segunda-feira, dezembro 28, 2015

A gripe espreita



Depois de várias tentativas anteriores  falhadas a insidiosa gripe acabou por me atingir ontem à tarde.

Estava eu ainda a gozar a notícia do prémio Gourmand 2015 atribuído ao nosso livro "Viver Portugal com o Mediterrâneo à Mesa", de Fortunato da Câmara...

Não pode um pobre mortal ter uma alegriazinha que logo os deuses invejosos lhe mandam o reverso da medalha.

Hoje tive de adiar um almoço há muito esperado com um bom amigo. E estou "piurso" por causa disso mas também  à conta do entupimento nasal e mal estar geral. Imaginem o que seria ter um "puro"  daqueles de origem protegida, lá da Ilha do tio Fidel de Castro  à disposição e não poder desfrutar do mesmo.

Depois vingamo-nos.

E quanto à gripe? Vale o velho ditado: abifa-te, abafa-te e avinha-te...

quarta-feira, dezembro 23, 2015

Boas Festas!!



As pessoas andam desconfiadas. Não sei se o facto do banco mais confiável do país parecer ser aquele onde nos sentamos na cozinha (apesar das pernas tortas) terá a ver com isso...

Hoje de manhã estava eu a gozar com o dono do quiosque sobre a "figurinha" do Dr. Bruno de Carvalho na discoteca do Funchal (de onde foi convidado a sair). O meu senhorio não gostou e ia amuando.

Porquê? Um simples "fait divers" sobre uma personagem de interesse público...

É bem verdade que nem todos sabem aguentar o álcool, mas quanto a isso o SLB tem heróis antigos que poderiam dar lições ao novel  presidente leonino. Lembro-me de Toni em Teerão, lembro-me de Manuel Vilarinho (É pénalty? Manda vir 2!).

Há malta que não aguenta uma piada... O leão constipou-se? Nada disso! Caiu-lhe mal a poncha. Por isso foi Bruno Carvalho fazer a prova dos nove à Camacha. Encontrando-se esta fechada àquelas horas da noite , rumou à "Vespas" e foi o que se viu...

Por acaso já fui muito feliz na "Vespas",  que era perto da casa da "madame", local onde deve ter aprendido o ofício a mais célebre alternadeira do país...

Mas adiante que não estamos em Amarante... E nessas alturas éramos todos novos, eu, os meus colegas e as meninas da "madame". Esta é que se for viva deve estar hoje ao nível do Ramses II.

Entra o Porto à frente neste Natal. Vai o Sporting a seguir e o meu SLB encerra o pódium. Perguntarão: porque é que o gajo parece tão feliz se ainda anda a comer lama das patas traseiras  do gato? 

Ora essa! Porque estamos quase no Natal!! E amanhã vou passar o dia a cozinhar para as velh***, digo para as "santas" ,  e ainda tenho de ir com elas ao cemitério, porque aparentemente os mortos já gastaram as flores do dia de finados e querem agora as campas decoradas de novo para a quadra (mortos exigentes e mal agradecidos!). Cada vez mais me sinto um apoiante convicto da cremação.

Não acreditam nesta felicidade? Eu também não!

Boas Festas! Feliz Natal!

E bebam qualquer coisa de jeito na noite da Consoada, quando estiverem sozinhos em casa com a tropa fandanga já toda aviada para o dia seguinte. Pelo menos serve para  suavizar a dor...

P.S: Sobre o Bacalhau da Consoada leiam aqui:
gerador.eu
Neste site há um gajo que assina "Manuel Luar"  e escreve umas coisas sobre comes e bebes...Conheço bem a criatura.

terça-feira, dezembro 22, 2015

Bacalhau fresco? Para dar ao gato (sendo este pouco exigente)



Tenho de ter algum cuidado para não ferir as susceptibilidades de alguns amigos e amigas que juram pelo bacalhau fresco como eu juraria pelos presuntos de Bísaro.  Não lhes desejo mal nenhum, pelo contrário.

 Se o "bicho" fosse muito abundante só ansiaria que muito o comessem fresco e que deixassem o "outro" para quem gosta.

A Noruegazinha,  mai-lo seu Turismo alimentado a poços de pitrol, tem dado uma ajuda a esta moda do bacalhau fresco. Até já se organiza por esta Lisboa uma "Skrei Fest", evidentemente que acarinhada pelos pais babados da criatura.

Tentei comer duas vezes este dito Skrei. Na primeira fui ao engano, já que na carta do restaurante estava "bacalhau" e que eu saiba aqui em Portugal quando se escreve bacalhau é do salgado e seco. Odiei. Convenci-me a experimentar de novo, porque tenho por norma dar sempre e a qualquer coisa uma segunda oportunidade. E não gostei outra vez.

Li depois disso coisas mais ou menos incríveis em sites da especialidade, entre elas uma frase do tipo " Era o bacalhau fresco uma coisa muito prática porque não tinha que se demolhar...". Esta criatura era capaz de demolhar cherne ou pescada?  Talvez.

As razões da minha pouca inclinação para este novo "produto" são de duas ordens:

- Em primeiro lugar não me sabe bem. Prefiro o peixe da nossa costa mil vezes. Admito que as preparações do tipo "disfarça aquilo e mete espumas" não ajudam também.  Mas na grande prova real do peixe, que é a grelha com sal apenas ou a cozedura simples, esta proposta não se sai bem.

- A segunda razão do desgosto é mais estratégica. Se desatam a comer bacalhau fresco e dado que a espécie está a reproduzir-se com mais dificuldade, onde sobram os peixes para o bacalhau a sério??!!

Confesso que se vou a algum restaurante e vejo isto na carta irrito-me. E se é algum chef ou restaurador conhecido digo-lhe logo ali na cara o que penso.

O problema , como se pode adivinhar e tirando para fora da equação o "subsídio norueguês", é que o chef armado ao pingarelho - e desejoso de subir na escada do Miquelino - não admite ter na sua carta um prato dito de taberna, que é servido com alho picado , cebola e pode levar colorau... Mas ter um prato de "Skrei"? Só o nome dá uns ares de grito de falcão a subir no céu azul... Poesia pura...

Cada vez mais me parece que a gastronomia lusa está a ficar cheia de manias.  Cheia de manias e cheia de "pessoaszinhas" que abrem o restaurante e que o fecham no mês seguinte, queixando-se da crise e depois de terem torrado o dinheiro aos pais.

Chamo a isto a rota das três ervilhas e emulsão de caranguejo, com geleia de mirtilos em prato branco grande. 

Francisco José Viegas é que os topa a léguas!! Abençoado autor da "Dieta Ideal". Umas largas dezenas  de  receitazinhas que não utilizam skrei...  (Cruzes, Credo!).

E, em maré de livros de gastronomia, as palmas para o último de Fortunato da Câmara, outro cidadão que não parece conquistado pelo Skrei...O livro chama-se "Manual para se tornar um verdadeiro Gourmet". 

E é mesmo!


segunda-feira, dezembro 21, 2015

Vinhos para a Quadra



Sendo de esperar alguma parcimónia na frequência destes Posts, agora que se aproxima esta "quadra fatal", deixo aqui já hoje algumas recomendações sobre os vinhos que devemos ( ou podemos) apresentar nas nossas mesas.

A quadra do Natal e Ano Novo pode ser "fatal" para alguns, onde me incluo. Os motivos são muitos, mas não vindo a propósito os mais particulares, sempre lhes digo que em casas onde não há crianças e onde as famílias não se podem reunir por várias razões ( desde a antipatia mútua até à distância que os separa) nem sempre estas noites ditas "de festa" o são verdadeiramente.

Para amaciar esta nostalgia de outros tempos, onde se vivia o assunto natalício com alegria e calor humano, não há remédio melhor do que ter à mão um vinhito de qualidade. "Vinhito" é capaz de ser a palavra errada, como veremos...

Nem todos podemos beber aquilo que desejamos. Mas se o vil metal não fosse obstáculo, e mantendo-me apenas em Portugal, existem dois vinhos tintos que considero perfeitamente capazes de trazer uns momentos de felicidade a qualquer cidadão desanimado, a pensar como vai agora ajudar a pagar o Banif, em cima das outras coisas todas...

São eles o Legado 2011 - enorme vinho do Douro da Sogrape, feito em homenagem ao grande patrão, Sr. Fernando Guedes. E ainda o Carrossel 2011 da Quinta da Pellada, o cume da Touriga Nacional na sua região de excelência, que é o Dão. O primeiro custa em redor de 200€, e o segundo quase 60€. Por garrafa, não é pela caixa...

