Uma região que muito lucrou com as modernas técnicas de MKT aplicadas ao sector dos vinhos e da vinha (enoturismo, etc..) foi o nosso Alentejo.
Ainda hoje , em número de garrafas vendidas no mercado nacional (talvez não em exportação, onde avoluma o mercado do vinho do Porto), será o Alentejo o "campeão das grandes superfícies".
Mas reparem como a frase "campeão das grandes superfícies" pode levar o leitor para um paradigma de quantidade, sem que aos produtos vínicos transtaganos possam ser igualmente atribuídas as grandes medalhas da qualidade.
Essa interpretação não é correcta.
No Alentejo há hoje também muita qualidade. E quando ouço dizer que "ainda não têm o seu Barca Velha", só me apetece dizer que ainda bem! Pois o Douro é o Douro e a Planície é outra coisa distinta. Se bem que - em termos de preços na restauração - o Pera Manca não fique muito atrás do mito duriense.
Onde provavelmente o Alentejo ganha, como começei esta conversa, é nas técnicas de MKT aplicadas à actividade no seu todo, desde as acções de relações públicas até à publicidade e promoção, passando ainda por uma correcta relação com a distribuição. Se entrarem num qualquer supermercado que seja especializado em vinhos, poderão ver que o maior espaço é dedicado ao Alentejo. O que traduz obviamente a imensa área que está dedicada à vinha nessa região, mas também a abundância de marcas e a estratégia de ponto de venda.
Claro que o "Tio Belmiro" e outros quejandos acabam por colocar nas cabeças das gôndolas e ao nível dos olhos do consumidor os vinhos que lhes rendem mais. E a esse nível das margens que o vinho liberta para o produtor e para o vendedor, pode ser que a quantidade de garrafas produzida seja um trunfo que o Alentejo esgrime com maior evidência do que as outras regiões...
Em contraponto recordo apenas a Bairrada e o Dão, onde existem vinhos magníficos, e que parece subalternizada nas cartas de vinhos dos restaurantes da nossa terra, bem assim como nas grandes superfícies.
Hoje em dia o grande problema do Alentejo é que a notoriedade da região apaga a notoriedade das suas marcas (com as clássicas excepções que todos conhecemos!)... E como estas se multiplicam, o consumidor não tem já condições para poder provar de tudo.
Do Alentejo, e em complemento da viagem que fiz ontem a Évora em trabalho, trago aqui três vinhos pouco conhecidos, mas muito bons.
- Joaquim Madeira, Branco DOC de 2013: um vinho gordo e com notas de bela madeira. Um
branco de Inverno que agradará a todos os que estão um bocado fartos dos vinhos frutados e a cheirar a maracujá. Custa cerca de 8 euros. Tem Antão Vaz, Arinto e Chardonnay.
- Torais, Tinto de 2008: Belo tinto pelo mesmo preço do branco anterior. Um vinho "de ataque", para beber todos os dias e que não deixa ficar mal a "coudelaria", Tem 14 graus e é feito com predominância de Shiraz e Aragonês.
- Ponte das Canas DOC, Tinto 2010: Um pouco mais caro, pelos 15 euros. É marca do Mouchão, a seguir ao D. Rafael e antes do Mouchão verdadeiramente dito, o que lhe dá logo respeitabilidade teórica. E tem Alicante Bouschet, está claro! Na prática é um tinto cheio de aroma e de cor, muito bom na boca e com laivos de fruta preta madura. Não tem o corpo do "pai" Mouchão", mas por este preço não há milagres...
A provar para depois contarem as vossas opiniões.
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