sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Para Descansar a Vista


É Sexta-feira...

O Encontro

Num certo dia de Dezembro
tremeram algumas estrelas.
O astrónomo não viu nada…
A não ser, pelo telescópio,
Duas pessoas de mão dada

Que nessa Quarta-feira
Quase a meio da Semana
Cheia de trabalho, matreira
Fizeram o que lhes deu na gana
E fugiram de forma certeira…

Adeus Amigos, portem-se bem!
Fiquem cá com o vosso fado.
Perto do céu ou mais além
Na esperança de ser amado
Descansem todos que não tardo!

De certeza que estava bom tempo.
Mesmo que chovessem canivetes
E caísse no Mar algum portento
Jurávamos que o Sol resplandecia!
Pelo menos assim nos parecia…

A 10 de Dezembro, nesse Dia.

Manuel Luar

O Congresso

Um Congresso é normalmente uma reunião de interesses (partidários ou outros) onde se discutem problemas que interessam aos intervenientes. Pode ser o Congresso dos Bombeiros Portugueses, o Congresso Mundial de Neuro- Cirurgia, o Congresso dos Tocadores de Bombo (ou lá o que seja...) e por aí fora.

Com uma forma de estar muito próxima da democracia norte-americana em certas coisas, sobretudo no plano organizativo, cedo em Portugal os Partidos Políticos começaram a "Congregar-se".

Há Congressos Ordinários e outros Extraordinários. Congressos onde se escolhem os Grandes Líderes - o famoso Congresso do PSD da Figueira da Foz, por exemplo - e Congressos onde se definem as orientações da "burrocracia ortodoxa" vigente para as "hostes militantes" - e aqui vem à memória o nosso PCP e a famosa questão do "Movimentismo Inorgânico". E por aí adiante...

Ele há também Congressos que são - devem ser - de apoteose. Por exemplo o Congresso do Partido Democrata Norte Americano que nomeou Barak Obama para candidato a Presidente, com templos gregos a enquadrarem o leader e tudo....

Este Congresso do PS que hoje começa parece-me a mim que será um pouco isso mesmo, uma reunião de apoio a José Sócrates e às suas políticas, preparando os tempos eleitorais que por aí se perfilam já no horizonte próximo. Um Congresso do unanimismo também.
Como já é do conhecimento dos Leitores não gosto de Listas Únicas nem de Unanimismos... Sou até sempre a favor dos tais "movimentismos inorgânicos" e que o Tio Jerónimo me desculpe sff.

Mas até certo ponto também entendo que um Congresso que prepara as tropas para a frente de batalha, com três guerras a despontar - as Europeias em Junho as Autárquicas e as Legislativas em Setembro\Outubro - não pode ser uma reunião onde se discutem os problemas internos do PS, como algumas amigas à mesa de chá , entre dois bolinhos de côco e um Earl Grey...

Os tempos são de tocar a reunir. São os tempos de preparar a estratégia eleitoral e os tempos de esquecer as rivalidades internas com a assumpção de uma postura de Estado por parte das diversas tendências no PS.

A crise será pano de fundo para toda esta tragi-comédia. Mesmo assim - ou talvez por causa disso - e tendo em atenção que o que está em jogo é a sobrevivência de um certo modelo de Governação e de Poder, acho perfeitamente compreensível que o 1º Ministro fique em Portugal a encerrar o Congresso e não vá à Cimeira dos Chefes de Estado da UE.

Está claro que esta será uma oportunidade imperdível para que a Oposição se arme de varapaus e toque em cima do "lombo" alheio a 5ª Sinfonia de Beethoven, mas também isso seria de esperar...

Estamos já em Pré-Campanha Eleitoral. Tudo o que "eles" (os Partidos) façam ou digam tem já a ver com isso.

E quem não entender isto não entende mesmo nada , nem de política, nem da vida de todos os dias...

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

De tudo se farta um Homem...


Já Eça, o grande conhecedor das gentes e do mundo do seu tempo, punha na boca do dedicado criado (o Grilo) do Sr Jacinto - " o príncipe da Boa-Ventura" como lhe chamavam os amigos - quando questionado sobre o que é que poderia apoquentar um homem com tanto dinheiro, tanta saúde , ainda novo e vivendo em Paris, centro do mundo civilizado, a tocante frase:

- "Sua Excelência sofre de fartura..."

De facto, e por muito boas que sejam algumas coisas, se as usarmos e desfrutarmos vezes sem conta haverá uma altura em que nos parecem medianas, mesmo medíocres...

Vem esta reflexão depois de uma conversa com um Amigo que se queixou do meu Post sobre o Restaurante Panorama de Melgaço. Seu aficionado de longa data e descendente de brava gente minhota, custou a este meu Amigo ver assim algo criticada a sua casa de eleição, e não deixou de me dizer:

- "Tu estás é mal habituado! Depois de tanto ano a beber Barca Velha já não aprecias o bom e genuíno vinho regional... Cada macaco no seu galho! Não se pode comparar o Panorama com o Porto de Santa Maria, ou com o Beira Mar! São dois campeonatos distintos! Melgaço não é Cascais!"

Tive vontade de lhe dizer - a ele que é um "leão" empedernido - que eram dois campeonatos tão distintos como aqueles onde militavam o Bayern e o Sporting, mas depois mordi a língua, não fosse a tirada ter ricochete...

Há espaço para tudo neste país. Desde a grande cozinha de Aimé Barroyer no Pestana Palace até às casas de Pasto tipo "Nanda" na Rua da Alegria no Porto, passando pelos paraísos do peixe fresco do nosso Guincho , de Cascais ou de Leça e acabando nas grandes Catedrais da gastronomia regional que são a Tasca do Oliveira ou o Fialho.

Gostei muito do Camelo de Santa Marta, e nele bebi um simples mas admirável Vinho verde - branco e tinto - de um produtor local. Gosto de ir a Matosinhos ou a Peniche, comer nas tascas a sardinha assada com verde tinto. Mas também gosto de - raras vezes, tendo em atenção a crise - almoçar no Porto de Santa Maria um superlativo robalo do mar assado com puré de batata e arroz de pimentos, acompanhado por um Branco encorpado da casa Nieepoort ou por um Encruzado do Dão Sogrape.

Se alguém bebesse Barca Velha todos os dias depressa lhe daria enjoo... O mesmo para quem só frequentasse a culinária trabalhada "à la française" das casas da moda , em Lisboa e no Algarve, onde se acumulam os "Miquelinos lusos".

Qualidade na restauração não tem - em minha opinião - de ser sempre sinónimo de despesa sumptuária. Tem é de ser sinónimo de Preço justo para o que se come e para o que se bebe...

Nem galinha gorda por pouco dinheiro, nem dar ouro por estojos de lata...

Mas, é claro, se eu tiver oportunidade e o dinheiro para beber ao jantar um Quinta da Leda Vinha do Pombal 2004 ou um Mouro rótulo de ouro 2005, porque é que hei-de insistir em mandar abrir uma garrafa de Esteva, também excelente mas muito, mesmo muito, distante dos outros...?

Desde que a comidinha se adeque a um tinto de envergadura, está claro...

