quinta-feira, dezembro 15, 2011

O cerco (das compras) aperta...


Ao princípio a conversa era a mesma de todos os anos, elevada à potência da crise e dos sacrifícios exigidos ao povo:

- "Este ano não há prendas para ninguém, ouviram? Não se pode andar por aí a gastar dinheiro!"

Ao entrar o mês de Dezembro já se nota alguma alteração naquele "grito de alma":

 - "Prendas só para as crianças! Para os adultos nada. Nada mesmo! Só para os pequenitos que não têm culpa!"

Passa o 15 de Dezembro:

-"Nem sei ainda o que vou dar à família... este ano decidi poupar e só dou aos mais chegados. Às tuas Tias , aos teus Tios, aos teus primos, aos filhos dos teus primos, ah, já me esquecia, ao filho do Jorge (primo em segundo grau), e às minhas amigas... Só a duas ou três! E também aos meus vizinhos, aquela família ucraniana tão simpática..."

-"Oh mãe, mas  esses Ucranianos já não vivem aqui na Rua!"

(Nota 1: os ucranianos são 5 - Pai, mãe, uma avó e dois filhos já matulões.)

-"Não interessa! Foram muito meus amigos e passam sempre cá por casa a desejar Boas Festas! E tenho de dar às pequenas da lavandaria! E à São ( a empregada) . E à Luisa da padaria, não me posso esquecer!"

No próximo dia 17 de Dezembro estou de serviço de táxi à santa senhora, para estas devoções. Só numa coisa não arreda pé:

-"Tu e o teu filho não precisam! Têm que poupar que os tempos estão difícies! Vê lá que este ano quase não dou presentes a ninguém! "

Nota 2: No Dia 17 a Santa deve ter de pagar a EDP  ou a factura da água, com o cartanito ... E como sou eu que vou ao multibanco,  este assunto fica tratado. E bem...

Nunca mais passa este Natal! E ainda falta a exéquia da ceia e do almoço do dia 25...

Nenhum comentário: