quejandos acabam por colocar nas cabeças das gôndolas e ao nível dos olhos do consumidor os vinhos que lhes rendem mais. E a esse nível das margens que o vinho liberta para o produtor e para o vendedor, pode ser que a quantidade de garrafas produzida seja um trunfo que o Alentejo esgrime com maior evidência do que as outras regiões...
Em contraponto recordo apenas a Bairrada e o Dão, onde existem vinhos magníficos, e que parece subalternizada nas cartas de vinhos dos restaurantes da nossa terra, bem assim como nas grandes superfícies.
Hoje em dia o grande problema do Alentejo é que a notoriedade da região apaga a notoriedade das suas marcas (com as clássicas excepções que todos conhecemos!)... E como estas se multiplicam, o consumidor não tem já condições para poder provar de tudo.
Do Alentejo, e em complemento da viagem que fiz ontem a Évora em trabalho, trago aqui três vinhos pouco conhecidos, mas muito bons.
- Joaquim Madeira, Branco DOC de 2013: um vinho gordo e com notas de bela madeira. Um
branco de Inverno que agradará a todos os que estão um bocado fartos dos vinhos frutados e a cheirar a maracujá. Custa cerca de 8 euros. Tem Antão Vaz, Arinto e Chardonnay.
- Torais, Tinto de 2008: Belo tinto pelo mesmo preço do branco anterior. Um vinho "de ataque", para beber todos os dias e que não deixa ficar mal a "coudelaria", Tem 14 graus e é feito com predominância de Shiraz e Aragonês.
- Ponte das Canas DOC, Tinto 2010: Um pouco mais caro, pelos 15 euros. É marca do Mouchão, a seguir ao D. Rafael e antes do Mouchão verdadeiramente dito, o que lhe dá logo respeitabilidade teórica. E tem Alicante Bouschet, está claro! Na prática é um tinto cheio de aroma e de cor, muito bom na boca e com laivos de fruta preta madura. Não tem o corpo do "pai" Mouchão", mas por este preço não há milagres...
A provar para depois contarem as vossas opiniões.
sexta-feira, novembro 14, 2014
Para Descansar a Vista
Do grande Poeta Manoel de Barros, agora desaparecido, relembro alguns poemas :
O fazedor de amanhecer
Sou leso em tratagens com máquina.Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.
Em toda a minha vida só engenhei
3 máquinas
Como sejam:
Uma pequena manivela para pegar no sono.
Um fazedor de amanhecer
para usamentos de poetas
E um platinado de mandioca para o
fordeco de meu irmão.
Cheguei de ganhar um prêmio das indústrias
automobilísticas pelo Platinado de Mandioca.
Fui aclamado de idiota pela maioria
das autoridades na entrega do prêmio.
Pelo que fiquei um tanto soberbo.
E a glória entronizou-se para sempre
em minha existência.
Tratado geral das grandezas do ínfimo
A poesia está guardada nas palavras — é tudo que eu sei.Meu fado é o de não saber quase tudo.
Sobre o nada eu tenho profundidades.
Não tenho conexões com a realidade.
Poderoso para mim não é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias
(do mundo e as nossas).
Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.
Nota: Manoel de Barros foi (e é, poeta não morre!) um dos grandes poetas brasileiros de todos os tempos. Lá para os confins do Mato Grosso e do Pantanal exerceu o seu múnus publicum, ao mesmo tempo que tomava conta da fazenda paterna.
Para ele "a Frase era mais importante que a verdade, mais importante que a própria fé". Logo por aqui se entende o apego que desde muito novo sempre teve com o Padre António Vieira, grão-mestre da língua lusa.
Leiam aqui sff:
http://www.releituras.com/manoeldebarros_bio.asp
quinta-feira, novembro 13, 2014
O Aabrão do Eente!
Tenho uma dentadura notável. Sempre me orgulhei desse facto, que atribuí durante muitos anos a nunca ter usado fio dental e a lavar os dentes com alguma parcimónia, apenas uma vez por dia e essa vez bem rápida.
A completar sessenta anos tudo aquilo que está dentro da minha boca (excepto a comidinha, que vai e vem) é meu. Não há chumbos nem chumbinhos, não há tachas nem tachinhas, não há um buraco.
