sábado, dezembro 31, 2011

Crónicas da Serra 4

Em Nelas, Centro de Estudo Vitivinícolas, está já à venda o branco de 2010 e o tinto continua a ser o de 2005. Este garantido por mais 3 ou 4 anos, desde que o acomodem como deve ser, segundo a palavra sabedora do enólogo local.

Como todos sabem, se são os grandes tintos do Engº Vilhena que deram fama ao CEVN, foram os brancos os “meninos” do coração do grande investigador da vinha no Dão. Julgava o Engº Vilhena – e com inteira razão – que não havia motivo nenhum para que os brancos de Encruzado (sozinhos ou com Malvasia, com Viosinho, etc…) não fossem também eles grandes vinhos de guarda.

Eu atesto e assino por baixo, pois tive a sorte, em casa do sempre recordado Amigo Dr Chambel, de ter metido a língua e o palato em brancos excelentes daquele local, com mais de 20 anos de garrafa…

Levei umas garrafitas de Branco e de Tinto para servirem de xarope anti-crise: 24 botijas por 90 €… façam as continhas sff… E Chiu, Caraças!

Em Viseu, o Santa Luzia continua a receber os seus muitos fans no Espaço Santa Luzia, antigamente mais reservado para eventos e outros “casamentos”, mas agora por obra e graça das obras no local tradicional, a ter que servir também de sala para almoços e jantares vulgares.

A simpatia é a mesma de sempre, os sócios e proprietários exuberantes a receber à entrada da porta, reconhecendo sempre os seus Clientes , dão lições a muito restaurador das nossas Cidades - não é que esteja a chamar Viseu de Vila , ou coisa assim, mas decerto entendem o que quero dizer.

Antes dos pratos principais meteram-nos à frente uns grelos de nabo cozidos com uma rapsódia de enchidos beirões – chouriça de carne, farinheira, morcillho e morcela.

Depois fomos por um polvo frito com migas beirãs, excelente, tenríssimo!

E acabámos em beleza com um arroz de míscaros e carne de porco adubada.

Queijo da Serra para acabar o Tinto (já lá chego). Dois cafés e a aguardente velha da Casa, sempre amavelmente oferecida ao senhorio, que eu deixei-me dessas coisas, como já disse.

Vinhos? Babem-se senhores… Fizemos uma integral à custa do Engº Álvaro de Castro: Branco da Casa de Saes Reserva de 2009 (muito bom para o preço no restaurante de 12€) e…Tinto Pellada (Mulher Nua) Reserva de 2003 (este já doeu mais um bocado cambada….40 euritos) mas o estupor tem tudo o que um grande Dão deve ter… E com a elegância dos 9 anos de garrafa, o que lhe dá um temperamento de senhor feudal ameno e discreto do Sul da Europa, quase um Príncipe de Salinas a receber os seus amigos lá em casa, grand seigneur que , ao invés de tantos outros tintos que se pôem em bicos dos pés, não precisa de exaltar nem o brasão, nem o seu solar, simplesmente existe para nos deleitar…

Preço total da extravagância, para 2 mortais – cerca de 90 euritos…. Aproveitemos agora que vem aí o ano de todas as poupanças!

sexta-feira, dezembro 30, 2011

Ala para Viseu!

Lá vamos fazer a tradicional visita ao Palácio do Gelo e à velha e boa Santa Luzia, para mim ainda o melhor restaurante da zona, nem que seja pelos vinhos do Dão em inigualável profusão para o viandante escolher...

Mas antes há que ir dar as Boas Festas ao Centro de Estudos Vitivinicolas do Dão e ver ( e provar) as novidades...

Depois conto.

Crónicas da Serra 3

Não consegui pregar olho ontem, depois da patuscada que meteu 7 ou 8 marmanjos aqui nos comes e bebes, desde as 17h até para lá das 21h… "Gandas" foliões!

Foi de tal maneira que as mulheres tiveram que os vir cá buscar, a deitar faíscas dos olhos… Estou a ficar com uma fama jeitosa cá para cima! Tenho de ver se não levo com algum barrote da lareira quando passar por baixo de certas janelas.

Mas vamos lá dar uma descrição do que se passou (sucinta e editada que baste, não vá a componente rachada da população autóctone ter acesso ao Blogue).

A malta foi chegando aviada com queijo, chouriças e vinho. Já cá estavam entretanto as brasas a arder para se deitarem as febras e as canoas preparadas para assar os chouriços. Como tinha prometido meti 6 alheiras de Mirandela no forno, sem mais nada a não ser a sua própria gordura, e aguardei cerca de 20 minutos.

Entretanto o pão foi cortado à mão, como é de regra aqui, e espalhado pela mesa tosca de madeira.

Cada qual sacou da sua navalha, alguns dos garfos e facas, e por entre as provas dos vinhos e as “cremalheiras” a trabalhar “contra” febras, alheiras, queijo e chouriços, lá se foi falando do Luxemburgo, da Alemanha ( de onde alguns vinham) mas sobretudo de Portugal e da crise que a todos afecta.

Pouco se dava pelos zero graus que o termómetro já marcava às 20h… De tal forma que houve que reforçar a “vianda” com morcelas da Guarda torradas na frigideira e batatas cozidas com a casca para acompanhar. Aproveitei e compus a “atmosfera” juntando ao “menu” serrano as muitas fatias da carne assada que tinham sobrado do almoço (já feito a contar com este aproveitamento) acompanhadas por um prato fundo com os restos das couves e batatas cozidas passadas por azeite, alho e vinagre.

Os Brutos (que não têm outro nome) também isso “aviaram”…

O que valeu foi que as “comadres” vieram buscá-los de volta ao redil antes de se terem encetado as cantorias… Pois dois ou três dos mais afoitos já tinham tanto combustível no depósito que acharam ser aquela a melhor ocasião para cantar as Janeiras ali à porta da Adega… Livra!

Quando finalmente subimos, pelas 21h, o meu cunhado ainda se virou para mim e para o meu senhorio a dizer:

-“Oh Cunhado, tenho a impressão que já não vou jantar nada… Só se fosse um caldo verde quentinho…Que acha?”

