terça-feira, julho 31, 2012

Ontem em Gaia

Ontem não passei por aqui,  às 10,30h já estava na cidade de Vila Nova de Gaia para o lançamento da emissão comemorativa que dedicámos ao Rio Douro, a bordo de um navio que partiu do cais de Gaia e fez um pequeno trajeto pelo mesmo Douro.

Esta emissão foi acompanhada pelo Delegação Regional do Turismo do Porto e Norte e sempre pelo Instituto Portuário e de Transportes Marítimos, Delegação do Norte e Douro.

Patrocinavam o lançamento - nesta época de vacas magras para os serviços públicos - a marca Porto Rosés (com um Porto de Honra) e a empresa de barcos Barcadouro que nos proporcionou o velhinho "Independência" para a sessão.

Duas notas engraçadas:
a) Tomaram muitos cocktails em Lisboa terem a abundância e a categoria daquele que nos foi apresentado pela Rosés! Fiquei cliente. É assim que se apanham "moscas"... Bravo Rosés!!

b) O Navio Independência tinha já sido palco de um lançamento de selos! Imaginem que em 1992 fazia a rota Funchal-Porto Santo e apareceu num dos  selos que dedicámos aos "Barcos da Madeira" nesse mesmo ano...

Sobre o Douro está tudo dito e por melhor gente do que eu. Reparem em meu Mestre Torga e nesta maravilha da prosa lusa que se segue:

«O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta.»

sexta-feira, julho 27, 2012

Citius, Altius,Fortius

Começam hoje oficialmente os Jogos Olímpicos em Londres.

Boa Sorte Cambada Lusa!

Para Descansar a Vista

De meu mestre Eugénio de Andrade deixo aqui um poema condizente com o descanso que o mês de Agosto evoca (ou evocava...).

Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"


quinta-feira, julho 26, 2012

Lampreia e sável

Um dos nossos leitores comenta (e bem!):

Legalmente nada impede um restaurante de congelar e servir lampreia ou sável todo o ano desde que o faça cumprindo a legislação e utilizando equipamento de ultracongelação (que aliás é obrigatório por lei não sendo permitido congelar nenhum tipo de alimento sem este equipamento).

No entanto servir estas iguarias fora de época além de imediatamente passar a informação de que não se trata de produto fresco seria quase como que um sacrilégio a nível gastronómico.

A nível pessoal devo no entanto dizer que se congelados com rigor e cozinhados com primor muito dificilmente a grande maioria dos consumidores seria capaz de diferenciar o fresco do ultra congelado.

Já no que concerne ás lampreias de barragens a sua qualidade é duvidosa pois têm uma textura mole fácilmente identificável e no caso da lampreia o seu sangue é muito mais espesso.

Pessoalmente só me vejo a consumir estas maravilhas na sua época,  tal como não sou capaz de consumir um vinho cuja garrafa não tenha uma rolha (chamem-lhe paixão pelo saca-rolhas).

No futuro incerto em que vivemos e sabendo que na actualidade verificamos o consumo generalizado de produtos fora de época  (por exemplo de morangos e melões no Inverno) não podemos dizer que tal não se venha a verificar também com o Sável e com a Lampreia...

Mas para isso não contem comigo!  Lampreia fora de época só seca e fumada.

Comentário ao comentário: Ganhei a disputa!!  Era como eu pensava. Não é o restaurante que está proíbido de servir, mas apenas  a pesca que está limitada em determinadas alturas.

Lampreia e Sável todo o ano?

Não é que já me dêem as saudades da lampreiazinha ou da açorda do sável, mas numa daquelas conversas de dois chatos teimosos (sendo eu um deles) veio à liça a questão do serviço da lampreia e do sável em restaurante. Nomeadamente se seria permitido (ou não) servir Lampreia e Sável em qualquer altura do ano - mesmo que contra todas as regras civilizadas do gastrónomo.

Como sabemos, por lei a  Lampreia e o Sável têm a captura limitada em Portugal ao período de  1 de Janeiro e 10 de Maio, para a primeira , e de  1 de Março e 10 de Maio para a segunda espécie. Parece que estes limites não serão iguais para todos os rios (no Lima e no Cávado por exemplo)  e que também podem variar de ano para ano em pequenos detalhes, mas de uma forma geral será assim.

Mas não era isso que estava em causa!!  O que se questionava era se num restaurante que, por exemplo, congelasse Sável ou Lampreias, ou as importasse do Canadá ou de França (onde nalguns casos constituem uma praga nas barragens e por isso não têm limitações à pesca) poderia servi-las em qualquer dia do ano.

Não conseguimos arranjar argumentos válidos para avançar com esta questão.

Algum dos leitores pode ajudar?

quarta-feira, julho 25, 2012

Alteração do horário do Posto de Ílhavo 3 de Agosto

Informo os Leitores mais ligados a estas coisas da filatelia que por solicitação da Câmara Municipal de Ílhavo  - por ter de ir montar uma estrutura dentro do Creoula na parte da manhã  - o horário do Posto de Correios que vai marcar a correspondência com o carimbo "Ílhavo-Creoula", a bordo do Creoula,  será a partir das 1530h.

À Sombra do Leão

Infelizmente (o tempo não perdoa) contam-se pelos dedos de uma mão os restaurantes a que eu costumava ir com meu pai .

O meu pai  trabalhou muitos anos no Ministério das Obras Públicas (já era sina minha acabar aqui debaixo da mesma tutela) e é normal que alguns desses restaurantes fossem na Baixa: O Gambrinus, o João do Grão, o Muni (já fechado), o Paris (hoje indiano).

Mas havia também um local mais afastado onde comíamos juntos pelo menos duas vezes por ano, quando havia os jogos Sporting-Benfica ou Sporting-Estoril-Praia.

Meu Pai era antigo guarda-redes do Estoril (nos tempos do Úria) e adepto ferveroso do Benfica, tendo eu herdado ambas as adições. Sou atualmente secretário da AG do velho clube da linha e , como é do conhecimento geral, simpatizante fervoroso (mas não doente) das "águias"...

Pois o Sr. Victor da Cruz Moreira (conhecido no MOP por "Cruz" para não se confundir com o irmão mais velho, que era o "Moreira") só visitava o Solar do Leão naquelas duas ocasiões. E quando o Estoril deixou de estar na 1ª divisão, a frequência baixou logo para metade. Mas era certo e sabido que em Domingo de jogo tínhamos que ir almoçar o Frango Assado  à:

Churrasqueira do Campo Grande
Campo Grande 402/410
1700-098 LISBOA

telef - 217 590 131

Esta antiga morada refeiçoeira de Lisboa, que existe desde 1962, continua prazenteira, de cara lavada e ambiente muito mais cuidado do que quando a conheci.

