quarta-feira, maio 30, 2012

Blogger

Parto hoje para Braga por causa da reunião em Portugal do Congresso deste ano da sociedade EUROJUMELAGES - uma organização dos grupos desportivos e de recreio dos  Correios e Telecomunicações de todo o mundo. Vamos fazer um Postal Inteiro comemorativo desse evento.

Por isso amanhã não venho aqui ao Blog.

Na Sexta feira estarei nos Jerónimos, para mais uma carimbadela num Postal Inteiro. 

 Desta vez na presença dos Príncipes das Astúrias e do nosso PR. O acontecimento é a distribuição dos prémios do Congresso Europa Nostra, também pela primeira vez realizado em Portugal, em notável organização do Centro Português de Cultura.

Depois conto como foi... Querem algum recado para  a Letízia?

Um Mórmon na Casa Branca?

Mitt Romney será "o" candidato repubnlicano à Casa Branca, defrontando Barack Obama.

Mitt Romney é , para além de Republicano, Mórmon...

O que é um "Mórmon"?  Aqui vai um relato simplificado desta fé relativamente recente, criada por Joseph Smith , em 1820,  e que tem a sua "Roma" em Utah - Salt Lake City:

"Os mórmons são cristãos, com o  nome oficial: Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. É verdade que os mórmons não se consideram “protestantes”, pois não protestam a igreja católica; as duas religiões têm trabalhado juntas em projetos humanitários e outros. É também verdade que não se consideram “cristãos renascidos”. Embora acreditem que se deve mudar o coração para vir a Deus e que se deve nascer de novo espiritualmente. A fé SUD (Santos dos Ultimos Dias) em Cristo é baseada na sua vida como descrita no Novo Testamento. Os Mórmons também acreditam que após a sua morte e ressurreição em Israel, o Cristo então glorificado visitou outros povos, inclusive um povo do antigo continente americano. O relato desta visita pode ser encontrado no Livro de Mórmon."

Não obstante todo o respeito que temos que ter sobre as crenças dos outros, sejam elas quais forem, esta história dos Mórmons ou SUD's tem sido relativamente parodiada por causa da poligamia que era atribuída aos seus "elders" (hoje oficialmente abolida). Viram a excelente série "Big Love"?

Outro dos aspetos mais conhecidos da religião Mórmon tem a ver com a obsessão pelos registos de nascimento: Os SUD acreditam que por meio do trabalho realizado nos Templos as Famílias - mortos e vivos - podem  ser unidas para sempre. 

A Igreja possui a maior biblioteca genealógica do mundo, a Biblioteca da História da Família em Salt Lake City, Utah. Está aberta ao público e oferece acesso a milhões de volumes de registos de nascimento, casamento, morte e outros.Todos esses serviços são gratuitos.

Fora isso tudo e pruridos à parte, Mitt Romney lá está de pedra e cal à frente da "burricada" gringa.

Espero bem que perca as eleições. Não por ser Mórmon , está claro! Por mim até poderia ser animista que estava tudo bem... Aqui o problema é ser mesmo Republicano nos USA...

Porque republicano sou eu aqui em Portugal! Mas se votasse nos USA seria Democrata! Elefante é que era!

terça-feira, maio 29, 2012

Aparar a Relva

Não amigos, leitores, não tenho relvado aqui no Estoril, nem lá em cima na Beira Alta, onde todo o espaço disponível - exceto os canteiros de flores da minha santa que por lá reina - são aproveitados para fins comestíveis: alfaces, tomate, alhos e coisas desse tipo.

Relva  não. Pasto sim, para alimentar as ovelhas durante o período em que o nosso vizinho Pastor , Sr. João, por lá anda com os rebanhos , pagando em queijo e borregos esse aconchego.

Por falar nisso está-me já  a dar a fome... Vou ver onde almoço hoje. Mas tresvario...

Continuemos:

Como não se pára de falar do Ministro Relvas e do "caso das Secretas" e do "caso do Público" , aqui venho trazer mais umas chamas para essas fogueiras, antes que o Carvalho (ou outro por ele) me mande espiolhar por ser demasiado suspeito o facto do  "Correio-Mor" ser o único Blog da lusitana blogosfera que ainda não se referiu ao assunto... 

E eu, como todos os mortais, não estou muito calhado a que me façam um relatório sobre onde andei, com quem comi, com quem bebi, com quem ... (adiante que este continua a ser um site respeitador dos bons costumes...).

