Neste dia que antecede a noite das bruxas manda a prudência que o humilde mortal tente passar tão despercebido quanto possível.
Daí que eu tenha sempre achado estranho ser exactamente nesta noite que os anglo-saxónicos se transvestem de tudo quanto é maléfico e vêm para a rua fazer uma grande palhaçada. Talvez porque rir é o melhor remédio, e quem canta seus males espanta...
Em tudo o que tenha a ver com maus olhados, almas do outro mundo, feitiços e quebrantos, vampiros e zombies - nos quais não acredito, mas que os há, isso há ! - costumo usar o conhecido aforismo shakesperiano "A Desconfiança é o farol que orienta o Prudente".
Se desconfiamos é de bazar imediatamente. Seja de algum automóvel com fuga de óleo no motor, ou de casa velha onde já morreram 3 ou 4 anteriores locatários.
Em memória das Bruxas venha então daí um Poema do Amigo Edgar Allan Poe, que como sabem era um bocado virado para estas coisas do Oculto:
The Valley of Unrest
Once it smiled a silent dell
Where the people did not dwell;
They had gone unto the wars,
Trusting to the mild-eyed stars,
Nightly, from their azure towers,
To keep watch above the flowers,
In the midst of which all day
The red sunlight lazily lay.
Now each visitor shall confess
The sad valley's restlessness.
Nothing there is motionless
Nothing save the airs that brood
Over the magic solitude.
Ah, by no wind are stirred those trees
That palpitate like the chill seas
Around the misty Hebrides!
Ah, by no wind those clouds are driven
That rustle through the unquiet Heaven
Uneasily, from morn till even,
Over the violets there that lie
In myriad types of the human eye
Over the lilies there that wave
And weep above a nameless grave!
They wave:- from out their fragrant tops
Eternal dews come down in drops.
They weep:- from off their delicate stems
Perennial tears descend in gems.
Edgar Allan Poe
sexta-feira, outubro 31, 2014
quarta-feira, outubro 29, 2014
O Rupestre indígena
Não se deve confundir um Rupestre com o Rupert.
O Rupert é um urso dos desenhos animados bem engraçado. Rupert é também o nome verdadeiro do actor que faz de amigo do Harry Potter , e no fim da série fica com a Emma .
Um "Rupestre" é um bronco. Trata-se de uma maneira mais simpática de chamar "troglodita" a alguém. Podemos utilizá-lo como sinónimo de "asno, ignaro, lerdo, obtuso, cavalão, pedra-pomes, bruto como as cabras, etc...". Na prática é um imbecil, estúpido todos os dias, desde que se levanta até que se deita. Pensa-se que até os sonhos de semelhantes criaturas são tacanhos e néscios.
A principal diferença entre um "Rupestre" e um calhau é o olhar inteligente do calhau. Sendo o "Rupestre" avantajado (admito que os há de todos os tamanhos) substituiremos "calhau" por "penedo". Em casos mais extravagantes, usem "obelisco".
O mais engraçado sobre os "Rupestres" é que se lhes chamarmos isso na cara provavelmente não sabem o que é, e ainda pensam que lhes estamos a fazer um elogio...
-"Oh Manel, estás um Rupestre feito!"
-"Obrigadinho! Comprei a camisa no Corte Inglês!"
Embora pareça do discurso até aqui feito, "Rupestre" não tem preferência de sexo. Tanto pode ser Homem, como Mulher , como outra coisa. Trata-se de uma característica das mais democráticas que existem. Há-os de todas as cores, de todas as idades, de todas as bolsas, e até de todos os Partidos Políticos. Há-os nas cidades, nas vilas e nas aldeias.
Os (e "As") "Rupestres" gostam de ver aquela coisa da TVI, a Casa das P**** (perdão, dos Segredos). Os (e "As") "Rupestres" sabem ler, devido ao 25 de Abril que decretou a escolaridade obrigatória, mas só utilizam para saberem quantas galhetas deu o Carrilho na Bárbara naquela semana.
Os (e "As") "Rupestres" não vão ao Teatro (acham que era bem acabado). Para eles um Programa Cultural é a "charla" dominical do Prof. Martelo, que vêem e ouvem religiosamente sem perceber a maior parte, apenas para dizer que "estiveram lá"...
Para um "Rupestre" encartado a 5ª de Mahler não é uma sinfonia, mas sim a versão alemã da Quinta das Celebridades.
Alguns "Rupestres" aparecem na Televisão. Emendo, muitos "Rupestres" aparecem na Televisão.
A sua existência lembra-nos o que devemos aos pioneiros da TV Cabo no nosso país, que nos permitiram hoje mudar de canal antes que a pulga dê coçeira. Bem hajam!
Abundam "Rupestres" também lá pelos Passos Perdidos de S. Bento. Não é de admirar. São gente escolhida pelos serviços prestados à causa e não pela superior inteligência. Os "pastores" têm de os treinar bem para não votarem no lado errado. O que já aconteceu...
Há "Rupestres" até bem engraçados e com quem simpatizamos logo. Por exemplo o Paulo Futre.
E há grandes espertalhões "armados em rupestres" para poderem fazer o que bem lhes apetece, e ganharem com isso debaixo da cobertura da pretensa boçalidade. Por exemplo, a Júlia Pinheiro.
Mas o maior deles todos, o "mais grande rupestre" , o prémio nobel , o Bota de Ouro... Quem será?
Esse mesmo!! O autor da célebre frase:
"Portugal não tem dimensão para se roubar tanto."
Oh Amigo Ferraz da Costa! Francamente! Não tem dimensão?
Então e a Extensão da Plataforma Continental Portuguesa para as 350 milhas??!! Ficamos com dimensão para se roubar o dobro!
Ou mais... E há quem já esteja a treinar...
O Rupert é um urso dos desenhos animados bem engraçado. Rupert é também o nome verdadeiro do actor que faz de amigo do Harry Potter , e no fim da série fica com a Emma .
Um "Rupestre" é um bronco. Trata-se de uma maneira mais simpática de chamar "troglodita" a alguém. Podemos utilizá-lo como sinónimo de "asno, ignaro, lerdo, obtuso, cavalão, pedra-pomes, bruto como as cabras, etc...". Na prática é um imbecil, estúpido todos os dias, desde que se levanta até que se deita. Pensa-se que até os sonhos de semelhantes criaturas são tacanhos e néscios.
A principal diferença entre um "Rupestre" e um calhau é o olhar inteligente do calhau. Sendo o "Rupestre" avantajado (admito que os há de todos os tamanhos) substituiremos "calhau" por "penedo". Em casos mais extravagantes, usem "obelisco".
O mais engraçado sobre os "Rupestres" é que se lhes chamarmos isso na cara provavelmente não sabem o que é, e ainda pensam que lhes estamos a fazer um elogio...
-"Oh Manel, estás um Rupestre feito!"
-"Obrigadinho! Comprei a camisa no Corte Inglês!"
Embora pareça do discurso até aqui feito, "Rupestre" não tem preferência de sexo. Tanto pode ser Homem, como Mulher , como outra coisa. Trata-se de uma característica das mais democráticas que existem. Há-os de todas as cores, de todas as idades, de todas as bolsas, e até de todos os Partidos Políticos. Há-os nas cidades, nas vilas e nas aldeias.
Os (e "As") "Rupestres" gostam de ver aquela coisa da TVI, a Casa das P**** (perdão, dos Segredos). Os (e "As") "Rupestres" sabem ler, devido ao 25 de Abril que decretou a escolaridade obrigatória, mas só utilizam para saberem quantas galhetas deu o Carrilho na Bárbara naquela semana.
Os (e "As") "Rupestres" não vão ao Teatro (acham que era bem acabado). Para eles um Programa Cultural é a "charla" dominical do Prof. Martelo, que vêem e ouvem religiosamente sem perceber a maior parte, apenas para dizer que "estiveram lá"...
Para um "Rupestre" encartado a 5ª de Mahler não é uma sinfonia, mas sim a versão alemã da Quinta das Celebridades.
Alguns "Rupestres" aparecem na Televisão. Emendo, muitos "Rupestres" aparecem na Televisão.
A sua existência lembra-nos o que devemos aos pioneiros da TV Cabo no nosso país, que nos permitiram hoje mudar de canal antes que a pulga dê coçeira. Bem hajam!
