quinta-feira, fevereiro 05, 2009

A (boa) Companhia do Azeite

Já aqui falei daquele pequeno , intimista e acolhedor Restaurante de cozinha transmontana que se esconde por detrás do BES da Torre, em Cascais. A Companhia do Azeite, lembram-se?

Pois um destes dias foi tempo de o ir visitar mais uma vez depois de larga ausência, e verificar se os proprietários se tinham encostado aos louros das críticas positivas ( e de toda a gente que vale a pena) ou se tinham continuado a sua cruzada pela imposição de uma cozinha verdadeira, pujante e de sabores fortes, nesta Cascais tantas vezes conotada com metrosexuais, manequins anoréxicas, tias dondocas e coisas que tais...

Como chegar à Companhia do Azeite: O mais simples será vir do Guincho e virar à direita de quem vem do centro de Cascais, em direcção ao bairro da Torre, passando pelo Lidl. Continuar em frente até à rotunda. Contornar metade da rotunda e entrar para as traseiras do BES onde se encontra o parque de estacionamento do restaurante.

Ao entrar , já com a lareira acesa, descobre-se de imediato o prazer simples de sermos recebidos como se estivéssemos em casa... Simpatia que baste, mesa compostíssima, talheres e paramentos de gabarito, mostra notável de Vinhos da Região ( a carta de Vinhos "pára" no Douro, interessante e algo "xenófobo", mas que se entende pela filosofia regionalista desta Casa).

Relembro a "oferta prandial" (em chapelada ao meu Amigo Zé!) :

Entradas: Torradas de azeite; Alheira; Salpicão; Presunto; Linguiça; Empadas; Croquetes; Pastéis de massa tenra.
Peixe: Bacalhau no forno.
Carne: Posta à Museu (naco alto de carne suculenta); Leitão do Museu (assado com estágio prolongado em banho de vinho); Arroz de Pato; Manta de Vitela (lombo de vitela na caçarola); Casulas (cozido farto); Cabrito serrano; Coelho Bravo.
Sobremesa: Leite-creme caseiro; Toucinho-do-céu; Pudim de gemas; Pudim de castanhas; Tarte de Amoras; Compotas com requeijão; Gelados artesanais.

Naquele dia da Visita , dois mortais compuseram a gula com as famosas Entradas da Companhia - sublime alheira de Mirandela , com o recheio a escorrer pela pele bem tostada); queijos e enchidos locais; pastéis de massa tenra e rissóis.

Continuámos por uma dose de Cogumelos Silvestres , fresquíssimos e ainda a cheirar da apanha manual debaixo das carvalhas, simplesmente puxados num pouco de azeite e sal.

Para a sustância veio a Posta Mirandesa , ainda assada nas brasas da fogueira que a dona da casa acende na cave, de carne certificada de Miranda do Douro, a desfazer-se na boca de tenra...

Um Leite Creme queimado e um Toucinho do Céu (receita tradicional de Murça, feita pela mesma doceira há mais de 40 anos...) encerraram as hostilidades.

Com o inevitável campeão qualidade\preço de Trás-os-Montes e Alto Douro - o Branco e Tinto do ano, Vale de Pradinhos; e ainda com dois cafés e um litro de água mineral, pagou-se 54 euros.

Honra seja dada a esta família de transmontanos que - em terreno teoricamente hostil e mais dado a peixes grelhados e saladas do que à comidinha que se agarra ao estômago - conseguiu aqui em Cascais erguer bem alto a bandeira da sua região e dos seus usos e costumes gastronómicos ancestrais!

E aqui deixo a novidade : A Companhia do Azeite encarrega-se de fornecer "Take Away" desde que lhe telefonem com alguma antecedência, Cabritos Inteiros e Posta Mirandesa incluídos!! Telefone - 21 486 84 00

"Uma proposta mais para o Inverno" dirão alguns dos meus Leitores... Pois, mas não sentem a chuva que ainda não parou de cair desde Outubro?


"É comida muito pesada, não será para todos os dias", dirão outros... e a estes últimos respondo tal como El-Rei D. José ao seu confessor:

"- Padre, nem sempre Galinha nem sempre Rainha!"

E com esta me vou...

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