quinta-feira, abril 30, 2009

Para Descansar a Vista


Por vezes, quando a ansiedade espreita e o mundo parece que nos quer queimar, tal a força com que se abatem sobre nós as contrariedades do dia-a-dia, o amor é o melhor remédio...

E mais barato que a "pílula da felicidade" farmacêutica... E, se for bom, muito mais eficaz!!

Embora não seja Sexta feira (mas é como se fosse) sai poema do "nosso" Manuel Luar, o único poeta que compôe à mesa (desde que bem composta também ela esteja...):

Prazeres de Pobre

No quarto pequeno e fechado
Do subúrbio cinzento
O insólito:
Ouves e vês o mar.

Nos teus olhos o desejo
A brilhar , sem parar
Mexe os dois corpos
Na vontade de se afirmar

Tem a força das marés
Cheias, a pulsar no ventre
E descobre a areia da praia,
O centro, a bússola permanente

Vai crescendo sempre o ritmo
Do carinho que partilham, verdadeiro
No pensamento que voa
Gaivota em busca de companheiro

E no meio das ondas, gulosa, descobre o festim,
Mergulha o bico, afunda o alvo pescoço
E extasiada grita, por fim
Quando caem as correntes do seu alvoroço

Nota: E, já agora...Vão lá comprar (ou ouvir na net) o disco da "menina Krall"... Soberbo!

quarta-feira, abril 29, 2009

A Gripe Animal


Era inevitável!! Estávamos todos a olhar para o ar, a tentar proteger famílias e bens do perigo esvoaçante constituído pela Gripe Aviária, quando a mesma cobarde doença apanhou-nos distraídos e ...atacou por terra, disfarçada de Gripe Suína!!

O Inimigo ataca sempre onde menos se espera...

Seja Aviária, Suína ou ainda outra variante dos HSN1 ou H1N1 que por aí se anunciam, o certo é que temos de começar a tomar cuidado.

Não se excitem com o facto do epicentro do fenómeno ser aparentemente longínquo, na República Mexicana , mais precisamente na sua capital. Como estes vírus viajam bem pelo ar e se transmitem por uma simples conversa , é certo e sabido que em menos tempo do que aquele que é necessário para escrever um ou dois Posts destes, o viruzinho aqui chegará ao solo pátrio...

Não quer isto dizer que só por se ter descoberto mais esta estirpe dos "HN's" se esteja já em perigo da tal Pandemia de Gripe que todos os organismos mundiais temiam, a começar pela OMS!

Para que se declare a Pandemia - epidemia a nível mundial - o nº de casos confirmados , em muitos países, tem de ser suficientemente elevado.
Custa a imaginar - ainda por cima em cima da Crise económica existente - quais seriam as consequências da Pandemia...
Pensemos no encerramento forçado de restaurantes, salas de espectáculos e recintos desportivos.

Pensemos também na contenção de qualquer tipo de viagem e num eventual encerramento de fornteiras a pessoas e bens ...

Duvido que Portugal aguentasse quinze dias sem importar comidinha?? Alguns de nós ainda teriam o recurso às Quintas, lá para a Beira Alta e etc... Mas e os outros?

Vamos aguardar com calma...Mas também não custa nada ir ao Médico de Família, fazer umas análises e (à cautela) pedir uma receita do Tamiflu...

Que , já agora, só poderá ser aviada - por enquanto - nos centros de Saúde... Nas farmácias não há.

O Governo pode ter receado - e aqui acho que fez bem - um açambarcamento do medicamento pelos ricos e afluentes. Por isso reservou os stocks para os Hospitais e Centros de Saúde.

Prudência e Caldos de Galinha...

Nota:
a ilustrar o Post uma fotografia de uma zona comercial da Cidade do México, mandada encerrar para conter a proliferação da doença.

terça-feira, abril 28, 2009

A Aproximação dos USA a Cuba



Todos sabem que de vez em quando - sendo a comida e a companhia adequadas - gosto de fumar um charutinho.

Ora mesmo em épocas de vacas magras como as que atravessamos não sou capaz de enfiar nas narinas e na garganta outros "fumos" que não os dos verdadeiros havanos de Cuba.

Digam o que disserem, falem o que falarem sobre as vantagens de comprar nacional (marca Estrela açoriana) ou na República Dominicana (os Davidoff que bazaram da Ilha zangados com o Fidel) ou outros ainda. Mas, de facto, o gosto , o cheiro e o acabamento dos "cubanos" não têm rival .

Quando estou mais endinheirado ainda sonho com as bitolas grandes das marcas conceituadas (Cohibas Pirâmides, Ramon Allones Gigantes, Partagas Lusitania) e por aí. Sempre que vou a Genéve tento dar uma saltada ao Gérard, que tem charutos maneirinhos, de bitola média, maravilhosos... Quando a bolsa é mais curta temos de nos remeter às bitolas mais pequenas, os Robustos Hoyo de Monterrey Epicure 2 ou os (novidade) mini-robustos, em práticas e económicas embalagens de 3.

Fiz as contas várias vezes. Com o meu senhorio e eu próprio a consumirmos - cada um - 2 a 3 charutos por mês, mais ou menos, uma caixa de 25 dá-nos para 4 ou 5 meses... Dependendo dos preços da caixa pode ficar-nos este vício entre 70€ e 30€ por mês... Quem fumar 2 maços de Marlboro por dia é capaz de gastar mais do dobro...

O que é que isto tem a ver com a regularização das relações entre os USA e Cuba?

Bem, é que todos os entendidos dizem que quando o boicote a Cuba for integralmente levantado, o apetite do gigantesco mercado Norte -Americano pelos Havanos será de tal forma grande que a produção de Cuba se verá aflita para o satisfazer... só a ele! E a Espanha, Suíça, e o resto da Europa como vai ser??!!

Se a teoria económica continuar a ser verdadeira neste ano da Crise, o que se vai passar quando a Procura exceder a Oferta?

Exactamente! Vão subir os preços ! E muito!

Conclusão: mesmo em ano de crise quem puder que começe a açambarcar algumas caixitas de Havanos... Num bom humidificador conservam-se - à vontade - mais de 2 anos...

segunda-feira, abril 27, 2009

Conhecem a Residencial Borges? Ai não? Então façam as malas sff



Tenho o privilégio de trabalhar numa Empresa onde nunca estou sózinho, vá para qual seja o local mais recôndito deste nosso Portugal. Em qualquer pequeno Concelho temos sempre uma estação de correios e, lá dentro, homens e mulheres conhecedores da sua Terra, e desejosos de connosco compartilhar esse conhecimento.

25 de Abril de 2009

Almoço a conselho do nosso Chefe de Estação de Baião numa Residencial local:

Residencial Borges
Rua de Camões
Campelo
4640-147 - Baião
Tlf. 255541322
Fax. 255540178


Não se iludam pelo facto de estarmos numa Pensão Residencial de três estrelas!! A Sala de Refeições é de grande gabarito, tanto em apresentação como na qualidade das "roupagens" das mesas. E o serviço - se bem que um pouco "à pele" quando a sala está cheia (como era o caso) - é esforçado, conhecedor e muito simpático.

O que se come aqui na "Borges" é limitado, tem tudo a ver com a culinária local, e é de uma qualidade extrema em termos de matérias primas e de confecção.

Entradas: Alheiras; carne de vinha d'alhos; presunto curado localmente
Pratos de Peixe: Bacalhau assado com natata a murro; bacalhau à moda da casa
Pratos de Carne: Anho assado com arroz de forno; cozido à portuguesa; vitela arouquesa assada
Sobremesas: Pêras com vinho tinto; gelado com frutos silvestres; doce da casa.

Comeram-se as entradas (magníficas!) e depois passou-se pela vergonha de pedir Cozido à Portuguesa e Anho Assado no Forno para testar ambos e estavam de se lhes tirar não um, mas vários chapéus!

Embora o nosso Chefe (da Estação!!) ainda tenho sugerido para sobremesa "umas lasquinhas desta vitela arouquesa aqui mesmo criada!" pediram-se mas foi os cafés e só nos dava vontade de fazer os 7 ou 8 Km a pé até ao cemitério onde repousa Soeiro Pereira Gomes para desmoer o almoçinho do 25 de Abril...