E se nos apetecer uma simples salada de batata a acompanhar uma meia perdiz de escabeche, tudo em frio, a adivinhar o Verão, quem nos impedirá de a acompanharmos com um Rosé barato, mas muito atraente para o prato em questão?

Em resumo: tem a gastronomia portuguesa o seu conjunto de possidónios e novos-ricos, tal como em muitas outras áreas onde nos movimentamos. Tais criaturas são livres de acompanhar a sardinha assada ou o carapau com Barca Velha. Estamos num país livre e democrático, o que foi assegurado por alguns militares que se levantaram cedo em Abril, já faz mais de 30 anos ( e passe a graçola)...

Mas, francamente, não me considero desse grupo..

"Nem sempre Galinha, nem sempre Rainha" e "Cada Macaco no seu Galho" pois está claro e estou de acordo... mas que sejam ao menos "macacos" e não "saguins" a porem-se em bicos de pés e a julgar que o são...

quarta-feira, fevereiro 25, 2009

A Quaresma e suas Virtudes


Não Amigos Leitores. Não pensem que vou pôr-me para aqui a dar sermão de Quaresma alicerçado na minha infância passada nos Salesianos do Estoril, onde era certo e sabido que à Quarta Feira de Cinzas tínhamos responso quaresmal para nos dar que pensar que este mundo não era só rir e folgar.

Não senhor. Mas como católico, embora hoje pouco praticante (há certas coisas que se colam a nós na tenra idade e que nunca mais largamos, e a religião é uma delas) dou o devido valor a este "interregno" entre a gozação carnal do Carnaval - a grande festa da carne e dos sentidos - e a época da Páscoa com a esperança que traz a todos. Para uns esperança de vida eterna, para outros, e que mais não seja, o florir da Primavera dá esperança de melhores dias, de sol, de calor e de água do mar...
A Quaresma pode - ou não - ser vivida à séria, com jejuns e abstinências e os tais sermões edificantes. Mas também pode ser encarada como uma altura de reflexão sobre a vida de cada um de nós, uma altura em que devemos parar para reflectir e questionar abertamente se aquilo que estamos a fazer é certo e se o caminho que percorremos será o mais indicado ao fim em vista.

Termos os objectivos de vida bem delineados, aquilo que desejamos para nós e para os que nos são mais chegados, é fundamental em momentos de crise económica e financeira como a actual. Quando a bolsa começa a estreitar e quando nos apercebemos que o dinheiro não chega para tudo, para alimentar aquele oásis de consumismo que fomos construindo à nossa volta, é imperativo estabelecer prioridades e com elas os tais "objectivos"...

Sem esquecer que apenas do ponto de vista higiénico e regulador da nosssa saúde é admirável termos umas semanas para purgar o corpo ( e o espírito) das impurezas que para aqui enfiámos, desde as noites mais afoitas de álcool até às pequenas orgias de cozidos à portuguesa ou de rojões à moda de Braga...

E a nossa Quaresma pode ser exactamente isto tudo, mesmo para os que "à religião dizem nada":

Cuidados primários com a alimentação. Peixe e legumes em primeiríssima prioridade. As saladas a adivinhar já o Verão. A redescoberta das nossas maravilhosas sopas. Atenção ao álcool! Por exemplo abstermo-nos de destilados durante este período e trocar os grandes tintos pelos mais ligeiros verdes brancos , fugindo à casta alvarinho que de grau pede meças a qualquer outra...

E até na bolsa descobriremos a diferença...

Mas, sobretudo, importa aproveitar este período para executarmos a tal reflexão sobre quem somos, o que fazemos, para onde queremos ir e...com quem.

Pode ser que se descubram novidades sobre nós mesmos e sobre a nossa vida e - quem sabe - mais coragem, mais ideias e mais amor para lidar com esta crise desgraçada

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

Minho Gastronómico 2


O outro Poiso escolhido para almoçar foi também ele um Grande Senhor dos comeres minhotos, o famoso restaurante de Santa Marta de Portuzelo, linda Vila a escassos Km de Viana do Castelo- o premiadíssimo Camelo, que convém distinguir do outro "Camelo", o de Seia, esse também de justa fama , sobretudo quando ainda era uma prima nossa que se encontrava à frente dos tachos...
Restaurante O Camelo
Rua de Santa Marta 119 Estrada Nacional 202 -
Santa Marta de Portuzelo 4900-252 PORTUZELO
Distrito: Viana do Castelo
Telefone - 258 839 090

Imponência de instalações numa autêntica Quinta minhota protegida por muro de pedra dentro do perímetro de Santa Marta. Lá não faltam as salas para banquetes, a garrafeira com venda própria ou - ainda mais estranho - os currais para os Porcos vivos e seus leitões, de raça pata negra e vietnamita, aguardando a Terça Feira de Carnaval para serem sacrificados "in situ" , em matança gastronómica.

Até assusta, de início, tanta fartura de espaço , de salas e de opções ... Mas tanta abundância não estragou a confecção , como se verá...

Salas ruidosas (sempre cheias ou quase), bom material nas mesas (panos brancos, guardanapos também de pano, bom talher). Serviço muto gentil e rápido.

Entradas: Broa; Amêijoas à Bulhão Pato; Ostras; Camarão; Sapateira recheada; Ovas de pescada em molho vinagrete; Chouriço de cebola e Toucinho fumado. Pataniscas, rissóis e croquetes, carne de vinha de alhos

Peixe: Bacalhau à Camelo; Peixe assado no forno e Peixe grelhado. A obrigatória Lampreia - Assada; em Arroz de Lampreia, e à Bordalesa

Carne: Cabritinho no forno com legumes; Cozido à portuguesa; Sarrabulho à lavrador à moda do Minho; Mãozinhas de anho assadas no forno e Arroz de galo; Enchidos de porco; Tripa de porco estufada em vinho tinto.

Doces: Creme queimado de Santa Marta; Rabanadas à Daniela e Arroz doce à Prior V. Franca.

Vinho da Casa Branco e Tinto verde ( ambos muito razoáveis, de produtores muito próximos do proprietário, a garrafa grande a 7 euros e a meia garrafa a 3,5 euros...)

E comeu-se:

Entradas da casa: rissóis, carne de vinha de alhos (de cair para o lado esta, os rissóis menos bons).

Sarrabulho com os seus Rojões (extremamente completo, desde a obrigatória tripa enfarinhada e bocados grossos do Lombo até aos pulmões, fígados, chouriça de cebola e normal, etc...) e Bacalhau do Camelo (interpretação do velhinho Bacalhau à Narcisa) ambos muito bons e - mesmo que em meias doses - em quantidade tal que não se conseguiu dar conta deste recado...

À cautela vem lá escrito na carta: "nesta casa não se serve menos que meia dose por pessoa" o que se compreende do ponto de vista da rentabilidade , mas a verdade é que essa meia dose é quase igual a duas doses bem servidas aqui em Lisboa...

Com cafés e sem sobremesas (onde havia espaço??!!) pagou-se 40 euros...

E temos que dizer Barato e Bom!!

No Minho gastronómico 1


Aproveitando a estadia em Viana era obrigatório não sair do Minho sem provar e dar a provar o que de mais meritório lá existe em termos prandiais. E que é muito e bom, como veremos.

