terça-feira, setembro 28, 2010

Ausência do Blogger

A partir de hoje faço escritório do dia-a-dia no Pavilhão 1 da AIP-Parque das Nações. Farei posts quando tiver algum tempo disponível...

segunda-feira, setembro 27, 2010

A Birra

Pedro Passos Coelho e José Sócrates estão armados em meninos rabinos. Têm as suas posições definidas , não abdicam delas , batem o pé e cerram os punhos: Daqui não saio, daqui ninguém me tira!!

O velho comunista Jerónimo  deve ser quem mais tem razão na leitura que faz desta "cena"... Já deve ter visto este filme ou outro parecido muitas vezes, e advinha como acabará: estão os dois "rapazes" condenados a entenderem-se...

Sim, mas quando?

Até essa altura bem nos fritam os miolos, a nós e a quem - lá de fora - nos olha com surpresa, estupefacção e alguma incredibilidade.  A Alemanha não parece muito talhada para o papel de Mãe carinhosa que tudo perdoa aos seus filhos traquinas, e  os Credores,  quais abutres dos livros do Lucky Luke pendurados no letreiro do saloon, já lambem os beiços a contar com os despojos...

Alguns iluminados que sempre aparecem nestas alturas clamam  pelo FMI!!! : Venha de lá o FMI para endireitar isto! Sem o FMI já lá não vamos!! Mas onde é que pára o FMI que já cá devia ter entrado??

O FMI é assim visto pelos ricos e poderosos como que um  28 de Maio de 1926 que apareceu para pôr ordem na desbunda da 1ª República...

Este pobre País só se governaria com alguma intervenção divina, qual deus ex machina que transvestido de FMI descesse ao palco luso para nos dar umas palmadas no rabo e pôr-nos de castigo por uns anos (mais uns 48 não??!! Chiça!!) , até voltarmos outra vez a poder contracenar com as "pessoas normais"...

Pode ser que haja quem queira este desfecho, mas Eu Não!!

Cada macaco no seu galho e para cá de Badajoz manda quem cá nasceu. Digo eu que sou plebeu .

Agora, não há muitas alternativas à vergonha da Intervenção monetária: Ou os nossos  meninos rabinos se entendem...(Nem que seja à força de uns estaladões, que , quando bem aplicados, só fazem crescer as crianças) .  Ou o Estado "dá em quebra" como se dizia antigamente para nos referirmos à falência...

Pintura do Post anterior

Um dos nossos leitores pergunta sobre o autor da Pintura do Post anterior.

Vinha apenas referenciada como "Women in a garden" de BonnieNaaz (tal e qual)...

sexta-feira, setembro 24, 2010

Para Descansar a Vista

Hoje é a última Sexta feira antes da SEXTA FEIRA inaugural da PORTUGAL 2010... Motivo para chamar aqui ao nosso espaço alguns poemas adequados.

 Do grande Humanista, Poeta (Castro Gil é o seu pseudónimo) e Professor Catedrático de Humanidades e Linguística Amadeu Rodrigues Torres:

"Selos Postais, rémiges tensas de gaivotas,
Frémitos de andorinha ou solto maçarico
Ou cegonhas gentis carregando em seu bico
Mensagens e ânsias mil de resguardadas quotas."

E de uma poetisa muito novinha, fui descobrir este excelente poema de Amor não correspondido. Tão linda ela é que só  nos apetece dizer: Amanhã será outro dia Iveta!






















"Um selo numa carta sem destino...
conchas vazias numa praia perdida
- sal na ferida;

Um cão que ladra para chamar a atenção:
som da fidelidade,símbolo de incondicionalidade
a cada relance um abanar de cauda,
e a consciência de que o medo
nunca me abandonou!

Uma lágrima transparente
mancha o endereço por escrever
[etiquetas e alcunhas são selos
esfarrapados em cartas que nunca recebi]

Uma carta por um dia?
Um selo por uma carta?
sem reciprocidade o amor
as lembranças que se desvanecerão
à mesa do café
- expresso curto
com pouco açúcar -
em colisão de emoções breves.

Emoções que nunca permaneceram,
sentimentos inconstantes,
lógica que nunca ofereceu
palavras de conselho,
e a esperança obstinada
que nunca ajudou

Selos numa carta perdida
que nunca se encontrou..."

Iveta (Aka Blueberry)

O país dos "Empatas"

Na Sondagem da MarkTeste sobre as Legislativas , publicada hoje, está tudo "empatado": PSD à frente do PS por dois pontinhos percentuais (38% para 36%) e CDS, BE e PCP todos a baterem nos 6,5% com ligeiríssima vantagem do CDS.

Admitindo o erro de amostragem de 5% estamos a ver que qualquer resultado - se as eleições fossem agora - seria possível...

De todas as formas chamo a atenção para o facto de apenas 19% dos contactados terem aceitado responder às perguntas!  Com esta taxa de ineficácia no desenho do processo amostral duvido muito destes resultados...a não ser, está claro, em relação ao universo dos "respondentes"... mas e os outros 81%???

quinta-feira, setembro 23, 2010

Desabafo: A AIP é pior que um Hospital a facturar doentes...

Todos já sabemos aquelas histórias em que o doente (ou o seu familiar) ao ter "alta" e preparando-se para pagar a contita do internamento,  se depara com itens  algo estranhos, como o algodão onde se enrolam os comprimidos que  tomou, os copos de plástico onde bebia a água, a limpeza a seco dos lençóis da cama do acompanhante ou até o papel higiénico supostamente consumido...

Pois aqui com a AIP FIL é parecido. Até tenho medo de lá ir porque cada vez que meto o pé na porta parece que já lá está mais um orçamento com alguns dos tais itens meio estranhos...

Quando  - lá para 2006 - começámos esta aventura e pedimos a orçamentação do espaço, lá veio ela muito certinha. Agora, quando estamos a pagar,  deparamo-nos com uma série de despesas ditas "obrigatórias" que apenas neste momento se deram a conhecer... estavam escondidas, as velhacas! Por exemplo: Posto Médico (é obrigatório!); Limpeza diária das áreas comuns; Limpeza dos Stands (à parte da outra); Cestos de papéis para os stands(!) ; Cestos de Papéis para o recinto (!); Piquetes técnicos de semana e aos fins de semana (é obrigatório manter sempre lá um piquete); Aluguer de Empilhadores e de Porta palettes; Limpeza dos Quadros Expositores(!!);  etc, etc... Sempre a crescer.

E a preços que nem lhes digo nem lhes conto,  porque até a mim - veterano de muita desbunda restaurativa a valores obscenos - me fazem corar...Por exemplo, alcatifa industrial da mais barata,  a quase 4 euros o metro (+IVA...)

A vontade que me dá é assumir uma postura ecológica e mandar às malvas a alcatifa e as limpezas...Chão de cimento ( e do bom!) e limpezas faça-as o próprio! Já pensei comprar umas vassouras de piaçaba e colocar uma em cada stand, para evitar pagar a limpeza...Mas parece que não é permitido. É pena.

Eu pergunto: se se tratava de despesas obrigatórias porque é que não vinham já mencionadas nos Orçamentos iniciais??!!  Esquecimento ou acção propositada, do tipo "isco para clientes"?