Os enchidos do cozido eram todos caseiros, o anho era criado ali mesmo, a forma de fazer apenas tinha o cuidado - que penhoradamente se agradece - de não disfarçar os sabores e texturas naturais. E o resto foi como relatei.

Quanto a vinhos, há que referir primeiro que Baião se encontra numa zona de transição entre o Verde e o Douro. Tal pecularidade dá aos seus vinhos regionais um travo de novidade e de encanto. Bebemos as canecas de branco\verde local (de litro) a uns módicos 4€ cada uma... E pedimos um Verde Tinto de marca (Quinta do Outeiro de Baixo) que nos foi proposto a 7,5€ cada garrafita!

Quatro indivíduos, a comer o que disse e a beber o que referi, com 4 cafés, pagaram tanto como...70 euritos por este almoço da Liberdade 35 anos depois.

Isto prova que - neste nosso País e apesar da Crise - ainda é possível fazer muito bem comida e vendê-la a preços normais.

De que estão à espera? Toca a marchar para Baião!!

O 25 Abril em Baião


Cerimónia solene na Câmara Municipal de Baião, com todas as formalidades habituais. Entre os convidados um sobrinho de Soeiro Pereira Gomes, o Sr José Casanova, Director do Avante e membro do Comité Central do PCP, e aqui o vosso Blogger...
Na Mesa da Presidência todos (eu também, com muita honra) de cravo na lapela.
Por entre os discursos da ocasião, releva-se o do Sobrinho de Soeiro, a lembrar como o Tio fora educado, entre seis irmãos e irmãs filhos de agricultor, todos a tirarem cursos superiores mesmo que à custa da venda das terras do progenitor, que - nos 1920's - dava mais importância à educação dos filhos (e das filhas!) do que aos bens materiais... Que lição para certas famílias de hoje em dia!

José Casanova referiu-se aos anos de luta política de Soeiro, ao seu envolvimento no PCP e à forma como foi obrigado a passar à clandestinidade.

Todos os Partidos da Oposição local discursaram, sobre o 25 de Abril e sobre o homenageado.

O Presidente da Câmara ( do PS) é que abusou do seu tempo, desfiando o "rol" completo do que tinha feito pelo município e do que ainda esperava fazer se fosse reeleito... Tivémos que ter paciência...Com as Eleições à porta todos os momentos são bons para fazer campanha...

Aqui o Blogger , como de costume, ignorou soberanamente o discurso carinhosamente preparado para a ocasião e falou de improviso sobre a Filatelia e a preservação da memória histórica do país, e de como, às vezes, tal objectivo estava dificultado - lembrando a evocação do próximo centenário da República e os 900 anos de D. Afonso Henriques.

Leram-se trechos dos Esteiros , o Livro que Soeiro dedicou a "todos os Homens que nunca foram meninos" . Almoçou-se e seguiu-se a Romagem ao cemitério.

sexta-feira, abril 24, 2009

Blogger celebra o 25 Abril em Baião


Centenário de Soeiro Pereira Gomes, um dos expoentes do neo-realismo , nascisdo e criado em Baião, duriense e nortenho de gema.

A Câmara Municipal de Baião faz homenagem a este filho da terrra, e os CTT - a propósito do lançamento do selo comemorativo dos 100 anos de Soeiro (na emissão Vultos da História e da Cultura) - foram também convidados a participar.

E aí vou eu...

Não deixarei de dizer o que por lá se passar e (eventualmente) fazer crónica do que bem comer e beber em Terras de Baião.

Para que todos se lembrem e os mais novos conheçam


Nesta Sexta feira 24 de Abril, a véspera da Liberdade há 35 anos atrás, recorro a Torga e ao seu poderoso Poema de Guerra e de Resistência para recordar a quem passou por isso e ensinar aos mais novos que, em Portugal, tempos houve em que estas reflexões que aqui faço não seriam possíveis.

Viva a Liberdade!

De escrever , de participar, de criticar, de julgar, de maldizer , de inquietar, de desenhar, de representar, até de ...Amar!


Não Passarão!

Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
Aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!

Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
Que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
Entre o sangue vertido
E o sonho desfeito.

Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
De traição e de crime
.Só mesmo se não fosse o mundo todo
Que na tua tragédia se redime.
Não passarão!

Arde a seara, mas dum simples grão
Nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação,
Não morre um povo!
Não passarão!

Seja qual for a fúria da agressão,
As forças que te querem jugular
Não poderão passar
Sobre a dor infinita desse não
Que a terra inteira ouviu
E repetiu:
Não passarão!

Miguel Torga in Poemas Ibéricos, 1965

quinta-feira, abril 23, 2009

Dia do Livro



Ler cada vez menos é prática corrente dos portugueses, que a justificam estatisticamente pela falta de dinheiro...

Dinheiro a faltar - pela vulgaridade do assunto - é matéria que nestes tempos já nem sequer daria pé de página em jornal de província, quanto mais editorial ...

Mas por quantias comedidas e adaptadas à cabra da crise ainda é possível Ler, e em bom português de origem ou com tradução certificada...

Aqui deixo algumas sugestões cuja escolha só responsabiliza o V. escriba:

- O Delfim (Cardoso Pires)
- O que diz Molero (Dinis Machado)
- Angústia para O Jantar (Stau Monteiro)
- História do Cerco de Lisboa (José Saramago)
- Os Passos em Volta (Herberto Hélder)
- Barranco de Cegos (Alves Redol)
- A Casa Grande de Romarigães (Aquilino Ribeiro)
- Escrita da Terra (Eugénio de Andrade)
- Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa (Eugénio de Andrade)
- Poesias Completas (Alexandre O´Neil)
- Espólio de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
- Contos (Fialho de Almeida)
- Os Pobres (Raul Brandão)
- Portugal Contemporâneo (Oliveira Martins)
- Os Maias (Eça de Queiroz)
- Sermões (Pe António Vieira, Vol I e II)
- Obras Completas (Gil Vicente)
- Lírica (Camões)
- Crónicas (Fernão Lopes)

Já me esquecia de lhes lembrar que os Correios de Portugal editam desde 1983 (foram o primeiro Operador Postal do Mundo a editar Livros com selos dentro). Numa Estação de Correios perto de si pode comprar as nossas últimas novidades:
- Herança Africana em Portugal (Prof. Isabel Castro Henriques)
- A Cerâmica Farmacêutica e a Arte de Curar (Paula Basso)
E pronto, já têm que ler (ou que reler) até ao fim do Verão :):):):)

quarta-feira, abril 22, 2009

Dia Mundial da Terra


Em honra da Mãe Terra sai poema, embora não seja Sexta Feira.

Com tanta má escolha industrial que foi feita e que continua a fazer-se, com tanta gente ilustre a duvidar do aquecimento global, com tantas formas nocivas de tratamento de resíduos, com tanta mina ainda a céu aberto, com tanta ganância a impedir as boas práticas ambientais, só nos resta ter Esperança:


ESPERANÇA

Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco...
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado.

Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'

E agora Senhor PM?


Entrevista interessante a de ontem à noite. Contundente a Judite, roçando a deselegância - mas foi respondida na mesma moeda pelo entrevistado . Mais comedido o Alberto. Podem ficar descansados os que vaticinaram água de rosas e lava pés da TV pública para com o ilustre convidado.

No essencial apenas notei que a resolução da crise passou ao lado da conversa.

O Futuro ficou para lá de uma cortina de fumo onde não se vislumbra grande coisa. Mas depois de termos lido os semanários económicos pátrios, mais o "Economist" propriamente dito e ainda o NYT e o Washington Post da semana passada, dá para perceber que, da Crise e do seu final, ninguém sabe nada, embora todos se deitem a adivinhar...

Porque é que aqui em Portugal seria diferente?