Pensei até ilustrar este Post com a radiografia (admirável) da minha dentuça, para todos verem aquela perfeição. Mas não consegui que a fotografia ficasse decente.
Ultimamente andava a sangrar das bochechas, tendo o dentista assumido - depois de vários exames e radiografias - que os meus quatro dentes do sizo estavam meio inclusos no maxilar, e apontavam para o lado, em vez de ser para baixo, como lhes competia.
Nem discuto o facto de uma criatura ter chegado aos 60 com dentes do sizo ainda a "crescer". Nem discuto que esse crescimento tenha sido para o lado. São coisas que acontecem...Agora, o resultado prático disto tudo é que, pela primeira vez na vida, tenho de extrair dentes!
Dentes perfeitamente saudáveis, que o único pecado que fizeram nesta vida foi o crescerem para os lados. Não haverá aqui alguma coisa de fascista nesta mania de que todos os dentes têm de apontar para o mesmo lado? Foi para isto que fizemos o 25 de Abril? Para que o unanimismo triunfasse?
Mas divago. Adiante que não estamos em Amarante.
Eu sabia teoricamente o que era "tirar um dente", mas não tinha a experiência prática. E o homem apanhou-me pela primeira vez à falsa fé.
Começei a preocupar-me quando vi umas alavancas (tenazes mesmo) de aço. E ainda mais me preocupei quando a criatura ia dizendo para a ajudante:
-"Olhe, dê-me aí uma mais larga que este é dos difíceis".
-"Mas que coisa, está bem fixo. Olhe, não há destas ainda mais largas?"
-"Já saíu! Olhe que grande! E não custou nada? Vamos é ter que cozer o buraquinho..."
Uma hora e meia de sacrifício, embora a anestesia tenha dourado esta pílula o melhor que sabia e podia. E no final das festas lá fiquei mais pobre ( de mais do que uma maneira!!)
Agora não posso comer para aquele lado, e comer é eufemismo! "Imbibo" líquidos, papas e sopas.
Vivi eu tanto ano sem saber o que era esta sobremesa...E, francamente, acho que podia ter esperado mais uns anitos ...
Tenho que por lá aparecer mais 3 vezes. Vou pensar bem no assunto, mas acabarei por ir. É o Karma...
O Lucky Luke quando ia ao barbeiro encostava a pistola ao cú do artista, não fosse a lámina escorregar para onde não devia... Pode ser que aqui resulte a mesma técnica. Barbeiros já tiraram dentes.. E alguns ainda tiram...
A completar sessenta anos tudo aquilo que está dentro da minha boca (excepto a comidinha, que vai e vem) é meu. Não há chumbos nem chumbinhos, não há tachas nem tachinhas, não há um buraco.
Pensei até ilustrar este Post com a radiografia (admirável) da minha dentuça, para todos verem aquela perfeição. Mas não consegui que a fotografia ficasse decente.
Ultimamente andava a sangrar das bochechas, tendo o dentista assumido - depois de vários exames e radiografias - que os meus quatro dentes do sizo estavam meio inclusos no maxilar, e apontavam para o lado, em vez de ser para baixo, como lhes competia.
Nem discuto o facto de uma criatura ter chegado aos 60 com dentes do sizo ainda a "crescer". Nem discuto que esse crescimento tenha sido para o lado. São coisas que acontecem...Agora, o resultado prático disto tudo é que, pela primeira vez na vida, tenho de extrair dentes!
Dentes perfeitamente saudáveis, que o único pecado que fizeram nesta vida foi o crescerem para os lados. Não haverá aqui alguma coisa de fascista nesta mania de que todos os dentes têm de apontar para o mesmo lado? Foi para isto que fizemos o 25 de Abril? Para que o unanimismo triunfasse?
Mas divago. Adiante que não estamos em Amarante.
Eu sabia teoricamente o que era "tirar um dente", mas não tinha a experiência prática. E o homem apanhou-me pela primeira vez à falsa fé.
Começei a preocupar-me quando vi umas alavancas (tenazes mesmo) de aço. E ainda mais me preocupei quando a criatura ia dizendo para a ajudante:
-"Olhe, dê-me aí uma mais larga que este é dos difíceis".
