quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Casamento Gay e Igreja Católica


Ainda sou do tempo - ao começar desta forma dá a ideia que estou na fase terminal da velhice adiantada... Vou rebobinar...

Lembro-me (assim está melhor) de quando a palavra "Gay" significava apenas uma pessoa alegre e bem disposta ou então, para alguns eruditos apreciadores da poesia medieval , não era mais do que o termo que se dava aos saberes trovadorescos e iniciáticos na região da Provença, o "Gai Savoir".

Hoje em dia já sabemos que "Gay" é sinónimo de personagem masculina ou feminina que exprime a sua sexualidade de forma menos convencional, sentindo-se atraído (a) pelos individuos do mesmo sexo.

Estas tendências existem desde o início dos tempos e delas temos relatos em textos que vão desde a antiguidade clássica até aos nossos dias -" o amor à moda dos gregos" que era evocado por Montaigne é um exemplo.

Sabemos também que no mundo animal os mesmos comportamentos existem, sobretudo em sociedades de macho dominante, onde os outros machos se exercitam em jogos de poder que envolvem sexo uns com os outros, até chegar a altura de desafiarem o "Boss" em relação ao direito a cobrirem as fêmeas com cio.

Não tenho conhecimentos para aqui discutir se a homossexualidade é "doença" derivada de alguma "troca de fios" nos códigos genéticos, como alguns determinam, ou se é simplesmente uma inclinação natural que prefacia a possível existência de um "terceiro sexo" como outros afirmam.

A minha posição sobre esta matéria - e contrariamente ao que penso da mesma frase em termos económicos - é muito (diria até que é extremamente) "neo-liberal" : "Laissez Faire ; Laissez Passer"!

Ou melhor , e continuando em francês emigrado : "Chacun sa biche et les autres que se lixent".

Com tudo isto não se pode deixar de comentar a posição dos Bispos portugueses em relação à declaração do 1º Ministro - embora dita no seu papel de secretário-geral do PS - segundo a qual " o PS se bateria na nova legislatura pela legalização dos casamentos entre pessoas do mesmo sexo".

Afirma o porta-voz da Igreja Católica nacional que "devem os católicos votar nos Valores e não nos partidos ou nas pessoas". E mais: "quem defende o casamento gay não é fiável".

Numa altura em que mesmo muitos daqueles que gostam da "actividade" entre sexos distintos já juntam alegremente os trapinhos sem casar - nem que seja pelo Registo civil - parece-me esta discussão retórica e demagógica, em ambas as direcções.

Foi José Sócrates demagógico porque quis com esta tirada agradar à ala esquerda do seu Partido e apelar ao voto útil dos bloquistas e PC's (aqui duvido que tenha muita sorte...) ; ao mesmo tempo que tentava - pelo ruído causado - apagar dos Media as notícias Freeport. Foi a Igreja Católica demagógica porque não quis deixar de mostrar aos seus fiéis que, afinal, até existia fora das Igrejas e cá estava atenta, qual fiscal da ASAE "autofagicamente" destacado para controlar o Governo.

Se o assunto é de pouca monta em termos práticos - falamos de quantos casamentos homossexuais possíveis, por ano: 100? 1000 ? - e se do ponto de vista material e jurídico, com as últimas alterações legislativas, estariam salvaguardados os direitos das "uniões de facto" entre pessoas de todos os sexos, porque é que se está a fazer tão grande alarido ?

Pelo princípio da coisa , dirão os "agitadores". Se vamos falar dos princípios então que se respeite o que, para mim, tem precedência sobre todos os outros: o da Liberdade individual de expressão e do livre-arbítrio, nos termos da lei e sem tolher a liberdade dos outros.

E, neste caso, é claro para mim que duas pessoas do mesmo sexo , ao decidirem casar-se, não violam os direitos constitucionais de ninguém . Mesmo que se diga que o espectáculo público do acto em si é violador dos bons princípios morais e da ética, há sempre, em cada aparelho de TV, algum botão que permite ao ofendido mudar de canal...

A César o que é de César...

Um comentário:

Anônimo disse...

Em boa verdade, nos tempos que correm os portugueses ( e falamos só da nossa casa), já não conseguem dormir, trabalhar, e arredar o azedo semblante, desta estúpida ideia de levar ao "zé" esta nova ideia a legislar.....`´E a Nova crise à portuguesa".
Quando a governação não é dirigida à pratica, mas resta aprisionada de
falta de ideias, tudo vale para distrair.
Ainda estou para assistir a um debate mensal sobre o sexo dos anjos.
Fazer sexo, é bom, saudável, e da natureza animal, agora legislar sobre isso, nesta altura....Olhem à portuguesa "que se lixem todos", bichas cá em casa é que não entram.
Peninha