 Há  quem goste de ler estas coisas da mesma forma que se pode entreter no barbeiro a ler a crónica na revista "Turbo" sobre o novo Bentley Continental GT, uma ninharia do mundo automóvel proposta por cerca de 400 000€. Não é para comprar. É para saber que existem e para sonhar .

Para essa malta que pelo sonho é que vai, mas é com o olho no conteúdo da carteira que faz as compras, tenho outras propostas mais comuns.

E a minha bitola para este Natal ( e Ano Novo) são os 20€ por garrafita.  Bitola que permite beber muito bem. De notar que algumas destas propostas estão mais próximas dos 15€ do que dos 20€! Obrigado Portugal!

a) Vinhos Tintos até 20€ , e de Norte para Sul:  Quinta do Vallado, Sousão 2012; Luis Pato Vinhas Velhas, tinto de Baga 2010; Quinta de Saes estágio prolongado 2012, Dão; E para famílias grandes um achado: Uma Magnum Frei João da Bairrada de 1995 a menos de 20€ ela também (na garrafeira Nacional)!! Só para quem gosta da Baga mais evoluída.

b) Dos tintos para os brancos: Alvarinho Dona Paterna de 2014; Tiara 2010 (Nieepoort); Quinta dos Carvalhais Encruzado 2014; Vidigueira Grande escolha Branco 2013.

c) Espumantes: Murganheira Único; Vértice Gouveio 2007; Montanha Chardonnay Arinto Super Reserva;

d) E um belo Porto para acompanhar um charuto: Niepoort LBV 2011; Warres LBV 2003.

Nota: Um grande whisky de malte infelizmente não se apanha a menos de 20€... Hélas...

Boas Festas!!

sexta-feira, dezembro 18, 2015

Desvendando segredos

Pensei bem se deveria fazer aqui esta revelação hoje.  Porque há coisas tão boas que se podem estragar com a divulgação...Mas estamos no Natal...

Trata-se de um pequeno restaurante que seria na  "província" nos tempos do Eça de Queiroz, mas que hoje está a dois passos do centro de Lisboa (para quem saiba lá ir ter).

Casal de S. Brás.   Rua Sebastião da Gama , nº1. E o local chama-se (imaginem) Restaurante Fialho!! TELEFONE - 214 942 899

A Matriz da carta e das propostas fora desta  é  do baixo Alentejo ( os proprietários são da Vidigueira), mas a arte da cozinheira e das matérias primas está a um nível bem alto.

A primeira vez que lá fui  estava tão bem acompanhado por dois mestres na arte de comer e de escrever sobre o assunto (Quitério e Fortunato) que me acobardei de dar testemunho desse almoço que foi notável. Pela companhia, sem dúvida, mas também pelo que se comeu.

Mas depois disso já lá voltei, motivo pelo qual estou mais à vontade para fazer a humilde reportagem.

Casa pequena, muito simples e plena de parafernália "verde". Dono, mas sobretudo o filho, são sportinguistas de gema. O que me levou a pensar se um estorilista com o coração na Luz seria ali bem recebido. Foi. E muito .

Convém reservar, não só porque a casinha é pequena, mas também porque muitos dos pratos mais apetecíveis são encomendados previamente.  Mas mesmo que venham ao sabor da maré e do vento (que foi o que me aconteceu na última vez) não sairão dali defraudados.

Não esperem mordomias de casa a atirar para o finório. Não esperem panejamentos de damasco e copos de cristal. Esperem apenas simplicidade, saber receber como se fossem da família, boa comida caseira e muito boa qualidade das matérias ali trabalhadas.

Não é casa para ver e ser visto. É uma casa para ir comer. E sair com um brilhozinho nos olhos.

 A lista fixa  é mais ou menos a que segue - Entradas: torresmos; farinheira frita; paio de Sousel; cogumelos.  Pratos Principais:  Bacalhau à Brás, Pernil assado; carne alguidar; lombo assado com poejos. Por encomenda; arroz de coelho bravo, javali, canja de pombo bravo, Perdiz em várias apresentações.  Sobremesas: pudim de mel de Portalegre; bolo de requeijão; sericaia. 

Mas o patrão tem sempre alguma coisa atrás do balcão que vale a pena experimentar. No dia em que lá fomos era um aromático Caldo de Peixe (poejos e hortelã da ribeira)  que podia ser servido com achigã ou com robalo. E o prato dia era o clássico Ensopado de Borrego. 

Comemos o Caldo  com o Achigã (superlativo) e o Ensopado (muito bom na  sua singeleza natural) . Rematámos com a Carne do Alguidar (magnífica) aqui com migas de pão. E ainda houve espaço para dois cafés e uma "branquinha" particular (porque era Sábado).

Os vinhos  propostos são geralmente pouco conhecidos e na sua maior parte transtaganos. Nesse dia bebeu-se uma garrafa de branco da Vidigueira e uma de tinto (também alentejano) Migas. Ambas de 2013. Muito interessantes e a preços afabilíssimos.

A Revista de Vinhos escreveu sobre o "Migas": Feito com Trincadeira, Aragonês e Alicante Bouschet. Muito bem no aroma, simples, directo mas com fruta evidente e um estilo muito acessível. Na boca mostra-se macio, de médio corpo e muito capaz de boa prestação à mesa. Beba-se novo.

Com isto tudo , 2 pessoas, 2 garrafas de vinho, três pratos principais mais as entradas plenas da casa, onde avulta um "toucinho de porco alentejano" daqueles que metem medo a qualquer cardiologista, pagou-se 72 euros...

Conclusão: É uma casa onde maníacos de dietas, metrosexuais e ávidos de publicidade manhosa se devem abster de entrar. Ali só vai quem gosta de comer. E apesar dos "leões" que avultam pelas paredes ( até nos copos! ) tenho que dizer que um benfiquista ou portista parciais à boa gastronomia não deixarão de entrar neste estádio e aplaudir estes "treinadores". 
Este "Fialho" do Casal de S. Brás faz honra ao nome fidalgo. E , embora possa parecer heresia para muitos, tenho até que dizer que algumas das suas propostas ultrapassaram -  no meu entender - as da outra "Catedral de Évora". O que não é dizer pouco...


quarta-feira, dezembro 16, 2015

Na Província



Houve tempos em que ser provinciano tinha conotações menos positivas. Era ser "tacanho", "pouco polido", "bisonho" ou "rústico".

Isto para utilizar apenas adjectivos simpáticos. Porque o que se podia chamar ao dito cujo era bem pior. Começava com a palavra "saloio" e acabava com coisas como "burro" ou "calhau".  E até havia malta citadina que dizia que " a maior diferença entre um provinciano e um penedo é o olhar inteligente do penedo".

Os provincianos também não se ficavam. Ficou célebre a fala do padeiro de Mafra, gozado em Lisboa por um grupo de fidalgotes  que tinha  ido aos fados: "levanta-se um homem tão cedo para dar de comer a semelhantes bestas!"

 Não vou aqui falar dos grandes exemplos de vultos extremes da nossa cultura que nasceram sem  vista de  cidade. Por exemplo, o Padre Manuel Antunes , um dos mais importantes Jesuítas portugueses do século passado,  classicista e filósofo, filho de aldeões, que fez o exame da 4ª classe descalço em Guimarães.  Ou o grande Aquilino Ribeiro de Sernancelhe.

Prefiro reparar na qualidade de vida que ainda se pode ter nesses locais afastados das grandes cidades.

Sítios onde almoçar e jantar fora são muito mais baratos, onde ainda é possível escolher o que se come e o que se bebe em casa dos produtores, e, finalmente, onde o maior stress do cair da noite não será a fila interminável de 45 minutos para fazer 7 km, mas sim ter de ouvir a vizinha do lado a dar uma "bernarda" ao marido, por ter chegado um pouco "aviado" do café.

Para já não falar da ausência de poluição e do facto de parecer que os dias ( e as noites) têm horas a mais. Horas para conviver!

E onde a conversa à mesa  seria sobre o lavrador que nos vendeu a rês de onde veio a carne de vitela, e não sobre o super-mercado onde uma embalagem com o mesmo nome pode ser comprada.

Imaginem um local onde 6 pessoas à mesa deram conta de três travessonas de vitela assada maronesa, 3 garrafas de bom vinho, excelente broa e pão de trigo, queijos,  doces e cafés. Tendo tudo isso custado ...72 euros.

Falta a FNAC, falta o S. Carlos, a Casa da Música,  ou o Coliseu?  Falta a Gulbenkian? Falta o Bairro Alto e a Ribeira ou a Foz?

Pois faltam. Não se pode ter tudo...

Mas há alturas da vida em que se começa a dar mais importância às outras coisas mais simples.

E a invenção do satélite permite hoje ter Banda Larga em 100% do território nacional. E acesso às TV's por cabo. E a possibilidade de termos quase todos os livros do mundo no IPad.

Que tentação...

sexta-feira, dezembro 11, 2015

Para Descansar a Vista, a bordo do DeLorean



Trago hoje um poema já com vista para 2016.

Deste 2015 ainda não fiz o balanço. Assim de repente não me parece que tenha sido um ano mau...

Como sou sempre optimista receio que essa observação seja pouco fundada. Regressarei a este assunto depois de maior análise.

Mas como do ponto de vista do trabalho já "estou" em 2016 há pelo menos 1 mês, a bulir nas emissões e nas edições que vão sair nesse ano, não me parece mal a antecipação.

Fica então aqui, para não maçar muito, uma pequena "jóia"  do grande Alexandre O'Neill.

Aos Vindouros, se os Houver...

Vós, que trabalhais só duas horas 
a ver trabalhar a cibernética, 
que não deixais o átomo a desoras 
na gandaia, pois tendes uma ética; 
Que do amor sabeis o ponto e a vírgula 
e vos engalfinhais livres de medo, 
sem peçários, calendários, pílula, 
jaculatórias fora, tarde ou cedo; 
Computai, computai a nossa falha 
sem perfurar demais vossa memória, 
que nós fomos pràqui uma gentalha 
a fazer passamanes com a história; 
Que nós fomos (fatal necessidade!) 
quadrúmanos da vossa humanidade. 

Alexandre O'Neill, in 'Poemas com Endereço' 

quinta-feira, dezembro 10, 2015

O Banco da Malta





O Banco da Malta não é o do jardim onde a "malta" mais experiente joga à sueca. Nem sequer algum banco situado na Ilha de Malta, ou conhecido pelas suas ligações à Soberana Ordem de Malta.

Não senhores! O Banco da Malta é o Banco CTT. Ao qual não chamarei o "novo banco", por motivos óbvios, mas sim o "Banco Novo" cá do burgo.

Fui hoje abrir a minha continha na infante instituição e deram-me um número simpático, o 49.   Pelo menos na terminação acertaram.
Este banco - por enquanto apenas aberto aos trabalhadores dos CTT - oferece ao depositante home banking, mobile banking, transferências e outras operações sem comissões (por exemplo disponibilização de dinheiro ao balcão sem cartão).  Não dá juros nos DO. Ainda não se concretizou esse milagre, mas como estamos próximos do Natal..

Envio daqui calorosas saudações ao recém-nascido e aos felizes Pais. Desejos de muitas felicidades, que não são desinteressados...Quanto mais sucesso tiver,  melhor para a referida "Malta".

Os progenitores são é muitos...Mais de 25,000 accionistas. Bem sei que  se dizia antigamente "Mãe há só uma e Pai nem sempre" , mas isto é abuso...

quarta-feira, dezembro 09, 2015

Uma volta pela "night", 20 anos atrás



Não me recordo da última vez que fui "aos fados".  Talvez fosse em 2005...

Houve uma altura da vida em que mais ou menos todos os meses passava pela casa da Maria Jô-Jô, a Taverna d'El Rei que fica na Alfama "baixa".  Não só - devido aos "ossos do ofício" -   algumas vezes levava clientes e amigos estrangeiros a esse local, como até acontecia encerrar por ali alguma noite "de trabalho" mais animada.

Digo "de trabalho" porque o pretexto era mesmo esse.  Marcava-se a reunião para o final da tarde.  Trabalhava-se até perto das 20h e a seguir  concordávamos que "já não valia a pena ir jantar a casa".

Depois era romaria para o saudoso "Barrote Atiçado" na Pontinha. Ali ficávamos até à meia-noite. Seguindo posteriormente para algum lado onde pudéssemos continuar a faina. Ou no Bairro Alto ou então na Maria Jô-Jô. Certos dias era eu que ganhava a aposta e íamos para o "Blues" nas Docas, ouvir Jazz.

Bons tempos? Eram pelo menos tempos diferentes. Lisboa parecia mais alegre, adivinhava-se a chegada do Euro e a entrada na CEE.  Fizera-se a EXPO 98. Havia dinheiro a circular em tudo o que era sítio. Por isso mesmo também nos bares e restaurantes, que estavam quase sempre cheios.

Para entrar e arranjar mesa era preciso conhecer os porteiros ou a dona da casa. E fazia impressão ver o número de garrafas de whisky com nomes de clientes que esmagavam as prateleiras. Tanto no Bairro Alto como em Alfama, em casas de fado  ou em discotecas e bares. Uma garrafa de 12 anos custava entre 8 e 12 contos naquela altura. Era dinheiro.

Não sei se ainda será assim, porque nunca mais frequentei a noite com aquela assiduidade. Mas dizem-me que há menos destes clientes gastadores. Leiam aqui sff a opinião do representante dos comerciantes do Bairro Alto, transmitida à Lusa:

A passagem para um maior consumo da cerveja é óbvia, porque é muito mais barata. O whisky velho até era uma bebida com bastante saída e agora deixou de se servir”,  Além disso, acrescentou, tem-se notado também um acréscimo de pessoas que marcam presença num bar ou discoteca uma noite inteira sem consumir. “Muitas vezes os espaços até estão compostos, mas as pessoas não consomem.

Na passagem do século XX para o actual não era assim. Quando chegávamos ao "Plateau" o porteiro mandava logo avançar a "caravana".  Cheirava-lhe a dinheiro, no bolso dele e na caixa registadora. Passávamos à frente da malta nova que nos fuzilava com os olhares e quando saíamos, sendo 4 ou 5, pelo menos duas garrafas de Johnny Walker Black tinham marchado.

Ainda hoje quando tenho ocasião de beber esse whisky - o velho malte ainda não estava na moda - lembro-me dessas aventuras dos meus 40 anos. Idade engraçada quando alguma maturidade ia de mão dada com  poder aquisitivo. E nessa altura nem era preciso ter muita sorte, quem quisesse trabalhar tinha emprego. E dinheiro para trocos.

O tempo não volta para trás. Mas era bom que a situação económica pudesse voltar.

Bem sei que os leitores mais cínicos (ou perspicazes) estarão a dizer que foi exactamente por termos gastado tanto nesse tempo que hoje estamos assim. Será verdade nalgumas coisas. Mas não se comparem barragens e auto-estradas com consumos privados de 100 euritos por noite, 2 vezes por mês.

Se bem que 100 euritos eram ao tempo 20 contitos... Fazia muita diferença.



segunda-feira, dezembro 07, 2015

Decorações de Natal



Depois de uma altura em que a "crise" apagou as ruas das nossas cidades , parece que agora o caracol do despesismo recomeçou lentamente a "pôr os pauzinhos ao sol".  Muito bem. Nem só de pão vive o homem e etc... E as "luzinhas " nas ruas animam o pessoal.

Não critico por isso estas decisões autárquicas.  Tenho todavia o meu grilo falante privativo a confidenciar-me ao ouvido que será ainda um pouco cedo para deitar foguetes...

E não falo obviamente das iluminações de Natal.  Mas sim de outras "aberturas orçamentais" que forcem as cadeias da austeridade.

Claro que se aplaudem as boas intenções da malta nova  e que é sabido que pelo consumo também se cresce.  Mas o gato escaldado da água fria tem medo. E, para o bem e para o mal, esta "perestroika" ainda não chegou aos bolsos de ninguém.  Nem dá para gastar, nem para poupar, por enquanto.

Tenham calma.

À laia de exemplo refiro o medo que os alemães ainda sentem - depois de 60 anos - da inflação galopante que sofreram nos anos 50 do século passado e que é  determinante na definição da respectiva política monetária atual.
Pelo menos assim entendemos o "responso" de Herr Wolfgang Shäuble cada vez que lhe falam em mexer na sua querida "estabilidade monetária".

Eu gosto de ver as "luzes" nas nossas ruas, mas dou de barato ter em casa decorações natalícias. Não me interpretem mal. Não é ausência de espírito natalício, mas sim prezar sobretudo alguma sobriedade naquilo que vejo quando estou sentado em casa: olhar para os nossos livros, passar os olhos pelas centenas de DVD's, admirar os velhos discos de vinil, esse tipo de coisas aconchegantes.

Para mais, não há ali crianças para admirar presépios nem para rodear a árvore de Natal. Apenas duas "anciãs" que fazem a parte de atrizes convidadas e dois matulões que - se lhes deitarem um pouco de Lagavullin no copo na noite de consoada - já gozam sem mais necessidade de outros estímulos.