Dois restaurantes foram escolhidos para estas lides, tendo em atenção a opinião respeitada dos conhecedores locais (como seria de esperar) mas também trabalho de casa e alguma investigação feita sobre esses poisos de "boa vianda e bom vinho".

E um dos eleitos (à moda dos Óscares...) foi:

Restaurante PANORAMA
Rua Carvalhiças Edifício do Mercado Municipal
Melgaço4960-535 MELGAÇO
Distrito: Viana do Castelo
telefone - 251 410 400

Casa muito antiga e com a reputação de ser um dos "solares" dos comeres minhotos. Grandes responsabilidades que, como veremos, não foram completamente satisfeitas...

Encontra-se dentro das instalações do Mercado Municipal de Melgaço e tem uma vista portentosa sobre a paisagem minhota.

Serviço prestimoso e afável, mas "curto" ... Sabemos que há crise, mas ter apenas um empregado na sala e o Patrão a ajudar quando a clientela aumenta, parece mesmo "curto" demais...
Boa sala e boa amesendação. Casas de banho "lá fora" e "tem de levar a chave sff"... No mínimo estranho...

Entradas: Pataniscas de lampreia (não havia) ; Escabeche de sável; Pataniscas de bacalhau; pistolinhas em cama de setas (coelho com cogumelos); Iscas de porco preto de escabeche; Arroz de feijão malandrinho; Presunto de Castro Laboreiro; Salada de sapateira; Chouriça na brasa; Ovas em vinagreta; Couve-flor disfarçada; Dobradinha; Alheira; Bola de carne; Tâmaras com amêndoas e bacon; Espargos gratinados; Lampreia fumada (não havia).

Peixe: Lampreia à Bordaleza; Arroz de tamboril; Rodovalho mariscado; Sável de escabeche; Arroz de lampreia; Bacalhau na brasa, Polvo assado com batata a murro.

Carne: Perdiz estufada com champanhe com castanhas; Lombelo de vitela; Rojões; Cabrito assado à Serrana; Favas com chouriço; Tripas à portuguesa e Perna de porco assada com ananás.

Doces: Tarte de ovos e Queijo da serra e compotas caseiras.

É possível fazer aqui uma refeição só de entradas (mais de 17 vinham elencadas) a 27,5 euros para duas pessoas. Mas nós adoptámos a postura clássica ...

- Para começar: alheira de Melgaço estalada no forno com chouriça local ( desde quando há tradição de alheiras em Melgaço? De todas as formas estavam soberbas!) e pataniscas de bacalhau (têm mais ovo e bacalhau do que farinha, diferentes mas interessantes).

- Pratos principais: Polvo à Lagareiro (excelente e muito tenro) ; Cabrito assado no forno. Aqui esteve pior o Panorama. Não se discute o tempero nem a mão sábia a lidar com o forno, mas o que veio para a mesa era animal para mais de 7 kg...Em vez de cabrito seria outra coisa terminada em ão...

Vinho Alvarinho Muros Antigos e Tinto da Cooperativa de Monção. A excelentes preços!!
Mais cafés e sem sobremesas valeu tudo um pouco mais de 67 euros.
Bom mas ...esperava-se mais de um reputadíssimo ex-libris minhoto...

Saudação ao "Vale do Neiva Filatélico"

Continuando na boa onda da realização da VIANA 2008 , a Associação de Coleccionismo e de Filatelia de Vale do Neiva lançou no Sábado passado, na Junta de Freguesia de Vila de Punhe, uma nova Revista de Filatelia e de Coleccionismo que muito nos impressionou pelo design atraente, escorrido e moderno e pela qualidade de impressão.

Os conteúdos - onde não faltou a presença da juventude, marca indelével do trabalho do Professor Marcial Passos - pareceram-me a mim (que não sou um perito nestas coisas da filatelia de carácter histórico) muito bem escritos e de interesse relevante.

Um Abraço de saudação à equipa realizadora de semelhante evento e muitas felicidades para que continuem este trabalho meritório!

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Blogger em Viana


O Professor Marcial Passos lança neste fim de semana, em Vila de Punhe, a sua nova Revista Filatélica.

A Revista da Associação Filatélica do Vale do Neiva.

Lá estarei, em homenagem aos Amigos desta nossa Viana de Portugal e para lhes dar um abraço apertado de muita Amizade!

Posts na próxima Segunda feira - mesmo que seja a de Carnaval - com notícias na nossa "Princesa do Lis".

Peninha não perdoa

O amigo Peninha comenta o Post de hoje.

Sobre as "novas profissões" que vão estar de moda com a crise:

....e digo eu, os CTT com os novos produtos onde se inclui as lotarias e talvez lá mais para a primavera O Totoloto e o EuroMilhões...... As parafarmácias estão ainda no segredo dos Deuses..

Peninha

Resposta: O Peninha não deixa escapar nada...

E mais acrescento os ...Ferradores , Seleiros e profissões afins...

E esta hein??!!

Os Degraus da Crise




Legenda da foto do lado: Em tempos de crise vale quase tudo...(cortesia de "Só riso mail").



O Doutor Augusto Mateus foi meu assistente no ISCTE (penso que trabalhava com o Professor Mario Murteira) e por isso conheço-o bem, muito antes de ter sido Ministro, de ter criado a Lei Mateus ou da actual carreira de comentador económico e docente universitário a que regressou.

Sempre gostei dele. Tinha uma maneira engraçada de falar dos temas mais "chatos" da economia a nós - que éramos alunos de Gestão de Empresas - e que julgávamos que a teoria económica mais não era do que isso mesmo: uma teoria sem aplicações práticas na vida de todos os dias do tecido empresarial. Vejam lá como, em 1976, estávamos todos bem enganados...

Ora Augusto Mateus veio a uma Conferência em Lisboa falar da teoria que existe sobre a abrangência da crise actual, falando na tese dos "quatro degraus": 1º -Imobiliário, 2º- Mercado Automóvel, 3º- Grande Electrónica de Consumo, 4º -Viagens e Restauração.

Por essa ordem , seriam esses os sectores que teremos de ir monitorizando, mês a mês, para avaliar a progressão da crise na nossa economia.

De momento - e segundo o mesmo perito - os efeitos mais visíveis alastram pelos dois primeiros degraus: Imobiliário e Ramo Automóvel.

Sem querer contrariar pessoa tão experiente sempre vou dizendo que , na minha opinião, não será assim tão "aritmética" esta progressão... De facto penso que a falta de dinheiro vivo nas Famílias com desempregados obrigará a que seja no dia-a-dia dos consumos para casa que começem a sentir-se as dificuldades: nas idas aos supermercados, na compra dos jornais, nas assinaturas das "TVs Cabos", na Escola dos "putos" , e por aí fora...

É claro que a troca da TV por um LCD do último modelo à conta do subsídio de Natal de 2008 , ou a ida da família a Cabo Verde à conta do subsídio de Férias de 2009 também ficarão para trás... Mas quantas destas famílias em crise teriam meios - mesmo no antigamente - para comprar o tal LCD ou fazer a tal viagem??

Uma última nota de esperança: alguns sectores vão beneficiar com a crise - Lojas de arranjos de roupa; Oficinas de automóveis ; Stands de Automóveis usados... Pode até ser que o desemprego dê origem ao retorno de profissões que tínhamos já esquecido que existiam, como as costureiras que vinham a casa fazer os arranjos; os alfaiates que viviam de virar os casacos (no sentido literal); os mecânicos especialistas em rectificar motores velhos e por aí adiante...

