terça-feira, junho 30, 2015

O calor estraga os vinhos?

Os velhos adegueiros, lá na Beira Alta, não gostavam do Verão. Na sua opinião "o calor dava cabo dos vinhos".  Refugiados na adega era lá que faziam a tertúlia de Agosto (fazia fresquinho e tinham o "material" à mão de semear). E muitas vezes ali os ouvi a discorrerem sobre estas coisas.

Enquanto se esperava para o almoço  (uma horita antes) utilizava-se o clássico método do garrafão atado com uma guita e enviado para dentro do poço. Ali refrigerava até chegar à temperatura considerada adequada. Qual era ela?

Não sei bem. O método era empírico e a medida certa era a do gosto dos bebedores, dos convivas.  Lembro-me que no pino de Verão bebia-se o tinto quase que à mesma temperatura do branco, pois o velho poço não tinha termostato nem regulador de temperatura por secções...

A "regulação" era deitar o garrafão do branco lá para dentro meia hora antes do que o do tinto...

Essa era a aventura empírica dos tempos pré-ciência do vinho. Antes de chegarem os enólogos , os estudiosos do tema,  acompanhados dos seus engenheiros apologistas das vinificações a temperaturas controladas... Eram os tempos em que o Sr. Nicolau de Almeida mandava buscar gelo à Serra da Estrela para arrefecer os mostos do que viria a ser o Barca Velha clássico, dos anos 50 e 60.

Hoje em dia acho que podemos confirmar que é verdade. O calor estraga os vinhos. Estraga de mais do que uma forma.  Diminui o tempo de duração em garrafa, "ofende" o palato na altura da prova.

Já o frio apenas prejudica a prova, sendo até recomendado (sem exageros!) para ajudar a preservar as garrafas boas na adega.

Um tema neste momento bastante discutido é o da "uniformização" da temperatura do vinho a servir (tinto e branco).

Há quem defenda que, independentemente do ambiente ser de Agosto ou de Fevereiro, os vinhos terão que estar sempre à mesma temperatura (14º a 16º para os tintos mais encorpados e velhos; 12º a 14º para os tintos jovens; 6º para os espumantes e champanhes; 8º para brancos e verdes jovens ;10º a 12º para grandes brancos envelhecidos). Em média, está claro!

Mas há outros (onde por acaso eu me incluo) que acham que o ambiente tem influência , sobretudo se a prova se der em meios onde a temperatura não é condicionada. Isto porque o provador não se pode isolar da temperatura que faz, se está muito calor à mesa pode pedir ( e deve pedir) para lhe baixarem a temperatura do tinto para o limite mínimo da categoria. Se está frio , pelo contrário...

Claro que o ideal seria comer em salas preparadas para estarem sempre a 22º, de Verão ou de Inverno... Mas quem as tem lá em casa?

Imaginem uma cena tipicamente portuguesa: a sardinhada de Junho ou de Julho no meio de amigos, ao ar livre. Um assa as sardinhas (é o desgraçado do João...),  outros fazem as saladas, outros ainda tiram a pele às batatas cozidas. Algumas "mulas" sentam-se e esperam pelo prato (aqui tusso eu, um bocado embaraçado...).

Estarão debaixo do alpendre uns 32º ou 33º. Como se faz ao vinho? A nossa solução é iniciar as hostilidades com umas garrafas de espumante bruto (ao  pé do assador tem de estar sempre um flute cheio!). Continuar com um vinhão de Ponte de Lima (soberbo o de 2013). Até aqui não saímos da fasquia dos 6º a 8º...

Depois, na sossega e quando a adstringência pede um tinto a sério, lá abrimos 2 ou 3 garrafas de um tinto do Dão ou do Douro, mas jovem! Um vinho que aguente bem ser servido a 12º sem sofrer com isso. Lembro aqui dois:  Passagem (do Douro , primo do Poeira) ; Vinha Paz ( do Dão). Ambos de 2011.

segunda-feira, junho 29, 2015

A Grécia de hoje



Recordo-me mal das consequências que sofri (pessoalmente) no caso da crise de 1979\1980 (choque petrolífero).