Sobre o Freeport José Sócrates, na minha opinião, esteve bem. Defendeu-se ao ataque, de acordo com a velha técnica de Mestre Bella Gutman (que saudades...) e quis demonstrar que a "cabala" foi orientada e dirigida como um ataque político. Sobre isso não estou de acordo e explico.

Não acredito que o PM tenha roubado ou se tenha deixado subornar, dou mais credibilidade ao facto do Sr Smith - esse sim, ladrão e intriguista - ter utilizado o seu nome para tentar escamotear mais uns milhões à Freeport. Mas tal como JS só pôe aparentemente as mãos no fogo pelos seus Secretários de Estado, também a mim não me custa acreditar que alguém da "entourage" do Ministério do Ambiente se tenha deixado seduzir...

Depois? Depois houve quem se aproveitasse... Desde logo o Tio e os Sobrinhos, a quem esgrimir tão sonoro apelido dava vantagens concorrenciais , e também o "bom povo português político da oposição" que deve ter esfregado as mãos de contente e aproveitou a "borla", mas isso foi depois.
E pronto, ficamos à espera que a Justiça resolva o assunto. O melhor é esperarmos sentados...

Uma última nota para aplaudir de pés e mãos os comentários de JS ao inenarrável telejornal da TVI das Sextas Feiras, onde é miseravelmente utilizada a presença do meu mestre Vasco Pulido Valente para dar um ar credível àquela propaganda digna do mais reles tablóide ... Mas é assim...São os escândalos que vendem e as más notícias que fazem as pessoas pregar os olhos à TV.

Vasco, sei que tens muitas despesas (só em tabaco e whisky dá para imaginar...) mas sai daí! Vem-te embora e deixa a tua patroa tratar das "mércolas" lá para casa. Bem basta que um dos dois esteja comprometido...

Um Comentário ao "velho" Eça

Um nosso leitor Comenta:

Também sou um grande apreciador do Eça, que aliás, nunca foi tão actual, mas não faça confusões... há os «portugueses de gema» privilegiados - vulgo "tachistas"- como parece ser o caso e há os que trabalham e muito para levar para casa "algum" com que alimentar os filhos. Estes nem sequer sabem que há um "Púcaro", um "Mestre Zé", um "Monte Mar"... Têm que produzir para os "parasitas" poderem «nunca acabar o que começam» e «trabalhar quando lhes dá na real gana» e frequentar bons e caros restaurantes. Estes, a maioria é que são o «português de gema».

Comentário: E é verdade... Talvez tenhamos agora mais "portugueses de gema" do que aqueles que existiam nos tempos do Eça...Também porque a Demografia ajudou e as "primaveras" da Revolução murcharam...refiro-me àqueles tempos onde era possível ver no Ginjal um operário da Lisnave a trincar uma lagosta (como era seu direito) ...

terça-feira, abril 21, 2009

Um Livro admirável


Farto de tanta desgraça dei por mim a reler uma destas noites o velhinho Eça .

Nestes dias onde tudo o que é jornalista, radialista ou âncora de TV publica romances - nunca li nenhum, só vejo de relance e às vezes o "Equador" na TVI por causa das senhoras actrizes (salvo seja) - faz bem perdermo-nos outra vez na mente intrincada do João da Ega às voltas com o seu Livro, o tal admirável e único Livro que nunca escreveu nem escreverá - o Átomo!

João da Ega era um homem de gostos refinados, amante da boa vida , amigo dos seus amigos, tinha sempre a resposta na ponta da língua e esta era afiada deveras... Lá tirou o curso em Coimbra, com os seus vagares; depois... bem, depois tinha uma Tia e uns Pais ricos que o "amparavam" na sua vida de diletante, amador da gastronomia portuguesa e francesa e , mais do que tudo, de intelectual boémio e bem nascido, colaborador em alguns periódicos mais pelo prazer de ver o seu nome em letra de imprensa do que por outra coisa qualquer.

Ao contrário do seu amigo Carlos da Maia - um "sportsman" na altura, diríamos hoje um "playboy" - João da Ega nunca foi muito dado às actividades físicas, com excepção da frequência da cama da "banqueira" Cohen, nunca sabendo nós se o fazia por amor se por achar graça a "empalitar" o traste do seu Marido, presidente do Banco de Portugal lá na altura...

Mesmo sabendo que Eça de Queiroz o revestiu - segundo alguns biógrafos - da sua própria personalidade, é esta a personagem de "Os Maias" com que sempre mais me identifiquei.

Tem tudo o que é português de gema: nunca acaba nada do que começa. Só "trabalha" quando lhe dá na real gana. Diz mal de tudo e de todos. Não tem tento na língua. Despreza um Governo onde o imbecil Ministro da Educação pensa que os ingleses - "povo prático, povo eminentemente prático" - não têm literatura, nem cultura...

Leiam, leiam muito e outra vez "Os Maias" e vão ver como lá encontram retratos bem tirados daquilo que - ainda hoje - faz com que sejamos o que somos ... Para o Bem e para o Mal...

O Zé comenta as relações PR-PM

Se as relações entre o Presidente e o PM se pautam por verniz e pouco mais, ou seja o politicamente correcto, nesta época de Crise, estamos feitos.

Quero acreditar que o sentido de Estado se sobreporá, aos interesses instalados e de Poder, se não Raúl, como dizes e bem o coveiro tanto poderá estar no largo do Rato, como na Lapa, ou em S.Bento.

Será mais do que nunca necessário o lema do Benfica, que infelizmente também agudiza a Crise " ET PLURIBUS UNUM", mas infelizmente não vejo local de onde saia grande coelho. Quando há momentos vi como notícia de Telejornal a preocupação da lei das quotas, nas listas das eleições Europeias...

Será que os partidos só se preocupam com coscovilhice?Não há mais nada para dizer?Uns a dizer o que os outros disseram e é óbvio, os outros a desmentirem e o Zé papalvo a ter de aturar isto, como se o problema da participação cívica de Homens e Mulheres fosse uma questão de quotas e não CULTURAL E EDUCACIONAL.

Vamos ver aonde isto vai parar? Mas que não vai longe não, se fôr este o caminho. Querelas, questiunculas, cortinas de fumo e sempre os mesmos...já não estará na hora de Mudar? e depois o que se espera? Participação?!!!!

Tenho muitas dúvidas, enquanto os pseudo opinion makers continuarem a baralhar e confundir, em vez de clarificar e esclarecer....será que estão mesmo interessados nisso?

Vamos a ver? Com verniz ou sem ele....que não haja um ou mais Coveiros....

Comentário ao Comentário: casa onde não há pão... No Benfica como no País...Aliás, o que é bom para o Benfica é bom para o País!! Essa é que é a grande verdade ! Insofismável!! :):):):):)

segunda-feira, abril 20, 2009

Estala o verniz entre o PR e o PM?


Época de Eleições à porta... Recados para cá, Recados para lá... Estará desfeita a "entente cordiale" que de facto existiu nas relações entre Belém e S. Bento desde que este Governo tomou posse?

Dirão alguns que seria inevitável que o Professor Cavaco Silva , vendo chegar a temporada eleitoral, fizesse suas as dores do seu Partido e lhe desse uma preciosa ajuda...Ou não?

Para quem conhece bem o actual Presidente tal conjuntura não faz o mínimo sentido. De facto, dizem os seus próximos, neste PR o sentido de Estado é de tal modo avassalador que a sua consciência nunca lhe permitiria qualquer tipo de ingerência na vida partidária, como a que foi sugerida. Muito menos às portas das Eleições.

Acreditando nisto, então o que se estará a passar?
Ou o PR sabe mais do que nós em relação a certos processos mediáticos que envolvem figuras públicas e pretende distanciar-se delas a pouco e pouco, ou então descrê da actual política governamental para enfrentar a Crise e não se coíbe de o ir demonstrando aqui e ali.
Um dos maiores defeitos do actual PR é nunca ter perdido os tiques de Professor universitário( sei bem do que falo, pois muitas vezes me acusam do mesmo). Nessas circunstâncias acredito que o Professor Cavaco- especialista em Finanças Públicas - se tenha descaído a "dar lições" ao Governo sobre o que se deve ou não fazer nesta conjuntura terrível.