Entre o passear de Bentley na Marginal do Guincho e o andar a pé no mesmo passeio pedonal (o que só faz bem à saúde) existe toda uma gama de opções intermédias, que começam no automóvel maneirinho e que gaste pouco e acabam na bicicleta pasteleira que era dos avós...

E se a mensalidade do Homes Place já não se aguenta, não se preocupem. Passem a ir a pé para o supermercado e tragam as compras na mão, que já fazem exercício (enquanto houver compras para trazer)...

E só não digo que cheguem ao extremo daquele cidadão que aparece na Imagem, porque não está provado que o carrito ande mais Km com semelhante aditivo...

Não haverá Cruz na Turquia...

Comentário:

Será que nesta emissão vamos ter uma folga do desastroso dentado de cruz?

Resposta: Não haverá Cruz de Cristo por razões de cortesia e tendo em atenção a religião dominante naquele País.

quarta-feira, fevereiro 18, 2009

A boa diplomacia paralela


Está em análise a hipótese do programa Oficial da visita de Estado do Presidente da República Portuguesa à Turquia incluir o lançamento da Emissão conjunta filatélica Portugal-Turquia.

Assunto muito do agrado das Embaixadas (turca em Lisboa e portuguesa em Ancara) e que já mereceu o acordo dos Correios turcos e portugueses (et pour cause...)

Aqui vos deixo, em antecipação, uma proposta dos correios turcos para os selos, com base numa sugestão da Filatelia Portuguesa. A Emissão terá por base a cerâmica IzniK turca e um vaso português do sec XVII, com objectos dos Museus nacionais Turcos e Portugueses.

Não liguem à data no Sobrescrito. Esta Emissão coincidirá com a vista de Estado e, por isso, será lançada a 12 de Maio.

Há por aí um Ricardo Carvalho?

Leiam por favor o comentário do último Post (Sócrates e Chavez) e se houver um nosso Leitor que se identifique com o "Ricardo Carvalho" solicitado , por favor que avance. Está dado o recado.

segunda-feira, fevereiro 16, 2009

Chavez e Sócrates ganham


Não levem a mal ter junto as duas personagens no mesmo post, mas o que está em causa são os resultados de eleições. E talvez uma ligação "perigosa" que urge evitar a todo o custo. Ora leiam sff...

1) José Sócrates ganha a esmagadora maioria dos lugares do Congresso que o elegerá de novo para Secretário Geral do PS, com 96% dos votos para a sua moção (abstenção de mais de 70%).

Há quem diga que é inevitável a vitória do PS nas próximas eleições deste ano, quase que por "falta de comparência" da direita e da esquerda, sem que o único alternativo Partido de Poder tenha neste momento liderança credível... Pode ser que assim seja, mas tal como não gosto de eleições de lista única, também não " faz o meu dia" estar a antecipar vitórias nas urnas fáceis e sem luta aguerrida...

É melhor para a democracia e faz bem ao equilíbrio de poderes existirem partidos fortes e alternativas igualmente válidas para dirigir o País. E, nessas circunstâncias, que ganhe o PS...

Em caso contrário, quando a Oposição se esbate em lutas internas e perde credibilidade, o que pode acontecer está logo aí à frente, tomando como exemplo o Sr Hugo Chavez. ... Não digo que aconteça aqui em Portugal num horizonte próximo, no fim de contas estamos apenas com uma expectativa de reeleição e o Prof. Cavaco Silva (por exemplo) foi reeleito 2 vezes por maioria absoluta, sem qualquer problema.

Só que os tempos eram outros e não havia por detrás do palco o cenário de crise em que estamos agora mergulhados.

Actualmente há o perigo da recorrência sucessiva do mesmo partido vencedor em Portugal, mesmo depois de 2009 - sobretudo por inoperãncia da oposição - disso podem ter a certeza ... E tendo José Sócrates o "feitiozinho teimoso e o complexo de salvador da pátria" que todos sabemos que tem...

E a maior ironia é que todas as tendências totalitárias começam "por bem"...Começam porque alguém se acha "o mais capaz, o único disponível, o carregador do facho da esperança nacional"...

Os grandes Ditadores acreditavam piamente (até ao fim, até morrerem naturalmente ou serem mortos) que as suas propostas eram as que "melhor serviam os altos interesses dos seus Países, Povos e Nações"... Desde Salazar e Franco até Mussolini, passando pelo Adolfo de má memória.

2) Chavez "o Grande" vê aprovada a emenda constitucional que lhe permitirá concorrer até morrer à Presidência da República venezuelana. Neste caso o resultado foi mais distribuído: 54% a favor e 46% contra essa emenda.

O Ditador benevolente e demagógico - que apazigua o Povão e ganha as eleições matando a fome aos descamisados e apregoando as alegrias do próximo Carnaval ( no exemplo do mais reaccionário Peronismo) - conseguiu que estendessem à sua frente uma "carpete vermelha" que lhe vai permitir, e legalmente, perpetuar-se no Poder do seu País.

Enquanto houver petróleo terá sempre dinheiro para as medidas populares que ganham as eleições... Depois? Depois vem ainda longe de mais.

sexta-feira, fevereiro 13, 2009

O Sentido do Amor

Dizem - e todos vimos no filme - que Elizabeth I pediu a William Shakespeare que fizesse uma peça de teatro onde tentasse explicar o "Verdadeiro sentido do Amor". O Bardo concordou (a pensar na sua saúde...) e o resultado foi o "Romeu e Julieta" , considerado por muitos a mais perfeita obra-prima da língua inglesa dedicada ao Amor .

Também aqui no Blog quisémos dar a palavra a um Poeta para ilustrar o pensamento deste dia de amanhã - e à mingua de se poder contar com William Shakespeare, ou com o Camões , pois nem um nem o outro revelaram disposição de saírem de "lá do assento etéreo onde subiram" - fizémos apelo ao Poeta Manuel Luar. Poeta de alto coturno, mestre da língua, aliás, de várias línguas (vaca ou porco desde que bem temperadas) e também...o único que não pediu dinheiro pela contribuição, nestes tempos de todas as crises... E aqui vai o que nos arranjou para esta ocasião.

O poema vinha escrito num toalhete de restaurante ainda a cheirar ao Cozido à Portuguesa da véspera, e trazia uma nota agarrada onde se podia ler: " Desculpem lá qualquer coisinha que foi o que se conseguiu arranjar... Amanhã onde é o almoçinho?"
Há grande Luar que não há poeta mais português!

Gozar com o amor

O Sol nos olhos de quem passa
Cura mais que muitos médicos
Manejando os seus instrumentos
Sempre afoitos, diligentes,
Consultando os seus doentes

Só mal de amor não tem remédio.
Quando se instala num coração
Com tão grande e triste tédio
Causa agonia a corpo são
E quase não tem solução...