A política dos países produtores - OPEP - que consistiu em subir os preços do barril quase 8 vezes (!!) desde 1973 , viria a criar enormes problemas de inflação nas nações industrializadas. Governos e bancos aumentaram as taxas de juro, agravando o problema de pagamento de dívidas, que ainda hoje atormentam grande parte dos países em vias de desenvolvimento. 

Nessa altura eu já trabalhava.
Dava aulas na Universidade e tinha acabado de entrar para os CTT. Mas como normalmente andava de transportes públicos (comboio e metro) não me recordo de grandes perturbações. Lembro-me do meu pai ir com o FIAT 1600 de noite para a fila do combustível, lembro-me de haver alguma contenção nas deslocações "à terra", que normalmente demoravam 5 horas e tal , e quase dois depósitos, pois o FIAT bebia como um alemão na Feira de Munique. Mas pouco mais.

Era novo, tinha acabado de casar, o mundo parecia "porreiro"...

Tenho por isso mesmo, alguma dificuldade em compreender o que espera os nossos amigos gregos a partir do dia de hoje (e em cima da "tareia" que já levaram nestes anos).

Não tomo partido.  Compreendo os dois pontos de vista:

Há quem diga que aquela gentinha grega teve anos de vacas gordas em barda e o que está agora a acontecer é o ajustamento inevitável, a caída na realidade. Há quem diga, por outro lado, que são os  euro-burocratas que estão a dar cabo do conceito humanista de Europa e que o  que vai acontecer é o início do fim do sonho, a derrocada dos ideais de Jean Monet e de Robert Schuman.

Deixando isso para lá da fronteira, uma coisa me parece certa: na Grécia ( como em qualquer país do mundo) houve pessoas que se "safaram" enquanto puderam e que estarão hoje mais ou menos a coberto da tempestade. Mas decerto que a maior parte do povo não teve culpa do que lhe aconteceu e está agora em iminente processo de retroagir dez ou vinte anos no desenvolvimento pessoal e institucional.

Há quem "empoche e ganhe " nestas alturas? Sim. E são muitos. Lembro o que aconteceu em Portugal com os famigerados cursos de formação pagos pela Comunidade Europeia... Não havia bicho careto que não se armasse em "formador da CEE". Quantos andares e casas se compraram à conta disso? E Beamers? E Mercedes?
Mas, e os outros que eram muitos mais? Os que não criaram empresas para dar formação (porque não tinham habilitações). Os que não roubaram dos Fundos Estruturais (porque a eles não tinham acesso). Os que não meteram para dentro os subsídios das cabeças de gado e dos Hectares (porque nem gado, nem terra tinham)?? E desses?  Ninguém fala??

Como sempre, desde que o mundo é mundo, serão esses milhões que sofreram, sofrem e vão sofrer.

Infelizmente , nestas ocasiões,  só se fala dos milhares que "roubaram, enganaram, vigarizaram, viveram bem à fartazana e melhor do que nós"... Não se fala dos outros.

Dos  milhões que não roubaram nem vigarizaram. Dos milhões que viveram como puderam em função das condições que lhes deram para tal. E que actualmente se vão ver aflitos com a falta de dinheiro para  farmácia, para a comida, para a escola, para a electricidade, para a água .

E aqui é que a porca torce o rabo ! São milhares os aproveitadores, são milhões os sofredores. Mas as decisões são tomadas em função desses milhares. E que se "prejudiquem" (para não dizer outra coisa) os restantes milhões  que vão com a cheia...

Não acho bem.

Como dizia o outro : "Não foi para isto que fizemos o 25 de Abril"!

Nem, digo eu, "Não foi para isto que a Europa travou duas guerras mundiais"!


sexta-feira, junho 26, 2015

Para Descansar a Vista...Na outra margem



LSB não é um anagrama de SLB! Não senhores! Trata-se das iniciais da nova proposta para dinamizar o turismo e o investimento lá na "margem sul"... O recém-criado Lisbon South Bay...
O que dizer da saloiada? Talvez desejar-lhe tantos anos de vida como teve a outra bimbalhice chamada "Allgarve". Lembram-se dela?  Eu também não , graças a Deus.

Vamos lá deixar estas "modernices" para trás e tratar de saudar os bons amigos da margem sul com um grande poeta de Setúbal, quase, mas mesmo quase, a ter homenagem com direito a selo e a carimbo na sua terra natal de Setúbal.

