TGV – parte 2 do texto do Maurício Levy
A questão do transporte de mercadorias na rede de Alta velocidade em Portugal (I)
Muito se tem discutido essa questão, na qual encontramos defensores apaixonados dessa possibilidade, lado a lado com quem defenda a sua impossibilidade.
Vejamos um pouco.
A primeira coisa que se deve fazer é definir o objecto da discussão, pois que neste como em muitos domínios se discutem coisas muito diferentes sob a capa dos mesmos nomes e se geram tremendas confusões por não acertarmos primeiro essas terminologias. Comecemos por afirmar que ao discutir o transporte de mercadorias em rede de Alta velocidade não se está a falar de fazer circular comboios de mercadorias pesadas (contentores, produtos siderúrgicos, etc...) a 300kms/h.
Esta precisão afasta desde já os argumentos técnicos contra a circulação de comboios de mercadorias em rede de AV: sendo verdade que não há experiência no mundo de circulação de cargas pesadas em comboios a velocidades próximas dos 300kms/h – as maiores velocidades observadas em comboios de mercadorias, mesmo em casos excepcionais são inferiores a 200kms/h, e, a mais das vezes próximas dos 100/120kms/h - e que a dinâmica das forças geradas pelo movimento das cargas a essas velocidades pode ser considerável e criar problemas de instabilidade dos veículos e, por maioria de razão, a eventual quebra de uma fixação teria efeitos muito graves na estabilidade da composição, etc... – não é disso que falamos quando se discute a questão do transporte e mercadorias em rede AV.
Também podemos igualmente afastar a outra “ponta” do mercado: não haverá qualquer dificuldade em transportar pequenas encomendas e mesmo correio em comboios AV: esse ultimo tipo de transporte existe em França com 3 “TGV postais” que ligam Paris com o Sudeste da França, tendo necessitado de adaptações de 3 composições TGV de passageiros, cujo custo, não despiciendo, foi considerado suportável pelos benefícios produzidos com tal transporte (dada a quantidade de correio a transportar). Quanto às pequenas encomendas e desde que ultrapassem aquilo que se pode transportar mercê de simples adaptação de uma parte de uma carruagem de TGV a esse tipo de transporte (o que ninguém fez, aliás, até hoje, mas é possível desde que tenha sustentação económica – do que duvido como tentarei demonstrar a seguir).
(continua...)
Maurício Levy
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Um comentário:
Ao reler o texto apercebi-me que algum "cut and paste" (ainda no original)tinha deixado incompreensível o último parágrafo desta parte do texto. Para quem tenha estado interessado em ler o texto aqui vai a correcção (em maiúsculas), com as minhas desculpas: "Quanto às pequenas encomendas e desde que NÃO ultrapassem aquilo que se pode transportar mercê de simples adaptação de uma parte de carruagem TGV a esse tipo de transporte ( o que ninguém fez, aliás, até hoje mas é possível, desde que tenha sustentação ecoómica)TAMBÉM NÃO HAVERÁ DIFICULDADES ESPECÍFICAS NO SEU TRANSPORTE POR TGV E TAMBÉM NÃO ESTÃO, ASSIM, INCLUÍDAS NO ÂMAGO DO DEBATE
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