Lá vou outra vez para a AIP dentro de umas horas... É de esperar (mais uma vez) o pior...

A Nova Zelândia não virá à P2010

Um dos nossos leitores pergunta:

Boa noite!
para além da grande paixão por selos, um dos motivos pelos quais me ia deslocar à FIL era para "averiguar" a presença da Nova Zelândia no Portugal 2010, já que coleciono os selos do país com grande afinco. Mas depois de ler esta entrada fiquei com o bichinho atrás da orelha: Nova Zelândia estará ausente do P2010?
Com os melhores cumprimentos,
A.L.

Resposta: Infelizmente, e já depois de terem pago a presença e o Stand, os colegas da Nova Zelândia alegaram não se poderem deslocar a Portugal devido a motivos orçamentais...

quarta-feira, setembro 22, 2010

Dia de São Senhorio

Este Dia costumava ser a 8 de cada mês, naqueles tempos pré-históricos do salazarismo\caetanismo em que o portuga alugava a sua casa, sendo raríssimos os que a compravam... Eram os tempos do dólar a 28 escudos, das casas (apartamentos T2)  a 300 contos e dos ordenados médios  a 3 contos...

Actualmente, antes da Grande Crise de 2009,  lá para 2003, tínhamos os apartamentos T2 a 40 000 contos e os ordenados médios a 123 contos.

Eram necessários 8  e meio anos de trabalho para poder comprar uma casa, em 1966.  Em 2003 ou 2004  levavam-se 27 dos mesmos anos... O que se passava então para que as pessoas não comprassem no antigamente?!!?

A resposta está no crédito bancário para a Habitação: Não havia! Nem sequer era escasso ou, como se diz agora, selectivo:  "o banco só empresta a quem já tem dinheiro"... Pura e simplesmente Não Havia Crédito para compra de habitação! Os bancos especializados daquele tempo  tinham apenas o privilégio de emitir obrigações prediais ou letras hipotecárias que representassem operações de empréstimo sobre bens imóveis.

Como tudo mudou... Em 2004 os Bancos quase que atiravam o dinheiro na cara dos Clientes, fazendo os empréstimos adicionais que fossem necessários (para obras, para mobílias, etc...) até que conseguissem fechar o negócio da hipoteca.

Hoje em dia, por virtude (ou mais por defeito) da crise e das bolhas , estamos a regressar ao passado. Os Bancos fecham a torneira, escaldados que ficaram dos níveis alarmantes de crédito mal parado, e o jovem casal que pretende constituir família já só tem duas hipóteses: ou vive com os Pais ou ...aluga a casa, exactamente como faziam os seus antepassados.

Por isto tudo o mais provável é que se tenha que introduzir de novo na hagiografia do anedotário luso o tal (que já foi famoso) dia de S. Senhorio.

Mas não sendo hoje dia 8, porque me terei lembrado de tal coisa?

É que o "meu" Senhorio, o verdadeiro,  nasceu há 29 anos, exactamente neste dia 22 de Setembro... E não me convém esquecer a data.

terça-feira, setembro 21, 2010

PORTUGAL 2010: Outra vez na AIP

Passo lá parte da vida...Na AIP está claro!

Enquanto não vir o Presidente da República a entrar pela porta do Anfiteatro 1 da AIP\FIL, na tarde do dia 1 de Outubro,  não descansarei... (Melhor dito, "enquanto não o vir a SAIR pela mesma porta pela qual entrou"...)

Hoje ( e amanhã, e depois) há que discutir os fornecimentos de conteúdos para salas de reuniões, Congresso FIP e Assembleia geral da WADP, que terá um Fórum com o tema: Papel, Cola e Tinta (na Impressão de segurança). Venham ouvir que é gratuito, na tarde do dia 4.

Temos já garantidas as visitas de 4 Presidentes dos Correios: Brasil, Argentina, Angola e Moçambique. O famoso "clube dos 100",  o Clube de Monte Carlo,  que tem fama de ser o mais exclusivo e elitista clube filatélico do mundo, fará também aqui em Lisboa a sua reunião anual durante a PORTUGAL2010, patrocinada pelo Barclays. Pode ser que o Príncipe Alberto por cá apareça também, ele que é o Presidente honorário deste Clube.... Se vier espero que traga a namorada...

E assim vamos vivendo, ou melhor dizendo, sobrevivendo,  nestes últimos dias antes que a barafunda (no bom sentido) começe .  Para já começaram a entrar os pacotes pela Alfândega de Lisboa, com colecções.

Até amanhã que tenho que fazer.

segunda-feira, setembro 20, 2010

A Economia Nacional afecta os Morfes?

Num Blog mais dedicado aos comes e bebes, falar de Economia pode ser suficiente para que toda a gente habitual e fiel leitora destas linhas passe adiante... Não o façam ainda sff, porque as duas coisas estão ligadas... E muito.

Sem uns dinheiros para gastar lá se vão comes e bebes, seja em casa ou seja lá fora. E quando todos os que, como nós,  ainda alimentam a maioria dos negócios da restauração começarem a olhar para as carteiras antes de entrar, mal estaremos...Ou mal estamos já...

Falando com os proprietários dos Restaurantes já se observam as tendências da crise: digestivos praticamente deixaram de se vender (em média, está claro, estamos a falar de tendências!) e quanto aos vinhos, a "moda" agora é pedir licença para trazer de casa  a garrafita, ou então pedir ...água.

Naquelas casas que ( e muito bem!) permitem fumos à mesa, ainda é possível ver essas criaturas a namorar o havano com um whisky...Mas em vez de pedirem os Glenmorangies ou Lagavullins ou MacCallans que antigamente faziam a alegria das caixas registadoras, pedem agora um "whiisky novo com muito gelo e água"...

Tenho algumas dezenas de contas de almoços e jantares  arquivadas, como podem adivinhar.  Com algumas na mão, proponho-vos  o exercício que consiste em saber quanto valem os "alcoóis" na última linha do recibo.

 Numa conta típica de um bom restaurante em Évora (A Tasquinha) , falando de uma refeição para 3 pessoas e sem meter peixe ao Kg ,  em 157 euros de conta, os vinhos , digestivos e aperitivos (que foram cerveja)  contaram com 87 euros. Mais de 50%. 55,4% para ser exacto.

Noutra conta de um outro bom restaurante, desta vez em Cascais,  de 192,70 euros, também para 3 pessoas, mas com um Robalo ao Sal, os mesmos "líquidos" representaram  70 euros , portanto 36%.
E para terminar, uma refeição de Província, em Vila Real de  Trás-os-Montes. Aqui duas pessoas almoçaram por 61 euros, com vinhos e etc responsáveis por 16,60 euros, 27%,.

Há obviamente diferenças nos preços: Um "Herdade das Servas Touriga" de 2003 pode custar 30 euros num local (no Alentejo é mais caro!) e 25 euros noutro (no Galito em Lisboa). Um Lagavullin custa tanto como 15 euros, no Oliveira, mas já  o paguei a  12 euros em Cascais.... Um Whisky velho (Black Label) pode custar num sítio 12 euros, noutro apenas 7 euros... Se estamos em Vila Real e pedimos uma aguardente de vinho verde bagaceira, pode custar 1 euro  (e que maravilha!) . Mas se a pedirmos em Lisboa e nos trouxerem a Alvarinho do Palácio da Brejoeira (também ela espectacular) , pagaremos 12 vezes mais... Não é a mesma coisa! Dirão e bem. Pois sim, mas quanto á satisfação do paladar do Cliente pouco se afastam.