Nascemos para Amar

Nascemos para amar; a Humanidade 
Vai, tarde ou cedo, aos laços da ternura. 
Tu és doce atractivo, ó Formosura, 
Que encanta, que seduz, que persuade. 

Enleia-se por gosto a liberdade; 
E depois que a paixão na alma se apura, 
Alguns então lhe chamam desventura, 
Chamam-lhe alguns então felicidade. 

Qual se abisma nas lôbregas tristezas, 
Qual em suaves júbilos discorre, 
Com esperanças mil na ideia acesas. 

Amor ou desfalece, ou pára, ou corre: 
E, segundo as diversas naturezas, 
Um porfia, este esquece, aquele morre. 

Bocage, in 'Sonetos' 

quinta-feira, junho 25, 2015

Tempo de Melgas

Melga e mosquitoEncontrei informação científica sobre esta matéria (num site da "Dum-Dum" imaginem!!) mas não foi muito esclarecedora:

Melgas e Mosquitos são termos genéricos usados para designar várias famílias de insectos pertencentes à ordem Diptera e em particular, à subordem Nematocera, embora, estritamente falando,  se refiram apenas aos membros da família Culicidae. Na verdade, existem 39 géneros de melgas e mosquitos e 135 subgéneros no total, com mais de 3.200 espécies conhecidas. São insectos voadores com corpos magros e pernas longas. Os adultos raramente têm mais de 15 mm de comprimento. As larvas e pupas crescem na água.

No Verão estas bestiúnculas martirizam mais a pele das pessoas, pois será a altura em que (sempre segundo a "Dum-Dum") se encontram mais ativas.

Aqui para nós, digitei mal Dum-Dum e apareceu-me o site "Bum-Bum". Isso é que é um site porreiro Pá! Ganda site, sem melgas carago!! 

Mas tresvario e divago... Adiante que não estamos em Ipanema (hélas...).

Existe um mito urbano (e generalizável para campos e praias) segundo o qual há peles (existem indíviduos) com maior poder de atracção para estas alimárias. Seriam "pessoas de pele mais açucarada". As melgas castigariam assim as pessoas "mais doces", mais "boazinhas" e mais estimáveis.


Isso é mentira. 

Quando as noites de calor apertam e nos encontramos perto de água doce, não há ruindade ou malvadez que nos valha. Elas atacam como esquadrões de "stukas". Ai de quem se atreve a mostrar o corpo nessas alturas!

Nota: stuka é abreviatura de Sturzkampfflugzeug, o bombardeiro de mergulho  Junkers JU-87 que foi o caça mais utilizado pelos alemães na  2ª Grande Guerra.

O termo "Melga" foi depois generalizado no vernáculo da língua para também significar "indivíduo chato e implicativo; alguém que nos incomoda constantemente".  Conheço "melgas" destas que nunca mais acabam... E algumas entram todos os dias por nossa casa dentro, mesmo com portas e janelas bem fechadas, pela radio e pela TV... 

"Melga" também significa um daqueles assuntos que já não há pachorra para continuar a ver e\ou a ouvir em discussão infindável através dos meios de comunicação social.

Nesse sentido são grandessíssimas "Melgas " de assuntos: a possível participação do Prof. Marcelo nas presidenciais, a discussão do futuro de Maxi Pereira, o Dr. Rui Rio e o que fará, a nova namorada de CR7, a revista de Cristina Ferreira, a vida de Cristina Ferreira, os negócios de Cristina Ferreira, as escutas telefónicas dos USA  aos aliados (quem não foi escutado que se levante, pôrra!), quem irá para a liderança da FIFA e etc...

Quanto a esta questão da FIFA tenho por certo e sabido que será eleito quem o Senhor quiser. O mesmo em relação aos próximos vencedores da Champions , da Premier League e da Ligue 1 francesa. 

Apenas aqui em Portugal existem imponderáveis que não permitem  ao Senhor, ao  Altíssimo (aka Jorge Mendes) decidir o resultado. É o Belfodil e o Bruno da Ferramenta, por um lado, o Orelhas e sus muchachos, por outro, estando sempre à coca o Pintinho, velho mandril de rabo pelado que sabe mais a dormir que os outros todos acordados. O futebol luso é ingovernável.