Abundam "Rupestres" também lá pelos Passos Perdidos de S. Bento. Não é de admirar. São gente escolhida pelos serviços prestados à causa e não pela superior inteligência. Os "pastores" têm de os treinar bem para não votarem no lado errado. O que já aconteceu...
Há "Rupestres" até bem engraçados e com quem simpatizamos logo. Por exemplo o Paulo Futre.
E há grandes espertalhões "armados em rupestres" para poderem fazer o que bem lhes apetece, e ganharem com isso debaixo da cobertura da pretensa boçalidade. Por exemplo, a Júlia Pinheiro.
Mas o maior deles todos, o "mais grande rupestre" , o prémio nobel , o Bota de Ouro... Quem será?
Esse mesmo!! O autor da célebre frase:
"Portugal não tem dimensão para se roubar tanto."
Oh Amigo Ferraz da Costa! Francamente! Não tem dimensão?
Então e a Extensão da Plataforma Continental Portuguesa para as 350 milhas??!! Ficamos com dimensão para se roubar o dobro!
Ou mais... E há quem já esteja a treinar...
terça-feira, outubro 28, 2014
Trabalho ou Emprego??
Quando entrei para os Correios havia uma empresa do nosso grupo - éramos na altura um grande grupo conglomerado que envolvia os CTT, a PT avant la lettre, os TLP e a Marconi, entre outras miudezas - que metia inveja a muita gente.
Quem nos metia inveja era a empresa gestora dos fundos de pensões, local de alto gabarito onde os trabalhadores ganhavam bem acima da média remuneratória da actividade de comunicações. Por lá se encontravam os melhores alunos dos cursos de finanças, os melhores peritos em aplicação de capitais (pelo menos aqueles que os bancos não tinham conseguido apanhar).
Pagavam-se bónus indexados à valorização da carteira de acções e de obrigações onde os Fundos estavam baseados, e em consequência disso, o vencimento de um Director era quase tanto ali como o vencimento de um Administrador no grupo "pai". E os trabalhadores administrativos iam pelo mesmo caminho...
Havia quem trabalhasse ( e muito) nessa empresa. Eram os tais gestores de títulos que ganhavam em função da valorização da respectiva carteira. Mas os seus directores e administradores, gente que lá tinha sido posta por compadrio político, não só não percebiam nada do que se passava lá dentro, como passavam o seu tempo a jogar jogos de tabuleiro, de guerra e de estratégia (ainda não havia a febre dos videogames).
A única vez em que se preocupavam no ano, ou no semestre, era na altura em que tinham de apresentar os resultados da valorização da carteira de títulos à Administração do Grupo. Aí preocupavam-se, e bem, pois os bónus milionários podiam estar em causa...
Quando essa gentinha se ausentava, normalmente para congressos e reuniões pagos pela empresa, dentro e fora do país, fazia-lhes confusão deixarem o secretariado à boa vida, sem controlo dos próprios. Então do que se lembraram?
Exigir às secretárias que passassem o seu tempo a tirar fotocópias das listas telefónicas...
Juro que isto é verdade! E as visadas, como ganhavam bem e tinham todo o interesse em não fazer ondas que pusessem em causa aquele status quo, faziam o que lhes era pedido e mostravam aos energúmenos, no regresso, resmas e resmas de fotocópias que eram de imediato mandadas para o lixo.
Que diria o actual Ministro do Emprego e da Solidariedade Social destas práticas ? Pouco ou nada poderia dizer caso estivesse no activo nessa altura. Tudo isto se passava entre 1988 e 1992... Lembram-se de quem era Primeiro Ministro?
Quem nos metia inveja era a empresa gestora dos fundos de pensões, local de alto gabarito onde os trabalhadores ganhavam bem acima da média remuneratória da actividade de comunicações. Por lá se encontravam os melhores alunos dos cursos de finanças, os melhores peritos em aplicação de capitais (pelo menos aqueles que os bancos não tinham conseguido apanhar).
Pagavam-se bónus indexados à valorização da carteira de acções e de obrigações onde os Fundos estavam baseados, e em consequência disso, o vencimento de um Director era quase tanto ali como o vencimento de um Administrador no grupo "pai". E os trabalhadores administrativos iam pelo mesmo caminho...
Havia quem trabalhasse ( e muito) nessa empresa. Eram os tais gestores de títulos que ganhavam em função da valorização da respectiva carteira. Mas os seus directores e administradores, gente que lá tinha sido posta por compadrio político, não só não percebiam nada do que se passava lá dentro, como passavam o seu tempo a jogar jogos de tabuleiro, de guerra e de estratégia (ainda não havia a febre dos videogames).
A única vez em que se preocupavam no ano, ou no semestre, era na altura em que tinham de apresentar os resultados da valorização da carteira de títulos à Administração do Grupo. Aí preocupavam-se, e bem, pois os bónus milionários podiam estar em causa...
Quando essa gentinha se ausentava, normalmente para congressos e reuniões pagos pela empresa, dentro e fora do país, fazia-lhes confusão deixarem o secretariado à boa vida, sem controlo dos próprios. Então do que se lembraram?
Exigir às secretárias que passassem o seu tempo a tirar fotocópias das listas telefónicas...
Juro que isto é verdade! E as visadas, como ganhavam bem e tinham todo o interesse em não fazer ondas que pusessem em causa aquele status quo, faziam o que lhes era pedido e mostravam aos energúmenos, no regresso, resmas e resmas de fotocópias que eram de imediato mandadas para o lixo.
Que diria o actual Ministro do Emprego e da Solidariedade Social destas práticas ? Pouco ou nada poderia dizer caso estivesse no activo nessa altura. Tudo isto se passava entre 1988 e 1992... Lembram-se de quem era Primeiro Ministro?
segunda-feira, outubro 27, 2014
Os biscates
Rebentou um cano em casa da minha santa cá de baixo. Houve que chamar a Companhia das Águas para fechar a torneira "oficial".
Os representantes da entidade não se entenderam logo quanto à importante questão " a quem pertencia o cano: se à Companhia das Águas, se à moradora e proprietária da casa". Esta questão era importante para definir a quem competia fazer e pagar o arranjo do cano ou a sua substituição.
Para esclarecer o assunto houve que esperar pela chegada de um "Chefe". O "Chefe" chegou no dia seguinte, pela tardinha. A água entretanto ficara fechada.
O "Chefe" manifestou alguma perplexidade pela situação. Não havia dúvida que o cano vinha da rua, portanto nesse sentido seria "cano público". Mas apoiava a sua progressão em partes da propriedade, pelo que , nesse trajecto , seria já um "cano privado".
A rotura dera-se na "parte privada" do cano ( nada de piadinhas ordinárias!!), pelo que o "Chefe", com pena, não conseguia resolver o assunto à conta da Companhia das Águas.
Todavia esse mesmo "Chefe" conhecia um jeitoso canalizador que se prestava a vir imediatamente e a resolver o assunto. Pagando-lhe, claro está.
Pessoa de absoluta confiança, que já trabalhara muitos anos na Companhia das Águas e estava agora reformado.
Assim decidimos e pagámos 170 eurinhos pelo arranjo. E o trabalho ficou asseado.
Lucrámos ainda que o "jeitoso", por ter sido trabalhador da Companhia das Águas, nem precisou de aguardar pela chegada dos "oficiais" que ligariam a torneira "oficial". Puxou ele da ferramenta (que porventura se esquecera de devolver na altura da reforma) e tratou logo ali do assunto.
Em conclusão: podem o Passos e a Maria andarem por aí a oferecer Audis A4 quanto tempo quiserem..."Ele" há recibos e facturas que nunca verão o interior das repartições de finanças. Et pour cause.
Os representantes da entidade não se entenderam logo quanto à importante questão " a quem pertencia o cano: se à Companhia das Águas, se à moradora e proprietária da casa". Esta questão era importante para definir a quem competia fazer e pagar o arranjo do cano ou a sua substituição.
Para esclarecer o assunto houve que esperar pela chegada de um "Chefe". O "Chefe" chegou no dia seguinte, pela tardinha. A água entretanto ficara fechada.
O "Chefe" manifestou alguma perplexidade pela situação. Não havia dúvida que o cano vinha da rua, portanto nesse sentido seria "cano público". Mas apoiava a sua progressão em partes da propriedade, pelo que , nesse trajecto , seria já um "cano privado".
A rotura dera-se na "parte privada" do cano ( nada de piadinhas ordinárias!!), pelo que o "Chefe", com pena, não conseguia resolver o assunto à conta da Companhia das Águas.