-“Olha que pôrra! Vai mas é enfardar para o Car***”

E lá nos deitámos a dormir os 6. Nós os três, e mais as cadelas que nos acompanharam, fiéis até ao fim…

Hoje de manhã está tudo a Guronsans e Hepadodis! Bem feito!

Um desabafo triste

Já aqui falei sobre a decadência de nós próprios, naquele célebre Post em que mencionava a confusão entre o buraco da máquina de lavar roupa e o caixote do lixo, sobretudo se ambos coabitam a mesma cozinha ou divisão de trabalho. Com essas coisas que me dizem respeito ainda consigo gozar um bocado.


Mas aqui na Serra o que me custa é ver a decadência dos que me são próximos, daqueles que compartilharam mais de 30 anos da minha vida e que agora, fruto do passar dos anos e da filha de p*** da “sorte” que lhes calhou, estão cada vez mais incapazes para fazer a sua vida independente.

Destas doenças degenerativas das funções cerebrais – como a mais conhecida Alzheimer - todos já ouvimos falar e se calhar até as vimos nas séries de TV. Mas uma coisa muito diferente é ter de lidar com elas mesmo aqui à mão de semear.

Sobretudo quando o respetivo desenvolvimento meio incipiente ainda permite aos visados terem alguma noção, várias vezes ao dia, sobre aquilo que estão a passar e fazer passar os outros que os rodeiam. Deve ser trágico ter uns vislumbres de lucidez através dos quais se observa a situação em que se encontram, sem nada poder fazer para dar a volta…

Num mundo imperfeito, onde os apoios sociais são cada vez mais filtrados e tenteados, gota a gota, onde é que esta gente tem que se apoiar? Obviamente na família…

Esta é uma Malapata que não desejo a ninguém! E talvez aquela que mais me dá pesadelos.

Bem, feito o desabafo, vamos lá voltar às coisas mais alegres!

quinta-feira, dezembro 29, 2011

Crónicas da Serra 2

De novo um frio de rachar castanheiros... Sete graus negativos! Chiça! Há que nos habituarmos a estas temperaturas. Tenho dúvidas sobre a eficácia de aquecimento das lareiras. Claro que com os recuperadores de calor está-se bem naquelas salas onde elas estão instaladas...O pior é quando vamos para os quartos, depois já mais para a noitinha...

Das duas uma, ou já vamos embalados para o sono dos justos ou, se mete voltas na cama até adormecer, não há edredons que escorracem o coiro do frio que se mete em todo o lado, até aos ossos!

Lá fora está tudo branco da geada da noite. Que também dá cabo das flores que fomos pôr ao cemitério. Não se aguenta pétala em cima de caule.

Agora vamos para Gouveia, buscar os jornais e tomar o pequeno almoço, Depois ajudar ao almoço. Provavelmente vamos cá ter os amigos e a família de tarde, pelo que há que ir preparando o petisco da tardinha.  Vinho novo do ano passado, assar umas chouriças e torrar outras tantas farinheiras (desta vez trouxe alheiras de Mirandela, vamos a ver se gostam) , pôr uma fogueira à porta onde se deita no borralho uma grade para assar umas febras. E já me esquecia que tenho de trazer o Pão do Museu do Pão para estas exéquias...

Agora que o corpo pede é que ando à defesa dos álcoois pesados... Nada de aguardentes (velhas ou novas) nada de whiskys ... Talvez uma geropigazita logo à tarde. E já agora que falei nisso vou também ver se ainda arranjo castanhas para compor à festa. Mas daquelas dos soutos aqui dos primos, grandes que parecem quase tangerinas!

Até logo!

quarta-feira, dezembro 28, 2011

Crónicas da Serra 1

Custou a cá chegar. Para estarmos na missa das 8h de hoje no Convento de Gouveia houve que sair de Lisboa ainda não batiam as 4 da manhã. Viagem fantasmagórica pela A8 e A17, com quase mais ninguém na estrada a não sermos nós. Só quando entrámos na A25 direitos a Mangualde é que se viu mais algum carrito. Até essa altura tomei nota que nos passaram duas ambulâncias do 112 e um ou dois pesados direitos a Vilar Formoso… É pouco para quase 2h e meia de viagem. Para quê tanto alcatrão sem uso?

Claro que podíamos ter vindo ontem, mas as obrigações dos dois lados – Lisboa e Seia – esticavam a nossa disponibilidade, como aliás é costume nestas alturas do Natal e Fim de Ano.

Em Gouveia, no Convento, lá para cima para o pé do campo da bola, estavam 4 graus negativos às 7.45h. Mas mesmo depois da missa, quando nos aproximávamos de Seia, já quase a bater as 9.00h, ainda estavam temperaturas abaixo de zero.

Almoçámos o que foi possível fazer em hora e meia: um arroz de marisco com vieiras, mexilhão e miolo de camarão, feito pelo signatário. Bom, rápido e barato (exceto as vieiras que custaram quase 10 € ).

Para esta noite já está combinada uma sopinha de espinafres da quinta, com pão de centeio, queijo da serra e alguma fatiazinha de paio e presunto. Amanhã assamos carne, um ganso de vitela com as couves da nossa horta, a desfazerem-se na boca de tão tenras que são.

O branco da nossa casa, de 2009, recomenda-se, sendo amanhã altura de provarmos o tinto de 2010. Ou ainda hoje, se existir alento de caminharmos até à adega, neste final de tarde, com as temperaturas outra vez a darem “menos de zero”… Se bem que é lá na adega que escondemos o presunto e os paios do lombo…Para já não falar dos vinhitos. E o “briol” afugenta o frio.

Prazeres simples de pessoas simples… Até quando os poderemos usufruir?

Neste 2012 que se aproxima com bocarra de desmancha-prazeres, nada como encenarmos um final de 2011 feliz, para rir na cara do “prejuízo”.

Amanhã começo a explicar como se pode fazer isso: fingir que somos felizes para enganar a “mala suerte”. Que alternativas temos?