Nessa altura - lá para o final dos 60's - tinha papel nas mesas e para afeiçoar os lábios, tinha esplanada mas também  tinha moscas e melgas por causa da água que se concentrava das obras do estádio e de outros edifícios logo ali colados. Era paradouro de sportinguistas (claro!) mas também poiso de famílias inteiras aos fins de semana (vocação que, como veremos, hoje ainda parece manter-se).

Hoje  não há esplanada, mas existem salas amplas e refrescadas pelo AC da praxe. Muito boas  casas de banho, mesas bem vestidas de pano, guardanapos idem, idem. O serviço é que parece saído daqueles tempos antigos - o que não deixa de ser bom sinal da manutenção dos bons e leais empregados, alguns talvez um pouco já "usados" e a aguardar reformas merecidas.

É o reino da grelha, pois claro:

Carne: Frango na brasa; Entrecosto de porco; Picanha. Carnes certificadas de Miranda para Posta à Mirandesa e Costoleta Mirandesa.
Peixe: Bacalhau com batata a murro e Peixes grelhados do Dia.

Acompanhamentos, a cerca de 3€ a dose, são propostos à parte: legumes cozidos ou salteados, batatas cozidas, a murro, fritas; arrozes diversos, saladas também diversas.

Apresenta um ou dois pratos do dia ditos "de tacho". A nós calharam os Rojões. O ambiente é muito familiar. Boa carta de vinhos, embora ligeiramente inclinada para os verdes e brancos.

Preços bastante razoáveis para os tempos que correm, mas sobretudo qualidade muito aceitável e quantidade que chega para dar de comer aos vizinhos "leões"...

Numa visita com o meu senhorio comemos Posta Mirandesa a 16€ (ele) com couve salteada e batata a murro,  e Frango na grelha a 11€ (eu, em romagem de saudade pelas visitas que lá fiz com o meu velhote). O galináceo vinha com batata frita, arroz e salada mista pedida à parte. Doses imperiais! A Posta Mirandesa de carne certificada foi pedida "mal passada" e assim apareceu na mesa. Muitíssimo boa! As batatas do Frango Assado eram mesmo fritas na casa sem serem das congeladas, praga que infesta muitas casas deste nível, por exemplo o velhinho Bonjardim... Se dou conta dessa tramóia em restaurante onde vá podem ter a certeza que nunca mais lá ponho os pés!

Nem por acaso beberam-se  6 Imperiais (muito bem tiradas) que o calor apertava e nem sempre de vinho vive o homem.  2 cafés. Queijinhos frescos de entrada, Pão e manteigas, patés ( etc...)

Cerca de 40 euros.

Conclusão: boa impressão geral. Boa comida feita ao momento (pudera!). Excelente matéria prima! Não ganhará nenhum prémio de gastronomia, mas para quem deseja descansar das metrosexualidades culinárias e das "espumas" e da (horror!) "cozinha molecular"  trata-se de uma boa alternativa burguesa em Lisboa.

Enquanto houver alguns burgueses, está claro, que isto da classe média já terá sido chão que deu mais uvas...

terça-feira, julho 24, 2012

Aviso à Navegação!

Nos próximos dias 3 e 4 de Agosto os Navios NTM Creoula e NRP Sagres estarão em Ílhavo e Leixões, respetivamente, para neles fazermos a cerimónia do lançamento da emissão de selos que dedicámos aos 75 anos de vida destes veleiros. Serão 2 selos e 2 blocos. Nos selos teremos os navios a navegar e nos blocos alguns detalhes de ambos: a figura de proa , o sino e o cordame do Sagres, e os dories do Creoula, lembrando o seu passado na pesca do bacalhau.

Teremos "Bar Aberto", (Ooopps!!!) quero dizer, desculpem, "Navio Aberto" ao público entre as 10h e as 17h , sendo depois dessa altura reservado o tombadilho (acho que é assim que se chama...) para as cerimónias. A Banda da Armada vai atuar pelas 22h, em ambos os locais,  para animar o povo ( que bem precisa).

Faremos um Posto de Correios a bordo do Creoula no dia 3 de Agosto, com carimbo "Ílhavo - Creoula" e outro a bordo do Sagres no dia seguinte, com Carimbo "Leixões-Sagres". Estes Postos estão também abertos ao público entre as 11h e as 16h.

O Navio da República Portuguesa “Sagres
Construído nos estaleiros da Blohm & Voss, em Hamburgo, para a Marinha Alemã, o atual navio-escola Sagres foi batizado em 1937 com o nome Albert Leo Schlageter.
Em 1945, danificado durante a guerra, foi capturado em Bremerhaven pelas forças americanas e posteriormente vendido, por um preço simbólico, ao Brasil, sendo rebatizado com o nome Guanabara, em 1948. Não satisfazendo as necessidades de instrução e de treino que a armada brasileira tinha na altura, o então Guanabara foi adquirido pela Marinha Portuguesa em 1962, numa altura em que procurava um veleiro que substituísse o então N.R.P. Sagres, em fase final da sua vida útil.
Há 50 anos que faz viagens de instrução e representa Portugal e a Marinha Portuguesa.

O Navio de Treino de Mar “Creoula”
A construção do lugre Creoula tem início em 1936, inserida no plano de renovação da frota dos bacalhoeiros, da Parceria Geral das Pescarias. As inovações introduzidas permitiriam que os novos navios navegassem e pescassem bacalhau nos mares gelados da Terra Nova e da Gronelândia.
Construído num tempo recorde de 62 dias de trabalho, o Creoula é lançado à água em 1937.
Após 37 campanhas de pesca e tendo navegado mais 300 000 milhas até 1973, o navio foi encostado com vista a uma posterior venda ou desmantelamento. Apesar do interesse na sua aquisição por parte de empresas estrangeiras, generalizou-se uma vontade de manter o Creoula em Portugal e este foi vendido ao Estado Português em 1979 por um preço simbólico. Verificado o bom estado do seu casco para a navegação, foi abandonada a ideia inicial de convertê-lo em Museu da Pesca e o navio foi transformado em navio de treino de mar para jovens em 1981.
Adaptado de acordo com a sua nova missão, o N.T.M. Creoula foi entregue à Marinha Portuguesa em 1987 e desde então tem efetuado enumeras viagens de treino de mar, com jovens das mais variadas instituições.


segunda-feira, julho 23, 2012

Europa já era?

Parece que o novo empréstimo\resgate (será o 5º, o 6º ou o 7º? Também pouco interessa) da Grécia está em perigo. O FMI terá feito constar que não participa e o Ministro das Finanças da Alemanha já disse no Domingo que:

-  " ...se a Grécia sair do Euro não será um problema assim tão grande...".