Pois o Relvas (desculparão o tratamento à plebeia) está,  em bom português, lixado. Para nao dizer outra coisa que nos levaria àqueles limites do vernáculo que não desejo ultrapassar. Àquelas palavras que antigamente se escreviam com "ph"... Pharmácia, Photomaton, Phalange (esta última é capaz de ser invenção).

O que dizer sobre o assunto tentando manter um espírito aberto e uma visão original?

Muito pouco. Lembrar ao Sr. Ministro (melhorou o nível) que existem relações próprias e outras impróprias. Fazer-lhe ver que, em política, o problema não é cometer um dislate, um crimezito. O problema é ser apanhado a fazê-lo.

E sobretudo reforçar o que muitos têm pensado e poucos têm dito: atrás de cada TM,  no final da linha de qualquer telefone fixo, escondido por dentro de qualquer sobretudo, está quase sempre um gravadorzito!

(A não ser que tenha sido desviado por algum Deputado, mas essa é outra história...)

Por isso um conselho : Falem, falem tudo o que quiserem e quanto mais melhor.  Mas sem nunca dizerem alguma coisa de concreto!

Quem tiver dificuldade em aplicar esta receita faça favor de pedir explicações ao grande especialista Prof. Marcelo ou, se este estiver demasiado ocupado , ao outro perito,  Dr. Pedro Mota Soares.

segunda-feira, maio 28, 2012

Galinhas que ainda são da família...

O meu sogro, que já lá está do outro lado, era feroz com tudo o que mexia à distância do cano da escopeta - porque chamar àquilo espingarda era ofensa - fosse perdiz, coelho , lebre ou até javali. Mas mole e cobarde em relação à criação lá de casa, à qual carinhosamente chamava  "vivo".

Ir acomodar o "vivo", dar milho aos "bicos" , ver o que se passava com os "marrecos", dar água aos coelhos, e assim por diante, eram tarefas que gostava de fazer e das quais se desenrascava menos mal... Mas matar um desses animalejos para adornar  a mesa em dias especiais? Isso nunca! Punha-se logo a mexer dali para fora, em direção ao clube\café lá da terra, deixando o campo livre para que a minha sogra tratasse do assunto.

Não é que ele precisasse de muitas desculpas para ir ao clube jogar uma suecada com os amigos e beber um ou dois "Cai Bem" ( se não sabem o que é um "cai bem" não são da província nem têm por lá famelga), mas nesses dias da morte anunciada de galo, galinha gorda, perú, pato ou coelho, era certo e sabido que só chegava a casa lá para o tarde, e devidamente "acompanhado".

A única exceção era a matança do porco (ou porcos) que se fazia lá para o Entrudo. Nessa altura, e ciente da sua posição de "pater familiae", o meu Sogro não arredava pé  da quinta, ajudando o matador, e até dando uma mãozinha na desmancha, comendo  os rojões da matança - que eu cozinhava para justificar algum "alheamento" da cerimónia em si - e bebendo o vinho da sua lavra com todos os parentes e vizinhos que por ali se juntavam nesse dia famoso.

Nunca percebi porque é que as galinhas e outros que tais eram "quase da família" e os porcos não... embora, enquanto vivessem, estes últimos eram tratados com igual enlevo: couves e alfaces, milho e batatas da horta, muito passeio a pé para não criarem tanta banha, etc...

Muito provavelmente o ritual da matança - antiquíssimo - sobrepunha-se em peso de tradição à inclinação natural do homem, que pelos vistos não era muito dada a sangria desatada lá perto de sua casa.

Mas uma coisa era certa: em chegando o animalejo  à travessa, fosse ele perú assado, galinha corada no forno com alho ou coelho guisado com vinho tinto, acabavam-se as cerimónias e era vê-lo enterrar com gosto os dentes (que os tinha bons e alvares) na carcaça do "familiar"... Sem pruridos, nem espinhas...

Abençoado sentido prático do aldeão!

Nota: " Cai-Bem" - aguardente com gasosa gelada e açucar mascavado, proporções à medida do cliente, tudo mexido vigorosamente com uma colher. Como dizia o outro "é tiro e queda, nem dás por isso..."

sexta-feira, maio 25, 2012

Para Descansar a Vista

Com a desculpa da reunião em Ílhavo ontem não passei por aqui.

Uma pequena introdução só para vos dizer que o Sr Amarante ( do D. Coutinho, já aqui referenciado) nos brindou com um Bacalhau à Lagareiro com um ano de cura, curado mesmo ali em Ílhavo,  que estava de tal modo imponente que nos deu vontade de nunca  mais tirar dali os pés...