Mas, Melga por Melga,  se tivéssemos  que eleger a maior Melga do reino animal (entre os vivos) o meu voto iria para uma pessoa e um assunto: a discussão sobre o Blatter (que ganda Melga!!) e quem lhe sucede,  e se o Platini avança , e que fará o Figo nessa conjuntura (com uma mulher como a dele eu sabia o que faria...). 

Go Home Blatter! Go Home!

quarta-feira, junho 24, 2015

Habemus Papam. E é verde!!



Nihil Obstat, Imprimi Potest, Imprimatur!  São estes os três passos na cega rega da aprovação eclesiástica de um texto (velho hábito a cheirar um pouco aos fumos da Inquisição), mas que ainda hoje se mantém.

Há alguns anos atrás a nova encíclica Laudato si (Louvado seja) não sei se teria passado no crivo assanhado dos rigorosos teólogos da Congregação para a Doutrina da Fé, a mais velha das nove Congregações da Cúria , a quem compete a análise da adesão das ideias escritas aos cânones.

De acordo com o Papa Francisco :
Em grande parte, é o ser humano, que dá chapadas à natureza, quem tem responsabilidade nas alterações climáticas. De certa forma, tornamo-nos donos da natureza, da mãe terra”...“o homem foi longe demais”.
Francisco traça um diagnóstico “preocupante” do meio ambiente e fala das desigualdades entre países pobres e ricos e da falta de “sensibilidade social”dos mercados e das empresas multinacionais – que exploram recursos naturais sem terem em conta as consequências que provocam nos territórios desfavorecidos".
O Papa apela a uma “maior responsabilidade sobre o planeta, cuja degradação se deve à acção humana".  Francisco insurge-se  ainda contra a “esquizofrenia permanente” e a “exaltação tecnocrática”  e critica o facto de a política e a economia não se colocarem “decisivamente ao serviço da vida, especialmente a vida humana”. “A política não deve submeter-se à economia e esta não deve submeter-se aos ditames e ao paradigma eficientista da tecnocracia”, escreve ainda Francisco, acusando a Finança de “sufocar a economia real”. Não se aprendeu a lição da crise financeira mundial e só muito lentamente se aprende a lição da degradação ambiental”.

Por acaso sempre gostei dos argentinos. Nessa matéria estou de acordo com meu mestre Quitério, um apaixonado por Buenos Aires e pelo tango. A isso junto Jorge Luis Borges e (porque não) Diego Maradona...  Os grelhados de carnes vacuns argentinas são do melhor que existe no mundo. E para terminar os grandes vinhos tintos de Malbec (Finca Adrianna ou Altamira) , que também são de cair para o lado!! 

Mas este argentino feito Papa bate tudo isso e mais alguns juntos.  Ganda Papa Chico!! Que tenha muita saúde e muitos anos de vida !  

terça-feira, junho 23, 2015

De regresso! E vim de motorizada!

Cá estou de novo, tenho logo apanhado pela frente a apresentação do nosso último livro "Motorizadas de 50 cc Portuguesas", hoje no Palácio de S. José 20 (podem ir malta!). 

A aventura dos motociclos de origem portuguesa demorou cerca de 40 anos, de 1950 até ao final da década de 90 do século passado. Durante esses anos um conjunto de empresas nacionais conseguiu “motorizar” milhares de cidadãos nacionais, quase todos trabalhadores que conseguiam a preço razoável ultrapassar um dos problemas mais complicados das periferias e das zonas rurais: a falta de meios de transporte público adequados.
Uma forma prática de chegar de casa ao trabalho nas fábricas que no rescaldo da 2ª Grande Guerra se abriam, mas também de chegar às vinhas e aos campos de cultivo, toda uma independência de movimentação pessoal que haveria de contradizer a antiga (medieval) associação psicológica e cultural entre estatuto social e o uso do meio de transporte.
Referindo-se ao período em causa  lembra o Prof. António Barreto (Mudança Social em Portugal 1960-2000): “…pela primeira vez parecia haver uma alternativa industrial ao emprego agrícola, o que implicava uma nova organização do trabalho, salários superiores e emprego durante mais tempo em cada ano. Entre 1960 e 1973 o rendimento nacional por habitante cresceu a mais de 6.5% ao ano, tendo sido esse o período de maior crescimento económico do país”.
Para ajudar a concretizar este pequeno milagre económico  contribuiu o humilde ciclomotor, nivelador de classe social, facilitador do acesso ao trabalho e ao emprego.
A motorizada de facto - e na devida proporção - democratizou a sociedade portuguesa.
Correios e meios de transporte estiveram também sempre intrinsecamente ligados. Por esse motivo os CTT Correios de Portugal aproveitaram o aparecimento dos motociclos e melhoraram em muito todos os seus circuitos de distribuição porta-a-porta. Em 1971 dá-se a regulamentação dos serviços de transportes postais e tem início a distribuição motorizada que permitirá que nenhuma população fique privada dos serviços postais.