O que pode acontecer se a Grécia declarar falência em Setembro? Tenho algum dificuldade em medir aquilo a que os entendidos chamam "contágio por contato direto" nestas circunstâncias, não sou perito em mercados financeiros , nem em nada que com isso se pareça....

O mais que posso imaginar é  que esse seria um sinal inequívoco aos famigerados investidores internacionais que "mandam" nas taxas de juro das dívidas soberanas. Um sinal de que " A Europa já era..." ou seja, que ninguém que possa (leia-se: os países pagantes )  está interessado em investir mais no assunto. E se "eles" ,que têm obrigações morais, não estão interessados, quem o vai fazer?

Sem investidores privados (os tais ubíquos "mercados") as finanças de cada país deficitário, depois da queda da Grécia, vão passar a depender quase que exclusivamente das exportações (mas para onde? ) e da caridade do BCE.  E mesmo esta terá um limite, que se confunde com o limite da paciência dos tais países financiadores...

Com a Espanha a passar pelas passas do Algarve, com taxas de juro acima dos 7% e Portugal a respirar por um tubo cada vez mais fininho, esta "falência" grega vai apontando o caminho aos outros.

Tal como num dominó muito arranjadinho, o mal será tombar a primeira pedra.

E depois? Depois virá outra vez a "Idade Média" (dita das Trevas) para a Europa do Sul...  Passa tudo a viver com aquilo que produz -  e que  já foi muito mais antes da entrada no Euro e da adesão à UE, por culpa dos tais feiticeiros boreais que se dignaram criar no ghetto uma escola de aprendizes a ricos sem incluir no curriculum umas disciplinas sobre regras básicas de economia doméstica...

A única esperança que existe é a de que os "bruxos do norte" façam as contas e consigam prever que saíria ainda mais caro para todos (incluindo para a Alemanha, Finlândia, Países Baixos e etc...) deixar cair o Sul da Europa do que continuar a financiá-lo e a receber os juros dessas operações.

No fim de contas tudo se resume ( e sempre se resumiu) a isso: Onde está o Lucro?

sexta-feira, julho 20, 2012

Para Descansar a Vista

Ontem não passei por aqui. Tive de acompanhar a senhora santa cá de baixo numa cegarega de médicos e hospitais. O muito calor afeta os nossos velhotes, e as arritmias e dificuldades respiratórias sucedem-se frequentemente.

Mas tudo está bem quando acaba bem, e por isso vamos pôr as mágoas de lado e saudar com enfâse a Regata "Tall Ships 2012" cujos belos navios aqui estão bem perto de nós, nesta Lisboa incomparável na sua luz tão peculiar.


De Walt Whitman aqui deixo este seu hino de louvor ao Mar e aos Marinheiros:
      1
To-day a rude brief recitative,
Of ships sailing the Seas, each with its special flag or ship-signal;
Of unnamed heroes in the ships—Of waves spreading and spreading, far as the eye can reach;
Of dashing spray, and the winds piping and blowing;
And out of these a chant, for the sailors of all nations,
Fitful, like a surge.


Of Sea-Captains young or old, and the Mates—and of all intrepid Sailors;
Of the few, very choice, taciturn, whom fate can never surprise, nor death dismay,
Pick’d sparingly, without noise, by thee, old Ocean—chosen by thee,
Thou Sea, that pickest and cullest the race, in Time, and unitest Nations!
Suckled by thee, old husky Nurse—embodying thee!
Indomitable, untamed as thee.


(Ever the heroes, on water or on land, by ones or twos appearing,
Ever the stock preserv’d, and never lost, though rare—enough for seed preserv’d.)

            2

Flaunt out O Sea, your separate flags of nations!
Flaunt out, visible as ever, the various ship-signals!
But do you reserve especially for yourself, and for the soul of man, one flag above all the rest,
A spiritual woven Signal, for all nations, emblem of man elate above death,
Token of all brave captains, and all intrepid sailors and mates,
And all that went down doing their duty;
Reminiscent of them’twined from all intrepid captains, young or old;
A pennant universal, subtly waving, all time, o’er all brave sailors,
All seas, all ships.



quarta-feira, julho 18, 2012

Libertações

Chegada a "idade média" da humanidade (homem aparentemente mais tarde, pelos 50's, e a da mulher talvez mais cedo, em redor dos 45's) é muito comum assumirem-se comportamentos de maior risco social, uma especie de "libertação" das mentes até então preocupadas com as três fundamentais vertentes que fazem mexer ambos : o poder, o estômago e o sexo (para o Homem); o poder, a aparência e o amor (para a Mulher).

É a altura de muito divórcio, de muita mudança de vida, de muito olhar para dentro e verificar que, afinal, as esperanças da juventude tinham ficado na gaveta enquanto que o corpo fazia pela vida da forma mais prática e possível.

Do ponto de vista da malta endinheirada, pelos 50's há homens que compram o mítico 911, enquanto que muitas das mulheres esperam pelos tais 45's para a primeira "recauchutagem". Ambos talvez em busca da juventude perdida, agarrando-se por unhas e dentes ao sonho daquilo que já foi.

D. Camilo José Cela tinha já brilhantemente escrito sobre esssa matéria.  A excelente banda desenhada "La course d'un rat" de Gérad Lauzier (Dargaud) também é paradigmática destas emoções um pouco burguesas. E que bem as retrata!

Mas se o ponto de vista for o da gente pobre e remediada, notar-se -á que é bem mais difícil estereotipar este tipo de comportamentos da "meia idade". Tais divagações são coisas de élites com pouco que fazer - lá está, a não ser os jogos de poder, escolher onde vão almoçar ou quem lhes deve tratar da "fachada", e com quem lhes estará a apetecer "dar uma cambalhota".

Os remediados poderão sentir que o tempo também lhes está a passar ao lado, mas com as preocupações da hipoteca da casa, da prestação do carrito, do corte nos subsídios, e com os filhos desempregados, não deve haver libido que resista.

Uma ou outra noite de sonhos de grandeza, se tiverem sorte, podem ser "ersatz" para mascarar as insuficiências do dia-a-dia. E se bater bem forte este trauma da andropausa ou menopausa psicológica, é bem possível que o escape real desta humanidade mais na penúria seja aquele que mais barato se torna: a infidelidade conjugal, ou dito no linguarejar típico da classe em causa, "a facadinha no matrimónio" para os casados, ou o "mudar de parceiro" para os outros solteiros, viúvos ou separados.