Quando os vinhos são "topo de gama" a influência dos mesmos nas contas é desmesurada... com vinhos a passarem alegremente a barreira dos 100 euros por garrafa na carta ( Alguns do Douro, Pera Manca ...) apenas "novos ricos" se podem dar ao luxo de os mandar abrir quando estão sentadas à mesa 6 ou 7 pessoas...

Mesmo quando nos decidimos por coisas mais em conta mas também elas muito boas - os Pelladas de Álvaro de Castro (60 euros?) , Murganheira espumante Vintage (45 euros);  Quinta do Crasto Vinhas Velhas (40 euros ou mais) , ou mesmo um Branco Redoma (cerca de 30 euros) - os efeitos na "soma" são imediatos e visíveis...

Há que partir para vinhos menos elaborados, novos (embora a idade cada vez menos seja uma variável influenciadora do preço) . Alguns exemplos: Quinta da Mata Fidalga verde branco a 12 euros; Branco do Soutinho a 6 euros (muito difícil de encontrar a Sul); Lisa (Branco de Palmela) a 12 euros;  Alvarinho Soalheiro a 18 euros; Álvaro de Castro Reserva Tinto de 2004 a 27,5 euros; Herdade de S. Miguel Tinto de 2008 a 13 euros; Monte Mayor de 2007 a 14 euros... e por aí.

Com estes cuidados novos e redobrados, o volume das contas dos restaurantes desce.  Há gente - e tenho que dizer que neles me incluo - que preferem beber o bom e o muito bom cada vez mais em casa ( sua ou de amigos) do que gastarem "garrafões" de euros a pagar essas mesmas garrafitas nalgum bom restaurante...

Obviamente que quem sofre com tudo isto é o Restaurador. Mas também o Cliente que se priva de "casar" como bem entende a refeição com o vinho.

Daí eu ser um dos apologistas desta nova tendência que consiste em levar bons vinhos para o Restaurante. Pagando o serviço de vinhos, está claro!

Agora, não me digam que esse serviço vale 20 euros por garrafa como já li!!  Assim lá vão outra vez matar a galinha!

Entre os 5 e os 10 euros (consoante a categoria do restaurante)  e já gozam (eles e nós)...

O Maluco, o Fanático, o Mourinho e o Patrão deste

O Maluco foi passear a Madrid. Com quem falou não se sabe bem... mas chegou ao pátrio solo dizendo que "estava tudo em aberto"...

O Fanático Realista não gostou do propósito e deu a conhecer  essa inclinação em tudo quanto era meio de influência público...

O Mourinho disse que  Sim  e que  Não. Para já não podia,  mas que contassem com ele se os jogos não fossem aos  fins de semana ou durante a semana. Para esses dias já tinha ocupação...

O Patrão do Mourinho disse nada...mas não dizendo mandou dizer que não sabia o que se passava. excepto que um Maluco tinha ido comer umas tapas e beber  umas cañas a Madrid e que lhe desejava bom proveito...

Bem, chegando a vez do Portuga Blogger comentar esta interessante situação,  não vejo mais que diga senão: " Fumiguem a Federação rapidamente, ou ainda temos outra vez o Maluco (o mesmo ou outro) a caminho do cemitério de Viena onde está Bela Gutman, tentando convencer o cadáver do grande treinador húngaro a vir cá fazer este favorzinho aos lusos..."

Ele há cada uma....

A idade não perdoa.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Para Descansar a Vista

Porque hoje é Sexta feira e porque o Outono aí vem... Deixo-vos o Poeta-Jornalista Olavo Bilac (1865-1918), já aqui outras vezes recenseado, com dois belos sonetos:


















Em uma Tarde de Outono

Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...

Olavo Bilac, in "Poesias"

Velhas Árvores

Olha estas velhas árvores, mais belas
Do que as árvores novas, mais amigas:
Tanto mais belas quanto mais antigas,
Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera, e o inseto, à sombra delas
Vivem, livres de fomes e fadigas;
E em seus galhos abrigam-se as cantigas
E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade!
Envelheçamos rindo! envelheçamos
Como as árvores fortes envelhecem:

Na glória da alegria e da bondade,
Agasalhando os pássaros nos ramos,
Dando sombra e consolo aos que padecem!

Olavo Bilac, in "Poesias"

Comentário: Detalhes sobre a PORTUGAL 2010

Onde posso encontrar os carimbos de dia?

Aqui vamos ter onde nos sentarmos para preparar os envios?

E vai haver um posto de CTT, onde sejam emitidas etiquetas de registos e onde se possam comprar selos de 0,01c, p. ex?

Comentário ao Comentário: os CTT vão ter um balcão com cerca de 70 m2 para atendimento. Os carimbos serão lá apostos. Teremos um anfiteatro aberto com 50 lugares sentados e ainda uma sala de Literatura onde existem mesas e cadeiras.
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quinta-feira, setembro 16, 2010

A PORTUGAL 2010 está aí mesmo....

Cada vez tenho menos tempo para os afazeres do dia-a-dia. Já só durmo 3 horitas ou 4 por dia ( se tenho sorte)... Estou a responder aos mails da P2010 à hora que eles chegam - e se vierem da Coreia pode ser às 2 da manhã...

Sei que já não falta muito, mas é agora, na última fase , que os problemas aparecem. Não os importantes, esses estão controlados, mas aquelas coisas pequenas e chatas que corroem a nossa boa disposição: o colega do Iraque que não tem Visto, a Nova Zelândia que só agora percebeu que não há dinheiro para a deslocação e pede a massa do  aluguer do stand de volta, a organização de três ou quatro cocktails coincindentes com a exposição , por parte de entidades postais ou filatélicas, as quais nunca nos avisaram antes do que queriam fazer... Os Convidados que só agora marcam quarto e admiram-se muito ( e , pior do que isso, Irritam-se muito) por não haver já quartos no Hotel Oficial, etc, etc...

Ando mais irritadiço e ansioso. Devo concerteza engordar mais alguns kgs bons antes da inauguração e durante os 10 dias da Expo, já que a minha forma de responder ao desafio e às ansiedades é..."enfardar"...

Pode também acontecer que o muito trabalho faça com que a rotina aqui dos Posts se altere um pouco.

É preciso é calma e temos que ter Paciência porque a nossa vida (actualmente)  é como a dos cães... (por acaso há alguns que têm boa vida...).

Em Estremoz comemorando os "Bravos do Pelotão"!

Ontem faltei aqui no Blog...

Tive que me levantar às 5.00h para estar em Estremoz logo pelas 8.00h e tomar parte nas cerimónias comemorativas dos 200 Anos das Guerras Peninsulares. Celebrou-se a data no Rossio de Estremoz, com a presença de quase todos os Oficiais Generais do  Exército, com o CEME à cabeça. Presidiu o Dr Jaime Gama e o Ministro da Defesa também por lá estava.

