O vosso Blogger não deu em racista tardio. Apesar do título.
O que está em causa são os vinhos brancos da região do Tramagal, que já foi berço de industria muito importante ( a clássica metalúrgica Duarte Ferreira) e hoje apresenta uma inexorável asfixia laboral, remetendo-se aos serviços (poucos) e retomando a vocação agrícola que era dos seus bisavós.
Nada de extraordinário. Nas terras pequenas deste país por norma não há trabalho, por isso são pequenas (dirão alguns). Na retoma da actividade agrícola que se verifica um pouco por todo o lado como forma de fazer face à crise, a Vila do Tramagal encontrou algum lampejo na vinicultura.
A empresa Casal da Coelheira , com Adega na Estrada Nacional 118, possui vinhos premiados, como o Casal da Coelheira Reserva e DOC, Terraços do Tejo e, mais recentemente, o Mythos e o Casal da Coelheira Rosé 2009 (premiado como melhor Rosé do mundo em Bruxelas, no ano de 2010).
Devo confessar que os tintos desta região nunca me convenceram nos chamados "topos de gama". Um destes é o Mythos, feito apenas em anos excepcionais a partir de Touriga Nacional e Franca , e de Cabernet. O último que bebi foi o de 2007. Apesar das críticas muito favoráveis do Amigo João Paulo Martins (que lhe atribuíu 17 pontos em 20), achei-o com fruta demasiado "madura" e a madeira proeminente, quase doce na boca...
Agora já por aí se encontra à venda o de 2011, e pode ser que este ano abençoado tenha estendido a benção ao vinho. Custará cerca de 16 euros no local e nas Garrafeiras talvez vinte e picos...
Mas do que gosto, sem reservas, é o Branco Reserva (neste momento em venda está o de 2013) feito à base de Chardonnay com um pouco de Arinto. É um branco notável, de relação qualidade preço muitíssimo boa (custa menos de 6 euros). A maçã da Chardonnay casou muito bem com amadeira , originando um vinho com alguma complexidade, mas ainda assim bem fresco na boca. E que, na minha opinião, vai melhorar com a idade.
Veremos quando o provar daqui a alguns anos.
A tradição do Tramagal em vinhos brancos é muito antiga. Já o saudoso Dr. Chambel, do Fórum Prior do Crato, acreditava nesse binómio do Ribatejo em brancos. Cooperativa de Almeirim, Alorna (que nos deu um magnífico espumante há uns anos atrás), mesmo até ao Sardoal, com a Quinta do Vale do Arno, eram famosas pelos brancos de Fernão Pires, casta rainha naquela zona.
E mesmo nos tintos "normais", se não quisermos sinfonias e cantatas à moda do Douro, para o dia-a-dia, há propostas bem honestas a preços muito razoáveis naquela zona.
Tintos bons para o bacalhau, assado ou em arroz de línguas, para as migas de couve com sável, para acompanhar a morcela de arroz e os maranhos da Sertã. Sem falar na Rainha Dona Lampreia...
Aqui em Lisboa, passe a publicidade, encontram-se por vezes bons Maranhos (encomendando, pois os proprietários são da Região) e um excelente Bacalhau Cozido com todos (segundas feiras), no Restaurante " Tertúlia do Paço", a Telheiras.
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