É toda esta história que o jornalista especializado Pedro Pinto nos descreve neste livro, imensa matéria interessante nunca antes compilada sobre o mundo das motorizadas de 50 cc que, estou seguro,  interessará a qualquer leitor.

quarta-feira, junho 17, 2015

As questões da Toponímia

Penso que sabem que o nome "Cascais" derivaria do facto de ali se terem encontrado várias necrópoles neolíticas onde abundavam os vestígios de  conchas (cascas) de bivalves. Tantas eram essas "lixeiras" com cascas que se começou a referir "Cascais" para designar o local onde as mesmas se encontravam.

Bom, essa é uma das explicações... Existem outras a atirar mais para o vernáculo (tipo "calão").

Uma das que mais gosto conta-nos a história de D. Afonso Henriques, perseguindo os Mouros até ao castelo de Sintra e ali os sitiando com a sua hoste.

Consta que Dona Teresa, sua Mãe, teria acompanhado os cavaleiros cristãos e que, chegada  ao lugar que hoje é Cascais, à Praia da Rainha , nomeada em sua honra ( ganda treta, mas deixemos continuar) decidiu banhar-se nas águas aprazíveis do mar.

Não tendo trazido fato de banho, entrou assim mesmo como veio ao mundo pela baía adentro, nas barbas dos homens de armas de el-rei Afonso.

O Rei acorreu ao local e, vendo o que considerou grande aleivosia e altíssimo desmando, não está de modas. Entra pela água adentro e desata a bater na mãe (no que já tinha alguma prática, segundo se dizia).

O velho aio Egas Moniz bem o puxava de um lado e de outro, gritando em alta voz:

-"Senhor, senhor, porque lhe cascais assim?"

Esta fala foi depois repetida pelos  ricos-homens e infanções presentes na hoste:

 -" Não lhe Cascais mais Senhor! Não lhe Cascais mais!"

E pronto! "Cascais" teria assim nascido desta má acção do primeiro rei, um gajo aparentemente com problemas mal resolvidos  no que dizia respeito a esta coisa do relacionamento parental...
A Rainha não era flor que se cheirasse, sempre metida na cama com os galegos, mas pôrra! Mãe é mãe!

A não ser (e há quem o jure e trejure) que possivelmente não era D. Afonso Henriques filho do Conde e de Dona Teresa, mas sim filho do aio Egas Moniz... Teorias da conspiração que não se esclareceram completamente dado que a Scully e o Mulder abandonaram  a actividade laboral e , segundo parece da última vez que os vi, se dedicam agora à pesca...

Há também quem diga que esta propensão marginal a "aviar" tudo o que lhe aparecesse à frente tinha a ver com a educação do Afonsinho, criado na Feijoeira (bairro "típico" de Guimarães) por malta da pesada e habituado desde que abandonou as tetas ( seja lá de quem for) a andar sempre com uma moca de  Rio Maior pendurada ao pescoço, em vez da habitual chucha...

"Estórias" da história.


quinta-feira, junho 11, 2015

Emoções

Nestas férias andei pela Zona Centro. Primeiro em Coimbra, para a cerimónia de lançamento do IP comemorativo dos 75 Anos do Portugal dos Pequenitos ( com direito a Sr. Governo) , e depois uma visita a Tentugal,  à Pastelaria Afonso, para ver ( e provar) os famosos pastéis que ali são feitos respeitando escrupulosamente a receita tradicional que fez famoso o convento da terra.

Altura também para uma troca muito amigável de palavras com a Drª Olga Cavaleiro, Presidente da Confederação das Confrarias Gastronómicas de Portugal, para analisarmos a possibilidade de projectos comuns no âmbito das emissões filatélicas.