Os CTT emitiram uma série de selos ( 2 e 1 bloco) sobre esta efeméride, e o respectivo lançamento foi lá mesmo no local.

Nesta data, há 200 anos atrás, a malta do regimento de cavalaria 3 ( e mais alguns dos 5 e 8) carregou sobre os Hussardos franceses e deu-lhes uma abada quase tão grande como os 6-0 de ontem, do Arsenal ao Braga (se calhar não devia escrever isto...Mas o Paciência irrita-me).























200 mortos do lado gaulês, mais de 300 feridos... 4 mortos e 5 feridos do lado português...mesmo dando de barato algum exagero "patriótico" temos de convir que foi uma grande abada mesmo...

Honra para os "Dragões de Estremoz" e faço minha a injunção da  cavalaria portuguesa, ontem gritada bem alto pelo General Comandante da Arma:

 - "A Galope, a Galope, a Galope!"
 Sendo o responso
 - À Carga!"

Da parte da tarde houve cerimónia idêntica na Assembleia da República, para o lançamento dos selos comemorativos da mesma Assembleia, incluídos nas séries com que os CTT evocam - desde 2007 - o Centenário da República.

Nota: No intervalo fui ao Sr Oliveira e à Dª Carolina (esperando para este Sábado o segundo neto!!) tirar a barriga de misérias... Que maravilha!

Para contar um destes dias (em tendo tempo) esta incursão vitoriosa pela Tasquinha do Oliveira, em Évora.

terça-feira, setembro 14, 2010

As Feiras de Vinhos

Recomendo o Texto esclarecedor e clarividente de João Paulo Martins no Expresso da semana passada (Revista Única) sobre as feiras de Vinhos que já começaram (Pingo Doce) ou que se avizinham por esses hiper-mercados.

Antigamente eram alturas em que o transeunte interessado contava os dinheiros, fazia as suas contas, e aproveitava as oportunidades para comprar bons vinhos a preços interessantes. Bons vinhos mesmo! Das grandes marcas.... Hoje, por mor da crise e dos continuados estudos que são feitos pelas empresas organizadoras, tudo o que nos aparece são as marcas de entrada nas gamas, os vinhos a 2 euros e a 3 euritos...Vá lá por vezes algum a 8 euros...

O vinho em Portugal está cada vez melhor. Sabemos isso. Por 2 euros nunca , como hoje é, foi possível comprar qualidade razoável. Saudamos obviamente esta melhoria geral de qualidade baseada em melhores práticas na vinha e na adega, mas sobretudo na utilização de técnicos especializados. O negócio do vinho deixou de ser um negócio "familiar" no mau sentido, no sentido do amadorismo e do fazer como sempre se fez, da tradição enraízada. Passou a ser um negócio como todos os outros, onde cada macaco (salvo seja) tem direito ao seu próprio galho... E o galho do enólogo é muito importante.

Mas... tenho saudades - e por muitos motivos - dos tempos em que se ia ao Pingo Doce ou ao Continente comprar algumas coisas boas (e muito boas) das que baixavam de preço naquelas alturas... Nem tanto por causa da baixa de preço (que era relativa) mas por tal condição servir de desculpa ao amador desejoso de provar tais néctares... Era a velha história do milionário texano que comprava um Cadillac por impulso ao ler num cartaz do stand que a gerência oferecia , só naquele mês, os tapetes personalizados...Gastava 100 000 dólares porque lhe ofereciam uma "prenda" de 45 dólares...

Um produtor-engarrafador nosso conhecido e que atravessa algumas dificuldades para escoar o seu vinho do Douro, tinha pedido que se provassem  algumas garrafas do seu branco e tinto de 2008 (grande ano!! tenham em atenção!!) esperançado que,  através da prova,  pudesse sair alguma recomendação pública sobre a marca e o produto.

O vinho era bem bom para o preço que custava (tanto branco como tinto andariam pelos tais 2 a 3 euros por garrafa) . Na opinião dos especialistas que o provaram estava muito bem feito e tinha matéria prima de 1ª qualidade...Só que tinha aparecido uns anos mais tarde do que deveria... Se fosse há 5 anos atrás estaria recomendadíssimo pela excelente relação qualidade\preço...Hoje tinha de se juntar ao rol dos tais vinhos bem feitos e baratos que passarão a inundar as prateleiras das grandes superfícies dentro de dias.

Já agora aqui fica feita a menção (mais que honrosa):

Sodivini, Lda.
Marca: Folhas de Outono

Contacto:
Alameda 13 Janeiro 7 Santa Marta de Penaguião,
SANTA MARTA DE PENAGUIÃO, Vila Real 5030-470
Telf. 254828038
fax 254828038
Telm. 917870370

Todos sabemos que nem só de Barca Velha,Pintas, Poeiras, Pellada, Quinta da Dona e Vale do Ancho se pode fazer a "vida" de todos os dias dos consumidores... Mesmo que fossem senhores de "cabedais" consideráveis...

Para o dia-a-dia é óptimo que existam vinhos como aquele que citei , "Folhas de Outono" - ou outros - cumprindo cabalmente a função  de acompanhar bem as vitualhas quotidianas (matar a sede é com água!). Nem que fosse apenas   para habituar a juventude ao contacto com o vinho , saindo da ditadura cervejal, é necessário que existam estes vinhos.

Mas não me digam que não fazem falta nestas feiras de vinhos os "outros", os "aristocratas" das encostas soalheiras viradas a Sul...Nem que fosse para alimentar o sonho, transformando por algumas horas os catálogos destas feiras de vinhos  em Revistas mundanas onde se pavoneiam as "socialites" , deixando ao leitor água na boca por não estar na tal ilha paradisíaca, esticado na areia  ao lado do corpo escultural da beldade que - naquela semana - faz a capa.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Sobre o Mar: As Furnas

Os Restaurantes que neste momento estão a trabalhar melhor no Guincho são o "Mar do Inferno", da apreciada Dª Lurdes, já aqui recenseado, e "As Furnas do Guincho" do meu antigo companheiro de escola e amigo Xana.

Neste sábado fui às Furnas. Havia em Belém, no CCB,  a "rentrée" política de Manuel Alegre, o "senhorio" estava envolvido e eu,  como de costume, pendurei-me na comitiva. Daí que não havia grande tempo para cozinhar. Logo foi tomada a decisão de ir até ao Mar comer qualquer coisa, fumar um Hoyo numa esplanada e entreter as horas até rumar ao CCB.

O amigo Xana já no tempo dos Salesianos tinha queda para o negócio... Sempre o conheci a comprar e a vender: a bicicleta, as motas, e etc... Quando chegou a altura de iniciar a vida activa, enquanto que alguns entraram na Universidade o Xana investiu o que tinha num Bar em Cascais (o "Pielas" de boa memória).

Passar do Bar para gerente e principal sócio das Furnas levou ainda algum tempo, mas o trabalho árduo e a competência para estas lides cedo o marcaram como personalidade da restauração da linha e foi com naturalidade que ocupou o seu espaço nesta área tão competitiva e complicada, uma vida cheia de escolhos, rivalidades  e sobretudo onde o tempo de "bem bom" à custa do turista endinheirado passante e da fraca actividade fiscalizadora do Estado pertencem  à mitologia dos anos 70 e 80...

As  "Furnas do Guincho" tem uma situação das mais priveligiadas que existem no Guincho, mesmo em cima da falésia. O seu horizonte de mar e céu só tem por limite haver, ou não, nebulosidade nesse dia.

O Restaurante - recentemente remodelado com muito gosto - tem 3 esplanadas sendo a mais distante da entrada coberta. Bar para esperar mesa, muito "dans le vent"....Para além disso mais duas salas interiores. Decoração minimalista e bem conseguida; casas de banho impecáveis, já com fraldário separado. Todo o material de mesa , atoalhados, talheres, pratos e  copos são de boa qualidade.

Para lá chegar tomem os interessados a estrada do Guincho e têm de encontrar este Restaurante do lado do Mar (obviamente) , mesmo em frente à Estalagem (5 estrelas) Senhora da Guia , um dos poisos de Mestre Rob de Niro e outros colunáveis discretos  quando visitam incógnitos este nosso País...Conta a lenda que até o enorme Godfather Marlon Brando por lá se hospedou.

Restaurante "As Furnas do Gincho"
Estrada do Guincho
Guincho
2750-642 CASCAIS
Telef - 21 486 92 43

A comida é sobretudo  de influência marítima. Estamos mesmo sobre o Mar e o Restaurante tem as suas próprias reservas de marisco em Viveiros cavados na rocha.

Sopas: Sopa de peixe.
Mariscos vivos ao kg ; Paelha de marisco; Arroz de marisco;Feijoada de marisco;Feijoada de marisco;Cataplana de marisco.
 Peixe:  Filetes de Cherne com arroz de marisco ou salada russa;  Caldeirada de peixe; Lulas grelhadas; Peixe ao sal; Peixe assado no forno; Peixe grelhado e cozido do dia; 
Carne: Carnes grelhadas sobre carvão

Neste Sábado começámos por uma travessa média de percebes, muito bons, com o senão (para mim) que tinham sido  cozidos de manhã e eu gosto deles cozidos no momento (há gostos para tudo...) ; seguiu-se um bacalhau à lagareiro (posta alta e  competente , embora do bacalhau da ASAE, isto é,  daquele que já se compra previamente demolhado) e um Robalo de 800g feito em cama de sal. Magnífico! 2 cafés e dois whiskys velhos para fazer companhia ao Hoyo de Monterrey e pagámos tanto quanto...85 euros!

Devo dizer que 1 kg de Robalo do mar nalguns locais "próximos"está já a 75 euros... Pelo que se aceita e louva a razoabilidade destes preços do "Furnas"!

Recomendável e muitíssimo aconselhável para escapadas românticas, sobretudo à noite e mais lá para Outubro, quando a pressão dos "passantes" for menor... Se lá forem ao Sábado ou Domingo, estando um dia de sol, de Verão ou de Inverno, RESERVEM!

sexta-feira, setembro 10, 2010

Para descansar a Vista

Hoje dou-vos Manuel Laranjeira. Este Médico -Poeta (mais um) não é muito conhecido nos dias de hoje, embora exista uma Escola com o seu nome.  Aqui fica uma curta "bio" por cortesia da Porto-Editora:

Médico e escritor português nascido a 17 de Agosto de 1877, na Vergada, Vila da Feira, e falecido a 22 de Fevereiro de 1912, em Espinho. Toda a obra que deixou (ensaio, cartas, artigos, teatro e verso) corporiza a busca do "tom da sua própria verdade" (nas palavras de Nuno Júdice), numa antecipação da doutrina existencialista. Mantendo relações privilegiadas com Miguel de Unamuno, António Carneiro, António Patrício e Amadeo de Souza-Cardoso, Manuel Laranjeira padecia de doença (sífilis congénita) que o predispôs para a solidão e para o pessimismo, manifestos numa visão trágica da existência e numa atitude de ensimesmamento, com explosões de revolta e desespero, de cepticismo e niilismo, culminantes no suicídio. A obra literária de Manuel Laranjeira apresenta-se, assim, marcada pela busca incessante da verdade sobre si mesmo, de onde provém o confessionalismo e a dramaticidade que a caracterizam.

Sempre relacionou o atraso português com o divórcio entre os intelectuais e o país real.
 




















NA RUA

Ninguém por certo adivinha
como essa Desconhecida,
entre estes braços prendida,
jurava ser toda minha.

Minha sempre! — E em voz baixinha:
— «Tua ainda além da vida!...»
Hoje fita-me, esquecida
do grande amor que me tinha.

Juramos ser imortal
esse amor estranho e louco...
E o grande amor, afinal,

(Com que desprezo me lembro!)
foi morrendo pouco a pouco,
— como uma tarde em Setembro...

Manuel Laranjeira (1877-1912)


A Tristeza de Viver

Ânsia de amar! oh ânsia de viver!
Uma hora só que seja, mas vivida
e satisfeita... e pode-se morrer
– porque se morre abençoando a vida!

Mas ess'hora suprema em que se vive
quanto possa sonhar-se de ventura
oh vida mentirosa, oh vida impura
esperei-a, esperei-a, e nunca a tive!

E quantos como eu a desejaram!
E quantos como eu nunca tiveram
uma hora de amor como a sonharam!

Em quantos olhos tristes tenho eu lido
O desespero dos que não viveram
Esse sonho de amor incompreendido!

Manuel Laranjeira (1877-1912)

O Futebol (zinho)

O nosso Inspector Maigret comenta as idas e vindas do luso futebol:


Este comentário não é sobre caça, mas prometo redimir-me nos próximos dias com a indicação de 1 ou 2 restaurantes do concelho de Idanha-a-Nova com alguma fama no tratamento que dão às carnes de veado e javali (acho que já me espalhei, porque ainda não estamos em época deste tipo de caça, pois não?). Adiante! O que me leva hoje a escrever são as declarações de Toni, antigo jogador e treinador do Benfica, sobre toda esta polémica à volta do seleccionador nacional. Pois bem, na minha opinião, Toni teve a inteligência de tocar num dos pontos mais sensíveis, embora, muitas vezes, propositadamente esquecido, deste “affaire” Queiroz. A uma pergunta de um jornalista sobre se Queiroz devia continuar no cargo e quem poderia ser o sucessor, Toni respondeu (vou citar de cor): “olhem, convidem o Scolari, que é para todos vermos se ele faz com os jogadores actuais o mesmo que fez com o Figo, o Rui Costa, o Pauleta, o Costinha e todos os outros; para vermos se ele, campeão do mundo, com estes jogadores, também consegue encher as janelas com bandeiras”. Adorei estas declarações, porque, em primeiro lugar, detesto o Scolari e os seus tiques autoritários populistas (e não lhe perdoo que, a jogar em casa, a dirigir uma equipa de muitos e bons jogadores, tenha conseguido perder uma final com a Grécia) e porque, muito sinceramente, o Madail (agarrado aos cargos que “sacou” em comissões da FIFA e UEFA), o Amândio de Carvalho (este já deve ser dirigente desde os tempos do Estado Novo), o Carlos Queiroz (para onde vai?), o Agostinho Oliveira (se conseguir colocação, vai para professor de educação física, o que não é vergonha nenhuma, vergonha é…), o parolo do secretário de estado (este que vá à…) e todos os outros dirigentes, técnicos, médicos, etc., não marcam golos, nem fazem grandes dribles, nem grandes defesas. Isso compete aos jogadores e muitos dos actuais seleccionados não passam de jogadores banais. Não acreditam? Esqueçam os clubes onde eles jogam e, Cristiano Ronaldo à parte, comparem os jogadores, posição a posição, das selecções de 2000, 2004 e 2006 com os desgraçados que jogaram (?!) nestes últimos jogos.