Grande ausência!!

Sim, mas já voltei ao rame-rame do costume...Depois do normal e inefável Natal estorilense, acontecem as Crónicas da Serra...

quarta-feira, dezembro 21, 2011

O que é um "Mouro"?

Pinto da Costa, grande inimigo de "Mouros" poderia muito bem ter definido a "moirama" como os territórios dos imbecis que vivem para baixo do Mondego. Para esse efeito eu sou, decididamente, um "Mouro".

Otelo, o "Mouro" de Veneza, foi tornado célebre por Verdi, embora tal personagem nunca tenha existido de facto.

Por outro lado ainda existe um  "Mouro" santo católico, escravo negro, que é o padroeiro dos afro-americanos e dos negros. Tambem conhecido como São Benedito, o negro.  Nasceu em Filadelfo, perto de Messina, na ilha de Sicília, Itália, por volta do ano de 1526.

Existe ainda o outro "santo", este não católico, o cirurgião-dentista de profissão Miguel de Orduna Viegas Louro, que faz em Estremoz um dos melhores (talvez o melhor, na minha opinião) vinho alentejano de todos, o célebre "Mouro" que começou em 2000 e do qual ainda se fez o de 2005 (Soberbo!! Bebi-o pela primeira vez, ainda em garrafa de Prova,  na companhia do Zé Quitério, do David Lopes Ramos e do Pedro Rodrigues, à conversa com o enólogo\proprietário no Fialho...). Deste "Mouro" que se bebe fica aqui também notícia (tirada do wineept.com):

"É sabido, o primeiro (O Mouro 2000) nasceu de um lote desclassificado pela Quinta alentejana, que o nortenho Dirk Niepoort apreciou, a ponto de o comprar e engarrafar. Mas a história, da adega ao rótulo, não se fica por aí. É digna dos anais do vinho e, sem desfazer no papel de outros actores, talvez um dia possamos contá-la. Basta dizer que as primeiras 200 garrafas saíram  com um rótulo provisório, proscrito pela CVR local. A que o produtor respondeu com um esboço da sua lavra, que ainda hoje guardamos...

Bom, entre versões mais ou menos verídicas, a polémica propagou-se e O Mouro deu brado. Então, e o vinho em si? O seu valor intrínseco, polémicas à parte (daí o comentário do produtor...)? Pois, abstraindo a aura que o projectou, sejamos sinceros: não, não é "coca-cola no deserto". Não chega, por exemplo, à complexidade e maturidade do primogénito da Quinta. É mais simples e directo. Entendamo-nos, não é um tinto qualquer. Pelo contrário. Tanto mais interessante quanto a sua estrutura e frescura o tornam um caso à parte na planície. Talvez ainda mais que o primeiro. Este, Miguel Louro e Dirk Niepoort fizeram-no em parceria, procurando não só a singular frescura do 2000, mas taninos ainda mais firmes, menos doces e arredondados que o estereótipo alentejano. Ou seja, como vinho, este será até mais autêntico. Não esquecendo que a palavra deriva do termo latino para "autor"...

Mariquices à parte,  fiz este Post de propósito só para lhes dizer que  neste fds bebi a minha última garrafita de Mouro de 2005 - paga a uns ...80 euritos, antes da crise  - Pudera!! -  e estava magnífico! 

De tal forma que neste ano ofereci Casa de Zagalos aos Amigos mais chegados, o reserva de 2007 premiado, que é originário da mesma Quinta (do Mouro) e feito pela mesma e enorme personagem do nosso universo vínico. Relação qualidade\preço excelente, vão lá ver se o encontram nalgum lado antes que esgote...
Preço não digo!! Então se o ofereci ia dizer preços?!

terça-feira, dezembro 20, 2011

Em Ílhavo, o Dom Coutinho

Reencontro com o restaurante do Bacalhau na terra dos mestres bacalhoeiros. Um bocado desconfiado depois do que se passou em Santa Marta, entrei na  pequena casa de restauração da Rua da Malhada (sem número de porta) mesmo no centro de Ílhavo.

Telefonei primeiro, claro, que basta  terem dois ou três convivas institucionais (Câmara, Museu, Universidade) para "aquilo" encher...Telefone: 234 321 832.

Nas provas de entrada fomos por um queijo DOP do Alentejo (2,6€), e umas enguias fritas com molho de escabeche à parte (14,5€) ,  dada a parcialidade do meu convidado pelo queijo de entrada (coisa que pessoalmente abomino, mas enfim...)

Depois uma meia dose (posta enorme, mesmo assim! E de muita qualidade, seco à maneira, alto e a desfiar em lasca) de bacalhau à lagareiro (10,5€) e uma dose de Linguas de bacalhau fritas com arroz de tomate malandrinho (11€).  Tudo excelente, com o único senão do arroz não ser carolino! Então Sr Amarante? Logo ali na terra do carolino Homem??!!

Dois cafés, uma garrafa de verde Loureiro de Ponte de Lima (7,5€) e uma garrafa de Bairrada Tinto Quinta dos Abibes Reserva de 2009 (muito bom, feito ali mesmo ao pé do Luso , rente à Mealhada). Este foi um pouco mais caro (11€).

No total, para dois: 61,80€  . Mesmo descontando o arroz, foi um sucesso! Bacalhau daquele só mesmo ali, ou no Porto...

Parabéns ao Sr Amarante !

Chapelada ao Editor do "Público"

Mesmo com cada vez menos páginas e ameaças de contenção cada vez maior de despesas - fruto da crise - o Jornal Público continua na minha opinião a ser uma referência. Reconheço algumas inclinações de centro\direita, embora menores agora que José Manuel Fernandes foi para outros lugares, mas tenho hoje que aplaudir o Editorial:

"Coisas que os Ministros não podem dizer:
Ao aconselhar os jovens a partir do País , os Ministros, e o 1º Ministro,  estão no fim de contas a passar a todos os portugueses a  mensagem que Portugal não tem futuro, nem viabilidade..."