Está na forja ( digo, na Assembleia da República) a proposta de criação oficial de um Dia da Gastronomia Tradicional Portuguesa. E era engraçado comemorarmos filatelicamente a sua primeira realização, porventura já em 2016.

Em Junho ( durante as fériazinhas) tenho ainda a comemoração dos 80 Anos do Inatel (mais um Postal Inteiro)  e ainda outro Postal sobre o Dia Internacional do Ioga, sob proposta e em colaboração com a Embaixada da Índia. Mas esta cerimónia calha em cima do casamento em que serei "padrinho"...

Por isso nesse dia  alguém terá de se encarregar da "minha" caixa de carimbos de prata (Leitão&Irmão Antigos joalheiros da Coroa fecit), carinhosamente conhecida aqui nos CTT como "caixa dos sapatos"... Embora um Sr. Ministro amigo já lhe tenha também chamado "instrumento"...

Há "instrumentos" maiores (por exemplo a Tuba) mas aquela caixita já permite albergar um "instrumento" jeitoso, para aí com 30 cm... Para que é que alguém quer coisa maior? Mas divago.

Ala que estou de férias e hoje almoço com o velho amigo Prof. Carlos Fabião!

sexta-feira, junho 05, 2015

Ir de férias com os Santos



Inicio um período de férias entre esta Segunda Feira dia 8 e o dia 22 do mesmo mês.

Tenho casórios na aldeia serrana! De um deles serei o Padrinho!!

A responsabilidade é grande. Andar com a noiva no carro, sempre com um olho no cunhado e demais primos, não vão "descarrilar" no meio do "Copo de Água" ( se fosse só "de água" estava eu mais sossegado...).  O que vale é que o noivo é oficial da Guarda ( não estou a brincar!).

Posso ir espaçando os Posts aqui no Blog. Logo se vê como fica a inspiração antes e depois da preparação para os matrimónios (salvo seja!). Até já comecei a treinar a dicção para a leitura do Evangelho.

Em laia de aviso e de também de saudação às noivas e noivos aqui deixo um belo poema da minha ( e vossa) Sophia:

Contigo

Para atravessar contigo o deserto do mundo 
Para enfrentarmos juntos o terror da morte 
Para ver a verdade para perder o medo 
Ao lado dos teus passos caminhei 

Por ti deixei meu reino meu segredo 
Minha rápida noite meu silêncio 
Minha pérola redonda e seu oriente 
Meu espelho minha vida minha imagem 
E abandonei os jardins do paraíso 

Cá fora à luz sem véu do dia duro 
Sem os espelhos vi que estava nua 
E ao descampado se chamava tempo 

Por isso com teus gestos me vestiste 
E aprendi a viver em pleno vento 

Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Livro Sexto'

quinta-feira, junho 04, 2015

O vale, afinal, era Verde...

Temos o famoso linguista, semiólogo e filólogo Jorge Jesus em mais uma etapa da sua brilhante carreira, dirigindo-se agora com armas e bagagens para o outro lado da 2ª circular e poupando assim nas despesas de transporte e de mudança.

As razões desta alteração de percurso estão no coração. De facto é perto do órgão em causa, no bolso do peito, que  JJ costuma guardar a carteirita com os trocos.

Achei estranho, na última vez que o vi, estar o homem murmurando para si próprio:

-" Iscas Sem mãos? Junior Tikitaka? Frei Monteiro? Boi-cavalo? Evereste? Nabo com Sarro? Oriol do Rissol? Olha que pôrra! Que raio de equipa onde me meti..."

É de esperar que apoiado no ombro do grande presidente - Brutus do Coiso - estas dúvidas de início de trabalho sejam rapidamente ultrapassadas.

"Profetas da Descrença nada podem contra esta Equipa! Sobrinhos ( e tios, e primas) estão connosco! Viva a República Popular de Angola! ( e o seu mony)".

Segundo parece Luis Filipe Vieira está já a explorar o seu "Plano B".   "B" de Berço. Cidade Berço...