Todavia esse mesmo "Chefe" conhecia um jeitoso canalizador que se prestava a vir imediatamente e a resolver o assunto. Pagando-lhe, claro está.
Pessoa de absoluta confiança, que já trabalhara muitos anos na Companhia das Águas e estava agora reformado.
Assim decidimos e pagámos 170 eurinhos pelo arranjo. E o trabalho ficou asseado.
Lucrámos ainda que o "jeitoso", por ter sido trabalhador da Companhia das Águas, nem precisou de aguardar pela chegada dos "oficiais" que ligariam a torneira "oficial". Puxou ele da ferramenta (que porventura se esquecera de devolver na altura da reforma) e tratou logo ali do assunto.
Em conclusão: podem o Passos e a Maria andarem por aí a oferecer Audis A4 quanto tempo quiserem..."Ele" há recibos e facturas que nunca verão o interior das repartições de finanças. Et pour cause.
sexta-feira, outubro 24, 2014
Para Descansar a Vista
De meu mestre Paul Verlaine aqui deixo uma das mais belas definições de amor que encontrei na língua francesa.
O tempo está de feição para amar.
Aime-moi, car sans toi, rien ne puis, rien ne suis.
Aproveitem, porque o "Inverno está a chegar". De mais do que uma maneira...
Compagne savoureuse et bonne.
Compagne savoureuse et bonne
À qui j'ai confié le soin
Définitif de ma personne,
Toi mon dernier, mon seul témoin,
Viens çà, chère, que je te baise,
Que je t'embrasse long et fort,
Mon coeur près de ton coeur bat d'aise
Et d'amour pour jusqu'à la mort :
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Je vais gueux comme un rat d'église
Et toi tu n'as que tes dix doigts ;
La table n'est pas souvent mise
Dans nos sous-sols et sous nos toits ;
Mais jamais notre lit ne chôme,
Toujours joyeux, toujours fêté
Et j'y suis le roi du royaume
De ta gaîté, de ta santé !
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Après nos nuits d'amour robuste
Je sors de tes bras mieux trempé,
Ta riche caresse est la juste,
Sans rien de ma chair de trompé,
Ton amour répand la vaillance
Dans tout mon être, comme un vin,
Et, seule, tu sais la science
De me gonfler un coeur divin.
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Qu'importe ton passé, ma belle,
Et qu'importe, parbleu ! le mien :
Je t'aime d'un amour fidèle
Et tu ne m'as fait que du bien.
Unissons dans nos deux misères
Le pardon qu'on nous refusait
Et je t'étreins et tu me serres
Et zut au monde qui jasait !
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Paul Verlaine.
O tempo está de feição para amar.
Aime-moi, car sans toi, rien ne puis, rien ne suis.
Aproveitem, porque o "Inverno está a chegar". De mais do que uma maneira...
Compagne savoureuse et bonne.
Compagne savoureuse et bonne
À qui j'ai confié le soin
Définitif de ma personne,
Toi mon dernier, mon seul témoin,
Viens çà, chère, que je te baise,
Que je t'embrasse long et fort,
Mon coeur près de ton coeur bat d'aise
Et d'amour pour jusqu'à la mort :
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Je vais gueux comme un rat d'église
Et toi tu n'as que tes dix doigts ;
La table n'est pas souvent mise
Dans nos sous-sols et sous nos toits ;
Mais jamais notre lit ne chôme,
Toujours joyeux, toujours fêté
Et j'y suis le roi du royaume
De ta gaîté, de ta santé !
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Après nos nuits d'amour robuste
Je sors de tes bras mieux trempé,
Ta riche caresse est la juste,
Sans rien de ma chair de trompé,
Ton amour répand la vaillance
Dans tout mon être, comme un vin,
Et, seule, tu sais la science
De me gonfler un coeur divin.
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Qu'importe ton passé, ma belle,
Et qu'importe, parbleu ! le mien :
Je t'aime d'un amour fidèle
Et tu ne m'as fait que du bien.
Unissons dans nos deux misères
Le pardon qu'on nous refusait
Et je t'étreins et tu me serres
Et zut au monde qui jasait !
Aime-moi,
Car, sans toi,
Rien ne puis,
Rien ne suis.
Paul Verlaine.
quinta-feira, outubro 23, 2014
Foi um "jeito" que lhe deu...
Esta história de acordar com dores nas costas e na perna lembrou-me a explicação que lá em cima na Serra se dava sempre que alguém se queixava do mesmo:
"Deu-lhe um Jeito. Foi um Jeito que lhe deu".
A palavra "Jeito" explicava as artroses, os bicos de papagaio, a dor ciática (cabrona de m***!); os torcicolos e outras entorses.
O "Jeitoso" do endireita tomava normalmente conta destas ocorrências. Aparentemente esta era uma daquelas maleitas onde o médico "só estrovava". Médico e remédios eram para quando havia febre.
O tal "jeitoso" podia ser algum ferrador de bestas, perito em queimar o nervo atrás da orelha com um ferro em brasa, operação que faria mitologicamente desaparecer a dor. O que se passava era que a dor da queima era de tal ordem que superava qualquer outra dorzita que a "besta" trouxesse à forja...
Mas podia ser também um homem de virtude e saber, que cuidava de pôr os ossos e os tendões no sítio certo, através de manipulações adequadas. Era o antepassado dos quiropráticos de hoje.
O avô da minha mulher era comerciante de gado, pastor e queijeiro. Levava com ele 5 cães da serra mais 3 ajudantes e quase 500 ovelhas pelas encostas da Estrela acima. E quando estavam marcadas as maiores feiras de queijo, na Carripichana ou em Gouveia, era normal fazerem 20 ou mais km com as cestas dos queijos à cabeça, durante a noite, para estarem de madrugada na Feira.
As pernas (as "patas" como ele dizia) eram o maior "activo" que ele posssuía naquela altura, por volta de 1940. Sem pernas como podia fazer a sua vida?
Ora um certo dia , depois de uma queda aparatosa ficou com um "problema" numa das pernas que o apoquentava imenso. Recorreu ao amigo "endireita", mas desta vez o "jeitoso" não teve habilidade para resolver o assunto. E como era pessoa honesta e sensata, depois de lhe ligar fortemente a perna recomendou que "fosse a um hospital".
O Hospital era em Coimbra, a quinta era entre Seia e Gouveia... as ovelhas não esperavam pela ida ao hospital e, para além disso, meteu-se-lhe na cabeça que podia por lá ficar alguns dias internado, o que só piorava a situação de trabalho.
Com estas e com outras deixou passar o Março, o Abril e o Maio. E foi apenas a Coimbra em Junho, altura em que as ovelhas já não tinham leite e o trabalho era mais comedido.
Feita a radiografia o que se descobriu foi que tinha partido a perna... E é claro que, depois de 3 ou 4 meses, a fratura tinha sido "naturalmente" regenerada, embora essa perna até ao fim da sua vida (morreu com 95 anos) tenha sempre ficado mais curta do que a outra.
Quando questionado se "não tinha sentido dores" naquele período, sempre caminhando sobre a perna, o Avô Correia dizia que "tinha lá aquele Jeito ao fundo da canela, mas que o importante era apertar bem as ligaduras e massajar todas as noites com aguardente".
Teve sorte? Disseram os médicos que teve mesmo muita sorte. Ou então, como se dizia também na Beira:
" Se se salvou foi vontade de Deus. Caso tivesse morrido, a culpa era do médico"
Onde ele nunca foi...
"Deu-lhe um Jeito. Foi um Jeito que lhe deu".
A palavra "Jeito" explicava as artroses, os bicos de papagaio, a dor ciática (cabrona de m***!); os torcicolos e outras entorses.
O "Jeitoso" do endireita tomava normalmente conta destas ocorrências. Aparentemente esta era uma daquelas maleitas onde o médico "só estrovava". Médico e remédios eram para quando havia febre.
O tal "jeitoso" podia ser algum ferrador de bestas, perito em queimar o nervo atrás da orelha com um ferro em brasa, operação que faria mitologicamente desaparecer a dor. O que se passava era que a dor da queima era de tal ordem que superava qualquer outra dorzita que a "besta" trouxesse à forja...
Mas podia ser também um homem de virtude e saber, que cuidava de pôr os ossos e os tendões no sítio certo, através de manipulações adequadas. Era o antepassado dos quiropráticos de hoje.