Só pelo que disse, Toni é o meu preferido para seleccionador nacional. Sou Sportinguista e sei muito bem a imediata associação de Toni com o Benfica, mas mesmo assim, apoio-o, porque nunca o ouvi dizer mal do Sporting, nem do FC Porto, nem de nenhum outro clube e porque, se é para a desgraça… o Toni é o homem indicado! E não me venham dizer que ele tem fama de copofónico – há muitos anos que o meu lema é “mais vale ser um bêbado conhecido que um alcoólico anónimo”.
 
Comentário: e nunca esqueçamos que foi um bêbedo reconhecido que ganhou a Guerra Civil americana, para enorme desgosto dos dândis do Sul... Ulysses S. Grant, filho de um curtidor de peles,  deu uma abada ao cavalheiro e proprietário (gentleman farmer) Robert E. Lee...

quinta-feira, setembro 09, 2010

Vem aí a Caça!

Atenção a quem escreve em Black Berrys e quejandos... Como tais artefactos não possuem cedilhas nem acentos o título deste Post apareceria: "Vem ai a Caca" o que, a bem dizer, não era exactamente o que se pretendia.

 Embora - e como veremos no desenvolvimento da leitura - alguma caça seja cada vez mais caca...

A Caça (entenda-se o animal, de pelo ou de pena, selvagem) é para muitos de nós uma miragem cada vez mais distante e tremebunda, quase a desaparecer da vista do sedento náufrago do deserto.

Perdiz verdadeira, a perdiz de Torga e de Aquilino, a que terá comido o Eça?  Difícil...Cada vez mais difícil apanhá-las...

Pode ser que haja por aí alguém que tenha caçadores na família. Pode ser que algum desses Nimrods tenha a sorte de se aventurar por algum vale perdido em Trás-os-Montes, onde daria de caras com alguma dessas perdizes vermelhas rústicas e selvagens... E pode ser que acerte o tiro, se não desmaiar de comoção em primeiro lugar, pelo espanto da raríssima ocorrência...

Não sendo isso o melhor é estarmos plenamente convencidos que o que nos apresentam no prato (em QUALQUER prato da restauração lusa) são perdizes de cultura, se tivermos sorte com alguns meses de liberdade controlada.

Perdiz da selvagem vai-se tornando tão rara como o salmão do MInho... Impossível de a encontrar não direi que seja...também há alguns amigos meus que , de quando em vez , juram e trejuram que "fulano" apanhou um salmão lá para Ponte de Lima... Mas devo confessar que o último desses que me passou pelo estreito comi-o ainda o meu Pai era vivo, portanto lá para 1980, num  Restaurante típico e humilde, lá para a Póvoa do Lanhoso,  de que infelizmente não recordo o nome.

Salvam-se, por enquanto, as lebres, os coelhos bravos (que nalguns locais são mesmo praga) e a Princesa Srª Dª Galinhola (levantemo-nos e tire-se o chapéu), embora manda a verdade que se diga que estas que aparecem nos nossos restaurantes  - quase  como favor que é feito pelos donos aos seus melhores clientes -   têm  cada vez mais sotaque açoreano, de S. Miguel, das Flores ou do Pico ao invés do linguarejar do Norte da Europa, mais típico das  Scolopax rusticola que vinham passar o Inverno a Portugal continental...

E são vendidas  a 35\45 euros cada uma...Ora se pesarmos apenas a carne e dividirmos pelo custo, veríamos que são mais caras do que qualquer lagosta nacional... E para mim merecem. Até porque não aprecio lagosta.

Esperemos então pela CAÇA:  Pompílio (Elvas) Fialho (em Évora): Tasca do Oliveira (idem), Molhó Bico (Serpa); O Galito (Lisboa);  Salsa e Coentros (Lisboa); o restaurante da York House (Lisboa),Pavilhão de Caça (Matosinhos), Beira Mar (Cascais); Cimas - English bar (Monte Estoril); O Solar Brangançano (obviamente em Bragança);  Restaurante Saldanha (um achado, no Peredo , Serra de Bornes, entre Macedo de Cavaleiros e Mogadouro); Sabores do Alvão (Ermelo)  aqui e tendo sorte pode ser que "Ela" -  a verdadeira perdiz apareça... Claro está se os locais não as comerem todas, o que é o mais certo.

Todos estes são bons endereços... Mas há mais. Pode ser que me encontrem num destes, à medida que o tempo arrefece.

quarta-feira, setembro 08, 2010

Verde era a relva?

O Vale era Verde.  1941. Mestre  John Ford filma Maureen O'Hara e Walter Pidgeon numa inesquecível história sobre a vida de uma comunidade de mineiros de carvão no País de Gales. 5 Óscares da Academia (Melhor Filme, Melhor Director, Melhor fotografia a preto e branco, Melhor Direcção de Arte e melhor Actriz Secundária - Sara Allgood).

Ontem, em Oslo, a relva parecia verde, mas acabou por ficar a modos que negra para as cores lusitanas... Negra de mau presságio para o apuramento deste Europeu, à conta de 1 pontinho em dois jogos, um deles em casa e contra uma selecção de mediana qualidade.

Fala-se muito do "ambiente" que rodeia a selecção portuguesa , a modos que desculpando as exibições. O futuro ex substituto do proximamente despedido Treinador Nacional queixa-se também da má sorte. E com razão. Foi uma má sorte do caraças terem lá colocado aquela equipa técnica!

Mau ambiente e má sorte. Dá alguma vontade de ser solidário para com os interesses futebolísticos nacionais e de imediato enviar para o próximo estágio uma caixa de embalagens de "Haze" para melhorar o dito "Ambiente". E quanto à má sorte, depois do ainda inexplicável falhanço da "Bruxa do Cabo",  talvez seja de nos retirarmos para dentro do rectângulo e procurarmos aqui refrigério e ajuda, possivelmente lá para cima, em Vilar de Perdizes, onde consta que a malta do quebranto,  das mezinhas e chás pau-d'arco se reune de quando em vez à volta do caldeirão...

Nem discuto o jogo e a táctica (falta-me conhecimento para tal). Apenas constato que deve ser possível fazer melhor com a matéria prima existente. Questão de falta de liderança? De falta de motivação?Já o Poeta o dizia:  "Fraco rei faz fraca a forte gente" (Lus. III, 138)

Não te mexas Madail e apodrece aí onde estás. Como dizia um dos meus amigos:  Faraós já não temos, mas Múmias é o que não falta!

Perguntarão porque é que trouxe à ribalta John Ford e "How Green was my Valley" para falar deste trambolho do jogo de ontem?