A não ser que o objecto amado
Desfaça essa insensatez
E com cuidado redobrado
Mostre ao pobre coitado
Que pode amar outra vez…

Nessa altura fará Sol
Mesmo que um temporal
Em borrasca transfigurado
Pelas TV’s esteja anunciado
E em águas mil confirmado…

E o amante vem para a rua
Dançando com tanta alegria
Aquela ventura que é só sua
Sem pensar que ficaria
Com a água pela cintura…

É louco quem ama assim?
Só aquele que nunca amou
Pensa que amar é triste fim
Até o rio que transbordou
Regressa às margens que já beijou

“Amor” é um pobre palhaço
Desejar sem qualquer mistério
Nem medo do fracasso
A linda bailarina
Que dança sobre o trapézio…

E “Amor” também pode ser
Esse desejo sem mal
Que parecia condenado
Dar casamento, afinal
No Circo onde foi criado.
Manuel Luar

As datas caprichosas


13 Fevereiro, anos da Mãe. 14 de Fevereiro Dia dos Namorados...

Um gajo não tem sossego. A logística associada a esta Operação de fim de semana tem que se lhe diga. Ora vejam sff:

Na véspera : A prenda da Mãe. A prenda da Mãe. A prenda da Mãe! (para ver se não me esqueço...) avisar o "senhorio" (repetidas vezes) que não se esqueça de dar os parabéns à Avó - quando acordar e se acordar ainda a 13 ... Tratar da prenda da Namorada! Tratar da prenda da Namorada! Tratar da prenda da Namorada (para ver se não me esqueço...) . Não esquecer também de reservar um bilhete de avião para fora da Europa (já veremos para quê).

No dia 13, hoje : telefonar à Mãe imperetrivelmente às 9.00H ( se for mais cedo -"ai Jesus que não me deixas descansar!! " Se for mais tarde -" Pois, nunca te lembras de nada! Eu para ti já não existo! ".
Convidá-la para almoçar amanhã , esperando que diga que não pode (aos Sábados almoça com as Amigas...) mas pronto, faz parte da coisa.... Sossegar a Namorada dizendo-lhe que a Mãe não pode almoçar amanhã. Se acontecer o contrário, utilizar o bilhete de avião previamente reservado e bazar..

No dia 14: A Namorada, a prenda da Namorada, o beijo na Namorada. Tratá-la bem que já há poucas assim, combinar um almoço em tête-a-tête, não esquecer a saudação especial nesse dia ou lá se vai a noite para as urtigas... Arranjar maneira de pôr o "senhorio" com dono (ou dona, que era o que mais me calhava ) nesse dia...

UFA!!! Nunca mais é Segunda...

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Portugal 1 Finlândia 0

Fui só eu que vi "outro jogo" ontem à noite ou haverá mais portugueses que discordam das palavras de Carlos Queiroz, segundo as quais

- "Portugal mostrou outra Equipa, mais forte e mais organizada e deu melhores indicações quanto aos jogos a sério que por aí vêm..."

e continuou - " Nos jogos a contar temos de aproveitar as mais de 30 oportunidades de golo que hoje não concretizámos..."

E eu pergunto : Como garantir isso? Se for uma fé do Queiroz o melhor é ir já a Fátima a pé para garantir o apoio divino antes do acontecimento...

Para mim, e descontando a boa resposta de Duda no lado esquerdo da defesa, o trabalho sempre meritório de Pepe e a segurança demonstrada por Eduardo - confirmando o que sempre disse Pedroto, que Portugal era terra de grandes guarda-redes - pouco mais vi...

Cristiano Ronaldo? Dizem hoje alguns jornais que terá feito ontem um dos melhores jogos ao serviço das quinas. Mas se assim foi, então também acrescento que foi um dos menos bons se compararmos com os que faz ao serviço do Man United... Tem lá o Rooney e outros que tais?? Pois é...

Desta forma devo dizer - pedindo desculpa se ofendo alguém - que não estou assim tão seguro da nossa selecção quanto aos jogos "a doer" que por aí se aproximam...

A não ser - e tudo é possível neste mundo de loucura - que a minha TV tenha , de facto , transmitido ontem à noite "outro jogo", um diferente daquele que o nosso inefável e "carismático" seleccionador nacional testemunhou...

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Casamento Gay e Igreja Católica


Ainda sou do tempo - ao começar desta forma dá a ideia que estou na fase terminal da velhice adiantada... Vou rebobinar...

Lembro-me (assim está melhor) de quando a palavra "Gay" significava apenas uma pessoa alegre e bem disposta ou então, para alguns eruditos apreciadores da poesia medieval , não era mais do que o termo que se dava aos saberes trovadorescos e iniciáticos na região da Provença, o "Gai Savoir".

Hoje em dia já sabemos que "Gay" é sinónimo de personagem masculina ou feminina que exprime a sua sexualidade de forma menos convencional, sentindo-se atraído (a) pelos individuos do mesmo sexo.

Estas tendências existem desde o início dos tempos e delas temos relatos em textos que vão desde a antiguidade clássica até aos nossos dias -" o amor à moda dos gregos" que era evocado por Montaigne é um exemplo.

Sabemos também que no mundo animal os mesmos comportamentos existem, sobretudo em sociedades de macho dominante, onde os outros machos se exercitam em jogos de poder que envolvem sexo uns com os outros, até chegar a altura de desafiarem o "Boss" em relação ao direito a cobrirem as fêmeas com cio.

Não tenho conhecimentos para aqui discutir se a homossexualidade é "doença" derivada de alguma "troca de fios" nos códigos genéticos, como alguns determinam, ou se é simplesmente uma inclinação natural que prefacia a possível existência de um "terceiro sexo" como outros afirmam.

A minha posição sobre esta matéria - e contrariamente ao que penso da mesma frase em termos económicos - é muito (diria até que é extremamente) "neo-liberal" : "Laissez Faire ; Laissez Passer"!

Ou melhor , e continuando em francês emigrado : "Chacun sa biche et les autres que se lixent".

Com tudo isto não se pode deixar de comentar a posição dos Bispos portugueses em relação à declaração do 1º Ministro - embora dita no seu papel de secretário-geral do PS - segundo a qual " o PS se bateria na nova legislatura pela legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo".

Afirma o porta-voz da Igreja Católica nacional que "devem os católicos votar nos Valores e não nos partidos ou nas pessoas". E mais: "quem defende o casamento gay não é fiável".

Numa altura em que mesmo muitos daqueles que gostam da "actividade" entre sexos distintos já juntam alegremente os trapinhos sem casar - nem que seja pelo Registo civil - parece-me esta discussão retórica e demagógica, em ambas as direcções.

Foi José Sócrates demagógico porque quis com esta tirada agradar à ala esquerda do seu Partido e apelar ao voto útil dos bloquistas e PC's (aqui duvido que tenha muita sorte...) ; ao mesmo tempo que tentava - pelo ruído causado - apagar dos Media as notícias Freeport. Foi a Igreja Católica demagógica porque não quis deixar de mostrar aos seus fiéis que, afinal, até existia fora das Igrejas e cá estava atenta, qual fiscal da ASAE "autofagicamente" destacado para controlar o Governo.

Se o assunto é de pouca monta em termos práticos - falamos de quantos casamentos homossexuais possíveis, por ano: 100? 1000 ? - e se do ponto de vista material e jurídico, com as últimas alterações legislativas, estariam salvaguardados os direitos das "uniões de facto" entre pessoas de todos os sexos, porque é que se está a fazer tão grande alarido ?

