sexta-feira, setembro 08, 2017

No regresso ao trabalho recordando John Ashbery

Não foi por causa do regresso ao trabalho, mas nesta semana, mais precisamente a 3 de Setembro, morreu John Ashbery aos 90 anos, considerado por muitos o maior poeta de língua inglesa do seu tempo, deste nosso tempo, portanto.

Ganhou tudo o que havia para ganhar em termos de poesia: Pulitzer, National Book Award,Yale Younger Poets Prize, Bollingen Prize, Ruth Lilly Poetry Prize, Griffin International Award, apenas para referir os mais conhecidos.

Tinha um temperamento difícil e irritava muitos críticos , alguns dos quais diziam que os seus poemas podiam ser interpretados como querendo dizer uma coisa ou exatamente o seu contrário. Foi um trabalhador da caneta e do papel, extremamente prolífico com mais de 30 livros publicados, para além de ter ainda sido professor universitário em Rochester.  E tradutor de grande talento, tendo traduzido para inglês  os grandes poetas surrealistas franceses.

Tania Kettenjian (The Guardian) talvez tenha resumido melhor, numa curta frase, tudo aquilo que Ashbery foi: "Enigmatic, confounding, genius, funny, unnerving, stunning, gay, mysterious".

E, acrescento eu, uma autêntica provocação para os seus milhões de leitores, onde me incluo.

 Recordo a canção:

"Porque os imortais devem partir?
Descanse em paz odb, mas jamais jaz
Enquanto eu for capaz de te ouvir"

(Faroeste)

Dele , Ashbery, deixo aqui um curto poema "Crossroads in the Past":

"That night the wind stirred in the forsythia bushes,
but it was a wrong one, blowing in the wrong direction.
That’s silly. How can there be a wrong direction?
‘It bloweth where it listeth,’ as you know, just as we do
when we make love or do something else there are no rules for.
I tell you, something went wrong there a while back.
Just don’t ask me what it was. 
Pretend I’ve dropped the subject".

Descansar em paz não é para ele, que descanse então da maneira que mais lhe tenha agradado nesta vida.