Mas as "anciãs" normalmente tomam conta desta ocorrência da "decoração natalícia"nos dias que antecedem o Natal e - tendo por aliada a nossa empregada - metem "meninos Jesus" e "pais natal" em tudo quanto é puxador de gaveta. Não deixando de enfiar "estrelas" e "árvorezinhas de  Natal" nos espaços disponíveis das restantes prateleiras...

Particularmente ofensivo foi ver que na prateleira da ciência política taparam parte da obra do Maurice Duverger com a procissão dos Reis Magos. e quando me queixei logo me disseram que "não me enxofrasse porque a procissão todos os dias andaria mais um bocadinho até chegar ao presépio..."

No candeeiro de pé está um bojudo Pai Natal sorridente pendurado por um fio dourado. Em frente à televisão colocaram um presépio, de tal forma que  tapa o receptor do comando à distância.

Apenas meti o pé com estrondo quando me deparei com a "fotografia" do Menino Jesus nas janelas da sala.  Depois de muito falatório lá a retiraram...Para depois a dita cuja  ressuscitar colada na porta da rua...

Não há mais nada a fazer. Nesta quadra e como já não tenho possibilidade de fugir de casa, o melhor é aguentar e ir esperando que passe.

Vou esperando e vou bebendo (e comendo), como sempre me aconselhou o meu Pai.

sexta-feira, dezembro 04, 2015

Um livro admirável sobre o Mar Português

Foi esta a primeira vez que os CTT, ao longo de um percurso editorial com 32 anos, desenvolveram um dos seus livros temáticos em estreita colaboração e parceria com uma entidade externa à nossa empresa, no caso em apreço, com o Centro Nacional de Cultura.
Provavelmente – pela temática abrangente, pelo rigor científico dos conteúdos e pela necessidade de apelar a vários grandes especialistas para colaborarem neste livro – foi este também o projeto editorial mais complexo alguma vez levado a cabo pelos CTT.

Trata-se da obra “Do Mar Oceano ao Mar Português”, uma proposta do Sr. Prof. Mário Ruivo, que também a coordenou em colaboração com o Prof. Álvaro Garrido, tendo a organização de conteúdos sido executada pelo Centro Nacional de Cultura.

Este livro - que já está à venda em todas as nossas Lojas - foi ontem apresentado no Torreão da Praça do Comércio, numa cerimónia que juntou dezenas de pessoas interessadas e muitas individualidades ligadas ao mar, começando pelo Sr. Almirante CEMA, passando pelo Dr. Rui Vilar, Dr. Augusto Mateus, Prof. Doutor Braga da Cruz, etc, etc...

Uma das principais conclusões que se podem retirar deste livro talvez seja o facto que a concretização de um “Império do Mar” atual não exige apenas grandes recursos económicos ou demográficos, mas se baseia sobretudo em conhecimento: domínio científico, meios técnicos e concepção estratégica, ou seja, na inteligência aplicada a uma vontade inequívoca de fazer.

O caminho está preparado, diríamos em termos marítimos, que o roteiro pode ser retirado deste portulano certificado pelo conhecimento e pela grande experiência dos seus autores. Falta cumpri-lo.

 E, falando em Autores, é devida nesta ocasião uma palavra de agradecimento e de grande estima a todos eles: EMANUEL GONÇALVES, FÁTIMA MOURA, FERNANDO BARRIGA, JOAQUIM ROMERO MAGALHÃES, MÁRCIA MARQUES, MARIA EDUARDA GONÇALVES, MARIA ISABEL JOÃO,  RAQUEL RIBEIRO e TELMO CARVALHO.

Todos são mestres nas suas matérias de eleição e a todos eles agradecemos sinceramente a colaboração que nos deram para fazer desta obra, perdoem a  falta de modéstia, um dos mais importantes, se não o mais importante livro sobre Portugal e o Mar que até hoje se escreveu em português.

Os mesmos agradecimentos são extensíveis ao Designer Prof. José Brandão que superiormente executou a arte final desta obra, e a toda a equipa do Centro Nacional de Cultura, inexcedível de dedicação a este projecto comum.

quinta-feira, dezembro 03, 2015

O bicho

Na ressaca de mais uma discussão de Programa de Governo (perco-me nestas discussões) veio-me à memória a história do poema "bicho político". É um poema de que gosto muito logo pela 1ª linha...Mas não só.  Apesar de escrito em português (com açúcar) tem verdades verdadeiras em qualquer país do mundo.

Com a devida vénia ao autor (retirado de "habitat carioca") aqui fica:

Bicho Político
As águias estão no topo da cadeia,
Juntamente com a onça e o tubarão,
No meio estão os bichos mais valentes!
Porque, não sendo fracos, nem fortes,
precisam transitar entre dois mundos,
comer e dar comida pros filhotes.
Um pouco abaixo tem os produtores.
Que dão o sustento aos de cima,
se esforçam e fazem filhos no atacado.
E toda fauna e flora segue em frente,
lutando mais ou menos lado a lado...
Com apenas uma única exceção:
A classe principal dos parasitas!
Que em meio à lama suga as energias,
em tocas, sob coisas, às escondidas!

quarta-feira, dezembro 02, 2015

Chocalhando pela planície



Os chocalhos são a música da natureza, segundo dizem.  Não me oponho e pelo contrário até aplaudo a citação. E embora a fama se deva em muito ao chocalho vaqueiro, o certo é que ovelhas, cabras e até cavalos também os usavam.

No site dos "Chocalhos Pardalinho" encontra-se material para galinhas, furões, perus, e cães. Para além dos mais comuns.

E em relação a "gatos" fala-se de "guizos" e não de "chocalhos". Porventura por aproximação semântica à palavra "guisado"... Guisado com ervilhas...

Não vi referência ( mas se calhar farão por encomenda) a chocalhos para outro tipo de animais, dos que andam em duas patas... Sendo que faço aqui notar (leia-se no parágrafo seguinte) que haveria situações onde seriam bué de úteis.

A pendureza chocalhante teria o objectivo de facilitar encontrar o animal durante a noite (para a ordenha).

E sendo esta situação relativamente de espanto para os citadinos de gema, convém lembrar a essas criaturas de estufa que no campo, pelas 5 da manhã de Inverno, está escuro como breu e  não dá para acender o candeeiro no chaparro mais próximo. Os chineses ainda não vislumbraram por ali negócio de electricidade.

Um chocalho está para a vaca como o telemóvel está para as pessoas (salvo seja) . Só que apenas faz chamadas. Não as recebe. Mas faz chamadas com diferentes "vozes", mais graves ou mais agudas consoante o timbre do metal e a dimensão do instrumento.

Lá na quinta da Beira Alta se ouço chocalhar indo a pé começo logo a olhar para o chão, não vá entrar em casa com as solas dos pés menos limpas... E se vou no carro está na altura de parar mesmo. "Devagar é que se ajunta o gado" como dizem lá por cima.

Em Alcáçovas temos a capital nacional do chocalho. Há centenas de anos que se fazem naquela terra segundo técnicas que já seriam conhecidas dos velhos romanos. Mas esta sabedoria popular está a acabar.

Porquê? Falta de pastores ou falta de gado? Menos crença na fama de "espanta espíritos" e "talismã contra doenças" que os chocalhos têm desde a Idade da Pedra? Generalização das lanternas de pilhas no meio pastoril?

Não tenho a certeza, mas como temos agora esta Arte como Património Imaterial da Humanidade UNESCO, haverá tempo e circunstâncias para nos inteirarmos de todos estes deliciosos pormenores...

E - como é óbvio - uma emissão de selos, dos oficiais da República, será proposta para 2017 tendo como tema estes instrumentos.

segunda-feira, novembro 30, 2015

Não apareces nem mandas um postal?



Tirei dois dias de férias para tratar das maleitas da minha santa cá de baixo, e as idas e vindas a médicos e hospitais não permitiram estar aqui no blogue mais tempo. Alguma coisa publiquei no "Face", sobre a homenagem a Margarida de Abreu no Museu Nacional do Teatro e da Dança e ainda sobre o dia especial em que recebemos os clientes e amigos na estação principal de Aveiro com sucesso absoluto em contactos e em receita.

Para além disso, outra razão desta ausência tem sido a necessidade de fazer eu próprio fisioterapia todos os dias, entre as 8h e as 9h da manhã.  Para quem é predominantemente matinal, começar o dia no serviço a trabalhar apenas  depois das 9h é um absurdo. Normalmente a essa hora já levaria quase 1 hora e meia de trabalho diário se não fosse esta história da fisioterapia.

Tenho o problema do "dedo gatilho" a espalhar-se pelos dedos das duas mãos, e lá que incomoda não o posso negar. É uma inflamação das  bainhas onde correm os tendões que esticam os dedos e que resulta na perda de flexibilidade, dor , e em casos mais graves na impossibilidade de abrir o dedo, que fica assim arqueado e colado à palma da mão.

Antes de operar há que experimentar reduzir a inflamação com laser e ultra-sons. Daí estes exercícios matinais.

Porque me apareceu isto? Ninguém sabe bem dizer as causas. Quando era novo abusei do corpo e porque fazia muito desporto algumas vezes levei infiltrações nas articulações dos cotovelos, joelhos e até no ombro direito. Pode ser essa uma das causas. Alguns destes tendões prendem na articulação do cotovelo.

Imaginem descascar batatas com o dedo mindinho esticado, Ou escrever várias frases com a mão direita nas mesmas condições...

Nestas condições achei graça a um dos médicos da minha mãe, a quem ela se queixou que
-" já não conseguia subir e descer as escadas a correr, como era costume."
 O médico só lhe disse :
-" Olhe, não consegue a senhora nem eu! E tenho menos 25 anos!"

A noção de que o corpo a partir de certa idade começa a atraiçoar o "dono" estava na minha cabeça como uma questão mais teórica do que prática. Começou agora a ser do domínio mais prático, e isso - tenho que o dizer - chateia-me bastante.

É a vida...Em vez de virmos equipados com um simples botão do "On" e do "Off" somos obrigados a assistir à decadência faseada das nossas faculdades.

Como dizia o grande amigo (já falecido) General Euclides Pontes, que foi por muitos anos Presidente da Federação Brasileira de Filatelia, "Carregar a sua própria carcaça não é mole não!"

quinta-feira, novembro 26, 2015

Lá vem o XXIº (Governo)



O XXIº Governo Constitucional toma posse hoje às 16h, hora escolhida em função da que terá sido  (ou não) a última birra presidencial que fez coincidir a tomada de posse com a sessão plenária da AR...

Para os apoiantes católicos espera-se que lhe ponha Deus Nosso Senhor muita virtude. Mesmo sendo um governo viabilizado por uma cambada de conhecidos agnósticos que só devem entrar na Igreja  para os velórios.

Sendo um apoiante não católico, tenho para mim que lhe vai desejar sorte com a situação internacional e fibra para lidar com as adversidades internas. Talvez seja mais necessária a primeira do que a segunda.

Se forem não apoiantes, estou em crer que o que lhe desejam é uma passagem curta e infeliz por este poleiro.  O ideal seria que já não chegasse à Páscoa.

Para bem de todos os portugueses espera-se que faça o melhor possível, com decência e com um olhar no burro e outro nos ladrões.

O burro está cada vez mais magro e os ladrões são cada vez mais,  e mais gordos...

Mais gordos não (é racismo!) mais "recheados" soa melhor.

E como estamos quase no Natal, comparar um mau banqueiro a uma perua recheada não fica  fora do contexto...

quarta-feira, novembro 25, 2015

No Ar



Estivemos hoje no Museu do Ar, na Base Aérea nº 1 em Sintra.  Um local notável, considerado o melhor museu nacional em 2013 e onde deveríamos levar as nossas crianças para aprenderem como se voava naqueles tempos gloriosos onde o "mais pesado do que o ar" ainda lutava pela supremacia face aos balões dirigíveis.

A oportunidade foi a celebração neste ano que se avizinha do 1º voo militar realizado em Vila Nova da Rainha pelo Tenente Santos Leite num Deperdussin Tipo Bde 8,5 metros de envergadura e equipado com um motor Gnome de 50 CV oferecido pelo Coronel brasileiro Albino da Costa ao Governo Português, como prova do não esquecimento das suas origens lusitanas  (Sever do Vouga).

São muito interessantes as histórias que rodeiam estes primeiros tempos da aviação militar, com a participação no teatro de guerra da Flandres de vários pilotos portugueses, com destaque para Óscar Monteiro Torres (morto em combate) e para o Comandante Portela, talvez o piloto português que mais vezes entrou em combate aéreo.

Faremos a "cobertura filatélica" desta efeméride, com uma edição de selos que será lançada em 2016 em Vila Nova da Rainha - Azambuja e com uma exposição de material magnífico de aero-filatelia , propriedade do amigo João Soeiro, aqui mesmo na Base aérea nº 1. Entre outras peças temos a carta do Presidente Bernardino Machado a suas filhas e neta, quando estava exilado em Paris. Essa carta foi trazida para Portugal por avião,  a cargo dos pilotos portugueses que foram indagar sobre a morte de Óscar Monteiro Torres.

terça-feira, novembro 24, 2015

O "Envelope"



Todos vimos António Costa a sair de Belém com "o" sobrescrito na mão. No título chamei-lhe "envelope" porque estamos numa altura em que se deve dar importância à cultura francesa.

Este pequeno Post é apenas para enfatizar que nas coisas mesmo importantes nada substitui o papel!

E não me venham com modernices! Experimentem ter no WC pendurado um TM ou um tablet para  SMS ou  emails e depois digam-me como resolveram o assunto.

Pensando bem é melhor não dizerem.

Suspeito que o "envelope\sobrescrito" dirigido ao A. Costa estava endereçado mas não selado. É falta notável.

Dou aqui exemplos de emissões de selos da República ainda em circulação e que poderiam ter sido utilizadas com grande vantagem nesta ocorrência:

 - 400 anos da 1ª Edição da Peregrinação (espero que o convite para formar governo não leve tanto tempo).
 - Fado - Património da Humanidade (este é o nosso triste fado).
 - Centenário do Salão dos Humoristas (rir ainda é o melhor remédio).
 - Engenharia Portuguesa (de notar a sua aplicação à área financeira).
 - 900 anos da Ordem de Malta (pois quem se lixa se isto não se resolve rapidamente é mesmo a "malta").

segunda-feira, novembro 23, 2015

A espuma destes dias é cinzenta



A imagem da Grand Place e do restante centro de Bruxelas, neste fim de semana, mexeu um bocado comigo.

Num local onde estive tantas vezes, que sempre tem sido considerado o "coração da Europa" , faz pena ver as ruas desertas, todas as lojas fechadas, escolas e transportes públicos idem, idem...

Em Paris pelo menos as pessoas saíam para a rua depois dos massacres. Em Bruxelas, o medo do que estará para acontecer sobrepôs-se às necessidades da vida diária. Em certo sentido os terroristas parece que já ganharam, ao afectarem desta forma os usos e costumes dos belgas.

Mas como escrevia hoje o editorialista do Público, uma coisa é encarar com firmeza "o depois", outra bem diferente é "precaver o que pode ser". Num caso remedeia-se, noutro caso previne-se. E se há mortes em perspectiva , ninguém pode acusar os poderes públicos de errarem pelo exagero na precaução.

Como se podem explicar estas coisas às crianças?

Numa conversa de amigos que tivemos neste fim de semana levantou-se esta questão e foi referido o excelente artigo do Libération  de 14\11 sobre este tema. Dou aqui uma amostra  desse artigo:

Première chose : les informer directement de la situation. Pour cela, les termes à employer et les images à montrer dépendent de l'âge des enfants. Par exemple, au-dessous de six ans, mieux vaut ne pas montrer d'images, dire que ce qui s'est passé est grave pour tout le pays, ne pas cacher que l'on est ému. Rassurer, en disant que les adultes sont là pour protéger les habitants.
Jusqu'à 10 ou 11 ans, il convient d'apporter des réponses factuelles aux questions, leur expliquer que les adultes veillent à ce que ça ne se reproduise pas, que les coupables sont recherchés. La pédopsychiatre conseille de leur proposer de dessiner ce qu'ils ont compris.
Pour les adolescents, particulièrement confrontés aux images, notamment sur Internet, «il faut les aider à cadrer leurs réactions et redonner des informations simples sur la loi qui protège la liberté d'expression et pose l'interdit du meurtre ainsi que la nécessité d'être solidaires face à un événement d'une telle violence qu'elle peut entraîner des réactions en chaîne. Il est important qu'ils sentent que les adultes sont des soutiens solides, tant dans la famille qu'à l'école.»
Para mais e melhor informação sobre como responder  às nossas crianças sobre esta matéria tão complicada não deixem de ver este site, do mesmo jornal:
http://www.liberation.fr/apps/ptit-libe/#/3/
Uma coisa parece ser certa: A guerra do século XXI não é igual à guerra do século XX. E a ideia que tenho neste momento é que não são os exércitos convencionais que estão em condições de ganhar esta "guerra nova". O exército para ser eficaz necessita de ter um inimigo amplo e visível à sua frente...
Veremos como estes acontecimentos podem influenciar o futuro da relação de forças entre os Ministérios da  Defesa e do Interior. E o respectivo financiamento...

sexta-feira, novembro 20, 2015

Para Descansar a Vista, esperando...