Então o filme não trata das Minas de Carvão? Lá no fundo estamos quase a chegar. Falta o jogo com a Dinamarca... A partir daí só pode melhorar. É sempre a subir...

terça-feira, setembro 07, 2010

A Turba

Marinho Pinto, no programa "Prós e Contras" de ontem à noite falou da "Turba Mediática" e de como a sentença do famigerado caso da "Casa Pia" poderia ter sido empolada para dar satisfação a essa "coisa" indistinta mas  que se adivinha poderosa: A Turba Mediática!

Nem sequer discuto esse assunto do caso "Casa Pia" que, na minha opinião, envergonha o País, desgraça o Estado e embaraça a Justiça.  Mas há que reflectir um pouco sobre esta questão importante do "Governar para a Plateia", de exercer o múnus da governação tal como um mau treinador de futebol faz substituições a pedido do "3º anel"....

Nada disto é novo. Até os antigos Imperadores romanos, de cima do seu pedestal de "divinos",  também governavam tendo em vista a "Turba".  Talvez não a mediática, algo limitada naquele tempo pela falta da matéria prima transmissora da mensagem, mas sempre a "Turba" genericamente falando, constituída pela populaça, pela gentinha, pelo povão, pelos bichosos, pelos favelados, pés-descalços, pelos sem-terra, no fim de contas pelos diversos proletariados (consoante o espaço\tempo em que se encontravam as ditas criaturas).

















"Panem et circenses" era remédio santo para sossegar a "Turba" naqueles tempos em que os investimentos nos palácios de Verão do César da altura,  à custa da  falta de pão para a  população,  fazia tremer o Transtevere, bairro maldito de Roma onde reinava absoluta a tal de "Turba"...

Quem dominava o Transtevere dominava Roma. Pela força dos números está claro! Pela força da demagogia de Estado.

A "Turba" - que nas nossas actuais sociedades pensa ter na mão  a arma final: o voto - acaba por ser (ontem como hoje) subtilmente manipulada para eleger quem for mais arguto, mais demagogo e mais "populista"...

Divisa actual do candidato a político: No Antes: Prometer sempre ! E muito! Depois de Eleito: "Fazer" , pouco e devagar, de acordo com as vantagens pessoais que daí ocorrerem...

Os bem-pensantes, as vanguardas eruditas, os intelectuais, os árbitros das elegâncias Petrónius,  sempre foram, ontem e hoje, apenas umas "melgas" a quem o Poder atira (va) de vez em quando algumas migalhas para que não levantassem demasiado a "garimpa".

O César era bem esperto, estabelecia sempre as suas prioridades: tratar bem de si próprio e dos seus apoiantes, NUNCA deixar faltar o Pão, a Cerveja, e o Salário à Guarda Pretoriana!! Deixar para o fim a satisfação das necessidades do rebotalho . Põr sempre de lado alguma cosinha para "animar" as almas com uns Jogos no Circo Máximo, em caso de impendente revolta dos mesmos tristes.

Estratégia tal e qualmente hoje aplicada por  alguma nomenklatura africana que fala português,  com os seus generais -milionários, de quem nunca se esquece na altura de distribuir os dividendos da Empresa-País que "gerem"...

Em Moçambique aumenta o pão e outros bens essenciais e o Povo vem para a rua, tal e qual como o faria há 2500 anos atrás. Mataram 13 desgraçados que reclamavam por melhores condições de vida... Na Roma dos Césares a Guarda Pretoriana teria morto 130, ou 1300... Uma simples questão de escala.

Ontem, como hoje, os problemas são os mesmos, o Povo sofre da mesma maneira, a reacção do Poder é a mesma... Onde está a evolução da humanidade?

segunda-feira, setembro 06, 2010

Um Oasis perto do mar

Quem se dirige ao Guincho vindo de Cascais repara , à sua direita, no velho e afamado cruzamento de Oitavos, outrora célebre pela "Casa de Chá" alojada mesmo no cimo do pequeno monte de Oitavos, local preferido pelo Almirante Corta-Fitas para passar umas tardes.

Hoje é por esse caminho que vamos, mas dirigidos ao novíssimo empreendimento que Miguel Champalimaud ( e família) abriram nos terrenos de sua propriedade. O  Hotel de Oitavos é um 5 estrelas minimalista, construído e apetrechado de forma a que o Cliente não deixe de ver, sentir e cheirar o Mar ali tão próximo. E, se à mistura tiver ocasião de se inebriar com o bouquet da resina dos pinheiros circundantes, a lembrar os vinhos clássicos do Dão do Engº Vilhena, então ainda melhor...

Mestre Aimé Barroyer assentou agora praça (não direi "praça" , antes "general" ou "almirante" posto mais condizente com a cultura gastronómica e a sabedoria de Aimé) ali mesmo no Hotel de Oitavos, onde lidera uma brigada de algumas dezenas de fâmulos nas várias vertentes em que se declina a oferta gastronómica do novo Hotel.

O cume encontra-se no Restaurante Ypsilon, dedicado (por enquanto) apenas a jantares e onde será mister ir preparado para apreciar aquilo que de melhor se pode comer em Portugal na vertente da cozinha criativa, gastronómica e de grande qualidade absoluta. Mestre Aimé é grandioso em tudo, mas sobretudo na forma como se "aportuguesou" e exige de todos os seus aliados aos fornos a utilização de produtos e até algumas formas de fazer  genuinamente lusitanas. Obviamente revisitadas por alguém que estudou com os maiores gauleses (Bocuse)...

Nessa tarde em que lá fui para o  Terraço sobre a piscina, fumando um Hoyo de Monterrey, pedi para me entreter até ao jantar um "carrocel" de mimos do Chef,  pequenos pratos alinhados por ordem crescente de sabores activos. Compareceram naquela tarde Sashimi de atum, pargo e salmão;  dois tipos de Sushi; Mexilhão estufado em vinho; Rolos Primavera;Croquetes de miso (pasta de soja) e Hamburguer com ovo de codorniz a cavalo.

Tenho de confessar , para desespero dos puristas, que acompanhei estas criações deliciosas e francamente agradáveis à vista com o meu fiel Jack Daniels, aqui promovido ao "single barrel"... Que querem? Apeteceu-me e o charuto também puxava...

As Boas Notícias:  Já se sabe que a qualidade de tudo o que comi foi magnífica, nem outra coisa se esperava de quem aprendeu com o mestre Aimé! E quanto a preços...Não sei se beneficiei de preços de abertura...Mas 25 euros pelas "tapas" (salvo seja)...  JD's a 9 euros! Francamente em conta tendo em vista o "enquadramento". E ainda por cima também uma Carta de Vinhos incivelmente assisada em termos de Preços! Obviamente ainda curta e marcada pelos Vinhos da Casa Montez Champalimaud (que saudades do Sousão, que quando era bom metia num canto o Quinta do Couto Grande Escolha).

Tudo visto, revisto, saboreado  e fumado , confesso que embora não seja fanático (antes pelo contrário) daquela  "raça",  hoje tenho de dizer:

"Viva o Champas do Oitavos! E que  mantenha por muito tempo a qualidade e o preço...!"

sexta-feira, setembro 03, 2010

Para descansar a Vista

Três poemas curtos de Eugénio de Andrade para nos acompanharem neste fim de semana. Aqui Eugénio celebra o Amor como matéria-prima necessária ao fabrico dos nossos dias. Aquela sem a qual não haverá mais manhãs claras...


