O avô da minha mulher era comerciante de gado, pastor e queijeiro. Levava com ele 5 cães da serra mais 3 ajudantes e quase 500 ovelhas pelas encostas da Estrela acima. E quando estavam marcadas as maiores feiras de queijo, na Carripichana ou em Gouveia, era normal fazerem 20 ou mais km com as cestas dos queijos à cabeça, durante a noite, para estarem de madrugada na Feira.
As pernas (as "patas" como ele dizia) eram o maior "activo" que ele posssuía naquela altura, por volta de 1940. Sem pernas como podia fazer a sua vida?
Ora um certo dia , depois de uma queda aparatosa ficou com um "problema" numa das pernas que o apoquentava imenso. Recorreu ao amigo "endireita", mas desta vez o "jeitoso" não teve habilidade para resolver o assunto. E como era pessoa honesta e sensata, depois de lhe ligar fortemente a perna recomendou que "fosse a um hospital".
O Hospital era em Coimbra, a quinta era entre Seia e Gouveia... as ovelhas não esperavam pela ida ao hospital e, para além disso, meteu-se-lhe na cabeça que podia por lá ficar alguns dias internado, o que só piorava a situação de trabalho.
Com estas e com outras deixou passar o Março, o Abril e o Maio. E foi apenas a Coimbra em Junho, altura em que as ovelhas já não tinham leite e o trabalho era mais comedido.
Feita a radiografia o que se descobriu foi que tinha partido a perna... E é claro que, depois de 3 ou 4 meses, a fratura tinha sido "naturalmente" regenerada, embora essa perna até ao fim da sua vida (morreu com 95 anos) tenha sempre ficado mais curta do que a outra.
Quando questionado se "não tinha sentido dores" naquele período, sempre caminhando sobre a perna, o Avô Correia dizia que "tinha lá aquele Jeito ao fundo da canela, mas que o importante era apertar bem as ligaduras e massajar todas as noites com aguardente".
Teve sorte? Disseram os médicos que teve mesmo muita sorte. Ou então, como se dizia também na Beira:
" Se se salvou foi vontade de Deus. Caso tivesse morrido, a culpa era do médico"
Onde ele nunca foi...
quarta-feira, outubro 22, 2014
As calorias (assunto obnóxio)
Nota prévia: "Obnóxio" significa Desprezível, Baixo. Humilde ou Funesto.
Para os amigos ( e amigas...) que passam a vida a medir as calorias , lembrei-me de falar aqui um pouco sobre a importância do vinho e dos destilados alcoólicos nestas andanças do controlo do peso.
Segundo os especialistas, o álcool fornece 7 kcal/g de energia, superando os carboidratos e proteínas, que geram 4 kcal/g, e perdendo apenas para as 9 kcal/g da gordura.
Para os amigos ( e amigas...) que passam a vida a medir as calorias , lembrei-me de falar aqui um pouco sobre a importância do vinho e dos destilados alcoólicos nestas andanças do controlo do peso.
Segundo os especialistas, o álcool fornece 7 kcal/g de energia, superando os carboidratos e proteínas, que geram 4 kcal/g, e perdendo apenas para as 9 kcal/g da gordura.
Acresce ainda que os nutricionistas classificam o álcool como uma "caloria vazia, pois não possui nutrientes significativos para o corpo. O corpo humano reconhece o álcool como uma toxina, dá prioridade à sua eliminação e deixa em segundo plano a queima da gordura, dos carboidratos e das proteínas – o combustível do organismo. Por isso, quanto maior o consumo de bebidas alcoólicas, menos gordura é queimada e mais os alimentos são armazenados como gordura."
O vinho tinto, branco ou rosé é limitado caloricamente em cerca de 70 calorias por 100 ml (menos para o tinto, um pouco mais para o branco) . 100 ml é um copo a vinho tinto mal aviado. Uma garrafita tem 6 a7 vezes mais...
Um whisky, aguardente velha , bagacinho ou Gin valem já cerca de 240 calorias por 100 ml. Neste caso admito que 100 ml sejam duas doses no bar ...Ou uma dose em casa...
A Vodka é mais mansinha (cerca de 120 calorias pelos tais 100 ml). E a cerveja até 4º não chega às 50 calorias. Moscatel, Porto e outros vinhos de sobremesa afinfam-lhe já com umas respeitáveis 150 a 160 calorias, sempre por 100 ml.
Termos de comparação: uma dose "à maneira" (350g) de leitão da Bairrada com molho e batatas fritas vale no prato cerca de 750 calorias. Tanto como a garrafa de espumante que bebermos a acompanhar ! Com o pãozinho da ordem, um queijinho fresco e um whisky de malte para "rematar" fica a refeiçãozinha (sem sobremesa doce!!) por apenas 2000 calorias.
Um atleta de endurance (corrida de fundo) com 75 kg, 1,80m , deve ingerir cerca de 3000 calorias por dia. Um "atleta" de escritório, com 95 kg, 1,88m e que deseja manter o peso? Talvez deva limitar o consumo a 2300 calorias por dia...
Deduzo daqui que quem atascar o "depósito" na Meta dos Leitões ou na Nova Casa dos Leitões (abençoadas sejam e muito anos de vida!) , deve chegar a casa e beber um chazinho antes de deitar. sem açúcar.
Esta conversa está a dar-me alguma sede e a fazer levantar ameaçadoramente o meu indicador da "larica". Nunca mais é hora de almoço, pôrra!
terça-feira, outubro 21, 2014
As Castanhas de S. Martinho
Já há castanhas, embora o tempo neste momento esteja mais para "Olás fresquinhos".
O solar da castanha em Portugal é Trás-os-Montes, e dentro do planalto nordestino serão os soutos de Vinhais e dos seus arredores os mais conceituados.
Claro que há também castanha nas Beiras, Alta e Interior, mas em menor quantidade.
A castanha está também a tornar-se um caso sério para a economia nacional. Leiam aqui sff:
"Trás-os-Montes, com 85% dos castanheiros nacionais (mas também as Beiras), transformou Portugal num dos maiores produtores do mundo de castanha – só ultrapassados na Europa pela Itália. Mas os italianos têm os soutos dizimados pela mosca-asiática que se encasulou nos castanheiros e os está a amputar a eito. (...) 90% dos soutos italianos estão com troncos ao alto e sem ramos, e por isso o valor da castanha portuguesa tem subido nos últimos anos, porque a Europa vem abastecer–se a Portugal."
Texto de Daniel Deusdado.
Quanto vale o negócio? A produção de castanha gera, anualmente, 20 milhões de euros nos concelhos de Vinhais e Bragança , sendo provavelmente a cultura mais rentável da região de Trás-os-Montes.
E junto com a castanha vem o turismo, aproveitando estes dias para fazer percursos belíssimos por entre os soutos e observando os ouriços, deslumbrantes.
O maior concorrente de Portugal na produção da Castanha é a China. E sabendo-se da abundância de ouro por aqueles lados todo o cuidado é pouco...O "irmão" chinês já até começou a investida. Vejam aqui um artigo do Público:
"O maior grupo produtor mundial de castanha, o American Lorain, de capitais chineses mas cotado na bolsa de Nova Iorque, vai apostar no Nordeste Transmontano para abastecer sobretudo o mercado francês, mas também o alemão e o holandês. O grupo adquiriu, recentemente, uma participação maioritária (51 por cento) da luso-francesa Conserverie Minerve, que já detinha uma unidade de produção em Vinhais, a Cacovin, que será agora recuperada depois de encerrada há dois anos após ter sido vendida pela autarquia."
Eu gosto das castanhas assadas ou cozidas. Gosto delas na sua época. Que é agora. Agora mesmo! Nesta altura brilham em pudins, em sopas, junto da perdiz ou do javali. Frescas e suculentas.
Já não aprecio muito a castanha que nos dão em Lisboa acompanhando certos pratos, dos quais o mais conhecido (tipo arroz doce que não falta a nenhum casamento) serão os "Rojões à moda do Alfacinha" ( não sei que nome lhes chamar) onde a castanha impera todo o santo ano. Congeladíssima e sequíssima...
Uma sugestão: Em 24, 25 e 26 deste mês vão a Vinhais, à festa da Castanha e aproveitem para atascar violentamente no excelente fumeiro de Bísaro lá da zona. E se estiver ainda quente demais para as alheiras, vinguem-se na posta! Ou comprem um presunto que por lá deve estar a secar há já um ou dois anos...Isso é que era.