A sardinha não substitui a lagosta, mas às vezes (para mim quase sempre) apetece bem mais do que aquela. Uma garrafa de Salon Millésimé é uma dádiva divina , mas muita satisfação sensorial também se retira de uma taça de vinhão diretamente do pipo, lá no Alto Minho.

Já aqui disse que não seria capaz de comer todos os dias no Tavares, embora admire muito o trabalho de Mestre Aimé Barroyer. E quanto ao Barca Velha, quem não o enjoaria depois de um mês ou dois a bebê-lo continuamente?

De tudo se cansa o homem e a mulher. Quanto mais um do outro...

Leiam muito (que ainda é mais barato do que os anti-depressivos e ansiolíticos). Pelos livros segue à noitinha a nossa imaginação. E assim se evitam despesas e sobressaltos.

Nota: Não estou a dizer com isto que pelo facto da  leitora ter acabado de ler "O Monte dos Vendavais",   a roncadora criatura que dorme ao seu lado  se transformará no Brad Pitt... Mas com as luzes apagadas (e se ele não disser nada) pode ser que disfarce... E meta-lhe água de colónia para cima do coiro, que também ajuda à transformação.

terça-feira, julho 17, 2012

O Verão Iô-Iô

Hoje e amanhã parece que as temperaturas vão fazer estalar o alcatrão - mais de 40º. Para 5ª feira prevê-se uma descida considerável e ninguém se surpreenderia se neste fim de semana as nuvens aparecessem...Outra vez!

Lá quem manda superiormente nestas coisas do tempo - seja a Potestade judaico-cristã, o grande chefe Nuvem Vermelha (infelizmente já falecido) ou um funcionário superior  da NSA em Washington com os seus satélites - deve ter compreendido que aqui para a Europa do Sul o tempo não vai para férias fora de casa , e daí premeia os indígenas com estes balanços sinusoidais da temperatura estival.

A intenção é boa e caritativa. Mas devemos dizer ao benfazejo administrador do Sol e do Vento que também nas suas casas as pessoas têm direito a usufruir do bom tempo sem surpresas. E de dar algum trabalho às esplanadas das suas zonas que por enquanto ainda não fecharam.

Se não houver "massa" (nem disposição) para as sangrias de champagne com gambas da nossa costa, venham de lá umas bejecas com uns caracóis.

E os banhos de  mar por enquanto não implicam entrada paga. Tem é de estar a água a uma temperatura mais ou menos condizente para proporcionar a felicidade do triste. Para uns a partir dos 20 grauzinhos, para outros (garganeiros) só a partir dos 22...


Já perceberam que o grande truque dos Sábados e Domingos é trocar as voltas às refeições tradicionais: Não almocem. Embrulhem umas sandes para a praia ou para o campo, regressem a casa a tempo de tomar um duche (coletivo sai mais barato e proporciona outro tipo de conforto, a dois). Jantem coisas levezinhas ou daquelas que se podem deixar feitas de véspera. Tornem a sair para tomar o ar fresco da noite em boa companhia.

Arroz de Bacalhau seco no forno - Cozam 3 boas postas de bacalhau para 4 pessoas. Limpem de espinhas e de peles. Desfaçam em lascas. Aproveitem a água. 
Num tacho façam uma puxadinha com bom azeite, cebola picada, alho picado, tomate fresco limpo de pele e de sementes, coentros partidos, pimentos verdes e vermelhos também partidos finos depois de bem limpos. Um copo pequeno de Moscatel depois de uns minutos a puxar fica sempre bem. 

Introduzam as lascas de bacalhau e meio frasco de azeitonas pretas descaroçadas partidas ao meio. Refoguem tudo por alguns minutos em lume brando. Deitem pimenta preta moída a gosto. Depois deitem o arroz (chávena e meia). Fritem um minuto. Acrescentem com a  água  de cozer o bacalhau (3 chávenas e meia). Aumentem o lume e deixem cozer o arroz. Corrijam de sal.
Em estando "al dente" apaguem o lume, deixem abrir o arroz um bocadinho envolvendo o tacho num pano de cozinha grosso.

Se for para guardar deixem estar assim e no dia de utilizar vai ao forno a 170º por 15 a 20 minutos com uma meia chávena de  caldo de peixe por cima para não secar em demasia (desfaçam um cubo  gourmet de peixe ou marisco - fumet -  num pouco de  vinho branco e água ao lume) . Decorem com coentros cortados no momento mesmo antes de ir para a mesa, uns tomatinhos cherry  e azeitonas pretas inteiras..

Aguenta-se perfeitamente no frigorífico 3 ou 4 dias.

segunda-feira, julho 16, 2012

Já não se aguentam...

Refiro-me às anedotas sobre o desgraçado do Relvas e do seu "curso"...

Alberto João Jardim foi o último a contribuir para essa coleta:

-"Depois de 30 anos de Presidente do Governo Regional, tendo o grau de Engenheiro reconhecido pela Ordem e ainda um Doutoramento Honoris Causa , vou requerer a equivalência a mais 4 licenciaturas: Biologia, Veterinária, Informática e Astronomia!"

A malta mais dada a frequentar a "praia" - como o famoso ZéZé Camarinha, figura tutelar do engatanço algarvio - já parece que terá obtido a equivalência à Licenciatura em Relações Internacionais...


Mestre Mendonça e seus pares - caçadores de perdizes, lebres e de tudo o resto que mexa - já apresentaram a candidatura a Licenciados em Engenharia Zootécnica pelo ISA.

O meu amigo lá da serra alta - Tio Santidade - que toda a vida se aliviou na mata, fosse do que fosse, sendo vivo teria hoje hipótese de ser licenciado em Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais, pela experiência de mais de 50 anos a regar as árvores e a adubar o solo com fertilizante natural da sua lavra.

O Chico do "cavalo" - conhecida personagem que as injustiças sociais do presidente António Costa arredaram da sua atividade profissional no Intendente -  requereu equivalência em Fitofarmácia, Plantas Aromáticas e Medicinais, na Universidade de Trás-os-Montes.

Por outro lado,  já consta que o Ti Rosa em Cascais (conhecido ceguinho - digo, invisual -  frequentador da praça e frequente apalpador das "prateleiras" das senhoras  peixeiras, segundo ele para não cair) terá requerido equivalência curricular para a licenciatura em Design de Equipamento nas Belas Artes.

Por fim, analisado o meu CV à mesa, a minha  experiência de 30 anos (desde que ganhei o 1º ordenado) a comer e a beber fora de casa, seria mais que justo que me fosse concedida a Licenciatura em Enologia (regime pós-laboral). Mesmo sem ela preparo já a Tese de Doutoramento: "Vinho Tinto -  Consequências do charuto Partagas Lusitânia na apreciação gustativa: o palato ainda conseguiria  distinguir  a esteva e o mato verde,  em torno do apimentado gosto das amoras e frutos pretos do bosque, com um toque de baunilha em vagem?"

sexta-feira, julho 13, 2012

A pretexto de um Tinto

Bem, tinto não foi bem o único pretexto, como se verá, mas combinou bem com tudo o resto.

