Estou a ver que tenho de planear umas duas semanitas e tratar da aplicação da "pomada de canivete", como diz o meu médico a gozar (aqui só para nós, ele que vá gozar com a tia).
Mas recordei-me deste poema "a um deus verde" , de meu mestre Eugénio de Andrade, a propósito desta invenção da "Fiscalidade Verde".
E tive que sorrir, apesar da dorzita surda pela perna abaixo.
Aqui vai então:
Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce.
Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos,
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.
Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
num ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.
E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava.
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