Aqui vai uma morada adequada: http://www.bisaro.pt/?lang=pt&page=homepage/homepage.jsp
Fica em Gimonde. Não se arrependerão!!
O solar da castanha em Portugal é Trás-os-Montes, e dentro do planalto nordestino serão os soutos de Vinhais e dos seus arredores os mais conceituados.
Claro que há também castanha nas Beiras, Alta e Interior, mas em menor quantidade.
A castanha está também a tornar-se um caso sério para a economia nacional. Leiam aqui sff:
"Trás-os-Montes, com 85% dos castanheiros nacionais (mas também as Beiras), transformou Portugal num dos maiores produtores do mundo de castanha – só ultrapassados na Europa pela Itália. Mas os italianos têm os soutos dizimados pela mosca-asiática que se encasulou nos castanheiros e os está a amputar a eito. (...) 90% dos soutos italianos estão com troncos ao alto e sem ramos, e por isso o valor da castanha portuguesa tem subido nos últimos anos, porque a Europa vem abastecer–se a Portugal."
Texto de Daniel Deusdado.
Quanto vale o negócio? A produção de castanha gera, anualmente, 20 milhões de euros nos concelhos de Vinhais e Bragança , sendo provavelmente a cultura mais rentável da região de Trás-os-Montes.
E junto com a castanha vem o turismo, aproveitando estes dias para fazer percursos belíssimos por entre os soutos e observando os ouriços, deslumbrantes.
O maior concorrente de Portugal na produção da Castanha é a China. E sabendo-se da abundância de ouro por aqueles lados todo o cuidado é pouco...O "irmão" chinês já até começou a investida. Vejam aqui um artigo do Público:
"O maior grupo produtor mundial de castanha, o American Lorain, de capitais chineses mas cotado na bolsa de Nova Iorque, vai apostar no Nordeste Transmontano para abastecer sobretudo o mercado francês, mas também o alemão e o holandês. O grupo adquiriu, recentemente, uma participação maioritária (51 por cento) da luso-francesa Conserverie Minerve, que já detinha uma unidade de produção em Vinhais, a Cacovin, que será agora recuperada depois de encerrada há dois anos após ter sido vendida pela autarquia."
Eu gosto das castanhas assadas ou cozidas. Gosto delas na sua época. Que é agora. Agora mesmo! Nesta altura brilham em pudins, em sopas, junto da perdiz ou do javali. Frescas e suculentas.
Já não aprecio muito a castanha que nos dão em Lisboa acompanhando certos pratos, dos quais o mais conhecido (tipo arroz doce que não falta a nenhum casamento) serão os "Rojões à moda do Alfacinha" ( não sei que nome lhes chamar) onde a castanha impera todo o santo ano. Congeladíssima e sequíssima...
Uma sugestão: Em 24, 25 e 26 deste mês vão a Vinhais, à festa da Castanha e aproveitem para atascar violentamente no excelente fumeiro de Bísaro lá da zona. E se estiver ainda quente demais para as alheiras, vinguem-se na posta! Ou comprem um presunto que por lá deve estar a secar há já um ou dois anos...Isso é que era.
Aqui vai uma morada adequada: http://www.bisaro.pt/?lang=pt&page=homepage/homepage.jsp
Fica em Gimonde. Não se arrependerão!!
segunda-feira, outubro 20, 2014
Borrego ou Cabrito?
A guerra pela supremacia entre a carne de pelo e a carne de lã é antiga como o mundo.
Os manuais de referência colocam o cabrito no cume da gastronomia nacional, sempre assado no forno e de origem certificada. Com mais ou menos alho, com mais ou menos pimentão, acolitado ou não pelo arroz de forno dos seus miúdos e quase sempre com a batata assada no mesmo molho da carne e com os grelos salteados (ou ervas grossas).
O cabrito grelhado (ou guisado) é desdenhado pelos peritos como formas plebeias de estragar uma matéria prima de grande qualidade.
O cordeiro (ou borrego) é um outro produto de excelência da nossa pastagem serrana ou transtagana, talvez não tão incensado como cabrito, excepto nos locais onde se exalta o queijo de ovelha e onde a existência de cabras nos rebanhos é mal vista. A cabra dá um rendimento de leite bem superior ao das ovelhas das raças certificadas e por isso existe sempre a tentação de a usarem para "arredondar" as latas de leite que vão para queijar.
No prato, todavia, e partindo do excelente princípio que não se devem comparar alhos com bugalhos, o borrego também é superlativo. Com a vantagem que pode continuar a ser utilizado como ingrediente principal da nossa gastronomia tendo uns anos ( e uns kg) mais avançados do que o cabrito. Cabrito que ultrapasse os 5,5 kg e meio (limpo) já é por muitos considerado "cabrão" (com vossa licença).
Mas um borrego "mamão" continua a dar prazer em assados ou em guisados muito para além desse peso . Quase que até aos 11 kg, se bem criado com produtos naturais ao lado da mãe.
Este fim de semana fiz uma jardineira de borrego, estando o tempo de feição para um prato que em tempos era primaveril, acompanhando a carne jovem com o feijão verde ou as ervilhas, a batata nova e as cenouras infantes.
Não custa nada pedir no talho que vos cortem (para 4 pessoas) 1kg e meio de peito e costela de borrego. Depois, em chegando a casa, lavem com vinho branco e façam uma marinada com alho aos pedacinhos, cebola picada, uma colher de massa de pimentão, umas pitadas de pimenta preta e uns rebentos de salsa. Juntem azeite e vinho branco e mexam. Mergulhem os bocados do borrego e aguardem de um dia para o outro.
No dia do almoço preparem uma puxadinha da forma usual (alho, cebola, azeite e uma mão cheia de sal). Deitem também uma colher de sopa cheia de polpa de tomate de boa qualidade. Em ficando loura introduzam os bocados do borrego temperados .
Nota: Se o borrego for mais adulto considerem alourar os bocados numa sertã, em azeite ou em banha, a gosto, antes de deitarem no tacho. Caso seja um borrego mais "menino" não há necessidade dessa tarefa inicial.
Deixem apurar uns minutos os pedaços do borrego no refogado.
Depois deitem as batatas cortadas em cubos (duas batatas médias por pessoa) , o feijão verde (ou as ervilhas, a gosto) e as cenouras às rodelas grossas.
Reduzam o lume e vai guisando lentamente por cerca de hora e meia. Vão provando e rectificando de sal. Quando o garfo entrar bem nas batatas está tudo pronto a ir para a mesa.
Para acompanhar bebemos um Tinto Vallado (Douro) colheita de 2011. Excelente relação qualidade\preço!
Os manuais de referência colocam o cabrito no cume da gastronomia nacional, sempre assado no forno e de origem certificada. Com mais ou menos alho, com mais ou menos pimentão, acolitado ou não pelo arroz de forno dos seus miúdos e quase sempre com a batata assada no mesmo molho da carne e com os grelos salteados (ou ervas grossas).
O cabrito grelhado (ou guisado) é desdenhado pelos peritos como formas plebeias de estragar uma matéria prima de grande qualidade.
O cordeiro (ou borrego) é um outro produto de excelência da nossa pastagem serrana ou transtagana, talvez não tão incensado como cabrito, excepto nos locais onde se exalta o queijo de ovelha e onde a existência de cabras nos rebanhos é mal vista. A cabra dá um rendimento de leite bem superior ao das ovelhas das raças certificadas e por isso existe sempre a tentação de a usarem para "arredondar" as latas de leite que vão para queijar.
No prato, todavia, e partindo do excelente princípio que não se devem comparar alhos com bugalhos, o borrego também é superlativo. Com a vantagem que pode continuar a ser utilizado como ingrediente principal da nossa gastronomia tendo uns anos ( e uns kg) mais avançados do que o cabrito. Cabrito que ultrapasse os 5,5 kg e meio (limpo) já é por muitos considerado "cabrão" (com vossa licença).
Mas um borrego "mamão" continua a dar prazer em assados ou em guisados muito para além desse peso . Quase que até aos 11 kg, se bem criado com produtos naturais ao lado da mãe.
Este fim de semana fiz uma jardineira de borrego, estando o tempo de feição para um prato que em tempos era primaveril, acompanhando a carne jovem com o feijão verde ou as ervilhas, a batata nova e as cenouras infantes.