Pelo princípio da coisa , dirão os "agitadores". Se vamos falar dos princípios então que se respeite o que, para mim, tem precedência sobre todos os outros: o da Liberdade individual de expressão e do livre-arbítrio, nos termos da lei e sem tolher a liberdade dos outros.

E, neste caso, é claro para mim que duas pessoas do mesmo sexo , ao decidirem casar-se, não violam os direitos constitucionais de ninguém . Mesmo que se diga que o espectáculo público do acto em si é violador dos bons princípios morais e da ética, há sempre, em cada aparelho de TV, algum botão que permite ao ofendido mudar de canal...

A César o que é de César...

terça-feira, fevereiro 10, 2009

No meu barbeiro, o Sr Pica


Estava eu sentado na cadeira do Manél, mão direita do Pica, a lavar a mioleira antes de aparar a relva, quando se senta ao lado um vetusto e respeitável cavalheiro - para aí com uns 90 anos bem puxadotes - seco de carnes e de olho vivo.

Já lá o tinha visto algumas vezes naquele meu barbeiro - o Sr Pica , nascido no Alentejo profundo mas há muitos anos a viver ali mesmo em Cascais - que costumava "operar" no defunto Estoril-Sol e o que mais fama tem em todo o Concelho, o barbeiro de Mobutu (que o mandava ir ao Zaire de avião privado só para lhe cortar o cabelo...!) e de muitas outras personalidades do jet set cascavélico (Marcelos da TV, Freitas do Amaral , e por aí fora..)

É o velhinho Cliente do Pica pessoa respeitabilíssima, mas que - neste muito entradote Outono da sua vida - começa a perder algumas faculdades cognitivas . Quem poderá reclamar se tivesse 90 anos ? E, para mais, ainda conduz a velha banheira, um Ford quase com a mesma idade do dono.. .

O Sr. Pica - que é quem lhe trata da cabeleira (melhor dizendo, dos poucos pêlos que lhe vão despontando na careca fora de prazo) - nunca sabe muito bem como há-de entreter o idoso Juiz (pois era essa a sua ocupação) durante os poucos minutos que este dedica, sempre uma vez por mês, a esta tarefa civilizada de ir ao barbeiro.

É que o Meretíssimo Juiz já não acompanha a bola, muito menos a política...E , pior ainda, agora que começa a ter de enfrentar a possibilidade de partir brevemente para o outro mundo, deu-lhe para o misticismo...

E a conversa começou mesmo por ali, com o Juiz a dizer:

- " Estamos a chegar ao fim dos tempos, Sr. Pica... "

-" Fim dos tempos? Há pois, está tudo a cair da tripeça, a crise e assim, não é? Pode ser que o Obama dê um jeito ao mundo Sr Doutor..."

-"Mas olhe que o fim dos tempos não é a mesma coisa que o fim do mundo!"

-" Ai não? Para mim tanto faz, se acaba o tempo acaba o mundo e pronto!"

-"Sabe Pica, ele sempre houve grandes Profetas..."

-"Pois está claro, por exemplo o Jeremias! Grande Homem!"

Respondeu o Pica (só lhe faltou dizer que ainda o conheceu...).

-" Mas olhe que nem todos eram do antigamente, do Velho Testamento...Por exemplo, no século XV em Espanha ele houve um grande Profeta que se chamava José e que adivinhou que num dia do futuro Homens e Mulheres haviam de se vestir da mesma maneira!"

-" Ele disse isso? Naquela altura? É obra..."

-" É verdade Sr Pica. Um grande Homem de Deus que até ressuscitava os mortos!

Aqui é que o amigo Pica, crente em Deus mas também educado na gramática de esquerda da oposição ao regime de Salazar, lá na planície de Ferreira do Alentejo , não se conteve:

-" Ressuscitava os Mortos?! Ora essa! Ressuscitaria alguns que estavam assim a modos que a meio - pau Sr Doutor! Que os mortos desde os tempos de Jesus Cristo ninguém ressuscita!!"

-" Está provado Sr Pica! Ressuscitava mesmo os mortos..."

-" Então fecharam os cemitérios lá em Espanha não? Ora tenha paciência que não se deve acreditar em tudo aquilo que lemos!"

E com esta calou o velho Juiz...
NOTA: O leão tosquiado não é piada aos 3-2 do fds passado...Mas podia ser...

segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Freeport nas Sondagens

Era inevitável. Inevitável o estudo do "caso" Freeport em termos de consequências eventuais nos processos eleitorais. Pedro Magalhães na excelente coluna que assina no "Público" faz-se hoje eco dessa inevitabilidade e comenta os resultados de nada menos do que quatro (4) sondagens que foram feitas tendo como pano de fundo o Freeport e as intenções de voto no PS.

Estranho será notar que, das quatro sondagens sobre análise , apenas a mais antiga (e portanto mais perto do início desta "campanha") teve resultados significativos ao nível da "fidelidade" do voto dos Portugueses, castigando o PS. As últimas três mostraram como se vai esbatendo cada vez mais o efeito pernicioso para o PS deste caso.

E Pedro Magalhães (por favor leiam o artigo) traça comparações com os USA e o que se passou no caso de Monica Lewinsky e Bill Clinton, onde, e apesar de se ter provado que o Presidente tinha mentido, os resultados eleitorais pouco ou nada penalisaram esse "defeito de carácter"...

O PSD não sobe apesar de tudo isto - Marcelo Rebelo de Sousa clama agora que é por culpa da "falta de carisma, de imagem" da Drª Manuela Ferreira Leite - PCP, BE e CDS\PP pouco aproveitam e o PS não desce tanto como se esperaria, mantendo-se confortavelmente à frente das sondagens, embora já um pouco afastado do cenário da Maioria Absoluta.

Até começarem as Eleições ainda há muito tempo e se calhar os MCS descobrirão muitos outros "casos" e\ou "desenvolvimentos de casos antigos" virão à baila, mas o importante a reter, neste momento, é que nada vai afectar o resultado eleitoral como a situação de crise económica que o mundo atravessa...
Reparem - no gráfico anexo - como uma sondagem recente nos USA compara diferentes grupos profissionais em relação à necessidade de injectar capital público na economia caso existam factores de risco para o "sistema financeiro" durante esta crise, e como são exactamente os peritos do mesmo sector financeiro os que mais temem a respectiva instabilidade! Assustador, não é?

Por isso não me admiraria que o Povão português, quando tocar à votação, talvez aposte mais no "burro que me carrega, e que já conheço, do que no cavalo novo que me derrube "....

Eu disse "burro"?? Olha que pôrra!!

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Para Descansar a Vista

Há quem me diga que tenho o pensamento demasiado rápido...Estou sempre a pensar no momento do "depois" , do que está para acontecer, e que não aproveito como deveria o momento do "agora"...

Tem alguma razão essa crítica e, por reconhecer isso mesmo, na altura em que fazia pesquisa para o canto de poesia das Sextas Feiras "prendi-me " a este belo poema de Natália Correia.

Vejam lá se quem sofre do mesmo mal do que eu pode nele encontrar , não direi remédio, mas sim alerta e cautelas...

Nuvens correndo num rio

Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!

Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.

Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?

Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?

Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.