No final de 2009 pode ser que o pior momento da Crise esteja já ultrapassado nos USA. Daí até que se sintam os efeitos da recuperação nas economias ocidentais europeias mais desenvolvidas poderão distar 6 ou 7 meses. Para as outras - as economias mal preparadas , com industrias fracas e pior qualificação dos seus recursos humanos, as chamadas economias de serviços - haverá que esperar mais um ou dois anos... E aqui se inclui Portugal.

Só que a Crise como cobertor explicativo de todos os males que nos sucedem - e se tudo correr bem - deixará de poder ser utilizada aqui no burgo como desculpa lá para o Outono de 2010... Então, e só então, Portugal chamará à pedra quem nos governe na altura.

Se tudo correr mal e se nem os USA nem o Japão saírem da Crise tão cedo, será irrelevante quem nos governe, pois o buraco onde estaremos atolhados tanto poderia ter sido aberto pelo coveiro do Largo do Rato como pela coveira da Lapa...

Ainda o Caso Maddie

Uma nossa Leitora comenta:

A "verdade" do Inspector não está assente em provas materiais, apenas num conjunto de especulações bem formuladas.Até que ponto deve alguém que acabou de sofrer a pior perda do mundo ser acusado apenas com base num conjunto de especulações, por bem articuladas que sejam?Todos temos as nossas verdades...

Comentário ao comentário: e é bem verdade... Tudo aquilo que vimos e ouvimos na TVI é apenas uma teoria, mas de facto criada com suficiente racionalidade para fazer pensar.

Comentários do Zé

O nosso Zé ataca veementemente as causas da Crise e os Processos de enriquecimento ilícito.


Aqui:

Crise Financeira,crise económica,crise social, previsões, economia real, mercado, deflação, recuperação económica, crise global, efeito bola de neve, activos tóxicos e com efeito de bomba atómica, é o chorrilho, desculpem lá o palavrão, de conceitos e discursos com que diariamente somos bombardeados.

Dizer que não seria expectável chegarmos a isto? Na onda do virtual e desmaterealização em que a Economia Global, se envolveu e na crendice de auto-regulação que o mercado era capaz? de políticas monetaristas, desreguladas e de fuga para a frente? É algo em que muita gente bem intencionada, informada e esclarecida avisou.

É obvio que depois da casa roubada trancas à porta. Mas para onde é que isto vai? Qual é a verdadeira dimensão disto? Os senhores dos carteis, que dominam a economia mundial estarão verdadeiramente empenhados em renunciar ao poder? ou a parte dele? Travestisados de liberalismo,regulação,Keynesianismo, quanto baste ou e não proteccionismo quanto baste, versus concorrência? Desde que não os afecte.


Umas esmolitas e o pagode lá se vai calando e pagando, com o medo do que ainda aí poderá vir?....Mas a panela creio que já está a ficar cheia e se isto não fôr aproveitado, para passar de discursos e reuniões a acções que restaurarem a Confiança poderá que seja um terramoto pior que o de Itália....Não comento as previsões do Banco de Portugal....porque acho mau de mais, as informações que tem vindo a lume...basta olhar para as anteriores e um mês depois é isto?....incompetência não é de certeza....mas....

BOM SENSO E DEiXEM DE OLHAR SÓ PARA BAIXO; O PROBLEMA E A SOLUÇÃO ESTÃO EM CIMA...RESPONSABILIZEM..... DECORO UM POUCO DE CARACTER....BASTA DE TRETA É PRECISO ACTOS....E DEPOIS É A CRISE?

E Aqui:


Sempre mais vale tarde que nunca. Será mesmo pra Valer?Parece que finalmente se pretende, ou será só mais uma vez faz de conta? combater a corrupção e o tráfico de influências, que fez e continua a fazer escola nesta terra....e é o verdadeiro cancro do atraso em que este país se encontra...não é a pequena corrupção, são os verdadeiros tubarões que impunemente, pululam e que ainda se riem dos incautos, que por principios e valores,que ingénuos!!!, lá vão cumprindo.

Terá de ser uma guerra sem quartel, a este tipo de gentalha que enxameou e graça por todo o lado e que se travestisa, de qualquer forma, desde que lhes corra. São factos e mais factos e depois? que Sociedade pretendemos?

Quem não come alhos não cheira a eles, por isso,creio que a procissão ainda vai no adro. Mão pesada nesta gente, leis que sejam para regular e cumprir. Que o crime, seja ele qual fôr e muito menos o de colarinho branco, não compense.Se não, que Futuro? Cada um por si e a fazer justiça pelas próprias mãos?Mais vale tarde que nunca, mas há que ser EXEMPLAR, para ver se a CONFIANÇA E O ACREDITAR NUM ESTADO DE DIREITO É POSSÍVEL E NÃO INGENUIDADE OU UTOPIA?EXEMPLOS PRECISAM-SE E NÃO BODES EXPIATÓRIOS, que se arranjam rápidamente para branquear ou fazer de conta que tudo funciona.QUO VADIS PORTUGAL?

Será Fado ou maldição?!!! Esperemos que haja CORAGEM....Se Não?!!!!Isto ainda explode....

sexta-feira, abril 17, 2009

Para Descansar a Vista


António Ramos Rosa nasceu em Faro, em 1924, trabalhando como empregado de escritório, correspondente comercial, professor e tradutor.

Nos anos 50, radica-se em Lisboa, vindo a ser director das revistas literárias Árvore, Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia, tornando-se conhecido como ensaísta e crítico literário. A partir de 1958, com a publicação do livro Grito Claro, torna-se conhecido como poeta.

São fundamentais na sua obra poética os temas da terra, da água, do fogo e do ar. Em 1976 recebeu o prémio de tradução da Fondation de Hautvilliers e em 1988 foi-lhe atribuído o Prémio Fernando Pessoa.
(Nota: bibliografia por cortesia de Bibliomanias/Poesia & Poetas)

Mediadora da Palavra
Um rumor irrompe das nocturnas margens.
Sombras deslumbrantes.
Um fulgor que desnuda e que despoja.
Campo de água ágil.
Dança

Imóvel.
Uma cegueira arde
Incendiando o tempo.
Pátria à espera de delicado alento.
Soberano marulhar do inexplorável.

Unânime é a pedra.
Selvagem a palavra despedaça a língua.
Um silêncio central domina e orienta
A substancia primária.
A palavra inicia.

Rapidez da água entre resíduos obscuros.
Talvez o diadema.
Talvez a obscura dança aérea.
O leve poder do fogo, as suas marcas

ácidas. Pulsação dos poros.
Ardor do silêncio no nocturno centro.
Fulgor do desejo.
Uma deusa de água espraia-se nas palavras.

António Ramos Rosa (n. 1924)

Enriquecimento Ilícito, Sigilo Bancário e etc...

Passaram na Assembleia da República duas propostas de diplomas legais que , por um lado, vão ajudar a levantar o véu do sigilo bancário em determinadas circunstâncias e, por outro lado, vão permitir à Autoridade Fiscal que taxe a 60% todo o cidadão com valor superior a 100,000 euros em bancos e que não seja capaz de justificar a proveniência dessas quantias.

O PSD já veio acusar a 1ª medida por demasiado complexa (em termos de aplicação formal) e a segunda , com mais veemência, por entender que se trata de "Terrorismo de Estado e abuso de Poder".

Não conheço ainda o teor dos diplomas, mas - à primeira vista - não vejo como será impossível um honesto cidadão dizer ao fisco (e provar) que o seu dinheiro proveio do EuroMilhões, ou da venda de propriedades, ou até de mais valias na Bolsa (se ainda as houver...)

Dirão alguns que 100,000 euros é um limite demasiado baixo para essas cautelas...Pode ser, não discuto sem saber mais. Teria de ter em mãos uma análise da distribuição do valor das contas bancárias em Portugal para saber se esses 100,000 euros estariam (ou não) no patamar estatístico relevante para este tipo de legislação lhes ser aplicável.