Até pode ser verdade, mas quem é que gosta de saber a hora da própria morte? Haja mais respeito caraças!

sexta-feira, dezembro 16, 2011

Semana agitada com reflexos nos Posts...

Segunda Feira vou para Ílhavo, entrevistar a Direcção do Museu da Vista Alegre para a nossa Revista do Clube do Coleccionador de Abril de 2012.

Na Quinta feira acompanho o Prof. Doutor Carlos Fabião a Braga, para uma sessão de apresentação do nosso Livro "História da Arqueologia em Portugal" a realizar no Museu D.  Diogo de Sousa.Vejam aqui mais detalhes sobre o Museu:

http://mdds.imc-ip.pt/

Todos os Amigos de Braga estão convidados para lá ir no dia 22, pelas 21,15H!

Para Descansar a Vista

Retorno sempre com prazer a meu Mestre Eugénio de Andrade, neste Dezembro estranho de tanta tolice política e tanta miséria social, adivinhando um "Amanhã" pouco fácil perante o "Silêncio" de tantos  que mais, que muito mais , podiam fazer por todos nós...


O Silêncio

Quando a ternura
parece já do seu ofício fatigada,
e o sono, a mais incerta barca,
inda demora,

quando azuis irrompem
os teus olhos
e procuram
nos meus navegação segura,

é que eu te falo das palavras
desamparadas e desertas,
pelo silêncio fascinadas.

Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"

Até Amanhã

Sei agora como nasceu a alegria,
como nasce o vento entre barcos de papel,
como nasce a água ou o amor
quando a juventude não é uma lágrima.

É primeiro só um rumor de espuma
à roda do corpo que desperta,
sílaba espessa, beijo acumulado,
amanhecer de pássaros no sangue.

É subitamente um grito,
um grito apertado nos dentes,
galope de cavalos num horizonte
onde o mar é diurno e sem palavras.

Falei de tudo quanto amei.
De coisas que te dou
para que tu as ames comigo:
a juventude, o vento e as areias.

Eugénio de Andrade, in "Até Amanhã"

quinta-feira, dezembro 15, 2011

O cerco (das compras) aperta...


Ao princípio a conversa era a mesma de todos os anos, elevada à potência da crise e dos sacrifícios exigidos ao povo:

- "Este ano não há prendas para ninguém, ouviram? Não se pode andar por aí a gastar dinheiro!"

Ao entrar o mês de Dezembro já se nota alguma alteração naquele "grito de alma":

 - "Prendas só para as crianças! Para os adultos nada. Nada mesmo! Só para os pequenitos que não têm culpa!"

Passa o 15 de Dezembro:

-"Nem sei ainda o que vou dar à família... este ano decidi poupar e só dou aos mais chegados. Às tuas Tias , aos teus Tios, aos teus primos, aos filhos dos teus primos, ah, já me esquecia, ao filho do Jorge (primo em segundo grau), e às minhas amigas... Só a duas ou três! E também aos meus vizinhos, aquela família ucraniana tão simpática..."

-"Oh mãe, mas  esses Ucranianos já não vivem aqui na Rua!"

(Nota 1: os ucranianos são 5 - Pai, mãe, uma avó e dois filhos já matulões.)

-"Não interessa! Foram muito meus amigos e passam sempre cá por casa a desejar Boas Festas! E tenho de dar às pequenas da lavandaria! E à São ( a empregada) . E à Luisa da padaria, não me posso esquecer!"

No próximo dia 17 de Dezembro estou de serviço de táxi à santa senhora, para estas devoções. Só numa coisa não arreda pé:

-"Tu e o teu filho não precisam! Têm que poupar que os tempos estão difícies! Vê lá que este ano quase não dou presentes a ninguém! "

Nota 2: No Dia 17 a Santa deve ter de pagar a EDP  ou a factura da água, com o cartanito ... E como sou eu que vou ao multibanco,  este assunto fica tratado. E bem...

Nunca mais passa este Natal! E ainda falta a exéquia da ceia e do almoço do dia 25...

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Sobre a nova Saudade

Com o regresso em força da Emigração regressa também a saudade. Sem dúvida que é respeitável e dolorosa a  saudade da separação, entre o novo  emigrado e a família que cá deixou.

(Sobre esta matéria não deixem de ouvir, se puderem, os comentários de Vitor Cotovio e Margarida Cordo, na TSF, nos seus diálogos matinais sobre a Psiquiatria e a Psicologia das pessoas e das nações.)

Mas não é só essa a "saudade" a que me refiro. Também a daqueles que, não tendo conhecido piores tempos do que os que estão a atravessar - toda a geração que nasceu depois de 1970 não sentiu na pele a miséria do fascismo - sentem já a falta do apogeu da moeda única, dos apoios de Bruxelas e da vida que levavam no fim do século passado e início deste. Sem dados concretos para fundamentar mesmo assim imagino com os meus botões que essa "década dourada" terá acontecido de 1994 até 2004... Mais ou menos...

Quando falamos da "Década Dourada" estamos obviamente a referir-nos à largueza das bolsas, dos apoios do Estado a estudantes, Universidades, Instituições várias, ao SNS, às Estradas que se abriam por todos os canteiros,  e por aí fora.... Se calhar, sabendo o que sabemos hoje, devíamos era ter chamado a essa década a "Década da Desgraça", os anos em que todos nos empenhámos até à garganta,  sem o saber.

Logo depois da EXPO 1998 - altura em que os Restaurantes tugas devem ter atingido o auge das receitas - vivia-se não direi ricamente, mas com uma certa bonomia consolada de Frade de Ordem atestada: a União Europeia, então CEE, parecia ser a Abadia de Alcobaça dos seus tempos áureos, quando o Dom Abade senhoriava 17 vilas e não sei quantas aldeias em redor, tendo a fama de ser o maior empregador nacional da época  depois do "patrão" dele (a Igreja Católica)...

De seguida e para ajudar à festa, veio o crédito barato e "muito soltinho",  o qual nos era impingido pela garganta como se fosse colher de mel das montanhas. À conta dele e dos "objectivos" conseguidos e ultrapassados com direito a prémios e bónus duas ou três vezes por ano, quantos bancários e seus clientes não se meteram em aventuras de casa nova e carro de gama alta?