Não custa nada pedir no talho que vos cortem (para 4 pessoas) 1kg e meio de peito e costela de borrego. Depois, em chegando a casa, lavem com vinho branco e façam uma marinada com alho aos pedacinhos, cebola picada, uma colher de massa de pimentão, umas pitadas de pimenta preta e uns rebentos de salsa. Juntem azeite e vinho branco e mexam. Mergulhem os bocados do borrego e aguardem de um dia para o outro.
No dia do almoço preparem uma puxadinha da forma usual (alho, cebola, azeite e uma mão cheia de sal). Deitem também uma colher de sopa cheia de polpa de tomate de boa qualidade. Em ficando loura introduzam os bocados do borrego temperados .
Nota: Se o borrego for mais adulto considerem alourar os bocados numa sertã, em azeite ou em banha, a gosto, antes de deitarem no tacho. Caso seja um borrego mais "menino" não há necessidade dessa tarefa inicial.
Deixem apurar uns minutos os pedaços do borrego no refogado.
Depois deitem as batatas cortadas em cubos (duas batatas médias por pessoa) , o feijão verde (ou as ervilhas, a gosto) e as cenouras às rodelas grossas.
Reduzam o lume e vai guisando lentamente por cerca de hora e meia. Vão provando e rectificando de sal. Quando o garfo entrar bem nas batatas está tudo pronto a ir para a mesa.
Para acompanhar bebemos um Tinto Vallado (Douro) colheita de 2011. Excelente relação qualidade\preço!
sexta-feira, outubro 17, 2014
Para Descansar a Vista
Com a velha rabugenta (a ciática) a incomodar-me outra vez em consequência das horas que passei ontem sentado na Conferência da História da Matemática em Óbidos, acordei eu mesmo também um bocado para o estragado...
Estou a ver que tenho de planear umas duas semanitas e tratar da aplicação da "pomada de canivete", como diz o meu médico a gozar (aqui só para nós, ele que vá gozar com a tia).
Mas recordei-me deste poema "a um deus verde" , de meu mestre Eugénio de Andrade, a propósito desta invenção da "Fiscalidade Verde".
E tive que sorrir, apesar da dorzita surda pela perna abaixo.
Aqui vai então:
Estou a ver que tenho de planear umas duas semanitas e tratar da aplicação da "pomada de canivete", como diz o meu médico a gozar (aqui só para nós, ele que vá gozar com a tia).
Mas recordei-me deste poema "a um deus verde" , de meu mestre Eugénio de Andrade, a propósito desta invenção da "Fiscalidade Verde".
E tive que sorrir, apesar da dorzita surda pela perna abaixo.
Aqui vai então:
Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.
Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.
Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.
E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava.
quinta-feira, outubro 16, 2014
Uma paixão antiga
Os leitores imaginariam que vou finalmente perder a vergonha e contar detalhes da minha vida amorosa dos anos 70 ?
Estão enganados... A "paixão" a que me refiro é a da Matemática .
Quando casei tinha à minha frente dois caminhos: ou seguiria a carreira docente universitária (onde já estava desde 1977) mas desta vez a sério, com doutoramento e agregação e o mais que houvesse se para tal tivesse "peito". Ou então enveredar pela vida profissional.
Que foi o que fiz depois de considerar duas propostas honrosas. A da Empresa Geral de Fomento, que era apadrinhada pelos grandes mestres que foram o Eng. Gomes Cardoso e o seu colega Engº Portela. A dos CTT onde estava já o Joaquim V. Rodrigues, meu colega de turma.
Todos sabem o que escolhi. Tenho alguma vergonha de dizer que , à espera de filho, foi o incentivo do dinheiro que acabou por me decidir.
Mas o "bichinho" dos métodos quantitativos e do ensino levou-me a ficar por 30 anos ligado ao ISCTE, ensinando sempre e pensando no que poderia ter sido uma vida totalmente dedicada à academia.
Hoje vou com muito gosto a Óbidos lançar um carimbo comemorativo do 7º Encontro de História da Matemática Luso-Brasileira, onde se vai decerto evocar o Prof. Sebastião e Silva.
Estão enganados... A "paixão" a que me refiro é a da Matemática .
Quando casei tinha à minha frente dois caminhos: ou seguiria a carreira docente universitária (onde já estava desde 1977) mas desta vez a sério, com doutoramento e agregação e o mais que houvesse se para tal tivesse "peito". Ou então enveredar pela vida profissional.
Que foi o que fiz depois de considerar duas propostas honrosas. A da Empresa Geral de Fomento, que era apadrinhada pelos grandes mestres que foram o Eng. Gomes Cardoso e o seu colega Engº Portela. A dos CTT onde estava já o Joaquim V. Rodrigues, meu colega de turma.
Todos sabem o que escolhi. Tenho alguma vergonha de dizer que , à espera de filho, foi o incentivo do dinheiro que acabou por me decidir.
Mas o "bichinho" dos métodos quantitativos e do ensino levou-me a ficar por 30 anos ligado ao ISCTE, ensinando sempre e pensando no que poderia ter sido uma vida totalmente dedicada à academia.
Hoje vou com muito gosto a Óbidos lançar um carimbo comemorativo do 7º Encontro de História da Matemática Luso-Brasileira, onde se vai decerto evocar o Prof. Sebastião e Silva.
José Sebastião e Silva (1914-1972) protagonizou, nos anos 60, um dos mais inovadores e mais bem-sucedidos projetos de desenvolvimento curricular em matemática. Para além de outros livros de texto – justamente recordados e por muitos professores ainda hoje utilizados na preparação das suas aulas – escreve, em 1964 e 1965, os Compêndio de Matemática e os respetivos Guias para professores. Neles, se evidenciam a sua sensibilidade pedagógica e o seu talento de expositor em combinação com um profundo conhecimento de Matemática e uma visão muito rica tanto da sua história como das suas aplicações.
Sebastião e Silva , de quem celebramos o centenário com um merecidíssimo selo postal, foi um dos grandes filhos de Mértola tal como o Prof. Aureliano Mira Fernandes, seu vizinho de umas dezenas de anos antes. Talvez os dois maiores matemáticos (com Pedro Nunes) deste país nasceram ali, bem perto um do outro. Deve ser da água de Mértola e seus arredores. Devia ser analisada.
Vejam aqui mais informação sff:
http://encontrohistoriamatematicaobidos.com
segunda-feira, outubro 13, 2014
A Fuga das Galin...(digo, das idosas) no supermercado
Tenho andado mais sossegado nos últimos fds por causa da obrigatória falta de mobilidade das minhas anciãs cá de baixo, pelos motivos de saúde conhecidos.
Este bendito sossego acabou no último Sábado.
Desejosas de bater chinela e arejar as ideias (o que é difícil, são 170 anos somados, a dividir por quatro pernas trôpegas) lá me intimaram a comparecer pelas 8,45h (reparem no detalhe) para "irem às compras".
Dentro do carro - e conhecedor do habitual rumo que estas expedições tomam - sempre fui avisando que tivessem paciência, esperassem umas pelas outras e que não debandassem cada uma pelo seu canto, como galinhas loucas à vista da raposa.
Tá-se mesmo a ver que foi isso que aconteceu. Chegadas ao local do crime e enquanto eu fui buscar o carrinho, alçaram das "canadianas" como se fossem armas de guerra e...desapareceram.
Andei com o carrinho atrás das malucas das velh... (digo, idosas) a hora e meia todinha que estive dentro do estabelecimento comercial.
Eu estava na fila do pão, elas parecia que se dirigiam para a fruta e hortaliças. Eu chegava à fruta e hortaliças e já lá não estavam. Tinham basado para os congelados. No corredor dos congelados bem espreitei e...nada. Nem sombra das desgraçadas!
Depois destas exéquias e já com vontade de as mandar chamar pelo intercomunicador (como se faz às crianças de menos de 5 anos que se separam dos pais) lá consegui vislumbrar as impetrantes junto dos pratos, tachos e panelas. Mas logo de seguida pediram para irem ver "resguardos e roupas de cama".
O pior foi quando cada uma decidiu que tinha "coisas particulares para fazer".
Se andar atrás das duas juntas já era mau, imaginem eu a tentar dar com o paradeiro de cada uma delas!!
Ala meano! Cada uma para o seu lado e o "Je" , sem poder decidir para onde apontar a antena de detecção. O que resolvi foi sentar-me na área dos livros e esperar que a loucura das duas ginjas acalmasse...