Mas - e repito, à partida e sem mais informação - parecem-me estas medidas boas, desejáveis e que só têm um defeito: terem chegado demasiado tarde e depois da "Burra se ter metido nas Couves"...

Quem vende andares por 200,000 euros e declara nas escrituras 90,000 deve ser procurado e inquirido pelas autoridades. Está a roubar-nos! A todos nós e não apenas à autoridade fiscal.

Quem trafica deve ser perseguido. Quem esconde os lucros para não pagar impostos deve ser chamado à ordem. Quem compra máquinas no estrangeiro por 1 milhão de euros , com apoios de fundos europeus, e depois deixa lá em contas numeradas 100,000 - favor do vendedor - tem de ser acusado.

Quem recebe Luvas tem - no mínimo - que pagar impostos sobre as mesmas. Endireite-se, troque o termo luvas por "percentagem", "margem" ou "comissão", chame ao negócio "Lobby", como nos USA, e monte uma empresa legal para o explorar.

quarta-feira, abril 15, 2009

As Piores Expectativas para a Economia Portuguesa


Nesta Vida nem sempre temos aquilo de que gostamos ou sequer aquilo de que precisamos em determinado momento. Mas mesmo assim , contando com a proverbial "mala suerte" lusa, muitas vezes disfarçada de "desígnio divino", "Está escrito" , "É o fado antigo" e por aí fora, nenhum de nós estaria à espera das estimativas do Banco de Portugal para o final de 2009.

3,5% de quebra global na economia em geral, queda de 14% nas Exportações, de 11% nas Importações, Desemprego a aproximar-se perigosamente dos dois dígitos, etc, etc...

Já neste mês de Março houve pela primeira vez deflacção homóloga. Isto é, os preços do cabaz utilizado para avaliar a inflacção baixaram face ao período homólogo anterior.

A Deflacção generalizada - já aqui o expliquei - é um fenómeno terrível para qualquer economia, pois significa que as fábricas não conseguem escoar o produto , nem as lojas vendê-lo.

Porquê? Com essa baixa generalizada de preços daria a ideia que se estava a estimular o consumo. Mas não! Pelo contrário!! Se os preços têm tendência a baixar todos os dias os consumidores serão levados a adiar as suas compras sempre "para o dia seguinte" à espera de ainda melhores condições... Desta forma as empresas não têm meios de fazer face aos seus compromissos de tesouraria, encerram e despedem.

Ao despedirem-se cada vez mais pessoas entra-se numa espiral de recurso à Segurança Social (se esta ainda estiver em condições de resolver todos os casos) que tem por consequência ainda um menor consumo dos particulares, neste caso por óbvio "aperto" das suas carteiras...

Onde nos leva esta situação? Em limite à desobediência civil, a tumultos nas ruas, à falta de pagamento generalizado da àgua, da electricidade, das escolas...

Caso nada seja feito estaremos no limiar da Guerra Civil, como muito bem sabe quem estudou as economias de alguns Países sul-americanos e da América Central.

Mas aqui com uma agravante: é que o FMI - entidade supranumerária a quem se recorre nestas situações - estará provavelmente também falido...

A Crise é Global e não apenas Nacional (antes fosse só nossa...) e não existem medidas avulsas de cada País isolado que a possam combater. Aqui no caso de Portugal, por exemplo, apenas a retoma das Exportações - que depende da saúde das economias dos Países que nos compram as coisas - poderá levantar este espesso véu de cinza que nos começa a cobrir, tal como no dia seguinte a uma erupção vulcânica.

O mais estranho e despudorado, contudo, é que há quem diga que os Bancos Nacionais e Internacionais não obstante avisos, castigos e auxílios dos seus Governos, continuam a vender os tais Activos Tóxicos que causaram este problema inicialmente!!

Se assim for - o que não deve ser difícil de comprovar - de que é que estão os Reguladores à espera?

Ou, como há também quem diga, esperam que sejam os extremistas a tomar o assunto nas suas mãos?

Já começaram a queimar carros e casas de banqueiros...

Há sempre, em todas as ocasiões de graves crises, quem delas se aproveite para estimular o caos e a destruição dos padrões da sociedade e - devemos frontalmente questionar - o que será mais destruidor da cultura ocidental neste momento? Mais um Atentado do tipo "nine eleven" ou um contínuo agravar desta Crise?

Dá que pensar se Bin Laden não estará transvestido de Banqueiro...

terça-feira, abril 14, 2009

A Verdade de Gonçalo Amaral


Vi ontem à noite, na TVI o documentário sobre o "Caso Maddie" na versão do antigo Inspector da Judiciária entretanto afastado do mesmo caso por causa de uma entrevista dada a um dos nossos jornais.

Não sei se são da mesma opinião, mas a versão do Inspector parece bem alicerçada em provas e deduções. É claro que também seria esta a versão que mais gostaríamos que fosse verdade, uma vez que "limparia" o nome e a actuação das Polícias portuguesas nesta miserável história, mas mesmo assim e dando o desconto do factor "casa" , se me permitem, achei que a construção policial estava muito bem feita por Gonçalo Amaral.

E, no mínimo, pôem-se questões estranhas : quem dicidiu arquivar tão cedo o caso e porquê? Porque motivo uma situação aparentemente banal - se não em Portugal pelo menos em Inglaterra, para já não falar dos USA - meteu influências políticas tão "pesadas"?

E se os tais cães pisteiros tinham uma percentagem de êxito tão alta como foi referido no documentário, porque razão as suas reacções foram desvalorizadas?

E, por último, o que se passou no Laboratório de Análises inglês para onde foram enviados os espécimens de ADN encontrados, para que se conheçam pelo menos duas versões de relatório final antes da versão que foi dada como sendo a OFICIAL e que, como sabemos, dava como inconclusivas as análises feitas?

Tantas dúvidas dão no mínimo o benefício da mesma dúvida a esta versão ontem apresentada...

Uma questão não foi no entanto esclarecida ou sequer abordada: Onde foi parar o corpo? Terá estado 3 semanas escondido num local até ter sido posto na mala do carro alugado e lhe terem dado sumiço? Mas quem? E para onde?

O Mar estava perto e com algum conhecimento dos movimentos das marés um especialista poderia explicar o porquê de se terem esperado 21 dias (ou mais) para o fazerem desaparecer para sempre.

Uma única certeza temos, a de que a pequenita morreu. E que ainda não lhe foi feita justiça...

domingo, abril 12, 2009

Os Vinhos da Páscoa


Temos cá em cima uma adega virada a Norte que é uma maravilha para conservar os meus vinhos mais antigos. Na altura do meu saudoso Amigo Dr. Chambel - Fórum Prior do Crato - não deixávamos passar uma oportunidade de comprar bons vinhos em garrafas Magnum, formato que não era muito utilizado então mas que os verdadeiros conhecedores preferiam pela maior longevidade que dava ao vinho.

O Dr Chambel casou com a filha do dono das Caves Império da Bairrada, senhor que toda a vida percorreu a Bairrada e o Dão à procura de bons vinhos para lotear, tendo sido sempre acompanhado pelo genro nessas deslocações.

Não admira, assim, que o Dr Chambel soubesse a que portas deveria ir bater...E quando.

Comprei, aconselhado pelo meu Amigo e em lotes de 24 Magnuns , entre os anos de 1995 e 1998 , as seguintes marcas:

- M.Santos Lima, Dão de Silgueiros, Reserva de 1990
- Rodrigo Santos Lima , Dão da Passarela, Reserva de 1989
- Casa de Saima , Bairrada, Reserva de 199o
- Frei João , Bairrada, Reserva de 1990

Tive, para além destas, e em lotes mais pequenos, algumas outras Magnum, como as da Adega Cooperativa de Borba rótulo de cortiça ou as da herdade de Esporão, que tentava comprar assim que saíam, mesmo na Adega da Quinta. Também as inevitáveis Barca Velha quando podia (2 ou 3 de cada ano); ou as Quinta do Côto Grande Escolha. Mas estas eram muito caras!
Só para terem uma ideia, cada Magnum do Dão em lote de 24 ter-me-á ficado , ao tempo, por cerca de 8 euros...