Poema XVIII

Impetuoso, o teu corpo é como um rio
onde o meu se perde.
Se escuto, só oiço o teu rumor.
De mim, nem o sinal mais breve.

Imagem dos gestos que tracei,
irrompe puro e completo.
Por isso, rio foi o nome que lhe dei.
E nele o céu fica mais perto.

Eugénio de Andrade


Frente a frente

Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.

Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!

Eugénio de Andrade


Urgentemente

É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.

É urgente o amor,

É urgente permanecer.

Eugénio de Andrade

quinta-feira, setembro 02, 2010

Jóias da Coroa

Bombaim, cidade cedida em 1661 aos Ingleses como parte do dote ( e que dote...) da Princesa D. Catarina de Bragança pelo casamento com o rei Carlos II, foi muitas vezes considerada a "Jóia da Coroa" do império britânico.

Os hermanos aqui do lado celebravam Cartagena de las Indias  de uma forma semelhante, evidenciando a respectiva importância na salvaguarda das rotas do ouro das Indias Ocidentais.  A tal cidade cujas fortificações custaram tanto dinheiro à coroa espanhola que Carlos III ,  manuseando o  seu óculo de mar, em Espanha, teria dito "Isto é um ultrage! pelo preço que custaram aqueles castelos deviam ver-se daqui!!".

 Em Portugal e salvaguardadas as devidas distâncias é relativamente pacífico considerar-se que foi o Brasil a nossa mais proeminente "Jóia da Coroa".  Pelo menos era aquele local de onde passaram a vir  as verdadeiras Jóias da Coroa, após o colapso económico da Goa Dourada do século XVII...

Este Brasil do eterno futuro, aquele País que nos parecia estar sempre adiando o seu encontro com a modernidade, abriu os olhos, levantou-se em termos económicos e espanta o indígena luso: 8ª maior economia do mundo, a segunda do continente americano, depois dos USA. O país que mais saltos positivos deu em competitividade nos últimos anos, cujo PIB é hoje de prox. 11 triliões de US e que  tem poder de Veto no FMI (o que é muito importante), para além de pertencer  ao G8 .

Com a Índia, a Rússia e a China constitui o bloco BRIC , considerado pela Goldman-Sachs como sendo o bloco político e económico de maior futuro no mundo. Os tendencialmente líderes da economia de amanhã.

Lula da Silva - neste momento em que parte da presidência - deixou este legado aos brasileiros. Mesmo a nomenklatura neo-liberal das escolas de economia o afirma: Não há como negar que, no atual governo, existe um controle visando o equilíbrio entre inflação, contas fiscais e sólidas contas externas, além da redução da relação dívida / PIB, devido à forte redução da parcela corrigida pelo câmbio. (Economia Brasileira Hoje).

País de dimensões continentais, onde paradoxalmente o velho correio ainda é, nalguns locais, distribuído de "piroga", mas onde também a ECT Brasil ensaia a aquisição da sua própria frota de aviões para distribuição do mesmo correio, o Brasil projecta-se no nosso horizonte como uma oportunidade e uma visão para os empreendedores que, a meu ver, tem mais "pernas" para andar do que aquelas "Angolas" que hoje se transformaram - ou para lá caminham - nas antigas "Franças" do bidonville...

Numa Europa exausta onde Portugal se arrepela olhando para o fundo dos tachos, é normal que sejam as novas economias  a insuflarem o oxigénio que escasseia.

Vamos ver se não somos nós,  desta vez, a esquecermo-nos do encontro com esta nova história...

quarta-feira, setembro 01, 2010

C'est en Septembre


Sempre gostei muito desta balada de Gilbert Bécaud. Um passeio nostálgico por uma juventude de praia, à qual se regressa uma vez por ano, não em Agosto, mês dos gafanhotos turistas, mas sim em Setembro, quando "a areia parece um ventre que ninguém ainda tocou"...

Vejam aqui os versos:

http://www.malhanga.com/musicafrancesa/becaud/septembre.htm

Vejo desta maneira, em Setembro, o verdadeiro Algarve mais sossegado para onde ainda podemos ir a banhos mas sem o risco de enfiar o olho em cotovelo alheio.  Também os Restaurantes mais calmos e atenciosos, e os finais de tarde nas esplanadas a ver o infinito, agora sem tanta pressão para "consumir ou largar".

Recordo-me bem dos anos em que passei uns dias de férias nesta altura, em Vilamoura, e do prazer que foi poder jantar na Casa da Praia (nem sei se ainda existe) com todo o sossego, e fazer o caminho de volta para o MarinaHotel (hoje com outro nome decerto) onde o amigo Nogueira  nos esperava para a conversa e o último copo da noite, antes de começarmos  a romaria pela "night life" que era  a sua obrigação diária enquanto Director de Hotel, para ver e ser visto...

Nalgumas dessas noites conseguíamos desenfiar-nos da cegarega da Trigonometria , Kadoc e T-Club ( vejam lá há quanto anos isto foi...) e jantávamos no Akvavit (restaurante  na Marina) , aberto nesse ano por um chef sueco de quem gostávamos por vários motivos. Em primeiro lugar ( e sobretudo!!) cozinhava primorosamente e tinha sempre em casa aquelas especialidades suecas que ainda desconhecíamos em Portugal.

Depois, nessa altura passavam os Muppets na TV e lá vinha a caricatura do Chef Sueco a fritar almondegas... E não é que a figura física do dono do restaurante parecia mesmo o "boneco" dos Marretas? Aliás, ele , sempre bem disposto, tinha lá pendurado no restaurante um poster com o Chef marretal.

E por fim, , este Chef tinha trazido consigo a mulher, 20 anos mais nova... E que era linda de morrer. Habituados à vida mais liberal das monarquias nórdicas, este casal sui generis era muito dado ao convívio extra conjugal, sendo que ambos "conviviam" alegremente com outras e outros sem que isso quebrasse a sua aparente harmonia. Imaginem o que seria esta "pintura" - 20 anos atrás -  apreciada pelos portuguesinhos morcões e trombudos!! Onde - e isso era o mais hilariante - as verdadeiras cenas de ciúmes eram feitas pelas "outras" e pelos "outros",   perante a incompreensão dos dois suecos...

Era costume acabarmos algumas destas noites, já pelas 7 da matina,   no mais pacato "Patacas" ali mesmo no centro de Vilamoura. Pois aí - com muito vinho, cerveja e whiskys à mistura - víamos às vezes os amantes da linda sueca a chorarem no ombro do marido porque ela os tinha trocado - nessa noite - por outro flausino... E o marido, com os braços em volta de uma espectacular espanhola de Cádiz que era lá empregada no Akvavit, a consolá-los dizendo que não ligassem muito a isso porque ela, a sua mulher,  era mesmo assim...

Inaudito e difícil de entender...  Mas estou certo que "eles" o sueco e a sueca é que sabiam da poda e , quando finalmente se encontravam sózinhos, lá pelas 11 da manhã - fosse na cama ou fosse na mesa da cozinha - deviam rir-se a bandeiras despregadas à custa dos indígenas... E com razão.