Em conclusão: quem sonharia, nos idos de 2004, que hoje estaria a contar os tostões (se tiver a sorte de estar empregado) e a correr os supers à procura do "branco" mais baratinho?

Por isso, é apenas normal que se sinta essa "saudade" do bom tempo, tal e qual como a sentimos da nossa juventude, por muito desregulada e louca que tenha sido nalguns dos casos.

Eu, que ultimamente só tenho apanhado desilusões em restaurantes onde tenho ido ( como aqui reportei),  até acho que é de sentir também "saudades" do tempo em que a ida a uma Casa de Restauração com nomeada era apenas um prenúncio de umas horas bem passadas, onde o maior problema nem era a dimensão da continha, mas sim se tínhamos, ou não, mesa sem ter de reservar...

Bons tempos esses... (Estou a ficar velho!)

terça-feira, dezembro 13, 2011

A Presuntaria Trasnmontana II

No Porto , melhor dito, por baixo da Ponte do Freixo, onde se encontra o Museu Nacional da Imprensa, tive ocasião de encontrar alguns Primos nortenhos para um almoço de Natal. Foram eles que escolheram o restaurante, na zona ribeirinha de Gaia:

Presuntaria Transmontana II
Avenida Diogo Leite 80
Vila Nova de Gaia
4400-111 VILA NOVA DE GAIA
Telefone - 223 758 380

Fica mesmo na Marginal de Gaia, olhando para a cidade do Porto, sítio melhor não poderia haver, sobretudo para admirar de noite a encosta em frente. Estacionamento um pouco complicado, temos de procurar os Parques que ficam no início da dita marginal.

Como o nome desta indica há uma Presuntaria Transmontana I, que fica também em Gaia, mas na localidade de Santa Marinha. Fez sucesso, e depois reproduziu-se ali junto ao Douro. Esta do Douro é muito agradável à vista, com balcão ao fundo onde se penduram os muitos presuntos que dão nome à Casa, paredes de granito, boas mesas, bons  talheres e panejamentos, Já veremos o resto que interessa...

Ementa limitada, sobretudo de Vinhos e de Pratos Principais.

Lugar de relevo para as entradas e acepipes ( que devem ser o ponto forte da Casa) com enfâse nos produtos de salsicharia, sobretudo Presuntos. Destes apresenta vários tipos de "tábuas" desde o mais caro (Pata negra de Bellota a 17 € a dita tábua) até aos presuntos nacionais. Têm um de Vinhais  que nesse dia não provámos.Também  propôem de início uma tábua de queijos (nunca percebi porque é que alguém deve comer queijo de início, mas enfim...) . Estes que degustámos no final da refeição, vinham infelizmente frigorificados (Serra curado e a escorrer, Terrincho, Niza, e a pedido Manchego).

As Entradas eram: Alheira no forno, folhado de alheira, linguas de bacalhau (não tinham nesse dia), biqueirões envinagrados, e mais ainda: Camarões no alho, Cogumelos no alho, Tortilha à Espanhola, Polvo com molho verde, Polvo no alho, Feijoada de marisco, Amêijoas à Bulhão Pato, Favas com presunto, Chocos com tinta, Parrilhada de petiscos (2 pessoas).

Quanto ao resto ( e que embora sendo pratos principais, naquela casa devem ser secundários) no que diz respeito a peixes o Cliente podia escolher entre Polvo e Bacalhau, ambos à lagareiro. Parece ( e é!) pouco.  De carnes sugeridas nesse dia: uma perdiz estufada, uns rojões de javali, uma Posta de javali tipo mirandesa no acabamento,uma perna de Cabrito.  As outras Carnes da carta: Bife do vazio na tábua, Posta de vitela à Transmontana, Polvo à Lagareiro,  Grelhado misto, Lombinhos de porco na grelha, Bifinhos de vitela à Chefe,.

Bom serviço, rápido e simpático. Com estas limitações na carta escolheu-se de entrada alheira assada (3 troços) e folhado de alheira (outros 3 bocadinhos). Tábua de bellota (bom e cortado alto). Lombo de Javali em Posta e Bacalhau à lagareiro (2 doses). Depois tábua de queijos e 2 pudins Abade de Priscos. 3 Cafés e 2 aguardentes de Mirandela (boas).  Em líquidos foi uma garrafa de vinho Loureiro da casa (bom, da marca Lopes??) e uma garrafa de Duas Quintas Tinto de 2009, marcada a 24 € (exagero).

Pagou-se 142€. O que acho caro para 3 pessoas, atendendo ao que se comeu e bebeu, e sobretudo tendo em conta a má qualidade do bacalhau, branco de neve, sem lasca que se visse. E estávamos no Porto carago!! 
Salvou-se o lombo do javali, que vinha fatiado se calhar para evitar reparos à respectica "macieza"...
E obviamente o Presunto...

Não sei se repito ... Talvez como locanda para umas tapas de fim de tarde...

Blogger no Museu Nacional de Imprensa, no Porto

Ontem não passei por aqui, fui direito ao Museu Nacional de Imprensa, no Porto, para as comemorações dos 250 Anos  da Imprensa Literária.

Sempre sob a orientação do Doutor Humberto de Matos, este Museu Nacional não pára de mostrar as suas preciosidades, bem assim como desenvolver diversas iniciativas associadas ao assunto da riquíssima história da nossa imprensa.

Ontem lançámos o Postal Inteiro Comemorativo dos 250 Anos da Imprensa Literária, com direito a uma sessão de leitura de textos fundamentais ( de Camilo, de Alexandre Herculano, etc..) primeiro publicados nas "gazetas" do seu tempo.

E com a presença de dezenas de alunos do Curso Superior de Jornalismo, que muito perguntaram a toda a gente  (dever de ofício).

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Meia desilusão...

Em vez de ficar na Póvoa fui dar um passo a Santa Marta, perto de Viana, investigando um "boato" que me chegara cá abaixo a Lisboa, sobre alguma perda de qualidade de uma Casa que foi Ex-Libris da cozinha minhota durante muitos anos: o Camelo.