A Lavradores de Feitoria fez um Douro (relativamente novo no mercado) o "Quinta da Costa das Aguaneiras". Provámos ontem o de 2007 à mesa do Galito.

Para lhe dar conversa de jeito o Sr. Henrique tinha proposto Sopa de Beldroegas para uns, Gaspacho com Pataniscas para outros, Borrego Assado no forno e Pézinhos de Porco de Coentrada.

Antes disso já a "quadrilha" tinha entretido o apetite com os habituais mata-bichos do jovem pretendente a galo: os torresmos do rissol, os queijos de ovelha secos, o coelho S. Cristóvão, a cabeça de xara, o paio de Portalegre, a tarte de espargos verdes com queijo e as excelentes empadas de javali ...

Um comentário à parte para dizer que se não fosse alguma falta de sal nos pézinhos  (nota do paladar feminino à mesa) tudo o que se comeu estava como é costume: Muito bom!

Nesta reunião à volta dos talheres (ainda são as melhores) para discutirmos o andamento do nosso Livro temático "Sabores do Ar e do Fogo" compareceram os 3 autores:  Fátima Moura,  Quitério e Cerdeira. O livro apresenta-se de momento algo "enconapado" , mas tudo indica que aproveitará bem o Verão para medrar (cuidado!) e atingir a máxima pujança.

A data da entrega do original ficou apalavrada para o final deste ano . E assim deixámos ir para férias os 3 impetrantes, não sem antes terem visto e apreciado as maquetes dos selos das mesmas chouriças , presuntos e etc... que editaremos dentro em pouco . Parabéns bem merecidos foram na altura enviados ao Amigo Acácio!


Voltando então ao Vinho, aqui deixo (com chapelada)  uma paciente apreciação de um blogger bem conhecido (João Pedro Carvalho do copode3) com a qual concordo inteiramente - à parte alguma poesia verbal que , sendo já esperada nestas "libações", ainda considero um pouco fantasiosa. Mas isso devo ser eu que de vinhos só percebo o suficiente para pôr o copo à boca e Beber ou Não (caso me agrade ou nem por isso..). E este Quinta da Costa das Aguaneiras agradou-me mesmo muito. Até pelo civilizadíssimo preço com que chegou à mesa (cerca de 30€, custando 18€ no produtor).

É curioso que o barulho que outros fazem acaba por deixar vinhos como este um pouco esquecidos e fora do destaque que sem dúvida merece e merecem, afinal de contas todos procuramos vinhos com a melhor relação preço/qualidade possível, este é um desses exemplos cujo preço ronda os 18€.

O lote é composto por um domínio de 70% da Touriga Nacional, com 10% de Tinta Roriz e 20% de outras castas, passando por barrica nova e usada de carvalho francês.

O vinho conquistou-me pela qualidade de conjunto, pela forma como se mostrou com aquele toque vegetal mais agreste, mais raçudo e com nervo, fora de facilitismos que tanto abundam por aí... mostrou-se de aroma intenso com bastante fruta vermelha (amora, framboesa, cereja) bem limpa e madura, a barrica em plena integração sem qualquer beliscar de conjunto, aporta aromas com peso e medida, aumentando assim a complexidade e refinando o conjunto. Depois mostra aquele toque de Douro com vegetal do monte, andar pelas encostas a cheirar a esteva e o mato verde, leve baunilha e apimentado, floral presente com muita frescura à mistura. Boca muito feliz e de perfil gastronómico, amplo a mostrar vigor e energia, com boa profundidade e uma frescura a mostrar-se muito bem, dando ao vinho uma vontade de beber mais um copo, sente-se a boa doçura da fruta pura e limpa, sente-se a madeira que serve de encosto, sente-se aquele travo a pimenta preta, fresco e apimentado, e lá no fundo a secura de alguns taninos em final longo e persistente com um travo fresco e mineral.

Para Descansar a Vista

Lembro hoje o poeta Cruz e Sousa, do país irmão.


Cruz e Sousa (1861-1898) foi um mestre do simbolismo no Brasil. Um negro numa sociedade ainda marcada pelo estigma da escravatura, não só participou do movimento abolicionista, proferindo palestras e escrevendo sempre em jornais e panfletos, como ao mesmo tempo prosseguia uma atividade poética de grande envergadura, que o colocou ao lado de Mallarmé, Rimbaud e Verlaine. Este “cisne negro” (como era conhecido nos meios literários) morreu pobre e pouco conhecido do público em geral, embora já devidamente apreciado pelos círculos intelectuais mais liberais do Rio de Janeiro.


 Cavador do Infinito

Com a lâmpada do Sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo, escrito
Sente, em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico Infinito.

E quanto mais pelo Infinito cava
mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho.
E como seu vulto pálido e tristonho
Cava os abismos das eternas ânsias!

Cruz e Sousa

quinta-feira, julho 12, 2012

Moradas de Portalegre e Arredores

Ontem foi um dia de grande "trabalhêra" para o V. Blogger...

Deixando para trás as coisas menos importantes eis que, pelo IC2 nos aproximamos (eu e a viatura) da cidade de Estremoz, lar dos "Dragões de Estremoz" que não são alguma filial pinto costeira alentejana do campeão nacional, como podem ter mal entendido. Antes o Regimento de Cavalaria de Estremoz, valentes homens ( e solípedes) que - há 200 anos atrás -  deram nos costados dos napoleónicos invasores como gente grande!

Paragem obrigatória na:
 Salsicharia Cortes
Localidade de Malporcão,
estrada de Estremoz para Portalegre, aí a uns 10 km da primeira. Telefone : 268 919 033
 Aviei 4 chouriças , 2 farinheiras, 2 mouras de sangue e uma paiola. Tudo de porco preto , o que  fez na algibeira uma mossazita de 35 eurinhos...Mas bem mais em conta e de qualidade imcomparável ao que se encontra por esta Lisboa.

Antes de chegar a Portalegre desvio para Reguengo de Portalegre para ir à :
Salsicharia da Biquinha
7300-401 PORTALEGRE
GEO : 39.294833 , -7.429456
Telefone : 245 201 047

Mais umas  chouriças de porco preto, um paio do lombo (idem). Preços idênticos aos da Cortes. Chouriços pelos 11€ o kg e Paio grosso pelos 24€\kg.

