Apesar de ter dúvidas quanto à dimensão, prazo de vida útil (caso Ota) e rentabilidade destes investimentos, i é, prazo previsto para o seu retorno, considero-os estruturantes para a economia e, para o país, desde que criteriosamente orçamentados, prazos de execução pré-definidos e, optimizado o retorno, atento à localização geográfica periférica de Portugal, o que torna imperativa a necessidade de se integrar nas redes transeuropeias de transporte, quer de comboio, quer de avião ,já que na rodovia tal sucedeu, sob pena da centralidade na Península Ibérica, mais facilmente se deslocalizar, para Madrid.
Adiar por mais tempo a decisão quanto a este cenário de desenvolvimento, conduziria, a meu ver, à assumpção de que seriamos, por muitos mais anos um país periférico na U E, com as consequências económicas, sociais e financeiras que daí adviriam.
Se admito que a linha de alta velocidade Porto/Lisboa/Madrid seja rentável num dado horizonte temporal, subsiste muita incerteza quanto à rentabilidade da ligação Porto/Vigo. Neste caso, a menos que ,do estudo de impacto, já efectuado e a efectuar, resulte claro que a sua ocupação se fará dominantemente por população espanhola em deslocação do sul e centro de Espanha para a Galiza, pois noutra circunstancia, não me parece adequado o investimento na sua construção, apesar de garantir duas ligações a Espanha e a penetração numa região espanhola com fortíssimos laços a Portugal e, com elevado potencial de desenvolvimento.
Quanto ao aeroporto da Ota,a sua necessidade advém do esgotamento a prazo (9 anos) da infra-estrutura aeroportuária da Portela e, da capacidade para melhorar a oferta de serviços para a aviação comercial. No entanto, não deixo de referir a importância de se manter uma infra-estrutura aeroportuária (ex: Alverca) de maior proximidade a Lisboa, região de grande atracção turística, para ser utilizada quer por companhias de voos «Charter»e de «Low-cost»quer de operação regional. Acresce como problema a relocalização da TAP e das empresas do seu grupo dados os custos envolvidos e a sua situação económica e financeira.
Porém, não se conhece ainda, de entre outros, dois dos pilares importantes para a execução e concretização destes Projectos, o «Project finance» e a(s) parceria(s) Publico Privado.
Não obstante este quadro, parece importante recentrar o investimento PRIVADO e Publico(este em muito menor escala) em áreas cuja actividade garanta retorno sustentado a prazo, potencie o aumento das exportações de bens e serviços, para com isso ajudar a resolver o importantíssimo problema da Balança de Pagamentos e, garanta uma maior oferta de trabalho. Neste contexto os empresários, os trabalhadores, os sindicatos e as centrais sindicais têm de entender as mudanças económico/sociais e concomitantemente assumirem-se como verdadeiros parceiros sociais, aceitando a flexibilidade, os horários variáveis de trabalho, o aumento da produtividade, a qualidade, a eficiência, o fazer bem à primeira e ao menor custo, etc, utilizando o dialogo social responsável como instrumento facilitador desta importante mudança de paradigma.
Acresce que no final do ano transacto ou, no inicio deste, o governo em exercício nesse período, na pessoa do então ministro das Obras Publicas, anunciou, não sei (se por eleitoralismo, se por opção estruturante) a ligação entre todas as capitais de distrito por AE, medida com a qual concordava e concordo, desde que esta opção se mantenha, porquanto induz crescimento económico com possibilidade de localização no interior do país de Pequenas e Médias Empresas preferencialmente vocacionadas para a produção de bens e serviços exportáveis e, para as quais as redes de comunicação rodoviária e, estas articuláveis com as aeroportuárias, são vitais para o seu desenvolvimento. É disto exemplo, de entre outros, a produção de aviões ligeiros em Évora, cujos primeiros aparelhos voarão em 2009.
Entretanto, por já existirem duas importantes infra-estruturas (uma portuária em Sines e, outra aeroportuária em Beja) sustento, com os necessários estudos de avaliação custo/beneficio, oferta de trabalho, rentabilidade, produtos a exportar, etc, a ligação Sines/Beja(IP8) em AE e, a construção de linha ferroviária electrificada para mercadorias e passageiros entre estas cidades no Alentejo, pois diversas empresas nacionais e estrangeiras, localizar-se-iam em torno deste trajecto e, dos pólos que potenciariam.
Em suma, o problema de fundo é Portugal viver numa conjuntura cujo ciclo económico é muito desfavorável e, por consequência condicionador dos investimentos, pelo que os custos, a selectividade das opções, o rigor, os prazos de execução sem deslize, a maximização do retorno, o peso da iniciativa privada e, a forma de parceria são determinantes
Raul Santos Rocha
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