-"Mas que coisa, está bem fixo. Olhe, não há destas ainda mais largas?"
-"Já saíu! Olhe que grande! E não custou nada? Vamos é ter que cozer o buraquinho..."
Uma hora e meia de sacrifício, embora a anestesia tenha dourado esta pílula o melhor que sabia e podia. E no final das festas lá fiquei mais pobre ( de mais do que uma maneira!!)
Agora não posso comer para aquele lado, e comer é eufemismo! "Imbibo" líquidos, papas e sopas.
Vivi eu tanto ano sem saber o que era esta sobremesa...E, francamente, acho que podia ter esperado mais uns anitos ...
Tenho que por lá aparecer mais 3 vezes. Vou pensar bem no assunto, mas acabarei por ir. É o Karma...
O Lucky Luke quando ia ao barbeiro encostava a pistola ao cú do artista, não fosse a lámina escorregar para onde não devia... Pode ser que aqui resulte a mesma técnica. Barbeiros já tiraram dentes.. E alguns ainda tiram...
quarta-feira, novembro 12, 2014
A Hospitalidade
Num conto que li em menino, e cujo nome e autor não consigo agora situar , falava-se de um antigo hábito de certos povos da Oceânia. Quando recebiam alguém em suas casas emprestavam-lhes à partida sempre um objecto que lhes fizesse falta - por exemplo, uma faca - de forma a que o hóspede e amigo nunca se esquecesse de voltar, trazendo consigo o objecto "emprestado".
Em Portugal também temos fama e proveito de sermos hospitaleiros. Tenho-o provado no meu corpo e no meu espírito. Não só tenho "Provado" como tenho mesmo "Comido" essas larguezas da hospitalidade lusa.
Eu tenho também dado muitas vezes a experimentar a quem nos visita o melhor que temos. Na cozinha e nas vistas, usos e costumes. De tal forma que começou a criar corpo no âmbito dos nossos colegas internacionais a ideia que , se marcassem férias para Portugal, alguém os ampararia devidamente.
Não me custa nada ajudar nas marcações de Hotel e propor visitas e restaurantes, Faço-o sempre com gosto. E normalmente convido também sempre quem por cá aparece para almoçar ou jantar.
Mas, no meio desta crise existencial que assola todos, mais cedo ou mais tarde, dei por mim a pensar onde deveriamos traçar a fronteira entre a Hospitalidade e o Provincianismo.
A fronteira deve ser traçada algures entre a nossa forma de estar aberta e afável, pronta para agradar, e a bajulice própria do "pequeno" que recebe o "grande", estando (ou não) à espera de rentabilizar futuramente esse "investimento".
Claro que a distinção entre "pequeno" e "grande" é relativa. Não estamos no tempo das "Cours Itinérants du Roi Soleil", onde a comitiva real era obrigatoriamente recebida pelos nobres e autarquias da região onde passava, levando muitas vezes à falência alguns deles com a exigência pesada da respectiva acomodação.
O que me leva a reflectir é que, para alguns e neste enquadramento de bem receber, "grande" será sinónimo de "visitante estrangeiro" , enquanto que a ele, ao tuga, caberá bem o epíteto de "pequeno"... E isso não pode ser.
Tal como "velhos são os trapos", então "pequenos devem ser os toma***" de quem pensa assim e age em conformidade.
"Liberté, Egalité, Fraternité" tem a Igualdade no meio... Já tinham reparado?
Em Portugal também temos fama e proveito de sermos hospitaleiros. Tenho-o provado no meu corpo e no meu espírito. Não só tenho "Provado" como tenho mesmo "Comido" essas larguezas da hospitalidade lusa.
Eu tenho também dado muitas vezes a experimentar a quem nos visita o melhor que temos. Na cozinha e nas vistas, usos e costumes. De tal forma que começou a criar corpo no âmbito dos nossos colegas internacionais a ideia que , se marcassem férias para Portugal, alguém os ampararia devidamente.
Não me custa nada ajudar nas marcações de Hotel e propor visitas e restaurantes, Faço-o sempre com gosto. E normalmente convido também sempre quem por cá aparece para almoçar ou jantar.