Mas alguns parecem acreditar que o "orelhas" estará mas é a acabar o prazo de validade dentro do clube. Leiam aqui sff:

http://comunidade.xl.pt/Record/blogs/semanada/archive/2015/06/03/o-caso-jesus-pode-ser-o-princ-237-pio-do-fim-de-lu-237-s-filipe-vieira.aspx

Voltas e reviravoltas.

Uma dúvida todavia me assola (bem escrito isto): Quando for o jogo para a super-taça mandam vir o Sub-Comissário Filipe Silva (mais os seus bastões)?  Pode ser preciso...Agora que o Guarda Abel se reformou e que o Máximo e o Barbas estão a ficar entradotes perdeu-se um bocado o respeito.

Um gajo tem que se entreter com alguma coisa e o circo das eleições ainda demora mais uns mesitos a aparecer cá no burgo para diversão dos tristes...

quarta-feira, junho 03, 2015

Três bastiões nacionais

Começando por cima: Presunto de Melgaço DOP . Produtor: Quinta de Folga (dos produtores do Alvarinho Soalheiro...) (http://www.quintadefolga.com/). De raça Bísara.

Passando para o lado: Presunto Bísaro de Trás-os-Montes. Produtor: Fumeiro do Bísaro (Gimonde)(http://www.bisaro.pt/?lang=pt&page=homepage/homepage.jsp#.VW6u1s9Viko).

E acabando em baixo: Presunto de Barrancos DOP. De raça Alentejana. Produtor: Casa do Porco Preto (http://www.porcopreto.iwork.pt/pt/produto/17/presunto-de-barrancos-dop-cortado-a-mao/).

Recomendo todos. Provei de todos e gostei de todos. São glórias nacionais que deveriam ser protegidas tal e qual como a Torre de Belém, linda jovem que perfaz 500 aninhos.

Tenho ainda uma Menção Honrosa para outro produto transtagano ( mas mais raro...).  Soledo de Mértola. (http://www.soledo.pt/pt/retalhista.php). Também ele admirável.

O que beber para acompanhar uma destas preciosidades?

Tarefa difícil que pede engenho e arte. A mais simples e diplomática forma de resolver o assunto seria a de fazer acompanhar cada um destes grandes presuntos com os vinhos tintos das suas terras: Vinhão do Minho, Tinto das Terras Frias de Trás-os-Montes; Tinto alentejano (de Portalegre para o meu gosto).

Mas porque não inventar e tentar fazer a mesma prova de copo de branco na mão?  Vinho branco sim senhores. Não me preguem na cruz sem experimentar sff!
E a alternativa que dou é um branco notável da Herdade de Portocarro (perto do Torrão). Chama-se Alfaiate.  Dele escreveu Rui Falcão:

"O vinho é um portento de austeridade, dureza, secura, extracto seco e frescura, um vinho à moda antiga que denuncia um perfil intemporal. Não tem nenhuma da frutinha tropical e sintomas de fogo-de-artifício que marcam muitos dos vinhos brancos actuais mas é um vinho sério, profundo, misterioso e que dá vontade de beber. E isso é um dos melhores elogios que se pode fazer a um vinho...".

Mas talvez mais importante do que isto tudo: bebi e gostei. Muito! Custou cerca de 13 € na Garrafeira Nacional. Colheita de 2013.


terça-feira, junho 02, 2015

A transmutação dos velhos restaurantes continua

Houve tempos em que muitos cafés clássicos de Lisboa e do Porto passaram a agências de bancos.

Em retrospectiva foram esses bons tempos, apesar dos pontapés na gramática do ordenamento urbano que essas transformações causavam...  E do ranger de dentes de muito cronista na imprensa de referência. Mas pelo menos o consumo privado ia-se fazendo, e os bancos iam angariando clientes e dinheiro.

Mais tarde viu-se  que tanto dinheiro à solta lá dentro das casas-fortes deu volta à cabeça de muito banqueiro e de muito bancário, desatando a emprestar a quem quer que fosse e sem qualquer critério. Mas isso foi depois.

 A crise de 2008 causou (também) que o fenómeno da mutação das fachadas comerciais nos centros das cidades  se tivesse invertido: fechavam agências de bancos, fechavam estações de correios, fechava o comércio tradicional de bairro, fechavam restaurantes familiares. E abriam lojas dos chineses, abriam "hamburguerias", abriam lojas de compra e venda de ouro.