Em dia de poema lembramos a fila dos desgraçados que já passaram e ainda vão passar por Belém.

Tivemos notícia que existem Associações que ainda não foram convidadas para vir à sala das Bicas  expor as suas razões.  A Associação Cultural e Desportiva das Brunheiras (Odemira), a Associação Recreativa Taberna das Almas (Lisboa) e o Rancho Folclórico de S. Tiago (Mirandela) são exemplos.

Ou há moralidade ou comem todos! A cozinha de Belém é que parece estar já na fase da ração de combate, dada a afluência...

Dos que já sussurraram ao ouvido do Sr. PR existe boa gente, gente assim-assim e gente que mais valia emigrar.

Alguns vieram enganados a pensar que era aquela a fila para uma vida melhor, outros convictos que a sua opinião vai contar para alguma coisa... Uns e outros embalados "naquele engano de alma  ledo e cego que a fortuna não deixa durar muito".

De Jorge Miguel Fernandes Jorge deixo um belo poema "Podemos Esperar?"
 E respondo eu já:
-"Poder, podemos, mas  nunca será a mesma coisa...Despache-se lá com isso Homem!".

Para quem desconhece este grande poeta, que escreve há 40 anos e tem sido relativamente subalternizado, leiam aqui sff:

http://observador.pt/2015/05/07/porque-e-que-nao-andamos-todos-a-ler-furiosamente-joao-miguel-fernandes-jorge/


Podemos esperar?


Como podemos esperar? 

Aguardar o que nossas mãos possam reter. 
Uma palavra. O olhar cúmplice. Se as coisas 
têm já o estado do vento 
o que nas ruas fica das vozes ao fim do dia. 

Aguardar mais aguardar nada 
quanto mais se repete uma palavra 
«estou sentado virado para a parede desta casa» 
baixo, mais baixo ainda, 
«estou sentado virado para a parede desta casa». 

Fazer que não haja sucedido o sucedido. 
O prazer de sentir chegar as coisas 
o riso sob a chuva 
o frio que faz. Aqui 

Como podemos esperar uma noite de lua e vento? 

João Miguel Fernandes Jorge, in "Direito de Mentir" 

quinta-feira, novembro 19, 2015

Já não há "minuins", bebam "submarinos".



"Sirva-se como se esteja em sua casa! À Tramoço e Minuins!"

As velhas tascas de bairro podem não ser geridas por mestres da língua de Camões, mas estou convencido que o dono do "Mal Cozinhado",  por andou o vate há quatro séculos e tal a afogar as mágoas, também não recitava sonetos...

Sou normalmente mais viajado por outro tipo de "resorts" onde se come e bebe, mas de vez em quando dou por mim ao balcão de uma tasca (ou de uma roulotte, que são as tascas do século XXI) a pedir uma bica para fazer horas para qualquer coisa que se passe ali por perto.

O linguarejar que hoje se ouve nesses locais é extraordinário.

O público que assim fala e que por lá se encontra à hora em que me penduro nesses balcões ( de manhã cedo) faz parte do que se convencionou chamar "lumpen proletariat"  - palavra cunhada por  Marx e Engels , do alemão "pessoa esfarrapada", para designar a faixa mais baixa do proletariado, oposta aos trabalhadores esclarecidos e politizados.

Diríamos hoje, "refrescando" a teoria, que se trata de "trabalhadores" sem emprego por oposição aos trabalhadores que ainda têm emprego. Muitos são imigrantes. E todos são marginalizados. Vieram para cá antes da crise, trabalharam nas obras, casaram e fizeram filhos. Agora andam aos caídos, sem dinheiro para regressar e sem dinheiro para cá ficarem.

São de muitas e desvairadas origens e trabalham, quando trabalham, no que calha. Hoje na estiva, amanhã na serventia a pedreiro, depois podem ser chamados para dar uma ajuda para fazer umas mudanças lá em casa, ou para partir o "focinho" a alguém que ficou a dever dinheiro a algum agiota, etc...

 Num desses locais (na Rocha do Conde de Óbidos) apercebi-me pelo contexto que várias frases eram criadas em calão por processos metonímicos. Por exemplo,  "morrer" podia ser também "Ir passar o natal à terra" ou "Acordar com a boca cheia de formigas". E que uma senhora "da vida" era uma "fedorenta". E ainda que "brilho" estava para a cocaína como "cavalo" para a heroína.

Estive lá pouco tempo, o suficiente para pagar 45 cêntimos pela bica e para pedir indicações ao proprietário sobre a amarração das docas que procurava.

 Bebia-se muito já àquela hora matinal, sobretudo uma coisa que descobri depois ser um "submarino", uma mistura de bagaço com cerveja.

Não vi letreiros a anunciar "Tramoço" nem "Minuins. Mas lá estava um bem visível : "Pagamento Adiantado".

Sinal dos tempos.

Saí com mais instrução do que aquela  que tinha quando entrei. E, com a bica a 45 cêntimos, achei barato o curso!

Nota: O principal processo que leva à criação de palavras do calão é a metonímiaMetonímia é o processo de associação semântica através da contiguidade de significados, ou seja, o falante de uma determinada língua faz uma aproximação entre o significado de um termo e o significado de um outro termo. (A. Silva Garcia)

quarta-feira, novembro 18, 2015

Contabilidade de cemitério



Leitores fiéis queixam-se da falta de "anedotas" aqui no Blog. No que têm alguma razão. Mas os tempos não têm sido os mais adequados para galhofar, como compreenderão.

Mas tal como o verdadeiro herói (dizem que ) ri em frente ao perigo, também me parece salutar exercer o direito à boa disposição. Nem que seja também para demonstrar que no estado de espírito da malta não mandam terroristas. Era o que faltava!

As últimas coisas com graça aconteceram-me na véspera do dia dos fiéis defuntos (pôrra!) a caminho do cemitério. As "santas" tinham ido às flores para decorar as campas , tarefa que já era penosa para o vosso "escriba" quando elas tinham sessenta anos. Imaginem agora com mais de 80...

A florista do mercado de Cascais  já as conhece de "ginjeira"  e não tira a vista de cima de ambas. Isto porque têm a mania de abrir o celofane para mexer nas orquídeas e só depois de abertas 3 ou 4 embalagens se decidem por comprar uma. E elas ainda se "enxofram" com as descompusturas que levam:

-" As senhoras não mexam nos pés de orquídea porque depois já ninguém as compra! É sempre a mesma coisa!"
- "Era o que faltava comprarmos sem ver primeiro se as orquídeas estão bem coladas ao ramo!"
- "Mas ver não é mexer!"
- " E acha que com 85 anos cada uma,  vemos como quando tínhamos a sua idade? "

Chegadas ao cemitério começa a cega rega das gorjetas aos coveiros, que se apresentam logo à porta quando veêm o carro chegar.  São 10 euros para os dois  "chefes" e 5 euros para cada um dos 5 "índios". Já foi mais, mas agora defendem-se com a "crise".

Pelas contas feitas por mim  (ou por qualquer outra pessoa normal no local) 10 euros vezes 2  mais 5 euros vezes 5 é igual a 45 euros. A dividir por duas "anciãs" dá 22,5 euros a cada uma.

Certo? Errado!!

É que as contas não são feitas assim... Têm a ver com o número de campas a cargo de cada uma . E como a minha mãe tem mais uma campa do que a minha tia, cabe-lhe a ela pagar mais.  Três campas para uma, duas campas para outra. Ora isto dará 27 euros para a minha mãe e 18 euros para a minha tia.

O meu receio (que nem sequer pronuncio em voz alta) é o de que qualquer dia queiram fazer estas contas tendo por métrica o número de falecidos (ossadas) em cada campa. Isso é que seria ainda mais interessante...

Assunto resolvido? Não senhores. Porque ainda falta acertar o valor das flores. As flores custaram 25 euros (dois ramos) . Foi a minha tia que as pagou, pelo que a minha mãe tem que lhe dar 12,5 euros.

Tudo correcto agora? Nem por isso...

Porque quem adiantou o dinheiro (tinha de estar trocado) para as gorjetas aos "homens da pá" foi a minha mãe. Pelo que a minha tia teria que  lhe dar 18 euros.

Em conclusão:  a minha tia apenas lhe devolveu 18 euros menos 12,5 euros. O que dá 5 euros e meio.

Acabou aqui este "filme"?

Isso é que era bom...

Chegado a casa é a cena que se repete todos os anos.  Normalmente dou entre 15 minutos e meia hora para ver chegar a  "santa" mãe,  a entrar-me por ali dentro enquanto adianto o almoço,  aos berros que a irmã está sempre a enganá la!!

E como é possível ela ter pago aos coveiros e só ter recebido 5,5 euros de volta??!!