Mas, no meio desta crise existencial que assola todos, mais cedo ou mais tarde, dei por mim a pensar onde deveriamos traçar a fronteira entre a Hospitalidade e o Provincianismo.
A fronteira deve ser traçada algures entre a nossa forma de estar aberta e afável, pronta para agradar, e a bajulice própria do "pequeno" que recebe o "grande", estando (ou não) à espera de rentabilizar futuramente esse "investimento".
Claro que a distinção entre "pequeno" e "grande" é relativa. Não estamos no tempo das "Cours Itinérants du Roi Soleil", onde a comitiva real era obrigatoriamente recebida pelos nobres e autarquias da região onde passava, levando muitas vezes à falência alguns deles com a exigência pesada da respectiva acomodação.
O que me leva a reflectir é que, para alguns e neste enquadramento de bem receber, "grande" será sinónimo de "visitante estrangeiro" , enquanto que a ele, ao tuga, caberá bem o epíteto de "pequeno"... E isso não pode ser.
Tal como "velhos são os trapos", então "pequenos devem ser os toma***" de quem pensa assim e age em conformidade.
"Liberté, Egalité, Fraternité" tem a Igualdade no meio... Já tinham reparado?
terça-feira, novembro 11, 2014
De regresso
As vantagens do meu trabalho são muitas. Entre as que mais aprecio é a possibilidade de todos os anos conhecer pessoas novas, ter novos assuntos para explorar, criar novos amigos espalhados por todos os locais do país onde se concretizam as nossas emissões de selos e edições de livros.
Há já alguns meses que ando por Trás-os-Montes, atrás de várias cerimónias filatélicas. E que prazer tem sido poder compartilhar a mesa das reuniões e a mesa das refeições com tanta gente boa!
De tal forma que mal saímos já estamos com saudades. O que é muito português. O meu colega Miguel Esteves Cardoso dizia, e bem, que "O português ainda não levantou voo da Portela e já está com saudades!".
Na última reunião e almoço onde estivemos, já de malas aviadas, fomos impecavelmente recebidos no complexo hoteleiro com a gestão do grupo A. Montesinho (proprietários do D. Roberto de boa fama). Entre um Butelo com Cascas e uma Posta grelhada fomos alinhavando o futuro da filatelia por aquelas terras. E muitas pistas foram ali colhidas.
Voltarei para tratar dos dois assuntos que deixei pendurados: o Caminho Português de Santiago de Compostela, a famosa "ruta de la plata"; e a série que dedicaremos à castanha de Trás-os-Montes.
Tudo isto em 2015, o que permite antever novas viagens em breve.
Preciso ainda de vos falar do êxito que foi a Exposição Filatélica VIANNA 2014, do emocionante encontro com o Sr. Lopes Ribeiro, quase a fazer os 103 anos de idade, sempre coleccionando os seus selos. O mais impressionante é poder falar com ele e verificar que anda bem, sem bengalas e tem a cabeça melhor do que muitos de nós!! Faço aqui uma injunção ao Sr. Ministro da Saúde que mande investigar. A dieta, a água (ou o vinho verde!) devem estar envolvidos.
Dou também testemunho da presença continuada do Sr. Presidente da Câmara de Viana do Castelo, não só na inauguração mas também nos outros dias. Grande exemplo!
Agora em Lisboa apresto-me também hoje para rever velhos amigos das artes gráficas. Em volta de uma antiga e rara (aqui na urbe pelo menos) especialidade: A Feijoada de Sames de Bacalhau à moda da Gafanha.
Será no Restaurante Jockey, que debaixo da batuta de Mestre Rafael segue a sua senda de casa afável e hospitaleira para todos os clientes, tragam eles cavalos ou mulas (salvo seja, pôrra!).
Há já alguns meses que ando por Trás-os-Montes, atrás de várias cerimónias filatélicas. E que prazer tem sido poder compartilhar a mesa das reuniões e a mesa das refeições com tanta gente boa!
De tal forma que mal saímos já estamos com saudades. O que é muito português. O meu colega Miguel Esteves Cardoso dizia, e bem, que "O português ainda não levantou voo da Portela e já está com saudades!".