Quando questionadas para terem calma e esperarem por mim, ainda se enxofraram a dizer que andavam com o telemóvel exactamente para isso! Para serem contactadas.
Ignorando as três chamadas que eu já tinha feito para cada uma... A santa Mãe nem tinha trazido o TM, e a santa Tia tinha-o dentro da carteira, debaixo dos lenços "para não se partir" e não ouvia a campainha.
Bem sei que é bom "elas" mexerem-se cada vez melhor e que se refilam é sinal que estão vivas. Pelo menos isto é o que me diz o meu senhorio, a rir-se quando lhe contei as peripécias.
Mas um mistério ficou por resolver...
Se o gajo acha graça e pensa que é natural eu ter de me revestir de santa paciência e aturar as duas destrambelhadas, por que é que ele não alça o cú da cama mais cedo e se arma em motorista e acompanhante do "duo dinâmico"? Das perigosas "peruas turbo"?
Deixa lá que para a semana que vem já tens o destino traçado!
Este bendito sossego acabou no último Sábado.
Desejosas de bater chinela e arejar as ideias (o que é difícil, são 170 anos somados, a dividir por quatro pernas trôpegas) lá me intimaram a comparecer pelas 8,45h (reparem no detalhe) para "irem às compras".
Dentro do carro - e conhecedor do habitual rumo que estas expedições tomam - sempre fui avisando que tivessem paciência, esperassem umas pelas outras e que não debandassem cada uma pelo seu canto, como galinhas loucas à vista da raposa.
Tá-se mesmo a ver que foi isso que aconteceu. Chegadas ao local do crime e enquanto eu fui buscar o carrinho, alçaram das "canadianas" como se fossem armas de guerra e...desapareceram.
Andei com o carrinho atrás das malucas das velh... (digo, idosas) a hora e meia todinha que estive dentro do estabelecimento comercial.
Eu estava na fila do pão, elas parecia que se dirigiam para a fruta e hortaliças. Eu chegava à fruta e hortaliças e já lá não estavam. Tinham basado para os congelados. No corredor dos congelados bem espreitei e...nada. Nem sombra das desgraçadas!
Depois destas exéquias e já com vontade de as mandar chamar pelo intercomunicador (como se faz às crianças de menos de 5 anos que se separam dos pais) lá consegui vislumbrar as impetrantes junto dos pratos, tachos e panelas. Mas logo de seguida pediram para irem ver "resguardos e roupas de cama".
O pior foi quando cada uma decidiu que tinha "coisas particulares para fazer".
Se andar atrás das duas juntas já era mau, imaginem eu a tentar dar com o paradeiro de cada uma delas!!
Ala meano! Cada uma para o seu lado e o "Je" , sem poder decidir para onde apontar a antena de detecção. O que resolvi foi sentar-me na área dos livros e esperar que a loucura das duas ginjas acalmasse...
Quando questionadas para terem calma e esperarem por mim, ainda se enxofraram a dizer que andavam com o telemóvel exactamente para isso! Para serem contactadas.
Ignorando as três chamadas que eu já tinha feito para cada uma... A santa Mãe nem tinha trazido o TM, e a santa Tia tinha-o dentro da carteira, debaixo dos lenços "para não se partir" e não ouvia a campainha.
Bem sei que é bom "elas" mexerem-se cada vez melhor e que se refilam é sinal que estão vivas. Pelo menos isto é o que me diz o meu senhorio, a rir-se quando lhe contei as peripécias.
Mas um mistério ficou por resolver...
Se o gajo acha graça e pensa que é natural eu ter de me revestir de santa paciência e aturar as duas destrambelhadas, por que é que ele não alça o cú da cama mais cedo e se arma em motorista e acompanhante do "duo dinâmico"? Das perigosas "peruas turbo"?
Deixa lá que para a semana que vem já tens o destino traçado!
sexta-feira, outubro 10, 2014
Para Descansar a Vista
Ainda com as costas a arder das horas passadas em pé e sentado , nas cerimónias do Dia Mundial dos Correios - vão ver os detalhes à nossa página de FaceBook :
- aqui venho dar o inevitável poema.
Começo por uma frase de Quintana, para nos fazer pensar:
"Uma borboleta amarela voa perto do chão.
Ou será uma folha de árvore que se desprendeu e ainda não quis pousar?"
E termino, em Outubro, com um poema a condizer pelo nosso Grão Mestre da Poesia:
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
Fernando Pessoa
- aqui venho dar o inevitável poema.
Começo por uma frase de Quintana, para nos fazer pensar:
"Uma borboleta amarela voa perto do chão.
Ou será uma folha de árvore que se desprendeu e ainda não quis pousar?"
E termino, em Outubro, com um poema a condizer pelo nosso Grão Mestre da Poesia:
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.
Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.
Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
Fernando Pessoa
quinta-feira, outubro 09, 2014
Dia Mundial do Correio
Lá chegámos a mais um dia 9 de Outubro, data em que a União Postal Universal comemora o dia mundial da sua actividade em 150 países e operadores designados de correio.
Aqui em Portugal a cerimónia oficial será na Fundação Portuguesa das Comunicações, com a presença do Ministro da tutela (Economia). Vamos homenagear seguidamente os trabalhadores dos CTT com mais de 36 e de 40 anos de serviço, num jantar a realizar na Estufa Fria.
E para celebrar o dia do ponto de vista filatélico, será lançada a emissão comemorativa das tapeçarias da Manufactura de Portalegre, seguida da inauguração da Exposição com tapeçarias do espólio CTT, da própria Manufactura e do Museu Guy Fino, gerido pela autarquia. Estará patente na Fundação das Comunicações até ao final de Dezembro.
Os selos reproduzem tapeçarias de cartões assinados por: Almada Negreiros, Cruzeiro Seixas, Eduardo Nery, Joana Vasconcelos, Júlio Pomar e Maria Helena Vieira da Silva.
Podem ver aqui sff:
Aqui em Portugal a cerimónia oficial será na Fundação Portuguesa das Comunicações, com a presença do Ministro da tutela (Economia). Vamos homenagear seguidamente os trabalhadores dos CTT com mais de 36 e de 40 anos de serviço, num jantar a realizar na Estufa Fria.
E para celebrar o dia do ponto de vista filatélico, será lançada a emissão comemorativa das tapeçarias da Manufactura de Portalegre, seguida da inauguração da Exposição com tapeçarias do espólio CTT, da própria Manufactura e do Museu Guy Fino, gerido pela autarquia. Estará patente na Fundação das Comunicações até ao final de Dezembro.
Os selos reproduzem tapeçarias de cartões assinados por: Almada Negreiros, Cruzeiro Seixas, Eduardo Nery, Joana Vasconcelos, Júlio Pomar e Maria Helena Vieira da Silva.
Podem ver aqui sff:
segunda-feira, outubro 06, 2014
O ano vínico de 2011: quase perfeito.
Não sou eu que o digo.
Kim Marcus, o provador oficial da mais antiga revista norte-americana de vinhos, especialista em vinhos portugueses, escreveu sobre as nossas colheitas de 2011:
“Condições climatéricas quase perfeitas e melhorias na vinha e adega criaram condições para um conjunto de vinhos monumental”.
Na prova extensiva de vinhos do Porto desse ano, realizada por Kim Marcus, a qualidade de 2011 ficou amplamente marcada: o cronista da Revista de Vinhos não se recorda de uma prova de uma só colheita ter dado pontuações tão altas. A média foi de 95,4 valores, numa escala até 100 valores.
E como geralmente o vinho do Porto é uma boa referência para os vinhos de mesa, quem sabe desta poda está já há alguns anos a "enfeirar" tintos do Douro ( e Dão, já agora) desse ano bendito pelos deuses.
Com esta situação de enquadramento, o blogger decidiu dar a provar alguns tintos do Douro de 2011 a amigos que se reuniam em torno do famoso "Cozido de carnes e enchidos artesanais" em casa do Álvaro. Aquele cozido onde tudo é comprado a pequenos produtores, desde o porco à carne de vaca. E onde as couves, nabos e cenouras não se compram... São da horta lá de casa.
A nossa experiência antiga nesta matéria das provas que são para beber e não para cuspir (cruzes credo e t'arrenego vadio!) limita o conjunto de vinhos a não mais do que quatro. A partir daí os últimos começam a ser penalizados pela falta de perspectiva e pelos palatos já saturados.
Por último, limitámos por acordo comum o preço máximo dos vinhos em prova (numa garrafeira) a 25 euros por garrafita.