Pego num papel e lá tento fazer outra vez as contas todas: As flores, as sepulturas, as gorjetas aos chefes e aos índios, etc... Mas nunca até hoje consegui convencê-la.

Para o ano que vem já decidi. Sou eu que pago tudo. Não há cá divisões para ninguém!

E depois (mas isto não se diz) resolvo o assunto discretamente com recurso ao cartão de débito da santa mais próxima.

-" Oh mãe, dê-me aí sff o seu cartão para  eu ver amanhã se as pensões já estão na sua conta."

 Adiante que não estamos em Amarante. E viver só custa para quem não sabe viver.

terça-feira, novembro 17, 2015

De regresso ao pátrio chão



Depois de alguns dias de embrutecimento sensorial por causa do que se passou em Paris  (com razão) os jornais de hoje já mostram alguma tendência para regressar à "normalidade".

E o que será a normalidade?

Já se fala do "derby" Sporting-Benfica do próximo Sábado. Já se dá algum tempo de antena ao Sr. PR, a banhos pela Madeira. E até já se comenta que o Prof. Marcelo só ganhou com os atentados (salvo seja!!) porque assim o Prof. Nóvoa não viu a ponta de um canto de página de jornal ou revista nestes 4 dias.

O Senhor próximo-ex Primeiro Ministro e a Senhora próxima-ex Ministra das Finanças esfregam as mãos de contentes. Tiveram mais algum tempo de descanso. E foram "trabalhando" de dia e de noite. A TAP, por exemplo, foi privatizada durante a noite (espero que não seja presságio de escuridão futura)...

O Senhor talvez-próximo Primeiro Ministro, António Costa, deu sinal de vida ontem, com uma entrevista à RTP onde disse:
"Um executivo de gestão tem capacidades muito limitadas, nem sequer um Orçamento do Estado pode apresentar, e não há nenhuma razão para arrastar o país para uma situação indefinida quando há um governo viável que pode entrar rapidamente em funções e com suporte parlamentar maioritário."

 Aguardamos todos a decisão sobre o tal "governo de gestão" ou " nomeação do Dr. António Costa como 1º Ministro" .  Será para quando? 

O Sr. PR não tem pressa. Da Madeira regressará hoje ao rectângulo para mais auscultações de opiniões. Tem "auscultado" mais ele sozinho do que os estudantes de medicina de todos os cursos que existem por cá...

Mas uma coisa é certa: depois do que se passou em Paris na Sexta feira passada, esta decisão presidencial parece de repente menos importante e menos fracturante do que há uma semana atrás. 

Pelo menos hoje. Amanhã ou depois pode ser que volte tudo a ser como era...Ou não.

Nada como uma desgraça séria para nos dar perspectiva.

segunda-feira, novembro 16, 2015

O que sobra depois da desgraça



Os entendidos dizem que a finalidade dos actos de terrorismo como o que presenciámos na sexta feira passada é apenas causar o terror para corroer os alicerces das sociedades.

As vítimas " per se" não são importantes.  Desde que haja muitas e que os media se encarreguem de fazer a "publicidade". Isso é que fundamental: a divulgação do que se passou aumenta a percepção do terror. Amplifica-o.

Quem procurar outro tipo de objectivos, vinganças encapotadas ou alguma agenda ideológica imediata escondida está muito enganado. Mesmo que tal seja afirmado pelos agentes terroristas.

O único objectivo que interessa é a completa aniquilação do modelo de  sociedade ocidental (para o caso dos terroristas jihadistas) substituindo-o pelo modelo islâmico radical, leve o tempo que levar.

Neste sentido, o terrorismo islâmico radical é um acto de guerra levado a efeito pelos "fracos" que não têm capacidade de ter mísseis balísticos intercontinentais, aviões super-sónicos e esquadras de porta-aviões, sem esquecer os submarinos nucleares.

Mata-se no ocidente para lançar um clima de insegurança nas populações e consequentemente de reforço securitário dessas sociedades ,  com limitações de direitos , liberdades e garantias. Tal como vimos com o 11 de Setembro, a lei "Patriota" e a abertura da chaga que ainda é a prisão de Guantánamo, fora da lei americana.

O objectivo intermédio destas maquinações é  causar o derrube dos regimes democráticos liberais na sociedade civil, substituindo-os por regimes "musculados" feitos à moda dos "Le Pens" e Bushs" desse mundo.

Porquê? Porque quando os regimes atacados respondem sob pressão e se tornam cada vez mais repressivos eles próprios, as sementes da discórdia no seio dessas sociedades são muito mais fáceis de semear... e o recrutamento dos descontentes será ele também cada vez mais fácil.

Leiam aqui sff:

"Terrorism is a criminal act that influences an audience beyond the immediate victim. The strategy of terrorists is to commit acts of violence that draws the attention of the local populace, the government, and the world to their cause. The terrorists plan their attack to obtain the greatest publicity, choosing targets that symbolize what they oppose. The effectiveness of the terrorist act lies not in the act itself, but in the public’s or government’s reaction to the act.

Terrorism is an activity planned and intended to achieve particular goals. It is a rationally employed, specifically selected tactic, and is not a random act. Since the victims of terrorist violence are often of little import, with one being as good for the terrorists' purposes as another, victim or target selection can appear random or unprovoked. But the target will contain symbolic value or be capable of eliciting emotional response according to the terrorists' goals."

Nota: Excerto do http://www.terrorism-research.com/

sexta-feira, novembro 13, 2015

Sexta feira 13



Olha que dia... Quem goza com isto é a malta amiga de Montalegre (Distrito de Bragança):
O ano de 2015 abençoou Montalegre com três Sextas 13. A última do calendário acontece em Novembro e promete cumprir o sucesso de edições anteriores. A capital de Barroso volta a vestir-se a rigor e lança o convite a toda a população. A celebração, focada nos azares, bruxedos, contos, lendas e locais sombrios da memória, volta a fazer uma forte aposta na música e teatro.

Caso possam vão a Montalegre e não se esqueçam do belo fumeiro do Barroso!

As razões que levaram à criação desta fama do dia de sexta feira quando calha a 13 de qualquer mês são de várias origens.
Já aqui trouxe as que têm a ver com a morte do Grão-Mestre do Templo. Hoje recupero algumas de sabor mais nórdico, para quem - como eu - tem acompanhado a excelente série "Vikings", com o Ragnar Lothbrok a enfardar nos celtas dessas "Parises" anciãs.

Tomem lá então mais cultura ( que para pouco ou nada serve...): 

Tudo indica que essa crendice vem de duas lendas da mitologia nórdica. De acordo com a primeira delas, houve, no Valhalla - a morada celestial das divindades -, um banquete para 12 convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga em que morreu Balder, o favorito dos deuses. Instituiu-se, então, a superstição de que convidar 13 pessoas para jantar era desgraça na certa e esse número ficou marcado como símbolo do azar. A segunda lenda é protagonizada pela deusa do amor e da beleza, Friga, cujo nome deu origem às palavras friadagr e friday, "sexta-feira" em escandinavo e inglês. Quando as tribos nórdicas se converteram ao cristianismo, a personagem foi transformada em uma bruxa exilada no alto de uma montanha.
Para se vingar, Friga passou a reunir-se, todas as sextas-feiras, com outras 11 feiticeiras, mais o próprio Satanás, num total de 13 participantes, para rogar pragas sobre a humanidade. Da Escandinávia, a superstição espalhou-se por toda a Europa, reforçada pelo relato bíblico da Última Ceia, quando havia 13 pessoas à mesa, na véspera da crucificação de Cristo - que aconteceu numa sexta-feira. No Antigo Testamento judaico, inclusive, a sexta-feira já era um dia problemático desde os primeiros seres humanos. Eva teria oferecido a maçã a Adão numa sexta-feira e o grande dilúvio teria começado no mesmo dia da semana.

quinta-feira, novembro 12, 2015

O vinho das "bolhinhas"


rota-dos-espumantes2.jpg

Em Lamego prestei homenagem a essa grande figura que é o Sr. Professor Orlando Lourenço, responsável pelas marcas Raposeira e Murganheira,  uma figura incontornável para estudarmos a moderna evolução do mercado do vinho em Portugal, sobretudo no caso mais particular dos espumantes.

Bebi sempre espumantes Raposeira  nas suas versões mais modernas de Reservas  Blanc de Noirs e Blanc de Blancs ; e ainda o "Peerless" - espumante criado para desafiar a malta nova a sair da tirania da cerveja.
Sobre este último , de que gostei bastante, disse a Revista de Vinhos:
Citrinos amargos e doces, flores secas, seiva e especiarias, muito profundo mas com frescura. Leve e fresco na boca, com mousse cremosa e bolha de médio porte, minerais a dar salinidade e boa secura no final firme e focado. 