Na última reunião e almoço onde estivemos, já de malas aviadas, fomos impecavelmente recebidos no complexo hoteleiro com a gestão do grupo A. Montesinho (proprietários do D. Roberto de boa fama). Entre um Butelo com Cascas e uma Posta grelhada fomos alinhavando o futuro da filatelia por aquelas terras. E muitas pistas foram ali colhidas.
Voltarei para tratar dos dois assuntos que deixei pendurados: o Caminho Português de Santiago de Compostela, a famosa "ruta de la plata"; e a série que dedicaremos à castanha de Trás-os-Montes.
Tudo isto em 2015, o que permite antever novas viagens em breve.
Preciso ainda de vos falar do êxito que foi a Exposição Filatélica VIANNA 2014, do emocionante encontro com o Sr. Lopes Ribeiro, quase a fazer os 103 anos de idade, sempre coleccionando os seus selos. O mais impressionante é poder falar com ele e verificar que anda bem, sem bengalas e tem a cabeça melhor do que muitos de nós!! Faço aqui uma injunção ao Sr. Ministro da Saúde que mande investigar. A dieta, a água (ou o vinho verde!) devem estar envolvidos.
Dou também testemunho da presença continuada do Sr. Presidente da Câmara de Viana do Castelo, não só na inauguração mas também nos outros dias. Grande exemplo!
Agora em Lisboa apresto-me também hoje para rever velhos amigos das artes gráficas. Em volta de uma antiga e rara (aqui na urbe pelo menos) especialidade: A Feijoada de Sames de Bacalhau à moda da Gafanha.
Será no Restaurante Jockey, que debaixo da batuta de Mestre Rafael segue a sua senda de casa afável e hospitaleira para todos os clientes, tragam eles cavalos ou mulas (salvo seja, pôrra!).
terça-feira, novembro 04, 2014
Em Viana do Castelo e em Bragança
Armado de pata de coelho pendurada no retrovisor, ferradura de besta quadrúpede enfiada no porta-luvas e trevo de 4 folhas no bolso (plástico, porque não tenho tempo, nem costas, para andar de cú para o ar) parto para duas cerimónias fora de Lisboa nesta semana que ainda agora começou.
A inauguração da VIANNA 2014, XXIV Exposição Nacional de Filatelia onde participa a convite a Associação Italiana de História Postal.
E, logo a seguir, a elevação a Basílica Menor da Igreja do Santo Cristo do Outeiro (Bragança) que mereceu um Postal Inteiro e Carimbo Comemorativo pela raridade do decreto papal.
Vejam aqui sff:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=155254
Os Posts com comentários de fundo podem rarear até à próxima semana , mas não deixarei de enviar fotografias dos locais por onde abancar...
A inauguração da VIANNA 2014, XXIV Exposição Nacional de Filatelia onde participa a convite a Associação Italiana de História Postal.
E, logo a seguir, a elevação a Basílica Menor da Igreja do Santo Cristo do Outeiro (Bragança) que mereceu um Postal Inteiro e Carimbo Comemorativo pela raridade do decreto papal.
Vejam aqui sff:
http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=155254
Os Posts com comentários de fundo podem rarear até à próxima semana , mas não deixarei de enviar fotografias dos locais por onde abancar...
segunda-feira, novembro 03, 2014
Entre mortos, quedas e bolos de bolacha...
O título é elucidativo da salganhada que foi este fim de semana tétrico.
Salvaram-se da desgraça duas coisas: o almocinho no Beira Mar com o Zé, a Fátima, o Senhorio e o Paulinho (estando o pescador Tó Simão de pendura) e , mais tarde, o jantar no "deserto" , em casa do Luiz, com o Acácio e respectivas famílias (sem esquecer os cães, "Vitor Gaspar" e "Vasco").
Fora isso, os três dias entre Quinta Feira e Domingo foram para esquecer...
A santa cá de baixo tropeçou nos degraus da minha casa e ficou com a cara que parecia um bolo de bolacha depois do "Vitor Gaspar" (do cão) se ter interessado por ele. No Hospital quase me trataram como se fosse um meliante que batia na mãe, tal a semelhança dos resultados da queda com uma daquelas sovas antigas que vemos nos filmes, depois de um combate de boxe.