Natália Correia

A (boa) Companhia do Azeite

Já aqui falei daquele pequeno , intimista e acolhedor Restaurante de cozinha transmontana que se esconde por detrás do BES da Torre, em Cascais. A Companhia do Azeite, lembram-se?

Pois um destes dias foi tempo de o ir visitar mais uma vez depois de larga ausência, e verificar se os proprietários se tinham encostado aos louros das críticas positivas ( e de toda a gente que vale a pena) ou se tinham continuado a sua cruzada pela imposição de uma cozinha verdadeira, pujante e de sabores fortes, nesta Cascais tantas vezes conotada com metrosexuais, manequins anoréxicas, tias dondocas e coisas que tais...

Como chegar à Companhia do Azeite: O mais simples será vir do Guincho e virar à direita de quem vem do centro de Cascais, em direcção ao bairro da Torre, passando pelo Lidl. Continuar em frente até à rotunda. Contornar metade da rotunda e entrar para as traseiras do BES onde se encontra o parque de estacionamento do restaurante.

Ao entrar , já com a lareira acesa, descobre-se de imediato o prazer simples de sermos recebidos como se estivéssemos em casa... Simpatia que baste, mesa compostíssima, talheres e paramentos de gabarito, mostra notável de Vinhos da Região ( a carta de Vinhos "pára" no Douro, interessante e algo "xenófobo", mas que se entende pela filosofia regionalista desta Casa).

Relembro a "oferta prandial" (em chapelada ao meu Amigo Zé!) :

Entradas: Torradas de azeite; Alheira; Salpicão; Presunto; Linguiça; Empadas; Croquetes; Pastéis de massa tenra.
Peixe: Bacalhau no forno.
Carne: Posta à Museu (naco alto de carne suculenta); Leitão do Museu (assado com estágio prolongado em banho de vinho); Arroz de Pato; Manta de Vitela (lombo de vitela na caçarola); Casulas (cozido farto); Cabrito serrano; Coelho Bravo.
Sobremesa: Leite-creme caseiro; Toucinho-do-céu; Pudim de gemas; Pudim de castanhas; Tarte de Amoras; Compotas com requeijão; Gelados artesanais.

Naquele dia da Visita , dois mortais compuseram a gula com as famosas Entradas da Companhia - sublime alheira de Mirandela , com o recheio a escorrer pela pele bem tostada); queijos e enchidos locais; pastéis de massa tenra e rissóis.

Continuámos por uma dose de Cogumelos Silvestres , fresquíssimos e ainda a cheirar da apanha manual debaixo das carvalhas, simplesmente puxados num pouco de azeite e sal.

Para a sustância veio a Posta Mirandesa , ainda assada nas brasas da fogueira que a dona da casa acende na cave, de carne certificada de Miranda do Douro, a desfazer-se na boca de tenra...

Um Leite Creme queimado e um Toucinho do Céu (receita tradicional de Murça, feita pela mesma doceira há mais de 40 anos...) encerraram as hostilidades.

Com o inevitável campeão qualidade\preço de Trás-os-Montes e Alto Douro - o Branco e Tinto do ano, Vale de Pradinhos; e ainda com dois cafés e um litro de água mineral, pagou-se 54 euros.

Honra seja dada a esta família de transmontanos que - em terreno teoricamente hostil e mais dado a peixes grelhados e saladas do que à comidinha que se agarra ao estômago - conseguiu aqui em Cascais erguer bem alto a bandeira da sua região e dos seus usos e costumes gastronómicos ancestrais!

E aqui deixo a novidade : A Companhia do Azeite encarrega-se de fornecer "Take Away" desde que lhe telefonem com alguma antecedência, Cabritos Inteiros e Posta Mirandesa incluídos!! Telefone - 21 486 84 00

"Uma proposta mais para o Inverno" dirão alguns dos meus Leitores... Pois, mas não sentem a chuva que ainda não parou de cair desde Outubro?


"É comida muito pesada, não será para todos os dias", dirão outros... e a estes últimos respondo tal como El-Rei D. José ao seu confessor:

"- Padre, nem sempre Galinha nem sempre Rainha!"

E com esta me vou...

quarta-feira, fevereiro 04, 2009

A mania dos espanhóis serem Donos do Mundo


Os "nuestros amigos españoles" sempre tiveram um pouco a mania das grandezas...Carlos V e por aí fora, com os Filipes... Só nós, e talvez por culpa do desgraçado do D. Sebastião (lá está, neto do grande Carlos V) e do fosso em que a sua loucura colocou o País, nunca alimentámos essa perigosa e falsa sedução, tendo preferido - como povo - interiorizar a tristeza do Fado e do Destino (não renegando as origens árabes) ao invés de animar as noites da Madragoa ou de Alfama com o saboroso Tablau Andaluz.

Tivémos escravos (a Rua do Poço dos Negros...), tivémos o ouro do Brasil , tivémos as especiarias da Índia. Mas nunca tivémos - antes pelo contrário - aquela noção "imperial" de que qualquer espanhol se faz eco esteja onde estiver ou faça o que quer que faça...

Vem tudo isto a propósito do famoso Convénio "MadridFusión" - considerada a maior mostra do Mundo de cozinha criativa (considerada pelos próprios espanhóis, está claro) e que se realizou na semana passada. O nosso Amigo David Lopes Ramos já caricaturizou que bastasse esta Mostra no seu Fugas, ao mesmo tempo que fazia a apologia da presença do nosso Avillez (o actual chef do Tavares) no palco principal da MadridFusión.

Mas tal como o Grande Zé Quitério goza com o "Miquelino" francês (Guia Michelin) e do que aquele pasquim tem a dizer sobre a cozinha e os restaurantes de Portugal, também eu aqui (unindo-me ao David) traço um anátema, nem tanto contra a MadridFusión , mas sobretudo contra aquela mania de "tudo o que não é Espanhol é mau" que parece animar esses peritos locais dispostos a julgar com óculos enviezados mestres de cozinha de todas as nacionalidades...

Se fosse em Portugal seria o contrário: O crítico português daria sempre mais pontos ao "estrangeiro" do que ao natural, porque, obviamente "eles são lá de fora , devem ser melhores" ou então porque "era chato virem de tão longe e cá serem mal classificados... para a próxima já não viriam..."

Estão a perceber as diferenças? Quando Cortez invadiu a América Central deve ter-se sentido como César a atravessar o Rubicão: Deus-Imperador! Quando o Gama chegou à Índia (esta sim, a verdadeira) deve ter dito à família e aos amigos "Olhem, lá calhou, desculpem qualquer coisinha..."

Para os espanhóis, os melhores cozinheiros do mundo são espanhóis, os melhores restaurantes do mundo são catalães, os melhores espumantes do mundo são as cavas da Catalunha e o melhor vinho tinto do mundo está (algures) à espera de ser descoberto en España...

Ora tenham santa paciência que para chegarem aos calcanhares - em termos de suprema qualidade derivada em número de estabelecimentos - dos Franceses, têm ainda muito que andar..

E, gostem ou não gostem, sempre lhes digo (e escrevo!) que quando fui ao El Bulli de Fernan Adriá - bastas vezes considerado como o melhor Restaurante do Mundo - saí de lá...com fome!!

Tomá lá que é para aprenderes!

Dêem-me 20 vezes antes o meu Zalacaín de Madrid. Aí come-se civilizadamente e em Paz.