E eu não diria melhor...

A gastronomia tradicional de Lamego sempre esteve ligada ao cabrito e ao bacalhau.  Isto sem esquecer a inevitável "bola de carnes", neste momento também já generalizada para bolas de bacalhau, de sardinha e de galinha... Sempre na velhinha "Pastelaria da Sé".

Como o almoço foi a convite da edilidade local ( e sem história) não tive ocasião de testar os fornos restaurativos. Quem sabe da poda recomendou que valeria a pena visitar os restaurantes : Paraíso, Vindouro, a Mina e a Cova do Barro (Britiande).

O meu pai costumava ir ao antigo "Filipe" na rua por detrás da sé. Acho que ainda existe, mas não testei pelos motivos referidos.

Salvou-se desta deslocação o magnífico almoço no Santa Luzia, em Viseu. Nessa casa que hoje em dia e por virtude do "despesismo socrático" está agora apenas  a 40 minutos de Lamego, comi um superlativo arroz de míscaros com vitela grelhada. Daqueles para recordar muito tempo depois...

 Sou a favor da tomada de espumantes nacionais em qualquer dia, como aperitivo ou até substituindo os cocktails de final de tarde.

Bebemos normalmente espumante em Portugal para comemorar a entrada do ano novo ou em casamentos e outros dias de festa.  Falta generalizar esse consumo a todas as ocasiões. 
Historicamente esta  bebida era associada em França às festas  da alta nobreza e do palácio de Versailles.  Depois da Revolução Francesa a bebida democratizou-se e passou a ser utilizada para substituir rituais religiosos. Quando um barco era inaugurado, por exemplo, em vez de chamar um padre para abençoar com água benta,  as pessoas começaram a usar o champanhe. O costume  rapidamente se estendeu para baptizados e casamentos.
Cito Luís Lopes Ramos, director da Revista de Vinhos, um bairradino de gema louvando os espumantes:
Nunca pensei nisso a sério, mas provavelmente abro em casa 4 ou 5 garrafas por semana, e isto numa semana “normal”. Porque se organizar um jantar com 3 ou 4 casais amigos, só esse evento consome pelo menos outro tanto. O bairradino bebe espumante antes de se sentar à mesa (sempre), durante a refeição (dependendo do prato) e depois da sobremesa (com frequência). 
E Olé!!

segunda-feira, novembro 09, 2015

A caminho de Lamego



Um dos mais importantes agrupamentos de escolas de Lamego pretende realizar um evento das comemorações do 135º aniversário com o lançamento de um "meuselo" que  adquiriram recentemente, pretendendo ainda uma “palestra” sobre a história do selo e a importância do colecionismo.

Vou a caminho amanhã - e ficarei para quarta feira - na cidade antiga de Lamego.  O "episódio" está marcado para as 10,30h, do dia 11, no agrupamento de escolas Latino Coelho, de Lamego.

Diz-se que foi neste local, mais propriamente na Igreja de Almacave, uma das maiores jóias arquitectónicas do município, que D. Afonso Henrique teria reunido as Primeiras Cortes assim que Portugal nasceu como nação independente. 

Parece que não é verdade... Tratou-se de uma mentirazinha branca e piedosa dos apoiantes dos valentes conjurados de 1640, querendo desta forma provar que D. Catarina nunca teria direito à coroa portuguesa, exactamente devido à Lei Sucessória supostamente aprovada em Lamego, em 1143.

Nessa lei salientavam-se os seguintes pontos: as mulheres tinham o direito de sucessão e não poderiam casar com estrangeiros ou, no caso de virem a fazê-lo, nunca o seu marido poderia reinar em Portugal, porque era tido como princípio sagrado que o pais nunca fosse governado por «estranhos».

Pode não ser verdade a estória das Cortes, mas não deixa Lamego de ser terra importante por muitos outros motivos: o vinho excelente ( desde os espumantes até ao vinho do Porto); a gastronomia local, aprimorada pelo saudoso Sr. Azevedo do Portucale, ali nascido; e  por ser ainda ( ou ter sido) o berço das nossas tropas especiais, os  "Rangers".

Por isso lá irá o "nutrido" (ando a perder peso, por isso alterei a nomenclatura da "besta"). E darei informações no facebook se houver novidades a testemunhar.

Novo Post apenas na Quinta Feira, dia 12.

sexta-feira, novembro 06, 2015

Para descansar a vista



Numa sexta feira que antecipa uma grande semana política retomo aos poemas.

Será de rigor uma ode heróica, que levante os corações com som de trombetas, ou, pelo contrário, um soneto mais doce a deitar água na fervura, lembrando que para o bem e para o mal estamos todos no mesmo barco -  gordos e magros, de esquerda ou de direita, louros ou morenos, homens ou mulheres?

E esta "jangada de pedra" não é crível que se destaque pelo picotado e faça caminho para os trópicos nos tempos mais próximos...

Assim sendo há que aprender a viver na Europa e com a  Europa. Qual Europa? Pois aí é que a porca torce o rabo...

Venha de lá então uma rábula. Um poema satírico para comentar a "situação" à moda do Zé Povinho.

Do grande Manel de Setúbal, Elmano Sadino,  aqui vai uma "Sátira" certeira:

Sátira
Besta e mais besta! O positivo é nada...
(Perdoa, se em gramática te falo,
Arte que ignoras, como ignoras tudo.)
Besta e mais besta! Na palavra embirro;
Que a besta anexa ao mais teu ser define.

Dás-me louvor servil na voz do prelo,
Grande me crês, proclamas-me famoso,
Excelso, transcendente, incomparável,
Confessas que d'Elmano a fúria temes...
E, débil estorninho, águias provocas,
Aves de Jove, que o corisco empunham!

És de rábula vil corrupta imagem;
Tu vendes o louvor, como ele as partes,
Mas ele na enxovia infâmias paga,
E tu, com tústios, que aos caloiros pilhas,
Compras gravatas, em que a tromba enorme
Sumas ao dia, que de a ver se embrusca,
Qual em tenra mãozinha esconde a face
Mimoso infante de papões vexado.
Útil descuido aos cárceres te furta,
À digna habitação de ti saudosa
(Digo, o Castelo), estância equivalente
Aos méritos morais, que em ti reluzem.

De saloios vinténs larápio sujo,
A glória do teu ódio restitui
A quem no teu louvor desacreditas.
Se honrada pelos sábios d'Ulisseia
(D'Ulisseia não só, de Lísia toda)
Galgando a Musa minha aos céus não fosse,
E se a nojenta epístola brotasse
Dentre o lameiro das ideias tuas,
Em regras, que são mais ou que são menos
Do que exigem do metro as leis d'Apolo
(Em regrinhas aquém e além do metro,
Que versos hão-de ser, ou versos foram,
Quando o que a Musa quer é só que o sejam),
Dissera a gente, gritaria o mundo:
«Louvado e louvador são dois patetas!»

Ó versos aleijões! De Insauro ó versos!
Prosa de toda a gente e versos dele!
Fora! Eu me benzo, eu renuncio o pacto!
Antes um corno pelos peitos dentro,
Que um verso de Saunier pelos ouvidos,
Bem que, indagados de atenção miúda,
Sinónimos parecem corno e verso,
Quando em linhas venais galegos tentas,
Teus sócios, teus colegas, teus patronos;
Ou quando sensabor, ou quando insano
Louvas de graça e por dinheiro infamas
(Que a resposta, eu bem sei, rendeu-te cobres).

Falas em faixa? E com que faixa, e como!
Não sabes que, apesar da atroz gravata,
Sai teu focinho a malquistar-te às vezes
Com quantos olhos há, que todos negam
Seres da espécie racional primeira,
E a negra forma macacal te impinge?
Quindorna tens, que por amor te engoma.
Tanto sofreis, ó Cotovia, ó Taipas!

Jamais se envileceu luxúria tanto,
E tanto na eleição jamais cincaste!
Só se vós por ser burro amais Insauro!
Esses podres c..., que vendem peste,
Esses, meu nome, teu trovão, teu raio,
Esses, em súcia torpe, aonde és gente,
Meu nome, a glória minha enxovalharam;
Que mulher de decoro, esposa virgem,
Se manchasse em te ouvir seu grau, su'alma,
O caos volvera e se abismara o globo.

Espoja-te a meus pés, baqueia, ó bruto,
E em actos burricais o que és pregoa!
Ou da matula vil, onde patinhas,
Irás à Fama em sátiras d'Elmano,
Que é pior para ti do que ir ao Letes!

Bocage, in 'A António Crispiniano Saunier