terça-feira, novembro 25, 2014

A Operação do Marquês e o consequente Processo

O Marquês foi operado há uns anos. Na impossibilidade de o levarem ao Hospital - a estátua (incluindo o leão) deve pesar toneladas -  foi o Hospital ter  com o Marquês. Levou algum tempo a ser convenientemente limpa de todas as profanações, incluindo a dos entusiastas de Carnide, bêbedos de glória ( e com o resto, obviamente) que assinaram "casal ventoso".

Foi o cirurgião Dr. A. Costa que se encarregou da Operação, e parece que não ficou satisfeito por ter de desembolsar o dinheirinho da CML para corrigir a obra dos vermelhos...

Quanto ao Processo do Marquês, esse é um pouco mais antigo.  Devemos começar por observar que enquanto o Marquês foi Primeiro Ministro não houve ninguém com coragem para o acusar de nada...

Mas depois o reviralho foi tremendo. Acabando o enterro de D. José, lá apareceu D. Maria e foi o que se viu.

Em princípios de 1779, desencandeou-se o célebre processo instaurado por Francisco Galhardo de Mendanha, residente em Abrantes, a quem o Marquês teria enganado na venda de uma propriedade, exilando-o depois para a Ilha Terceira, a fim de o reduzir ao silêncio.

Três graves acusações pendiam sobre o dito Marquês: abusos da sua posição oficial para defraudar particulares, entre os quais o de obrigar pessoas a vender-lhe propriedades por preço inferior ao seu real valor, e o de não pagar as suas dívida.  Roubos ao Estado, como nos contratos dos diamantes, e do tabaco e ainda na apropriação, para a família, de valiosos terrenos na capital. Finalmente, diversas  arbitrariedades de natureza política.

Estando o Marquês sempre negando as acusações, após 4 meses de interrogatórios,  a rainha acabou por ter em conta a idade do  acusado (80 anos) e acabou por o exilar  20 léguas para fora da corte.

Morreu nas suas terras de Pombal em Agosto de 1782.

Uma coisa foi certa: Apesar do descrédito que se lançou em cima de Pombal, lá está o centro da Praça emblemática de Lisboa ocupado com a sua carantonha severa, passeando o bichano de estimação... A estátua começou a ser construída 100 anos depois da sua morte, com fundos provenientes de donativos. E porque lhe construiram a estátua (perguntarão os leitores)?

Porque, entre outras coisas:
"Reedificou Lisboa.
Animou a Agricultura.
Estabeleceo as Fabricas.
Restituiu as Sciencias."

Um verdadeiro Homem  da Construção!

A história é uma coisa engraçada... Parece uma nora com os seus alcatruzes para cima e para baixo, sempre a girar.

Haverá quem imagine , daqui a cento e cinquenta anos, uma nova estátua em Lisboa, talvez no início da A1, olhando para os km de auto-estrada que se perdem no horizonte, com uma mão  empunhando uma colher de pedreiro e mantendo um Magalhães debaixo do outro braço?

Sei lá eu??!! Já vi coisas mais esquisitas... Porcos a andar de  bicicleta, e até vidas abastadas em Paris com o vencimento de funcionário público português.

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