Foram testados, por ordem crescente de preços: Assobio ( a aventura da Herdade do Esporão no Douro); Quinta do Crasto Superior; Passadouro Touriga Nacional; D. Berta Reserva Especial Sousão.
Todos muito bons! O único com madeira evidente (Crasto) teve as melhores referências dos presentes, embora o Passadouro Touriga tenha ficado mesmo, mesmo colado...Uma daquelas chegadas à meta com necessidade de "photo finish".
O Sousão D. Berta estranhou um pouco alguns dos presentes por causa da casta pouco habitual em extreme, mas estou convencido que se insistissem mais teriam gostado muito. Pessoalmente foi este que me encheu mais as medidas...
O Assobio tem enorme perfil gastronómico, é um belo vinho para um preço inferior a 10 euros, mas perde para os outros maiorais desta competição.
Para a próxima voltamos ao ataque mas com vinhos do Dão. Sempre de 2011.
Kim Marcus, o provador oficial da mais antiga revista norte-americana de vinhos, especialista em vinhos portugueses, escreveu sobre as nossas colheitas de 2011:
“Condições climatéricas quase perfeitas e melhorias na vinha e adega criaram condições para um conjunto de vinhos monumental”.
Na prova extensiva de vinhos do Porto desse ano, realizada por Kim Marcus, a qualidade de 2011 ficou amplamente marcada: o cronista da Revista de Vinhos não se recorda de uma prova de uma só colheita ter dado pontuações tão altas. A média foi de 95,4 valores, numa escala até 100 valores.
E como geralmente o vinho do Porto é uma boa referência para os vinhos de mesa, quem sabe desta poda está já há alguns anos a "enfeirar" tintos do Douro ( e Dão, já agora) desse ano bendito pelos deuses.
Com esta situação de enquadramento, o blogger decidiu dar a provar alguns tintos do Douro de 2011 a amigos que se reuniam em torno do famoso "Cozido de carnes e enchidos artesanais" em casa do Álvaro. Aquele cozido onde tudo é comprado a pequenos produtores, desde o porco à carne de vaca. E onde as couves, nabos e cenouras não se compram... São da horta lá de casa.
A nossa experiência antiga nesta matéria das provas que são para beber e não para cuspir (cruzes credo e t'arrenego vadio!) limita o conjunto de vinhos a não mais do que quatro. A partir daí os últimos começam a ser penalizados pela falta de perspectiva e pelos palatos já saturados.
Por último, limitámos por acordo comum o preço máximo dos vinhos em prova (numa garrafeira) a 25 euros por garrafita.
Foram testados, por ordem crescente de preços: Assobio ( a aventura da Herdade do Esporão no Douro); Quinta do Crasto Superior; Passadouro Touriga Nacional; D. Berta Reserva Especial Sousão.
Todos muito bons! O único com madeira evidente (Crasto) teve as melhores referências dos presentes, embora o Passadouro Touriga tenha ficado mesmo, mesmo colado...Uma daquelas chegadas à meta com necessidade de "photo finish".
O Sousão D. Berta estranhou um pouco alguns dos presentes por causa da casta pouco habitual em extreme, mas estou convencido que se insistissem mais teriam gostado muito. Pessoalmente foi este que me encheu mais as medidas...
O Assobio tem enorme perfil gastronómico, é um belo vinho para um preço inferior a 10 euros, mas perde para os outros maiorais desta competição.
Para a próxima voltamos ao ataque mas com vinhos do Dão. Sempre de 2011.
sexta-feira, outubro 03, 2014
Para Descansar a Vista...nas Férias
No último dia desta primeira semana de férias - a segunda ficará para o final de Outubro, para ir à serra quando a minha santa lá de cima estiver em convalescença - pensei em dar-lhes um poema de Lídia Jorge, a propósito do seu último livro "O Organista" , fábula que trata da criação do mundo e das relações dos homens com a divindade.
Aqui vai então, dessa grande escritora de Boliqueime um poema de Amor no Outono. Belíssimo!
Assim a Casa SejaAmor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Voltaste, já voltaste
Já entras como sempre
Abrandas os teus passos
E paras no tapete
Então que uma luz arda
E assim o fogo aqueça
Os dedos bem unidos
Movidos pela pressa.
Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada Voltaste, já voltei
Também cheia de pressa
De dar-te, na parede
O beijo que me peças
Então que a sombra agite
E assim a imagem faça
Os rostos de nós dois
Unidos pela graça.
Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Amor, o que será
Mais certo que o futuro
Se nele é para habitar
A escolha do mais puro
Já fuma o nosso fumo
Já sobra a nossa manta
Já veio o nosso sono
Fechar-nos a garganta.
Então que os cílios olhem
E assim a casa seja
A árvore do Outono
Coberta de cereja.
Lídia Jorge, (Inédito)
Aqui vai então, dessa grande escritora de Boliqueime um poema de Amor no Outono. Belíssimo!
Assim a Casa SejaAmor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Voltaste, já voltaste
Já entras como sempre
Abrandas os teus passos
E paras no tapete
Então que uma luz arda
E assim o fogo aqueça
Os dedos bem unidos
Movidos pela pressa.
Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada Voltaste, já voltei
Também cheia de pressa
De dar-te, na parede
O beijo que me peças
Então que a sombra agite
E assim a imagem faça
Os rostos de nós dois
Unidos pela graça.
Amor, é muito cedo
E tarde uma palavra
A noite uma lembrança
Que não escurece nada
Amor, o que será
Mais certo que o futuro
Se nele é para habitar
A escolha do mais puro
Já fuma o nosso fumo
Já sobra a nossa manta
Já veio o nosso sono
Fechar-nos a garganta.
Então que os cílios olhem
E assim a casa seja
A árvore do Outono
Coberta de cereja.
Lídia Jorge, (Inédito)
quarta-feira, outubro 01, 2014
A Saltarilha
Nem só no Alentejo vive a Lebre! Já que estamos numa onda de Trás-os-Montes, seguimos meu mestre Torga e vamos vê-lo a caçar alguma lebre, sempre na companhia do bom amigo e padre Avelino Augusto da Silva.
Diziam os antigos transmontanos que a lebre até um ano quer-se assada na brasa apenas com sal. Entre um ano e dois já necessita de ser salteada depois da assadura. E quando tem mais de dois anos será mister guisá-la com todos os temperos a que tem direito.
Fui respingar uma receita de Lebre à Transmontana (não assevero se é muito antiga) e que vos deixo aqui com o "óbvio" conselho: como quem não tem cão, caça com gato, à falta de lebre usem coelho! (Mas...não é a mesma coisa...).
Uma lebre de um kg e meio, 350 g favas, 350 g cenouras, 8 batatas pequenas, duas cebolas às rodelas finas, duas ou três colheres de sopa de banha, 150 g toucinho, Sal e Pimenta a gosto.
Diziam os antigos transmontanos que a lebre até um ano quer-se assada na brasa apenas com sal. Entre um ano e dois já necessita de ser salteada depois da assadura. E quando tem mais de dois anos será mister guisá-la com todos os temperos a que tem direito.
Fui respingar uma receita de Lebre à Transmontana (não assevero se é muito antiga) e que vos deixo aqui com o "óbvio" conselho: como quem não tem cão, caça com gato, à falta de lebre usem coelho! (Mas...não é a mesma coisa...).
Uma lebre de um kg e meio, 350 g favas, 350 g cenouras, 8 batatas pequenas, duas cebolas às rodelas finas, duas ou três colheres de sopa de banha, 150 g toucinho, Sal e Pimenta a gosto.
Depois de esfolar e lavar muito bem a lebre (com vinho branco), parte-se aos bocados e vai a uma sertã alourar em banha. Em estando alourada deita-se num tacho de fundo bem grosso, com toucinho cortado em quadradinhos, mais uma colher de banha, a cebola às rodelas, sal e pimenta. Temperem e deixem assim puxar uns minutos em lume médio a forte. De seguida coloquem os outros ingredientes e vai guisando lentamente, desta vez em lume brando. Vão provando e rectificando os temperos.
E para acompanhar? Um Tinto Transmontano de raça e corpo: Valle Pradinhos 2011 Grande Reserva Tinto, um misto de Cabernet e Touriga, a 25€. Se comprarem a lebre têm de gastar algum no vinhito!
Caso seja coelho no tacho, bebam o Valle Pradinhos Colheita do ano, que ficam bem à mesma!
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