Não publico as fotos da santa porque, sabendo como ela é, assim que estivesse boa ainda me dava com o cabo da vassoura...
Como resultado tive de tratar das campas no dia de fiéis defuntos sozinho com a outra santa, irmã da santa abolachada. Na pressa de tratar de tudo a tempo do almoço, enfiei o canivete suiço por entre o ramo das orquídeas e quase até ao osso do meu dedo anelar da mão esquerda...
Não desejando ir ao hospital outra vez (onde ficaram algumas desconfianças sobre a minha pessoa) tentei resolver o assunto mesmo ali, ao pé das campas.
O coveiro Sr. João tratou da ocorrência, embora esteja mais habituado a outro tipo de clientes, malta mais quietinha e sobretudo mais calada.
Depois de arranjar as campas, a santa tia ainda me pediu para ir ao Hiper, porque precisava de coisas para a casa e o meu primo também lhe tinha pedido para trazer alguma mercadoria, "já que lá ia aproveitava..."
Estou transformado na Central de Compras da família. Para as velhotas, ainda vá que não vá...Agora o meu primo também já aproveita? Ele que tem carro e é reformado? E da minha idade? Fica com o cu na cama e o "je" que se levante cedo e ature as galinhas velhas? Viver não custa...
Como a desinfecção do dedo foi passar a ferida pela água do cano, quando cheguei a casa para fazer o almoço, quase 3 horas depois, já tinha aquilo tudo infectado...
Resultado: comeram as velhas outra vez frangos do Galego, que à minha custa vai reforçando a fama de ser o restaurador e hoteleiro mais rico de Cascais.
Há dias assim... Temos que esperar por melhorias na meteorologia. Entretanto, o conselho que dou a todos é que tenham cautela quando saírem de casa. Não vá esta mala-pata momentânea ser contagiosa.
Salvaram-se da desgraça duas coisas: o almocinho no Beira Mar com o Zé, a Fátima, o Senhorio e o Paulinho (estando o pescador Tó Simão de pendura) e , mais tarde, o jantar no "deserto" , em casa do Luiz, com o Acácio e respectivas famílias (sem esquecer os cães, "Vitor Gaspar" e "Vasco").
Fora isso, os três dias entre Quinta Feira e Domingo foram para esquecer...
A santa cá de baixo tropeçou nos degraus da minha casa e ficou com a cara que parecia um bolo de bolacha depois do "Vitor Gaspar" (do cão) se ter interessado por ele. No Hospital quase me trataram como se fosse um meliante que batia na mãe, tal a semelhança dos resultados da queda com uma daquelas sovas antigas que vemos nos filmes, depois de um combate de boxe.
Não publico as fotos da santa porque, sabendo como ela é, assim que estivesse boa ainda me dava com o cabo da vassoura...
Como resultado tive de tratar das campas no dia de fiéis defuntos sozinho com a outra santa, irmã da santa abolachada. Na pressa de tratar de tudo a tempo do almoço, enfiei o canivete suiço por entre o ramo das orquídeas e quase até ao osso do meu dedo anelar da mão esquerda...
Não desejando ir ao hospital outra vez (onde ficaram algumas desconfianças sobre a minha pessoa) tentei resolver o assunto mesmo ali, ao pé das campas.
O coveiro Sr. João tratou da ocorrência, embora esteja mais habituado a outro tipo de clientes, malta mais quietinha e sobretudo mais calada.
Depois de arranjar as campas, a santa tia ainda me pediu para ir ao Hiper, porque precisava de coisas para a casa e o meu primo também lhe tinha pedido para trazer alguma mercadoria, "já que lá ia aproveitava..."
Estou transformado na Central de Compras da família. Para as velhotas, ainda vá que não vá...Agora o meu primo também já aproveita? Ele que tem carro e é reformado? E da minha idade? Fica com o cu na cama e o "je" que se levante cedo e ature as galinhas velhas? Viver não custa...
Como a desinfecção do dedo foi passar a ferida pela água do cano, quando cheguei a casa para fazer o almoço, quase 3 horas depois, já tinha aquilo tudo infectado...