Em Portalegre passagem obrigatória pela Adega Cooperativa, onde enfardei três caixitas de 3 garrafas: Portalegre Tinto DOC de 2005 (com desconto!) ficou por 13,88 cada garrafita. Quinta da Cabaça Tinto de 2007  -11,56€) e Conventual Reserva branco de 2010 - 5,65€. Aqui os Tintos fazem escola há já mais de 50 anos! Vamos ver que tal a prova...

No centro de Portalegre entrada no centro comercial do Pingo Doce, mesmo em frente ao Tomba Lombos. Aí, no HiperFrutas que está no 1º andar (segredo já aqui partilhado!) mais um desvio para enfeirar empadas de galinha (à moda de Estremoz e da Urra), Pão da Urra e queijadas de castanha locais.

Almoçámos na casa do  José Júlio Vintém , bem mas sem espaventos. O Patrão chef tem rebento nova (uma menina de mês e meio) e não se encontrava ao leme do Tomba Lombos ontem...Foi pena.

Fiquei a saber ( e a salivar pensando nisso...)  que existem  mais dois poisos ali bem perto.

Na Urra o:
"Álvaro"
Largo Simão Manuel Redondo 8
7300-589 URRA
245382283

Casa pequeníssima (fundamental RESERVAR) onde o proprietário Sr. Álvaro e a esposa parece que fazem milagres à mesa...

E mesmo no centro de Portalegre, o:
Restaurante Solar do Forcado
 Rua Cândido Reis 14
7300-129
Portalegre
Telefone: +351(245)330866

Parece que será atualmente o melhor restaurante de Portalegre, mesmo contando com o Tomba Lobos... A ver vamos numa próxima oportunidade.
 
Antes de partir a visita obrigatória à Manufactura de Tapeçarias de Portalegre. De cair para o lado! Uma história de mais de 60 anos a  trabalhar com os maiores artistas nacionais (mesmo os maiores, os Almadas,  as Vieiras da Silva , os Júlios Pomares... até agora a Joana Vasconcelos levou a Versalhes uma tapeçaria feita aqui sob cartão seu).
 
Esta Manufactura vai dar uma série de selos e um livro (em 2014) excepcionais! O único problema será ilustrar o livro com fotos de Tapeçarias que se encontram nos confins do mundo (Austrália por exemplo...) Se fosse mais novo oferecia-me já para lá ir...
 
Nota: Tapeçaria de Portalegre sob cartão de Mestre Júlio Pomar.

terça-feira, julho 10, 2012

Amanhã em Portalegre

Tenho uma reunião na Manufatura das Tapeçarias de Portalegre, com os proprietários e o Dr. Diogo Gaspar, para preparar a emissão de selos e o Livro temático que faremos sobre esta notável casa de bem fazer, autêntico reportório de "cartões" dos maiores artistas plásticos que este país viu nascer.

Por isso não passo por aqui na Quarta feira.

Depois conto como foi.

Inconciliável

Não sei se viram o Miguel Sousa Tavares ontem na SIC a "descascar" em cima da "licenciatura" do Sr Ministro Relvas? Ou, ao invés, se apanharam antes o Reitor da Lusófona a tentar justificar-se na TVI?

Este Sr. Reitor parece uma escavadora a abrir valas junto a um terreno lavrado: a cada cavadela salta uma minhoca maior do que a outra!

O que é que o homem queria que acontecesse, depois de termos lido , visto e ouvido alguns dos detalhes da forma como o Sr. Ministro conseguiu a sua "turbo-licenciatura"? Obviamente que a credibilidade da Universidade ficou ferida de morte!

E o acesso ao "dossier" do Ministro? Coxo, coxinho de todo, sem justificações disciplina a disciplina , como "desejava" o Prof. Marcelo (mauzinho , Marcelo!!).

Enfim, disto tudo só se aproveita mesmo a frase do Marcelo no comentário de Domingo ( haja Deus que finalmente concordei com o Homem!):
-"Tudo isto só tem importância porque somos um País de saloios, onde a falta de um grau académico é considerada uma falta grave de caráter no candidato ao serviço público ou a empresário".

E deu exemplos: Onde está a licenciatura de António Champalimaud? E onde estará metida a do homem mais rico de Portugal, o Sr. Amorim das cortiças?

O problema não é deixar de ter o tal "grauzinho académico", o verdadeiro problema é não conseguir dormir bem sem ele...

Ora santa paciência!

E quanto ao Ministro Relvas? Eu continuo com as mesmas dúvidas.
E se calhar também os leitores. 

Ainda mais agora que se começou a destapar o véu sobre envolvimentos da Lusófona em favores a Passos Coelho... Antes de ter sido eleito....

Mau, Maria! Que aqui para nós esta procissão ainda nem sequer chegou ao Adro da Igreja!

segunda-feira, julho 09, 2012

Fim de Semana de "Pesca"

O Sábado não começou muito bem. Posta a ideia em cozer peixinho para o almoço , levantou-se o Blogger com a mira alçada para o mercado de Cascais.

O plano era chegar antes das 8.00h, deixando assim  a santa ainda em casa e não inviabilizando a "recolha" dos pequenos almoços na Garret logo que esta franqueia as portas ao povo.

Mas assim que pus o pé fora da porta de casa senti bater na cara a invetiva maternal, para não lhe chamar o "bafo maléfico":
"-Vamos então ao peixe? Onde queres ir? O melhor era ir a Lisboa..."

Convém dizer que , mesmo com a idade que tem, ou por causa disso mesmo, a santa cá de baixo está sempre pronta para bater chinela. E como o resto da família que tem carro - o meu primo sobretudo - só a atura nas vésperas de Natal, Páscoa e aniversários (espertos!!), cabe ao filho e neto arcarem com a tarefa de a transportar todos os fins de semana. E o mais longe possível!

Se chegamos a casa das compras antes das 11h fica logo mascarada de elefante para o resto do dia:
-"Mas que horas de chegar a casa! Ao menos com o teu primo antes das duas da tarde não chegamos! O que é que eu vou fazer lá para casa até à hora do almoço?"

A santa não quer chegar a casa cedo, mas se o almocinho se atrasa muito para depois das 12.30h começa logo a disparatar:
"Então quando é que se come? Tenho que fazer esta tarde!"

Como o meu primo normalmente almoça aos sábados frango assado comprado fora, ou pizzas,  está livre destes remorques.

Mas adiante.

A saga do peixe começou pela praça do Saldanha, continuou pela Ribeira e só  parou em Cascais. Motivo:
"Tu não escolhes nada, nem comparas o preço! Há que ver primeiro e só depois se compra!"

