“BEIRA MAR”:
AQUILO QUE O MAR TEM DE BOM
Na antiga vila de Cascais, cujo 1º foral foi dado por D. Afonso Henriques em 1154, não se consegue, decerto, datar com precisão o início da pesca artesanal ao longo da recortada costa marítima que, para oriente e ocidente, do Bugio às escarpas do Cabo Raso, era empreendida pelos habitantes locais em pequenos barcos de fundo achatado.
Foi, provavelmente, esta indústria tradicional que nos tempos mais modernos criou a fama e o proveito de ser Cascais localidade de bom peixe e bom marisco. Hoje em dia sabe-se que a maioria do pescado vendido na lota desta vila não é capturado nas redondezas. Contudo, por vezes, ainda é possível obter junto de alguns pescadores espécies indígenas, destacando os entendidos o “linguado rosa”, o “sargo da Roca”, a "lagosta da pedra” e as “gambas de Cascais”, entre outras.
Com tais antecedentes não se estranha o aparecimento de muitos restaurantes contíguos à lota da vila, cuja especialidade culinária assenta, sobretudo, nos produtos do mar.
Aproveitemos, então, a oportunidade para falar de um desses restaurantes - Restaurante Beira Mar - situado no nº 6 da Rua das Flores, segunda transversal do lado esquerdo à antiga Rua Direita, descendo o transeunte a partir da estação terminal de Caminho de Ferro da linha de Cascais.
Nascido em Maio de 1973, cedo criou fama de servir excelentes filetes de pescada com arroz de marisco, prato emblemático que atraiu e ainda hoje atrai grande número de Clientes..
Interiormente a casa apresenta uma decoração acolhedora, com chão de tijoleira rústica e paredes compostas por lambril de azulejos, enquadrados por painéis de madeira. Recomenda-se, contudo, que o comensal, antes de franquear a porta se detenha a inspeccionar a montra de peixe que lhe é adjacente, pois poderá ser essa visão o primeiro passo para a escolha do prato principal da sua refeição.
Aí encontrámos, de uma das vezes, uma exposição com pregados, robalos médios e grandes, a inevitável dourada, alguns sargos pequenos e dois ou três pargos médios. À vista, qualquer das espécies aparentava sinais evidentes de frescura. Também ali se dispunham duas travessas; a primeira bem composta com “bruxas” (pequeno marisco muito semelhante em forma ao cavaco açoriano, embora muito mais pequeno), enquanto que na outra descansavam Santolas acabadas de cozer.
Estava dado o mote para a refeição que se seguiria.
De entrada provou-se um presunto (espanhol) que embora não sendo aristocrático do ramo se deixou comer sem moléstia. Vieram depois as “bruxas”, impecáveis de frescura e sabor, às quais se seguiu um pargo assado no forno à antiga portuguesa, com seu acompanhamento de batatas e cebolas pequenas. Estávamos na época do ano em que este tipo de peixe, tal como os sargos e os gorazes, dá o seu melhor por se encontrar mais gordo. E tivemos ainda a sorte do espécimen que nos foi servido se encontrar ovado. Com tudo isto a experiência degustativa foi de muito alto nível.
Acompanhou-se o marisco com um vinho verde Alvarinho “Soalheiro”, acomodando em seguida o peixe no forno com um branco eborense da “Adega da Cartuxa”, produzido no enquadramento da Fundação Eugénio de Almeida. Ambos revelaram estar à altura dos pratos escolhidos, contribuindo assim para a harmonia da refeição.
Rematámos com um queijo Serpa de “meia cura”, a que o “Cartuxa”, com o seu sabor característico, fez boa companhia.
Uma palavra ainda para o serviço, muito atento, familiar, sem excessos de servilismo e revelando competência profissional.
Feitas as contas e incluindo cafés e digestivos (bagaceira branca de Luis Pato), ficou esta refeição por uma média de 60 € por pessoa. A qualidade paga-se e equacionando o gabarito das matérias primas manuseadas, temos de reconhecer a justeza da factura.
AQUILO QUE O MAR TEM DE BOM
Na antiga vila de Cascais, cujo 1º foral foi dado por D. Afonso Henriques em 1154, não se consegue, decerto, datar com precisão o início da pesca artesanal ao longo da recortada costa marítima que, para oriente e ocidente, do Bugio às escarpas do Cabo Raso, era empreendida pelos habitantes locais em pequenos barcos de fundo achatado.
