sexta-feira, abril 24, 2009

Para que todos se lembrem e os mais novos conheçam


Nesta Sexta feira 24 de Abril, a véspera da Liberdade há 35 anos atrás, recorro a Torga e ao seu poderoso Poema de Guerra e de Resistência para recordar a quem passou por isso e ensinar aos mais novos que, em Portugal, tempos houve em que estas reflexões que aqui faço não seriam possíveis.

Viva a Liberdade!

De escrever , de participar, de criticar, de julgar, de maldizer , de inquietar, de desenhar, de representar, até de ...Amar!


Não Passarão!

Não desesperes, Mãe!
O último triunfo é interdito
Aos heróis que o não são.
Lembra-te do teu grito:
Não passarão!

Não passarão!
Só mesmo se parasse o coração
Que te bate no peito.
Só mesmo se pudesse haver sentido
Entre o sangue vertido
E o sonho desfeito.

Só mesmo se a raiz bebesse em lodo
De traição e de crime
.Só mesmo se não fosse o mundo todo
Que na tua tragédia se redime.
Não passarão!

Arde a seara, mas dum simples grão
Nasce o trigal de novo.
Morrem filhos e filhas da nação,
Não morre um povo!
Não passarão!

Seja qual for a fúria da agressão,
As forças que te querem jugular
Não poderão passar
Sobre a dor infinita desse não
Que a terra inteira ouviu
E repetiu:
Não passarão!

Miguel Torga in Poemas Ibéricos, 1965

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