Já muito marafado de ter perdido 2 horas nestas exéquias, ouvi a santa decidir:
"Olha, o melhor é irmos ao Continente do shopping ver o que lá têm hoje, e aproveito para ver se estão lá as minhas amigas"

No balcão de peixe do dito Continente, pelas 10.15h da manhã, tirei a senha nº 53... Estava a malta toda à minha frente, à espera da sardinha e do carapau.

Ainda por cima, já enervado com a espera enganei-me na senha e tirei a do peixe inteiro em vez da do peixe amanhado... Quando dei pelo engano e fui buscar a outra, já só havia o nº 89...

Desisti. A santa também não tinha encontrado as amigas. Vai daí revelou-me:
-"Sabes que ali no Lidl é onde há o melhor peixe aqui da zona! E barato! É o que dizem as minhas amigas que já lá devem estar!"

A caminho do Lidl o desgraçado do vosso Blogger já nem via a  estrada, quanto mais a banca do peixe... Lá dei finalmente com ela, pequeníssima, fora do supermercado e com algum peixe. Mas o que havia era pouco e o pouco que existia não nos servia para nada. Salvou-se disto tudo que a santa encontrou finalmente as Amigas...

Farto, fartinho e a baterem as 11,30h, acabei por me revoltar:
-"  A Mãe fique aqui com as amigas que eu vou num salto à Beloura comprar uma garoupa".

Entrei no El Corte Inglês da Beloura, fui logo atendido, comprei uma garoupa inteira pequena de kg e meio. Paguei 28 euros por ela (19 euros o Kg) mais uns 5 ou 6  euros por kg do que nas Praças a que tinha ido antes... Mas o conforto daquilo tudo...

Quase como se tivesse entrado num belo carro com ar condicionado depois de 3 horas a fazer de caixeiro viajante.

Mas quando cheguei ao pé da minha Némesis ainda tive que ouvir:
-" Pois, estás muito rico! Imaginem ir ao peixe ao Corte Inglês! Deves lá ter encontrado o Cristiano Ronaldo..."

Já decidi. Peixe cozido ou assado ou o raio que o parta ao fim de semana? Só comprado na Sexta Feira, longe do longo braço ( e sobretudo da longa língua) maternal!

Porque é que aguento isto tudo? É a minha obrigação camaradas! Obrigação de filho, pois claro! Temos que ter paciência...Quando chegar a nossa altura como vai ser?

(E , aqui para nós, está a chegar o mês de pagar o IRS zinho...Não há almoços grátis...)

sexta-feira, julho 06, 2012

Para Descansar a Vista

Acordei hoje a pensar em Pablo Neruda. Nem sei muito bem porquê. O inconsciente trabalha de forma independente e nem sempre devidamente controlada...

Ainda bem.

Pois então , de Pablo Neruda aqui vai poema:

Saudade

Saudade - O que será... não sei... procurei sabê-lo
em dicionários antigos e poeirentos
e noutros livros onde não achei o sentido
desta doce palavra de perfis ambíguos.

Dizem que azuis são as montanhas como ela,
que nela se obscurecem os amores longínquos,
e um bom e nobre amigo meu (e das estrelas)
a nomeia num tremor de cabelos e mãos.

Hoje em Eça de Queiroz sem cuidar a descubro,
seu segredo se evade, sua doçura me obceca
como uma mariposa de estranho e fino corpo
sempre longe - tão longe! - de minhas redes tranquilas.

Saudade... Oiça, vizinho, sabe o significado
desta palavra branca que se evade como um peixe?
Não... e me treme na boca seu tremor delicado...

Saudade...

Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage

Inconstitucionalidades

Como todos esperavam (os de boa fé) o Tribunal Constitucional veio reconhecer a inconstitucionalidade da decisão governamental de corte dos subsídios de Férias e Natal a pensionistas e Função Pública (mais o setor empresarial do Estado).

Nas reações,  PPC (o 1º Ministro) já insinuou que se era para termos igualdade, então teria que calhar a todos a mesma "receita" , ou parecida.

Houve quem fizesse as contas: O Estado-Governo encaixa com estes cortes já existentes 1045 milhões de euros mais ou menos. Este valor é equivalente a METADE de um único mês de corte ao setor privado, ou seja, um quarto do potencial corte de dois meses aos privados ativos.

Significa que se o Sr. Ministro Gaspar (o bruxéu) tratar todos da mesma maneira (cortando nos dois subsídios!) ,  receberá mais de 4000 milhões de euros. E, aqui para mim, convidará muita gente à desobediência civil. Já vejo alguns  a esfregarem as mãos.

MAS existe agora a possibilidade dos Srs Ministros do Governo acertarem as mesmas contas com a plebe de forma mais suave sem deixar de ser equitativa: Apenas retirariam um dos subsídios à malta toda ( sob a forma de imposto extraordinário para uns, e sob a forma de cortes , para os outros).

Desta forma a receita seria ainda superior ao que agora entra nos cofres públicos, mantinha-se o pressuposto constitucional da igualdade do cidadão perante a lei e...amenizava-se a vida aos homens e mulheres reformados e ativos do setor público.

Na minha opinião seria este o caminho a seguir. Mas aguardemos.

quarta-feira, julho 04, 2012

Contos "Exemplares"

 Não escrevo hoje  sobre os Contos Exemplares da Condessa de Ségur que terão aterrorizado várias gerações, sobretudo o nefando "Os desastres de Sofia", protótipo de sado-masoquismo soft que faria inveja ao divino Marquês.

Não senhores. Escrevo sobre duas "estórias" do atual establihsment que nos dão vontade de rir  pela recorrência que assumem face ao comportamento da classe política ( seja ela qual for) se não fossem assim tão tristes.

1) Segundo parece o Sr Engº e Arqº Macário Correia (que para completar a respetiva formação abrangente na área da construção, terá também dado uma mãozinha de mestre de obra e de empreiteiro)  aprovou em 2006 e à revelia dos pareceres técnicos da Câmara Municipal de Tavira ( a que presidia na altura) alguns empreendimentozinhos, umas obrazinhas, uns prédiozinhos, contra o Plano Diretor Municipal ...

Foi condenado pelo Supremo Tribunal Administrativo à perda de cargo (neste momento é Presidente da Câmara de Faro), mas entretanto recorreu para o Supremo Tribunal de Justiça.

Não sei porquê mas nestes meandros vejo alguns resquícios do que sucedeu com aquele outro cidadão inocente, o Dr. Isaltino, que de recurso em recurso, de Supremo em Supremo,  lá se livrou da *Ramona...

O Engº Sócrates também parece que tinha assinado de cruz uns projetos...Ainda se lembram?