Foi, provavelmente, esta indústria tradicional que nos tempos mais modernos criou a fama e o proveito de ser Cascais localidade de bom peixe e bom marisco. Hoje em dia sabe-se que a maioria do pescado vendido na lota desta vila não é capturado nas redondezas. Contudo, por vezes, ainda é possível obter junto de alguns pescadores espécies indígenas, destacando os entendidos o “linguado rosa”, o “sargo da Roca”, a "lagosta da pedra” e as “gambas de Cascais”, entre outras.
Com tais antecedentes não se estranha o aparecimento de muitos restaurantes contíguos à lota da vila, cuja especialidade culinária assenta, sobretudo, nos produtos do mar.
Aproveitemos, então, a oportunidade para falar de um desses restaurantes - Restaurante Beira Mar - situado no nº 6 da Rua das Flores, segunda transversal do lado esquerdo à antiga Rua Direita, descendo o transeunte a partir da estação terminal de Caminho de Ferro da linha de Cascais.
Nascido em Maio de 1973, cedo criou fama de servir excelentes filetes de pescada com arroz de marisco, prato emblemático que atraiu e ainda hoje atrai grande número de Clientes..
Interiormente a casa apresenta uma decoração acolhedora, com chão de tijoleira rústica e paredes compostas por lambril de azulejos, enquadrados por painéis de madeira. Recomenda-se, contudo, que o comensal, antes de franquear a porta se detenha a inspeccionar a montra de peixe que lhe é adjacente, pois poderá ser essa visão o primeiro passo para a escolha do prato principal da sua refeição.
Aí encontrámos, de uma das vezes, uma exposição com pregados, robalos médios e grandes, a inevitável dourada, alguns sargos pequenos e dois ou três pargos médios. À vista, qualquer das espécies aparentava sinais evidentes de frescura. Também ali se dispunham duas travessas; a primeira bem composta com “bruxas” (pequeno marisco muito semelhante em forma ao cavaco açoriano, embora muito mais pequeno), enquanto que na outra descansavam Santolas acabadas de cozer.
Estava dado o mote para a refeição que se seguiria.
De entrada provou-se um presunto (espanhol) que embora não sendo aristocrático do ramo se deixou comer sem moléstia. Vieram depois as “bruxas”, impecáveis de frescura e sabor, às quais se seguiu um pargo assado no forno à antiga portuguesa, com seu acompanhamento de batatas e cebolas pequenas. Estávamos na época do ano em que este tipo de peixe, tal como os sargos e os gorazes, dá o seu melhor por se encontrar mais gordo. E tivemos ainda a sorte do espécimen que nos foi servido se encontrar ovado. Com tudo isto a experiência degustativa foi de muito alto nível.
Acompanhou-se o marisco com um vinho verde Alvarinho “Soalheiro”, acomodando em seguida o peixe no forno com um branco eborense da “Adega da Cartuxa”, produzido no enquadramento da Fundação Eugénio de Almeida. Ambos revelaram estar à altura dos pratos escolhidos, contribuindo assim para a harmonia da refeição.
Rematámos com um queijo Serpa de “meia cura”, a que o “Cartuxa”, com o seu sabor característico, fez boa companhia.
Uma palavra ainda para o serviço, muito atento, familiar, sem excessos de servilismo e revelando competência profissional.
Feitas as contas e incluindo cafés e digestivos (bagaceira branca de Luis Pato), ficou esta refeição por uma média de 60 € por pessoa. A qualidade paga-se e equacionando o gabarito das matérias primas manuseadas, temos de reconhecer a justeza da factura.
Um comentário:
Caro Amigo Raúl,
A leitura deste texto deixou-me com "água na boca", e ainda mais porque conheço o local.
No principio do mês de Julho estive uns dias na praia da Consolação, e aproveitei para conhecer o "restaurante do Parque", em Peniche, que me foi recomendado por amigos. Fui muito bem recebido pelo proprietário, Sr. Francisco que me recomendou diversos pratos, só de peixe porque estamos na presença de um verdadeiro "Penicheiro".
A escolha recaiu sobre o arroz de Garoupa. Após as diversas entradas fui surpreendido com uma refeição de paladar impar, resultado da frescura das matérias primas, mas também da mão da cozinheira. Vale realmente a pena experimentar. Se ainda não conhece, aconselho vivamente.
O restaurante fica situado no jardim de Peniche, do lado esquerdo da avenida principal, quando nos dirigimos para o Forte. O ambiente é modesto, sem requintes mas com um acolhimento simpático e agradável, levado a cabo pelo Sr.Francisco.
Luis Delgado
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