Um dos últimos baluartes da restauração popular na zona da Praça D. Luis, em Lisboa,  acabou por não resistir à voracidade destes tempos.

A "Adega dos Macacos" vai ser transformada em mais uma "Hamburgueria"...

Depois de estoicamente ter sabido suportar as obras infindáveis do parque de estacionamento subterrâneo (em primeiro lugar) em frente ao mercado da Ribeira e ( a seguir) as obras da sede megalómana da "chinesa" EDP, não conseguiu enfrentar o aumento astronómico dos preços do aluguer.

O senhorio conteve as rendas durante uns 8 ou 9 anos, enquanto que o ordenamento das ruas e dos jardins esteve adiado, mas logo que a situação finalmente se recompôs afinfou-lhe a receita completa, não se esquecendo de ter em linha de conta para agravar as verbas os tais anos de contenção.

O problema é que o pouco pé-de-meia dos gerentes do restaurante foi-se esgotando nos tempos das vacas magras, quando apenas sobreviviam ao encerramento das ruas ao tráfego e à falta de estacionamentos, e não houve como esperar pela possível recuperação.

Temos assim mais uma casa de Hamburgers!  Era aquilo que mais faltava em Lisboa, como concordarão...

Uma palavra de simpatia e um abraço de amizade para o Sr. Luis que levou mais de 40 anos a atender-me.

Comecei por lá ir quando meu tio Joaquim era gerente do Fonsecas e Burnay da Rua de S. Paulo, e por vezes convidava o sobrinho universitário para almoçar com ele na Adega dos Macacos. E continuei depois, com mais frequência quando trabalhei em frente, no paradigmático edifício cor-de-rosa dos CTT , com torre de relógio.

Era uma casa honesta, onde por um prato do dia bem confeccionado e abundante, de tradicional cozinha portuguesa, se pagava cerca de 8 € e onde uma refeição completa, com vinho, queijo fresco, café e sobremesa, raramente excedia os 17 €...

Faziam por encomenda o arroz de línguas de bacalhau, o bacalhau assado e lascado à ribatejana e a carne do alguidar bem frita à portuguesa (sem a ameijoa). O peixe fresco ali da Ribeira (mesmo em frente) podia também ele ser encomendado e muitas "cabeças" lá comemos... De Cherne, de Garoupa, de Pescada, de Pargo...

Paz à sua Alma! Bom descanso para empregados e gerente!

segunda-feira, junho 01, 2015

Os "Outros"

Neste fim de semana tive de dar boleia às minhas santas que iam de visita a um sobrinho, meu primo em segundo grau, internado numa instituição particular para pessoas adultas com deficiência mental e  necessidades especiais.

Normalmente esses locais não fazem parte do nosso imaginário do fim de semana.

Mas é muito importante que existam na nossa sociedade organizações - públicas e privadas - que se preocupem com estes casos de deficiências , os quais muitas vezes se transformam em situações de grande ansiedade para pais idosos, com receio de morrer e deixarem os filhos com deficiência abandonados,  ou com medo de ficarem sem forças para manterem os cuidados em casa nestas condições.

Os "cuidadores" deste Centro onde fomos - muitos são voluntários que se chamam e são tratados como "padrinhos" - são de uma dedicação e de uma delicadeza que comove.

Este projecto específico - da CEDEMA - tenta apostar na integração na sociedade através de trabalho comunitário e da existência de um centro de dia onde os idosos da comunidade de Odivelas, onde o projecto está inserido, podem interagir com os utentes portadores da deficiência.

Um projecto científico está também em marcha, tentando investigar até que ponto a interacção dos utentes com as pessoas idosas das comunidades envolventes pode melhorar os processos cognitivos e comportamentais dos primeiros.

Obviamente que estes projectos têm de ser pagos, através da colaboração da Segurança Social e de alguns utentes que podem fazê-lo (pelo menos contribuindo com as suas pensões caso as tenham). Mas outros não têm quaisquer meios para financiar a estadia.

E aqui é que podemos entrar nós. Ajudando, está claro! Vejam aqui sff:

http://www.cedema.org.pt/textos.asp?tipo=quemsomos

No intervalo dos "comes e bebes", dos filmes e dos jogos de futebol,  manda o coração que haja algum tempo para dar atenção ao que realmente também importa.