2) Por outro lado o "Público" traz-nos hoje mais um conto exemplar: o do Dr Miguel Relvas, que terá conseguido (fruto da sua tremenda capacidade intelectual) tirar o curso superior universitário de Relações Internacionais e de Ciência Política ...num ano.
Como?  Ainda não se sabe bem, mas parece que andou de privada em privada, da Moderna para a Lusíada , desta para a Lusófona, até que na última se conseguiu o milagre.

Contudo, nenhuma das Universidades em causa deixa consultar o ficheiro do Dr. Relvas. Está claro! O Homem manda no Partido, no Governo e no País (ainda aí estás Metro do Porto?!)!

Se fosse o Sócrates não faltaria!  Saltava o Carmo e a Trindade. Lembram-se ainda da polémica sobre o "grau" de Engº Técnico do anterior 1º Ministro?

Conclusão: Como escreveu Tomasi de Lampedusa na sua obra prima "Il Gattopardo",  para a célebre fala de Tancredi - Cambiare tutto per non cambiare niente: Se vogliamo che tutto rimanga come è, bisogna che tutto cambi!"

Em bom português dizemos mais ou menos a mesma coisa, mas mete moscas e caca (com V. licença).

* Ramona, Judite  - calão, nome dado pelos meliantes à  Polícia.

terça-feira, julho 03, 2012

Peixe Cozido

A senhora sargenta cá de baixo sentiu este fim de semana "desejos de peixe".

Depois de se servir duas vezes (tem 83 anos!) do arroz de galinha da quinta, depois de ter feito notar que "naquela casa só se faz comida de forno!" (isso é verdade), depois de ter dito que "em casa da sobrinha só se come peixe!" (o que é uma rematada mentira) , a mensagem lá passou.

Terei de me deitar a "pescar" para o fim de semana que vem.

Já percebi que não pode ser algum pargo, imperador, goraz ou robalo no forno,  porque o toque tinha sido dado em relação a "fornos" e desta vez com razão.

O homem solitário gosta de cozinhar no forno porque não suja tanta louça e porque o forno tem porta que se fecha e o esconde de alguma "imperfeição" deixada pela limpeza mais "sintética" que  lhe apraz fazer, ficando assim com mais tempo disponível para a indispensável "sesta do sossego da tarde".

Nota: Não confundir a "sesta do sossego da tarde" com a "sesta do sossego da noite" , nem sequer com a "sesta do sossego entre as 11h e as 13h". Esta última também é admirável, e executa-se  ao final da manhã, enquanto o forno está a trabalhar para a gente. Outra grande vantagem do dito.

Todas estas sestas de fim de semana são mais que respeitáveis e fundamentais para robustecer as defesas naturais de alguns organismos.  Eu,  por exemplo, desde que tenho estes cuidados comigo próprio nunca estou doente, embora passe muito tempo deitado na cama, para treinar... 

Mas divago.

Teremos peixe para o almoço de Sábado. Será cozido com bróculos e batatas lá da quinta . A quinta é boa mas ainda não "dá" garoupa... Por isso há que ir ao peixe.

Antigamente, quando acompanhava meu Pai e meu Tio Joaquim à praça do peixe era uma festa! Certo e sabido que havia forróbódó.

As peixeiras eram conhecidas e tinham uma língua de metro e meio. O meu Tio, sobretudo, fazia o que podia para as "estragar" com a conversa... E o "resultado" era mesmo de escondermos as crianças pequenas com medo que fossem lá para casa repetir algumas coisas que por ali se diziam.

Quando chegava a discussão do preço é que era bonito:

-"Quanto queres por isto?"
-"50 escudos o kg,  Sr. Joaquim"
- "Deves estar é maluca! Um peixe de anteontem! E está a ficar castanho nas pontas!"
-" Castanho nas pontas está mas é o seu C****!"
- Malcriadona! Deixa-me cheirar o pilim (carapau pequeno)...Este pilim cheira mal!
-" Se callhar Cag**** Não? Fo*** para o freguês!! "
-"Mau, mau... Não pago tanto já disse!"
-"Pagas e tornas a pagar se quiseres levar! Deixe aí o dinheiro todo seu muleta negra (sinónimo de forreta na praça)"
- O Dinheiro?  Já o deixei hoje de manhã na mesa de cabeceira quando saí de tua casa!"
- "Ai o seco do ganda C*** **de um filho de uma ganda  P*****"

E continuava por aí acima (ou abaixo)...

Que saudades desses tempos!

Agora vou ao El Corte Inglês e é tudo muito mais civilizado e com menos graça:

-"Deseja assim? Deseja assado? Não recomendamos esse... Aquele pode levar à confiança. Caso não lhe agrade traga que de imediato devolvemos o dinheiro! Ora essa! O Cliente tem sempre razão!"

Que coisa sensaborona...

Portanto, para Sábado,  peixinho cozido... Ainda por cima a sargenta não me deixa comer a cabeça porque "lhe faz impressão ver aqueles olhos no prato"

Podia ser pior...Mas pouco...

segunda-feira, julho 02, 2012

Más Notícias

1) Em Cascais, o Sr. Almeida do sempre aclamado Méson Andalúz prepara-se para encontrar novo local para receber os seus Clientes e Amigos.

Em princípio será na Rua do Alecrim , junto ao Cais-do-Sodré. onde já foi o "reino do eisbein", a antiga Cervejaria Alemã.

Porque será esta uma "má notícia"? Porque a razão da alteração é a falta de clientela no Shopping e as condições bárbaras que são exigidas aos restauradores para trabalhar naqueles sítios.

2) Na Rua das Portas de Santo Antão tarda (e se calhar tardará para sempre)  a reabertura do Verde Mar, encerrado para obras sem data aprazada.

3) Na Rua da Cintura Industrial, à Praça D. Luis, o tradicional "Adega dos Macacos" está uma sombra daquilo que foi, sem Clientes. Tudo por causa das obras que asfixiaram por completo aquela zona onde já trabalhei ( e que saudades!). O Sr Luis não deve aguentar muito mais tempo a porta aberta.

Infelizmente parece que estes são sintomas do que por aí virá ainda neste segmento de mercado da Restauração.

Diz quem sabe.

Arritmias nos Posts

Esta semana ando outra vez a fazer a ronda dos Palácios Nacionais com o Luiz. Pode acontecer que amanhã ou Quinta Feira não publique, ou publique fora de horas...

Arriba Espanha!!

E nós estivemos tão perto... Não é a eliminação que dói, mas sim o vermos na final de ontem como seria mais fácil para a nossa Seleção arrecadar o "balde de plástico".

Como dizia o Bruno Pratas - "A Final foi o Espanha-Portugal de quarta feira!"

E é bem certo!