Lembro-me de aqui ter feito boas referências  (até excelentes!) às suas duas "encarnações", a do Portuzelo e a nova da Praia da Aguda (ou por ali perto). Desta vez de facto tenho de reconhecer alguma desilusão neste reencontro com tal "altar" da alta cozinha minhota... Explico porquê .

Pedi Rojões, prato emblemático da gastronomia local, com que sempre me tinha dado por satisfeito ali mesmo, no seu Solar pátrio.

Não os consegui comer.... As papas de sarrabulho eram feitas com arroz agulha (!) em vez do canónico Carolino. Para além disso o arroz vinha por abrir, a deixar-se trincar. A carne de porco não tinha sido alourada e era de má qualidade... Castanhas não havia (nesta época!).  Enfim, bem piores do que os que comia em Lisboa no já saudoso "Verde Mar".

Saudoso porque está em obras, mas já ninguém sabe se abrirá depois das ditas cujas... e infelizmente, porque era Casa de bom preço e de boa vianda.

Mas continuando com a crónica da visita ao Camelo: explicado o assunto à gentil e esforçada empregada de sala, lá pedi a Vitela assada. Esta sim, embora sabendo um tudo nada ao requentado (devia ter sido assada de manhã cedo) revelou-se excelente de textura, acompanhada do arroz de forno, grelos salteados de nabo, batata assada e a desfazer-se na boca como só me lembrava da "bitelinha da costela mendinha" do D. Manuel da Foz do Porto, também ele encerrado .

Chiça que isto hoje parece um funeral de restaurantes!!

Paguei pouco, 23 euros, pela dita Vitela (dose) , por umas entradas de fritinhos (bolinhos de bacalhau mauzinhos, rissóis assim, assim, e croquetes idem, mas tudo já frio... e cheguei ao bater das 13h...)  mais uma garrafa de verde tinto e 2 cafés... Claro que a Vitela também tinha meias doses, o que daria uma redução de cerca de 8 euros na conta. Mas acho que preferia ter pago mais e poder chegar aqui à Capital do Império e desdizer fortemente os tais "boatos" que me chegaram...

Mas não o posso fazer! Porquê? Como se deixa cair assim uma casa? Falta de clientes? Comprovei que sendo dia de semana não estava muita gente, e os habituais pediam carnes grelhadas...

Fico à espera de nova oportunidade para fazer um  Exame de segunda época à velha locanda manducal.

Esta coisa dos maus rojões parece sina minha e do próprio Minho... Já em Braga fomos mal tratados, eu e o Carlos Moura, no "Inácio" ao redor do mesmíssimo prato...

Cá para mim a explicação é simples: Dá muito trabalho e leva tempo a fazer ( e então se acompanhados com as Papas de Sarrabulho, como soía, pior...). Mas tirem-nos da carta, expliquem que se trata de carne de porco frita à portuguesa ou coisa parecida, e deixem de lhes chamar Rojões à Moda do Minho...

Receita tradicional dos Rojões à moda do Minho (4 pessoas)

800 g de perna de porcoou Cachaço,  sem pele, mas com gordura ;
3,5 dl de vinho verde branco ;
3 colheres de sopa de banha ;
4 dentes de alho ;
2 folhas de louro ;
1 colher de sobremesa de colorau ;
sal e pimenta ;
20 castanhas assadas ;
350 g de belouras ou bolachos;
350 g de tripa enfarinhada ;
100 g de fígado de porco ;
100 g sangue cozido

Confecção: Corta-se a carne de porco em cubos com cerca de 10 cm de lado, que se põem a marinar durante duas horas com o vinho, os dentes de alho esmagados, sal, pimenta e o louro.
Leva-se ao lume (de preferência num tacho de ferro) e deixa-se cozer em lume forte até o vinho se evaporar. Junta-se então a banha e, em lume brando, deixam-se cozer os rojões até alourarem bem. Nessa altura junta-se ao molho o colorau dissolvido num pouco de vinho verde.

Retira-se então um pouco da gordura de cozer os rojões para um sertã e fritam-se, a pouco e pouco, a tripa enfarinhada cortada aos bocados de 3 cm a 5 cm, as belouras cortadas em rodelas com 0,5 cm de espessura e o fígado e o sangue cortados em fatias.
À medida que estes ingredientes se vão fritando, juntam-se aos rojões, para manter tudo quente. Juntam-se também as castanhas assadas, depois de descascadas.

Servem-se numa travessa com batatinhas louras e enfeitados com rodelas de limão e raminhos de salsa.

Fonte: Maria de Lourdes Modesto; Cozinha Tradicional Portuguesa

quarta-feira, dezembro 07, 2011

De partida para a Exposição Nacional da Póvoa do Varzim

Umas breves notas apenas antes de partir para a inauguração da Exposição Filatélica Nacional e Inter-Regional "Póvoa do Mar 2011".

1 - A primeira destas notas é para tirar o chapéu ao Mestre Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, ontem homenageado pela Gulbenkian e pelo CNC. O "Jardineiro de Deus" , como alguns já lhe chamam, tem 89 aninhos mas parece estar ainda ali para as curvas! Viva o Verde (em paisagem!!)

2 - Uma ponta de simpatia para a "nefanda" Igreja do Arquitecto Troufa Real, construída depois de muita polémica ali para os lados do Restelo. Passei por lá ontem e francamente já não me pareceu tão esquisita como quando a vi em Projecto...Um gajo habitua-se a tudo, basta pensar no CCB em frente aos Jerónimos...Pr'á Frente Igreja-Caravela!

3 - Por fim, um aviso aos Leitores: aproveito o feriado e só volto ao vosso convívio na próxima Sexta feira, com crónica sobre o almoço ou jantar na Póvoa. 
Jantar?? Então onde querem que veja o Benfica?? Póvoa do Mar, Póvoa do Varzim, Póvoa dos Pescadores e Póvoa do  peixe (para mim assado)!

terça-feira, dezembro 06, 2011

O "Bicho" Merkozy

Apesar de muitos considerarem o Presidente Francês e a Chanceler Alemã antagónicos, um pouco como o "gelo e o fogo" , o certo é que esse "Duunvirato" (para não dizer pandilha dos dois) achou terreno comum na política financeira para se unir e atanazar os restantes membros da UE. E de que maneira!