Agora estamos a acabar com as Dão Passarela porque estão a ficar em risco, medido pela quantidade de liquído que lhes falta "no cano do gargalo". Recordo que esta quinta mítica tem fama de ter sido um dos locais onde (blasfémia!!!) o Sr Nicolau de Almeida procurava elegância para domar a exuberância das castas do Douro de onde veio a sair o Barca Velha...

Mas as de Bairrada (Saima ou Frei João) estão soberbas ainda, com 20 anos de idade!
E as do primo Santos Lima de Alcafache (Silgueiros) embora um pouco piores do que as de Bairrada ainda pedem meças a muito vinho novo...

Hoje vou abrir (aliás, já está aberta) uma Bairrada do Saima que desde ontem foi posta em posição vertical e hoje de manhã decantada.
Vai acompanhar um Cabrito assado no forno com batatinhas, ervas à moda da Estrela (esparregado grosso) e salada de agriões com cebola.

Para quem não tem esta possibilidade em sua casa aconselho um Dão da Pellada de Álvaro de Castro, o de 2005 por exemplo. Ou então um DODA aventura de Dirk Nieeport com o mesmo Àlvaro de Castro que começou por chamar-se DADO (Dão e Douro) ...

Bebam com moderação, sobretudo se ainda hoje se puserem ao caminho!

Boa Páscoa para todos!

sábado, abril 11, 2009

Cheguei eu, chegou a Neve à Serra...


Bom, para dizer a verdade de facto coincidiu com a minha apresentação em S. Martinho a chegada do tempo frio e da neve ao maciço central... Agora entender daí que fui prenúncio da modificação climática é presunção que não posso nem quero assumir..Mas lá que dá um título de belo efeito para este Post, isso dá...

Ontem à noite , depois da cabeça de garoupa cozida com todos, com aquelas couves que se tornam doces e se desfazem na boca, havia pouco apetite para o jantar. Ensaiei um arroz de marisco com gambas e mexilhão, desperto com coentros picadinhos no final, mas o que valeu foi a companhia serrana que o devourou, fazendo jus ao trabalho do cozinheiro, pois a a malta que veio de Lisboa pouco manducou...

"Está tudo a dieta lá por Lisboa ou quê?"

"Vocês vêm mais magros! Pois pudera, se não comem já se vê que têm de emagrecer..."

Lá sossegámos as hostes que não se tratava de acomodar a crise gastando menos na comida, mas sim ter algum cuidado com a saúde e com a aparência...Aqui é que foi o problema...

"Aparência?!! Ainda para o Diogo vá lá que não vá, que é Jovem e precisa de encontrar mulher! Agora para si, nessa idade.. Tenha paciência que burro velho não aprende línguas! Coma e Beba e deixa as elegâncias para os novos!"

Eu bem disse que agora tinha namorada e que havia que brunir a jaleca, para não a envergonhar, mas não deu...

"Namorada!!?? Para que é que vocemecê precisa de namorada nessa idade??!! "

Para estes Amigos e Parentes (mulheres, já se vê!) o sexo deve acabar com a entrada nos quarenta, ou melhor, lá pelos 35 anos de idade... Deve ter sido a altura em que os maridos, fartos da comida caseira, começaram a experimentar um outro tipo de temperos...

A vida está difícil, e torna-se complicado explicar que um mânfio, embora já com os cinquentas no bucho, ainda não vive só de recordações, de buraquinhos feitos em abóboras aquecidas ou de grandes intimidades com a sua mão esquerda...

Agora que me saíu a "sorte grande" até consigo ouvir estes dislates do bom povo serrano com um largo sorriso nos lábios, seguro da minha "competência" nessas áreas carnais e tendo ainda na memória... (adiante que isto não é conversa para aqui...)

Tem paciência Isabel, que estou quase a chegar...

Para me vingar vou hoje fazer Feijoca com Pé de Porco para o almoço, e beber um tinto da casa tirado da barrica.

Feijoca à Pastor da Serra

Salgam-se de véspera os pés de porco, coloca-se a carne de vaca em vinha de alhos, lavam-se os chouriços de carne e reservam-se.

No dia pomos a cozer as carnes e a feijoca grossa num panelão, sem sal porque o pé já o leva.

À parte refoga-se noutro tacho azeite e alho com cebola fininha e três malaguetas desfiadas. Nesse refogado, depois de apurar, vai-se deitando lentamente umas conchas da água da cozedura das carnes , mexendo sempre com uma colher de madeira.
Este é o segredo para um molho grosso: pelo menos meia hora, a mexer devagar deitando água da cozedura das carnes.

Não tenham pressas, façam o refogado lentamente. Provem entretanto a àgua de cozer no panelão e rectifiquem de sal se necessário.

Quando o feijão estiver cozido retirem as carnes - pé de porco, carne de vaca e chouriços -cortem aos pedaços e reservem.
Está na altura de deitar a feijoca grossa para o tacho do refogado e deixar apurar uns minutos . A seguir , quando a feijoca começar a fervilhar, ponham as carnes de vaca e chouriço cortadas , por cima, e deixem cozinhar tudo lentamente por mais meia hora.

Bom Proveito!

sexta-feira, abril 10, 2009

Muitos Anos de Vida!


A nossa Amiga proprietária do Beira Mar fez ontem anos. Quantos? Não digo porque senão ainda sou impedido de frequentar o local, e tratando-se de um dos mais perfeitos comedouros (e bebedouros) cascavélicos não pretendo correr esse risco...

Festa de arromba em sua casa. Sobretudo no que respeitou aos vinhos...

Havia percebes magníficos, havia Robalos do Mar frios armados em Bela Vista, saladas diversas, salmão fumado, pata negra a cortar pelos convivas, salpicon de lagosta e gambas da nossa costa, lombo de porco com farinheira e grande variedade de sobremesas. Tudo de cair para o lado e não se esperava outra coisa já que o Pescador fornecedor do Peixe estava ali ao nosso lado, à mesa...

Mas com os vinhos é que veio a grande lição desta Quinta Feira Santa! Depois de uma amarga desilusão - a abertura de uma garrafa de 12 litros de Terras de Suão 1981 mostrou estar esta incapaz para o consumo - a Dona da Casa, Grande Senhora, mostrou uma caixa de seis Barcas Velhas de 1978, exigindo que as abríssemos ali mesmo, naquela altura! Altíssima responsabilidade .... Meio a medo fiz a prova e então não é que o estupor do vinho ainda estava SOBERBO!!!???

É claro que era um venerável senhor a exigir que o tratassem com muito respeito, não estamos aqui a falar de vinhos "à Parker", mas na sua velhice cheia de beleza e dignidade encontrava-se tanta qualidade e nobreza que quase nos comovemos. Um néctar com 30 anos ainda ali "para as curvas", bebível e mostrando na sua provecta idade o que "aquilo" deveria ter sido na juventude:um portento de força e pujança!

Obviamente que as bebemos todas, algumas delas estariamum pouco pior do que as outras, mas todas próprias para consumir. Um Grande Bem haja ao Senhor Nicolau de Almeida e outro igual à Dª Lurdes.


Ocasiões como esta são raríssimas e devem ser aproveitadas. Mesmo em Quinta Feira santa e apesar de certo invejoso que passou a noite a telefonar-me ...Tem paciência Artista do Deserto que pode ser que um destes dias leve também umas BV lá para a tenda do califado..Estou a ganhar coragem para gastar 200€ numa Magnum de BV 2000, à venda para Outubro...

