sexta-feira, janeiro 13, 2012

Para Descansar a Vista

Sexta Feira, dia 13 de ;aneiro. Dia de má fama e propenso a desastre. Comemora-se miticamente o suplicio do Grão-Mestre dos Templários Jacques de Molay às mãos de Filipe de Valois, Rei de França, na Sexta feira 13 de Março de 1314. Outros dizem que esta má fama da "Sexta Feira 13" resulta da Última Ceia, servida a uma Sexta feira sendo 12 Apóstolos mais Jesus Cristo à mesa.

De todos os modos, como parece que as obediências maçónicas em muito vão beber à tradição esotérica templária, todo o cuidado é pouco quando se fala destas coisas, não vá algum Cabo da Esquadra das Olaias sentir-se ofendido...

Por isso pareceu-me de bom tom transfigurar este dia, propondo um poema ao Sol. Ao Solzinho de todos os dias, ao sol que nos aquece e alegra a existência, não ao Rei-Sol Luis , nem sequer ao princípio superior Aton do velho Akhenaton, o Herege Sagrado, que por muita coisa má que se diga dele, tinha muito bom gosto em mulheres...

Do nosso Ruy Belo, com muitas saudades, o seu magnífico "Quotidiano":


Poema Quotidiano

É tão depressa noite neste bairro
Nenhum outro porém senhor administrador
goza de tão eficiente serviço de sol

Ainda não há muito ele parecia
domiciliado e residente ao fim da rua

O senhor não calcula todo o dia
que festa de luz proporcionou a todos

Nunca vi e já tenho os meus anos
lavar a gente as mãos no sol como hoje

Donas de casa vieram encher de sol
cântaros alguidares e mais vasos domésticos

Nunca em tantos pés
assim humildemente brilhou.

Orientou diz-se até os olhos das crianças
para a escola e pôs reflexos novos
nas míseras vidraças lá do fundo

Há quem diga que o sol foi longe demais

Algum dos pobres desta freguesia
apanhou-o na faca misturou-o no pão

Chegaram a tratá-lo por vizinho

Por este andar... Foi uma autêntica loucura

O astro-rei tornado acessível a todos
ele que ninguém habitualmente saudava

Sempre o mesmo indiferente
espectáculo de luz sobre os nossos cuidados

Íamos vínhamos entrávamos não víamos
aquela persistência rubra. Ousaria
alguém deixar um só daqueles raios
atravessar-lhe a vida iluminar-lhe as penas?

Mas hoje o sol
morreu como qualquer de nós

Ficou tão triste a gente destes sítios

Nunca foi tão depressa noite neste bairro

Ruy Belo, in "Aquele Grande Rio Eufrates"

Pequena Nota angustiada: Será de esconder este poema do pautado senhor que gere os interesses europeus nesta província? Sendo Sexta Feira 13 ainda lhe pode dar ideias para mais alguma coima ou imposto...Sobre os raiozinhos do Sol....

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