De tal forma que Ângela Merkl e Nicolas Sarkozy são já conhecidos na gíria europeia do "bas fond" como "o Bicho Merkozy".

Não se referem (acho eu!) ao bicho de duas costas tão citado pelos poetas e pensadores, imaginando o homem e a mulher entretendo-se numa camita... também só se o gajo fosse besta! (com uma mulher daquelas trocar pela Ãngela... É que nem muito software disponível de qualidade na cabecinha da Ângela poderia justificar tal acto tresloucado!)

Penso que o que estará em causa é o facto desta entidade "Mercozy" , na realidade feita de duas pessoas, actuar como se fosse apenas uma, levando ao desespero todos os outros compinchas europeus com o grau de unanimidade a que chegam. É que nem a Inter nos bons tempos (comparados com os de agora todos os tempos são bons depois do 25) da Unicidade Sindical se poderia vangloriar de tal simetria de gestos e vontades!

Neste momento o Bicho Sarkozy deita às ortigas os Tratados da União e deseja fazer novos. E dá um ultimatum : até Março de 2012 devem ficar feitos!

 O que se pretende colocar nas novas Leis Gerais?

Apenas a subordinação financeira dos Governos Soberanos às políticas do Bicho. Vejam aqui sff, com vénia ao NYTimes:

Germany and France came together on Monday to issue their first joint call for amendments to Europe’s governing treaties to provide better economic guidance for the euro zone, The New York Times reported.

Germany’s Chancellor Angela Merkel and France’s President Nicolas Sarkozy made the announcement on Monday, with Sarkozy adding he hopes the the treaty changes are ready for the ratification process as early as March. Merkel and Sarkozy met over lunch in France to discuss the proposals they would present to the European Union on Thursday in Brussels, The Times reported.

The two agreed to propose automatic penalties for countries that exceed European deficit limits, to create a monetary fund for Europe and to also hold monthly meetings with all European leaders.

“We want to make sure that the imbalances that led to the situation in the euro zone today cannot happen again," Sarkozy said, as reported by The Times. "Therefore we want a new treaty, to make clear to the peoples of Europe, members of Europe and members of the euro zone, that things cannot continue as they are.”

The French and German leaders also decided how to enforce fiscal discipline among member nations, an issue that they couldn’t agree on at first, the Wall Street Journal reported. Germany has been in favor of automatic sanctions on national budgets; France has favored a more politically-governed approach."

Caso esta vontade política do bicho Merkozy seja sustentada na próxima sexta feira. na reunião plena dos 1ºs ministros do Euro, é de esperar que muita coisa ruim se venha a passar na velha Europa.

Pensemos apenas que nalguns países - por exemplo a Irlanda - a ratificação de novos Tratados com a abrangência destes é obrigatoriamente feita por novo Governo referendado em eleições... E acham que ganhariam eleições os Governos que se têm farto de dar pancada nas classes trabalhadoras?

 E depois, quando ganhassem os outros Partidos defensores de uma linha mais "maleável" quanto ao déficit?

Resposta: o princípio do fim da moeda única!  Adeus EURO, até ao teu regresso!

Malhado Bis

Mais uma informação de um site adequado ao tema em causa, informação que muito agradecemos a um nosso leitor:

http://www.confagri.pt/AreaReservada/IdRegAnimal/RacaMes

segunda-feira, dezembro 05, 2011

As lágrimas da Ministra e a Honra de Passos Coelho

Correm mundo pela TV as lágrimas da Ministra do Trabalho de Itália, ao anunciar ao Povo os sacrfícios que o esperam. Parece que, à primeira vista e tão habituados aos gestos teatrais de Il Cavallieri, os italianos até pensaram que "aquuilo" era mais uma ária de opereta do que outra coisa... Mas os diários de hoje caem na real e todos opinam sobre a genuidade do acontecimento. Quem tem sentimentos deste tipo e os demonstra abertamente até pode ser má ministra, mas terá o coração no sítio certo. E isso é mais, muito mais, do que podemos dizer de outros em tal e semelhante enquadramento.

Por outro lado, D. Alberto I ( e último, se tivermos sorte) avisa Passos Coelho sobre o Off-Shore da Madeira:

"- O Senhor prometeu aos deputados da Madeira do PSD e do CDS que as regalias dessa zona franca eram para manter! Por isso é que eles votaram a favor do orçamento de 2012! Se agora falta à sua palavra não deixaremos de registar para o futuro!"

Que dizer disto? Só dando um exemplo: segundo os jornais de hoje,  a CGD já retirou para as Ilhas Cayman a operação que mantinha no Off-Shore da Madeira...

Ala meano que aqui já não há pão para malucos! Adeus e até ao meu regresso!  Bora para as Cayman!

Ou seja: podem fechar as casas de P*** que quiserem durante a noite , porque na manhã seguinte as "madamas" já estão debaixo de um tecto adequado outra vez... É mais rápido o ladrão do que o polícia.

Nunca pensei chamar "ladrão" ao Banco do Estado... Sinal dos tempos? Não Senhor! Estas "ladroices" já se faziam há dezenas de anos! Se calhar foi também por causa delas que chegámos aqui!

Ora Bardam*** para a hipocrisia dos Governos!

Mais sobre o "Malhado"

O Amigo Calado, do alto da sua proficiência específica,  esclarece muito sobre a genealogia do Malhado de Alcobaça, reduzindo-lhe a idade genética (século XIX)  e remetendo-o para origens em Sintra ou Torres Vedras. Leiam por favor, que vale bem a pena , este comentário no local habitual!

E muito  Obrigado!

sexta-feira, dezembro 02, 2011

Porcos autóctones de 4 patas...

