terça-feira, julho 19, 2005

Gastronomia 2

BRANCO, TINTO, PEIXE OU CARNE?

A escolha do vinho adequado a cada prato constitui, nos dias que correm, um assunto em que se especula tanto e onde parecem existir peritos em número tão grande como os treinadores de bancada que exercitam o seu direito democrático à liberdade de opinião (sobretudo crítica) todas as segundas feiras junto dos amigos.

Nesta matéria podemos falar de opções fundamentalistas, representadas pelo grupo tradicional dos “branco para o peixe” e “tinto para a carne” e, no extremo oposto, a pandilha revolucionária dos que “bebem o que lhes apetece qualquer que seja a comida”.
Não estaria completa esta introdução ao problema sem uma referência às criaturas para quem “vinho é tinto, branco é refresco” e que manifestam a sua inclinação desdenhosamente com a conhecida frase “como não havia vinho, bebeu-se branco”.

Parece, infelizmente para os produtores, armazenistas e comerciantes da especialidade, estar em vias de extinção a subespécie dos intrépidos bebedores de vinho que – sem temer a cor ou a qualidade do inimigo – o despachavam rapidamente e em força pela goela abaixo até verem o fundo ao barril.
Foi esta gesta gloriosa substituída, na sua maior parte, pelos “ingestores” (gestores que estão na moda) de álcoois brancos, castanhos ou matizados com mais de 40ºGL, de hábitos sobretudo nocturnos e que podem ser encontrados visitando abrigos para navios (as Docas).

No meio de tanta confusão como nos podemos arrogar o direito de recomendar o que quer que seja em relação a matéria tão controversa sem correr o risco de ofender não só gregos e troianos mas também lusitanos, celtiberos, romanos, visigodos, cimérios e outros marcianos?

Propomos, pois, o seguinte: leiam, se fizerem favor, os comentários que seguem nos próximos dias e, no fim, façam o que lhes der na realíssima gana sem mais um pensamento sequer para com este escriba.

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