Nota: surgiu durante a festa, e a propósito do imbebível Terras de Suão, uma dúvida sobre as dimensões e os nomes das garrafas grandes. Trago aqui uma referência que penso poder ajudar a esclarecer:

MAGNUM = 2 bottles

TAPPIT-HEN = 3 bottles Port only

MARIE-JEANNE =3 bottles of Bordeaux

JEROBOAM = 4 bottlesChampagne & Port

DOUBLE MAGNUM = 4 bottlesBordeaux

REHOBOAM = 6 bottlesChampagne

JEROBOAM = 6 bottlesBordeaux

METHUSELAH =8 bottlesChampagne

IMPERIAL = 8 bottlesBordeaux

SALMANEZAH = 12 bottlesChampagne

BALTHAZAR =16 bottlesChampagne

NEBUCHADNEZZAR =20 bottlesChampagne
A garrafa de 12 Litros de Terra de Suão ( se fosse Champagne) chamar-se ia então Balthazar - 16X0,75L= 12 Litros...

terça-feira, abril 07, 2009

Páscoa

Nova Páscoa, novo regresso às origens... Para mim este antigo ritual sobre a "passagem" significa, há muitos anos, simplesmente , "ir lá para cima" , para as montanhas.

Estes dias santos que se aproximam já me apanharão em Seia, à mesa comunitária, em frente aos fogões, esgrimindo as facas, garfos e colheres contra (melhor dito, a favor...) dos bons peixes que aqui por baixo encontrei e que levo no meu bornal.
Nesta ausência de alguns dias existe alguma mágoa, pois nem sempre de perfeição é feito o nosso mundo... Mas é antecipando o regresso que se encontram as forças para esta obrigação que, não sendo "sagrada" no sentido etimológico da palavra, nem por isso deixa de ser muito respeitável ... Pelas memórias de tempos antigos, pela estima que nos dedica quem lá se encontra, enfim pela humanidade associada a este encontro de parentes, duas ou três vezes por ano.

Assim, amigos leitores, farei um ou dois Posts em directo do Maciço Central, Sábado de Aleluia e Domingo de Páscoa, deixando-vos até essa altura a prepararem a vossa Páscoa.

Sejamos ou não crentes é importante, de vez em quando, pararmos para reflectir. Que esta Páscoa a anunciar o Verão seja - para todos sem exclusão de credos ou confissões - uma boa altura para essa introspecção e que ela nos sirva de guia e de apoio até ao fim deste ano de todas as crises, de todos os perigos...

O Terramoto


Os Abbruzos são uma parte montanhosa de Itália onde nunca estive mas que é famosa pela caça , pelos seus costumes ancestrais dos velhos senhores lombardos que por lá tinham feudo e pela rusticidade de algumas das suas cidades, locais onde o Renascimento parece que não chegou, preservando até aos dias de hoje uma arquitectura forte, pura e dura, à moda do estilo Românico, pesada de contrafortes e de apoios, livre das artes da pedra rendilhada que o Gótico veio trazer mais tarde.

Tudo isto, toda esta alternativa granítica e de musgo às delicadezas de Florença, na antiga cidade de Áquila, terá ficado em ruínas ontem de madrugada.

E, ao olharmos para a implantação da cidade, erguida sobre raízes de rocha alta, quase como a Guarda na nossa Beira Alta, quem diria que era assim passível de ser sacudida como um qualquer lugarejo feito de casas humildes de madeira?

Quase 200 mortos, 70,000 desalojados, milhares de feridos. Um património da Itália como terá sido antes do Cinquencento que não será possível de recuperar.

E é inevitável que se faça a pergunta:

Se fosse em Lisboa, na conhecida falha tectónica da nossa costa, como seria?

Que meios de salvamento temos disponíveis para estas calamidades? Quantos prédios (de construção anti-sísmica, ou não) na Cidade do Tejo poderiam aguentar estes espasmos da Terra? Quantos mortos ?

Dá que pensar... Mas o ideal é que também desse para Agir, para Planear, para Prever e para Acautelar...


segunda-feira, abril 06, 2009

O pudor de quem paga


"Quem paga é o Cliente!"

Já todos ouvimos um atendedor ou um empregado de mesa (ou proprietário de restaurante) mais aborrecido com a sua vida, pronunciar a frase realçada em cima. Esta é uma máxima do comércio de vigarista que tenta "passar" para o último degrau da escada a ineficácia da sua forma de fazer negócio e que não se deve confundir com a sua "irmã-gémea" : "Cliente é o que Paga!" que foi desenvolvida nos alvores do Marketing , nos EUA, para esclarecer de uma vez por todas como se identificava o Cliente em certos negócios mais confusos.

(Têm dúvidas? Então quem será o Cliente de uma estação televisiva? Quem vê (sintoniza) a estação, ou os anunciantes que lhe pagam e assim viabilizam financeiramente a sua existência? Ou ambos, já que a publicidade paga depende das audiências?)

A primeira frase é depreciativa porque implica desprezo para com o Cliente ou, na melhor das acepções, o reconhecimento de que as coisas más e desagradáveis são sempre passadas de mão em mão até acabarem no elo mais fraco: "quando o mar bate na rocha..."

A segunda frase, pelo contrário, é positiva e alerta o vendedor, o marketeer como agora se diz, para a necessidade de identificar perfeitamente a quem deve dirigir os seus esforços de "persuasão" , a sua publicidade. É um aviso para que se identifique correctamente o "target", o objectivo final de todos os esforços da companhia que tem um produto ou um serviço à venda.

Esta introdução serve para ilustrar o que tantas vezes se passa comigo e com alguns amigos meus.

Defensores da velha filosofia que o que interessa é passarmos por este mundo sem grandes sobressaltos nem grandes chatices, quando confrontados com situações de mau serviço ou de pior atitude por parte de quem "serve" (à mesa ou ao balcão , qualquer que seja o ramo) este tipo de pessoas - onde me incluo - prefere sempre passar adiante e ignorar o mau tratamento, do que fincar os pés no chão e exigir reparação lá mesmo, na hora e no local onde as coisas se passam. A nossa forma de reagir é nunca mais lá pôr os pés e passar palavra a toda a gente que conhecemos de que se trata de uma porta a evitar.

(Com esta atitude quem muitas vezes se "lixa" não é o "mexilhão", mas sim o Patrão, se a má educação for de algum empregado, com o seu desconhecimento.)

Mas existem outros cidadãos que não levam o "desaforo" para casa . Que imediatamente batem o pé e exigem o serviço a que têm direito. E que pedem o Livro de Reclamações , seja em Restaurante, Repartição de Finanças ou Super-Mercado.

Por estranho que pareça - e embora eu admire à distância quem toma essas posições de direito, porque reconheço que são elas que fazem progredir o mundo e que contribuem positivamente para o "bem comum" - quando pessoalmente estou acompanhado por quem as toma fico meio atrapalhado e não sei onde me devo meter...Até parece que fui eu que me "portei mal"...

Um grande amigo meu, já falecido, e que era a bondade em pessoa, dizia que "quem paga também tem pudor e há que respeitar isso". Nunca percebi muito bem o que ele queria dizer, mas entendo agora que deve passar por este tipo de atitude mais "cobarde", mais passiva do que reactiva, quando somos confrontados por mau serviço.

Esse meu amigo - que muitas vezes valeu a muita gente em dificuldades - costumava passar para o outro lado da rua quando avistava gente que lhe devia dinheiro! Quer dizer, não era o devedor que "fugia ao encontro" mas sim o que lhe tinha emprestado! Dá para acreditar?

Dá sim, porque conheço quem faça o mesmo ainda hoje ( e também sou eu, por acaso...)

O que ganhamos com esta postura conciliatória para com quem mal se comporta? Perdemos no imediato, no momento, mas ganhamos no médio prazo...

Provavelmente ganhamos anos de vida... Porquê? Porque evitamos o stress associado à discussão e porque tiramos as nossas conclusões serenamente para o futuro : normalmente esses são locais onde nunca mais voltamos a entrar.

É esta a atitude politicamente correcta? Claro que não... Mas não nos esqueçamos da velha máxima: "meu amigo é quem não me chateia" a qual eu complementaria com outra que inventei mesmo agora : " Só têm poder para nos incomodar as pessoas a quem nós próprios damos esse poder"

Ora não me estão a ver incomodado por gentinha sem importância nenhuma, pois não?

"Living well is my best Revenge!"

sexta-feira, abril 03, 2009

Para descansar a Vista


Sexta feira de sol a deixar adivinhar um fim de semana de devaneios pelos caminhos onde nos levar a imaginação.