Faço a precisão no título "de 4 patas" para não haver azo a comentários foleiros sobre os "outros porcos" que pululam ( ou melhor, já que o porco não pula muito, foçam) nas ruas, praças, gabinetes e assembleias deste nosso país. Até nos Estádios de Futebol !!

Mas vamos ao que interessa: Os entendidos garantem que raças específicas deste nosso Portugal "sem espinhas" nenhumas de autenticidade garantida, existiriam duas - Bísaro e Alentejano - tendo vindo à liça também nalgumas conversas com gente desta poda o raríssimo e antiquíssimo "Malhado de Alcobaça" de que junto fotografia, como a outra das nossas raças autóctones.

Conta a lenda (enfim, deixando passar o exagero) que esta raça teria sido melhorada e protegida pelos bons Frades de Cister que fundaram o Mosteiro, tendo por base algum porco trazido da sua Abadia de Cluny,na Borgonha , de onde veio também o Conde D. Henrique. D. Afonso Henriques, como sabem, era sobrinho em 2º ou 3º grau do  importante Abade de Cluny, Hugo, denominado "O Grande"...Mais tarde São Hugo.

Espero que esta mistura de raças de porcos com a raça dos Duques da Borgonha não me venha a trazer amargos de boca... Mal por mal os actuais descendentes podem enviar para  minha casa uma caixita de Roumanée-Conti que logo retirarei a porcina referência...Mas adiante que não estamos em Amarante...

Todas estas histórias, a confirmarem-se, tornariam esta raça  muito antiga mesmo, aqui na Península. (Ambas, a dos porcos e a dos Henriques, com licença de todos!)

Se do Bísaro e do Porco Alentejano (muitas vezes impropriamente chamado "porco preto") sabemos as múltiplas aptidões, existe ainda uma certa áurea de nevoeiro em torno do que seria o "Malhado de Alcobaça", como o tratavam e como o aproveitavam...

Claro que dito isto cedo nos vamos meter ao caminho para que o ISA (ou por ali perto) nos esclareçam cientificamente sobre as nossas dúvidas.

Devo até deixar aqui um segredo: Lá no velhinho "Instituto Superior de Agronomia" parece que há uma loja de venda ao público com produtos feitos pelos alunos sob a supervisão dos "lentes" ,  ali mesmo na Ajuda... Posso afiançar que bebi em casa do Amigo Álvaro (para onde me apresso a ir outra vez amanhã) uma aguardente velha daquelas da "ponta fina" à moda do Eça! Ora esssa aguardente era feita com todos os preceitos lá no ISA, provavelmente em alambique fora do controlo da ASAE (pôrra , porque é que fui falar nisto!?)

Como essa só me lembro de ter provado mais duas semelhantes:  a do IVV com 40 anos e a do Centro de Estudos de Nelas que afiançam ter mais de 40 anos também...Esta última ainda a podem comprar (por cerca de 35 euros se bem me recordo, Pechincha!!).

O problema é que me fazem mal ao estômago estes álcoois velhos destilados, Com a excepção do Whisky de qualidade, todos me provocam azia e mal estar. Mas que isso não Vos impeça de beber (com moderação, como hoje é de moda acrescentar).

Se algum dos leitores souber mais do que eu (o que não será difícil) sobre esta história do Malhado , por favor mande um comentário para aqui. Já estamos a trabalhar no Livro dos Sabores do Ar e do Vento e sabem-nos sempre bem umas dicas adicionais.

quinta-feira, dezembro 01, 2011

A Caça

Mestre Mendonça convidava ontem para um jantar de caça em sua casa. Tudo material caçado por ele e pelos seus amigos, cozinhado por ele  e que veio depois a ser também apreciado pela mesma gente, mais um ou dois "penetras" onde me incluo, eu que me confesso absolutamente "feijão de duas caras"  nestas coisas da caça: sou incapaz de dar um tiro numa alimária daquelas, mas rejubilo quando as vejo no prato, rescendendo de cheiros e de sabores de Outono...Misérias do meu  temperamento amigos.

Perna de Veado fria, confitada; Canja de Pombo Bravo, Coelho Bravo com alho e malagueta, Lombo de Veado em Chanfana.

Para sobremesa  a Eduarda dos "Sabores Calientes", nora do "impetrante" mestre Cuca,  fez um bolo de chocolate e um bolo "desfeito", quase que uma derivação dos bolos de frutos secos embebidos (ou não) em vinhos fortificados que são apanágio desta quadra.

Tirei fotografias várias, instado pelo Luis Corte-Real, mas logo nessa noite o BB "pifou" o que me deixa aflito para ilustrar este Post. Vamos a ver se na Net encontro alternativas.

Mestre Mendonça não sabe cozinhar mal, e na noite passada mais uma vez o comprovou. Posso todavia hierarquizar as minhas preferências pessoais: Em 1º Lugar o Coelho (magnífico) e logo depois Ex Aequo, o Veado confitado e a canja de Pombo Bravo.

O Blogger, como de costume levou tinto: Quinta da Pellada de 2003 em Magnum (soberbo Dão de Álvaro de Castro) e mais um dos caçadores convivas contribuiu para a desgraça comum com uma caixa de Fojo de 2000, superlativo vinho do Douro que infelizmente desavenças familiares não  têm permitido continuar na senda de grande qualidade. Esperamos que esta fase passe depressa. As vinhas velhas estão lá! E a sabedoria enológica hoje compra-se...

Neste Feriado do 1º de Dezembro e apesar das restrições, desejo compartilhar este momento de felicidade com os meus Leitores. Quem tem a felicidade de ter Amigos caçadores não precisa de gastar muito para passar uns bons bocados. 

Já me esquecia,  pois claro...também é preciso saber cozinhar... Aqui é que a porca torce o rabo (salvo seja).

Mal Entendido

Fiz ontem um comentário que não foi bem aceite por uma nossa leitora. Sem malicia da minha parte, está claro, só comigo próprio quis brincar quando referi o Laboratório Nacional de Engenharia Civil,  mas aqui me penitencio e lhe peço desculpa pela interpretação.