Melhor do Mundo - e ninguém lhes tira isso - é o Presunto Pata Negra! Quanto ao resto, tento na bola e esta rente à relva ... têm muito de bom e de muito bom, mas isso também nós , e os Italianos, e os Belgas, e por aí fora... Gastronomicamente falando.

Se continuam com essas manias manda-se já vir o Quixote. Esse sim, a personagem imortal que melhor compreendeu a "hispanidad" e que também melhor , muito melhor do que todos os outros, com ela fez o favor de gozar...

E Olé!

Peninha comenta a graça "radiofónica"...

Na rádio?

Na telefonia, e daquelas que o saudoso António Silva, dizia que "se ligava à parede e pronto".

Quanto ao meu Bom Amigo Marcelo, acho que já foi bastante caricaturizado....

Peninha

terça-feira, fevereiro 03, 2009

A Graça que é Possível ainda fazer...

Sempre admirei muito os Parodiantes de Lisboa, companhia inseparável dos meus tempos de miúdo - na radio pois então! - e da forma como todos os dias e mais do que uma vez por dia compunham uns bonecos e escreviam uns textos que alegravam a "malta" naqueles anos cinzentões e pesados do antes de 25 de Abril.
É claro que em alguns dias estavam mais inspirados do que em outros... Mas com a necessidade de alimentar por dia 90 (ou mais) minutos de humor com aquela cadência não se podia pedir mais.

Precisamos hoje de alguém que nos traga aos lábios um sorriso, e embora Bruno Nogueira, Ana Bola e Maria Rueff façam o que podem na TSF ( e peço perdão se noutros locais outros heróis trabalham também contra a crise desta forma e os estou aqui a ignorar) acho que o humor actual é talvez demasiado cerebral e erudito para os tempos que correm, tendo-se perdido algo da naturalidade e do "primarismo" com que os irmãos Parodiantes inundavam as ondas médias.

O Patrão " Casaca" sempre às voltas com a secretária, a menina Arlete; lá na Repartição da Praça do Comércio, o chefe , Sr. Fonseca; os impagáveis Patilhas e Ventoinha, e tantas outras criações que - à força de se repetirem diariamente - eram já mais do imaginário próprio dos ouvintes e nem tanto o produto da criatividade dos autores...

Pode ser que seja isso que hoje falta ao humor radiofónico e televisivo: a faculdade de se ligar em osmose directa ao Povão. Uma qualidade que alguns humoristas (poucos, muito poucos) tinham e que fazia com que os espectadores se começassem logo a rir antes destes abrirem a boca. Vasco Santana, Raul Solnado , António Silva, por exemplo, não podiam pôr o pé num palco que logo começavam as gargalhadas ainda antes das "tiradas". E quem não se recorda do Zip Zip e da presença inconfundível de Solnado naquela figura de "baladeiro" barbudo que "cantava para comunicar comunicação".??...
Hoje em dia, e salvaguardadas as devidas distâncias, ainda acho que o maior humorista vivo deste País é o Dr Alberto João Jardim. Este sim, o único (ou dos únicos ) mortal cuja "entrada em cena" é já suficiente para pôr a malta toda a rir antes mesmo de o ouvir falar dos "cubanos côtenentais" e da conspiração da "Cômenicaçon Social"... E porquê ? Talvez porque diz quase sempre a mesma coisa e é nesse reconhecimento do "discurso da cassete" que o Povão se revê .. E aplaude por isso mesmo.

Ninguém quer pensar em contratar o Dr Alberto João para dar réplica ao "boneco" do Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, nos Domingos à noite? TVI e SIC , amigos da TSF, está aqui uma janela de oportunidade...

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O Fórum Económico Mundial de DAVOS

O Fórum Económico Mundial (FEM) é uma reunião anual entre presidentes das corporações mais ricas do mundo, alguns líderes políticos nacionais (Presidentes da República , Primeiros ministros e outros) mas também intelectuais e jornalistas seleccionados, normalmente de grande gabarito em termos da ciência económica. Este Fórum que geralmente acontece em Davos, Suiça, foi fundado em 1971 por um Professor de Gestão suiço, e em consequência disso ajuda a financiar a Fundação Schwab para o Empreendedorismo Social, criada pelo mesmo Professor.

O FEM tem estatuto de consultor da ONU e é considerado o representante das ideologias dos países desenvolvidos.

Neste fim de semana lá se deu o FEM em Davos.. E as notícias são alarmantes. Reparem só nas duas intervenções que fiz questão de aqui trazer:

"This is the time to see courageous leadership on the part of the G20 - said Maria Ramos, Group Chief Executive, Transnet, South Africa, and Co-Chair of this year’s Annual Meeting. - The time for words is over; this is the time for implementation and action. If we come back in six months or a year and are still talking about the same things, we will have failed. And the social unrest we will have to deal with will be absolutely dramatic.”


When the economic malaise really begins to affect families and people don’t have jobs, that will have huge political repercussions,” - warned Moisés Naím, Editor-in-Chief, Foreign Policy Magazine, USA. - Naím predicted that, while 2008 will be remembered as the year of financial crashes, 2009 will go down in history as the year of “political crashes”, with governments falling in many countries."

Se bem notarmos o que foi dito, o pior está para acontecer no mundo económico desenvolvido: vai chegar a altura em que famílias deixam progressivamente de poder assumir os seus compromissos - com os bancos por causa das casas ou dos carros, mas também com os colégios dos filhos, ou com o pagamento dos seguros de vida, de saúde, etc... - devido às ondas de choque das falências generalizadas que irão trazer atrás de si desemprego como nunca se viu na Europa do Pós-Guerra ou nos USA desde 1929\1930.

Todos avisam que estes acontecimentos - em cima de muitos anos de prosperidade e de "boa vida" da classe média e média baixa, que provocaram maus hábitos de consumo... - só poderão causar distúrbios sociais e manifestações de rua. E de um nível incomparavelmente mais grave do que as que já presenciámos em França , por ocasião dos distúrbios nos bairros sociais do "banlieu" de Paris, que começaram exactamente por ser a ponta do fio desta tragédia económica agora anunciada.

Que fazer? Se esperarmos mais 6 meses ou um ano sem nada fazer, como muito bem diz Maria Ramos, Secretária da conferência deste ano, o mais certo será que muitos governos caiam e que a insustentabilidade dos sistemas sociais venha ao de cima de forma assustadora. Não esqueçamos que esses sistemas, aqui em Portugal como em quase todo o lado, já estavam fragilizados por causa do descalabro da partição entre a população activa e a reformada... Imaginem-nos agora a terem que resolver, com subsídios, os índices de desemprego de dois dígitos??!!

É de esperar mais recuos nas pensões - tanto no aumento da idade da reforma como na diminuição do montante a receber (à boca pequena já se fala na aplicação da regra "75": 75 anos e 75% do vencimento) - o que só poderá causar ainda mais instabilidade política e social.

Se os Governos que podem não avançarem de imediato com programas de Obras Públicas ou \ e de Investimentos Públicos que ponham fim à sangria do desemprego, muito mal virá a este mundo... e cá estaremos para o comprovar.

Como raio deixaram (deixámos...) as coisas chegar a este ponto??!! E não há culpados??!!