Resultado: comeram as velhas outra vez frangos do Galego, que à minha custa vai reforçando a fama de ser o restaurador e hoteleiro mais rico de Cascais.
Há dias assim... Temos que esperar por melhorias na meteorologia. Entretanto, o conselho que dou a todos é que tenham cautela quando saírem de casa. Não vá esta mala-pata momentânea ser contagiosa.
sexta-feira, outubro 31, 2014
Para Descansar a Vista...
Neste dia que antecede a noite das bruxas manda a prudência que o humilde mortal tente passar tão despercebido quanto possível.
Daí que eu tenha sempre achado estranho ser exactamente nesta noite que os anglo-saxónicos se transvestem de tudo quanto é maléfico e vêm para a rua fazer uma grande palhaçada. Talvez porque rir é o melhor remédio, e quem canta seus males espanta...
Em tudo o que tenha a ver com maus olhados, almas do outro mundo, feitiços e quebrantos, vampiros e zombies - nos quais não acredito, mas que os há, isso há ! - costumo usar o conhecido aforismo shakesperiano "A Desconfiança é o farol que orienta o Prudente".
Se desconfiamos é de bazar imediatamente. Seja de algum automóvel com fuga de óleo no motor, ou de casa velha onde já morreram 3 ou 4 anteriores locatários.
Em memória das Bruxas venha então daí um Poema do Amigo Edgar Allan Poe, que como sabem era um bocado virado para estas coisas do Oculto:
The Valley of Unrest
Once it smiled a silent dell
Where the people did not dwell;
They had gone unto the wars,
Trusting to the mild-eyed stars,
Nightly, from their azure towers,
To keep watch above the flowers,
In the midst of which all day
The red sunlight lazily lay.
Now each visitor shall confess
The sad valley's restlessness.
Nothing there is motionless
Nothing save the airs that brood
Over the magic solitude.
Ah, by no wind are stirred those trees
That palpitate like the chill seas
Around the misty Hebrides!
Ah, by no wind those clouds are driven
That rustle through the unquiet Heaven
Uneasily, from morn till even,
Over the violets there that lie
In myriad types of the human eye
Over the lilies there that wave
And weep above a nameless grave!
They wave:- from out their fragrant tops
Eternal dews come down in drops.
They weep:- from off their delicate stems
Perennial tears descend in gems.
Edgar Allan Poe
Daí que eu tenha sempre achado estranho ser exactamente nesta noite que os anglo-saxónicos se transvestem de tudo quanto é maléfico e vêm para a rua fazer uma grande palhaçada. Talvez porque rir é o melhor remédio, e quem canta seus males espanta...
Em tudo o que tenha a ver com maus olhados, almas do outro mundo, feitiços e quebrantos, vampiros e zombies - nos quais não acredito, mas que os há, isso há ! - costumo usar o conhecido aforismo shakesperiano "A Desconfiança é o farol que orienta o Prudente".
Se desconfiamos é de bazar imediatamente. Seja de algum automóvel com fuga de óleo no motor, ou de casa velha onde já morreram 3 ou 4 anteriores locatários.
Em memória das Bruxas venha então daí um Poema do Amigo Edgar Allan Poe, que como sabem era um bocado virado para estas coisas do Oculto:
The Valley of Unrest
Once it smiled a silent dell
Where the people did not dwell;
They had gone unto the wars,
Trusting to the mild-eyed stars,
Nightly, from their azure towers,
To keep watch above the flowers,
In the midst of which all day
The red sunlight lazily lay.
Now each visitor shall confess
The sad valley's restlessness.
Nothing there is motionless
Nothing save the airs that brood
Over the magic solitude.
Ah, by no wind are stirred those trees
That palpitate like the chill seas
Around the misty Hebrides!
Ah, by no wind those clouds are driven
That rustle through the unquiet Heaven
Uneasily, from morn till even,
Over the violets there that lie
In myriad types of the human eye
Over the lilies there that wave
And weep above a nameless grave!
They wave:- from out their fragrant tops
Eternal dews come down in drops.
They weep:- from off their delicate stems
Perennial tears descend in gems.
Edgar Allan Poe
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