Antecedendo a semana santa e as sérias reflexões que essa época traz aos crentes, faz bem sentirmos na pele de cada um de nós a esperança que, afinal, as conclusões do G20 nos permitem vislumbrar.

Desta Primavera de 2009 pouca coisa haverá a reter. Mas quando se avolumam as consequências do desemprego e da instabilidade social que ele provoca, quando a situação política estará cada vez mais embrenhada em "Freeports" e outros assim, quando até a nossa Selecção não permite refrigério e consolo ao triste "portuga", então - digo eu- que se façam das fraquezas forças, e que se aproveite o sol e o mar na companhia de quem nos ama.

E, como Mestre Eugénio de Andrade nos ensina, respirem, sempre, esse corpo que está ao vosso lado e que os acompanha "na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza..."

Respiro o teu corpo

Respiro o teu corpo:
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, abril 02, 2009

De novo o G20


Desta vez em Londres e enquadrada pelo maior dispositivo de segurança de que há memória, lá vamos assistir a mais uma reunião dos Senhores do Planeta. Aqueles que, juntos, representam 90% de toda a riqueza que é criada nesta terra.
O assunto "mais mediático" que por lá se vai discutir é a proibição eventual dos off shores, aquelas zonas francas existentes um pouco por todo o mundo, que albergam "bancos" e "viveiros de empresas virtuais" onde os ricos e os muito ricos podem colocar dinheiro em condições excepcionais face às autoridades fiscais.

Sem muitos comentários, até porque não sou especialista em finanças privadas, sempre digo que gostava de saber que tipo de argumentos LEGAIS se podem esgrimir para continuar com os tais off shores?

Em que condições um Estado deve permitir que a sua riqueza seja transportada para outro local, sem pagar impostos na terra onde foi feito o investimento?

Hoje de manhã ouvi um português (não sei se madeirense) defender o off shore da Madeira porque "...é a única forma de Portugal concorrer com os outros off shores em termos financeiros , para captar as aplicações dos ricos deste mundo e atrair investimentos das Empresas internacionais..."

Quer isto dizer que apenas se consegue defender um off shore em termos comparativos? É melhor termos o nosso porque "os outros têm o deles?" Sabem que isto me lembra a escalada das armas nucleares nos anos 60, durante a guerra fria?


Então se acabássemos com todos qual era o problema? Atrair o investimento estrangeiro faz-se só com incentivos fiscais? Vejam como esta política não impediu a debandada logo que a crise apertou... Em Portugal como na Europa.

Ou faz-se - muito pelo contrário - com políticas de competitividade salarial do tipo "Mombay", onde crianças trabalham de sol a sol pela comida e pela esterga em que se deitam?

Não entendo essas políticas de "atracção"... Por mim defendo o regresso a uma ordem económica mundial onde as práticas vis de emprego (escravidão seria melhor dito) implicassem de imediato proibição desses produtos darem entrada na " civilização do consumo" - Europa, USA, Japão.

Os três maiores bancos do mundo são actualmente chineses. O 4º é inglês, está sediado na City, mas chama-se " Hong Kong and Shangay Bank"...

Que políticas salariais, de protecção social, de sustentabilidade, de respeito pelo Ambiente, etc... são hoje em dia praticadas na China? Na China, tal como na India, onde se utilizam meios de produção da Idade Média, poluentes que baste e práticas de emprego idem, idem...

Mas são estes os Países do futuro, pela dimensão e sobretudo pela população... E o Ocidente hipócrita que para eles quer exportar maquinaria pesada, carros de luxo e outra tecnologia, fechará sempre os olhos às suas manufacturas manchadas de sangue, suor e lágrimas (chapelada ao grande Winston Churchil).

Por isso pela hipocrisia vigente, pela absoluta necessidade de se encontrarem meios de sair da crise que passem pela animação dos mercados externos, estou muito descrente das conclusões desta Cimeira de Londres do G20.
Mas posso estar enganado. E agora está lá Barak Obama...

quarta-feira, abril 01, 2009

Forum Filatélico da UPU

Caros Leitores,

Recomendo a consulta ao site anexo, onde está uma notícia sobre o Fórum Filatélico da UPU de 24 de Março.

"Après le forum de Berne du 24 mars 2009, il a été inséré une news sur le site Internet de l’UPU. Vous pouvez en prendre connaissance en allant sur":

http://www.upu.int/news_centre/2009/fr/2009-03-31_philately.html

Nem só de Dobrões está o Guincho cheio...



Que raio de título...


Apenas para vos dizer que fora dos circuitos habituais dos Restaurantes do Guincho "a ver o mar" - onde se incluem o Panorama, o Faroleiro, o Mestre Zé, o Monte Mar, a Fortaleza do Guincho e o mítico Porto de Santa Maria - também há outro local mais maneirinho, sem mar à vista mas rescendendo a pinheiros e com a vantagem de ter uma soberba esplanada mesmo a apetecer para estas tardes de Primavera. E ainda de preço módico, característica apetecível (ao quadrado) nestes tempos de todas as crises...


Falo do velho e respeitado


Restaurante Púcaro
Estrada do Guincho nº 13
Tel - 21 487 04 97

Como lá chegar é fácil: Estrada do Guincho. Deixem para trás o Muchaxo antigo e a Praia do Guincho. Antes de virarem para o cruzamento que os levará ao Bar do Guincho e Praia do Abano (famosa pelas lides novelísticas da TVI - Morangos...) repararão à esquerda numa clareira aberta num pinhal. É aí.

Neste Restaurante o peixe e marisco são fundamentais em termos de oferta ao passante (oferta é como quem diz...). Ora reparem numa amostra da sua Ementa:

Entradas: Mexilhões; Vieiras gratinadas com mariscos; Sopa de ameijoas.

Peixe:Tranches de garoupa; Filetes de cherne; Arroz de Marisco; Peixe de anzol na grelha ou ao sal; Parrilhada de Marisco; Lulas na Canoa com Amêijoas; Cataplana de Peixe.
Carne: Picanha; Sela de Borrego à Púcaro e Costeletas de Cordeiro na Brasa.

Como tal local é de referência marítima, manda o velho preceito lisboeta e português que encerre à Segunda Feira, respeitando a lei antiga que dava aos homens do mar o Domingo como folga, resultando daí que Segunda Feira era dia sem Lota da faina da véspera. É claro que hoje em dia, com a judiciosa ( e quantas vezes escandalosa) utilização da refrigeração, ficam estes velhos ditames sem sustento real... Todavia é de bom tom este tipo de casas dar-se ao respeito ao cliente, mantendo a tradição.

Numa visita de Sábado comeu-se uma excelente Cabeça de Garoupa cozida com todos ( trazendo grelos, bróculos, batata nova cozida, ovo cozido e grão de bico - este a pedido do vosso escriba). Acompanhou-se com Luis Pato branco Vinhas Velhas (muito bom e a uns notáveis 12,5€!) . Com as entradinhas habituais da casa e dois cafés pagou-se tanto como 39,70€....

Por estes motivos, bom peixe, preço muito assizado e cuidado na confecção - quem pensa que é fácil cozer peixe está muito enganado! O momento exacto para o tirar da água sem que fique espapaçado nem com a espinha ensanguentada demora tempo a apanhar e varia muito com o tipo de peixe e a respectiva dimensão - damos os parabéns ao Púcaro e aos seus proprietários.

A única parte fraca do velho poiso é insistir em guardanapos de papel (embora de qualidade superior). Pelo menos na Esplanada...

Nestes dias em que começa a sentir-se no ar - por antecipação - o cheiro da sardinha assada de Junho, têm os leitores aqui uma boa opção para a sardinhada fora de casa. Não será tão barata como alternativas já aqui referidas no Blogue, mas tem a vantagem de ter mais ambiente, de ninguém insistir para se libertar a mesa porque "há mais clientes à espera" e onde - se ligam a essas coisas - ainda é possível vislumbrar algumas cabeças conhecidas do carunchoso Jet Set luso. Sobretudo da Televisão...

Quem disse que não era possível ir almoçar ao Guincho sem esvaziar a conta bancária??