E quanto a Ovos Moles ( para quem aprecia) deixo aqui também uma nova morada (confidencial e não estraguem sff!!):
Sr Reinaldo
Rua do Casal 30\32 - Ílhavo.
Telefone - 234 324 608.

Aproveitem porque quem tem o dente mais virado para essas coisas doces jura e trejura que são os melhores que já lhe passaram pelo estreito. Como sabem eu, infelizmente, acho que o melhor doce do mundo é o...Cozido à Portuguesa...

Mas aqui vai então poema de Sexta feira, desta vez em louvor do mar salgado, ali tão perto da  excelente gente de Ílhavo:

O Ritmo Antigo que Há em Pés Descalços

O ritmo antigo que há em pés descalços,
Esse ritmo das ninfas repetido,
Quando sob o arvoredo
Batem o som da dança,
Vós na alva praia relembrai, fazendo,
Que 'scura a 'spuma deixa; vós, infantes,
Que inda não tendes cura
De ter cura, responde
Ruidosa a roda, enquanto arqueia Apolo
Como um ramo alto, a curva azul que doura,
E a perene maré
Flui, enchente ou vazante.

Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa


Ontem em Ílhavo

Reunião de trabalho e almoço em Ílhavo, servindo de mote para avaliar mais uma vez o Projeto "Restaurante do Futuro" na presença da Fátima Moura e do Mestre Quitério, autores do nosso Livro ( e selos) "Sabores do Ar e do Fogo", sobre presuntos e enchidos tradicionais portugueses, com saída prevista para Maio de 2013, na inauguração do Congresso Mundial do Presunto, pela 1ª vez a realizar em Portugal (Ourique do Alentejo!).

Da Universidade de Aveiro e IDTours vieram José Mendes, Alexandra Castro e Nuno Lopes, os quais fizeram o seu trabalho de casa com ponderação, tendo em vista recolher opiniões abalizadas das "luminárias" presentes (à exceção do v. escriba) .  

Houve muita ( e boa) troca de impressões  sobre as duas vertentes fundamentais deste ambicioso Projeto: a preservação e a divulgação  da identidade cultural da Cozinha Tradicional Portuguesa e a Arquitetura dos Restaurantes e Espaços afins,  numa ótica de rentabilidade, comodidade e arte, sem descurar obviamente os aspetos práticos da envolvente, com relevo para a ergonomia dos módulos de trabalho.

Próximo capítulo desta saga nobre será no workshop ‘Arquitetura na Restauração’ a realizar na Casa da Música, no Porto,  no dia 25 de Junho.

Estão todos convidados para lá aparecerem e dar palpites!

quarta-feira, maio 23, 2012

Nem tanto ao Mar...

Com as famílias a apertar o cinto observam-se novas atitudes  (de poupança) mesmo em público. Algumas têm a ver com o refrear dos ímpetos das novas gerações -  o que se aplaude e compreende - mas outras roçam já a fronteira da má criação ou da normalidade mental...

Quando almocei a última vez nos "Pneus" - aqui referidos ontem - estava à nossa frente um casal com um convidado. Seriam, pelo que me pareceu, pessoas dos seus quarenta anos , enquanto que o convidado parecia ter mais uma dezena deles.

A conversa era de negócios. Gente de Sintra que possuía viveiros ou estufas e que estava a tentar convencer o convidado (que devia ser comerciante, merceeiro ou dono de um mini-mercado) a comprar-lhes material. Dizia o "cabeça de casal" do viveiro:

- "Aqui basta uma dose que dá bem para os três! Não é verdade Maria?"
- "Tens razão sim senhor! E às vezes até meia dose já chega bem!"
- " Mas hoje temos aqui o Sr. Chaves! Tem de vir uma dose! O Sr. Chaves bebe vinho?"
Ouviu-se pela primeira vez o dono da mercearia:
-" Bebo um ou dois copitos às refeições."
- "Então é como eu! A Maria não bebe!  Pode ser Tinto pois claro?"
-" Oh Manel, hoje também posso beber um copito. Um dia não são dias!"
- "Está bem, poupa-se na água! He, he, he! Oh Senhor (para o empregado) faça o favor de nos trazer uma dose de entrecosto e meia garrafa de Monte Velho tinto. E leve daqui o queijinho e o salpicão que são coisas que só nos fazem mal. O Sr. Chaves come pão à refeição? Nós estamos a cortar, por causa da praiazinha que aí vem..."

Embora os "Pneus" tenham fama e proveito de servir doses muito grandes, entrecosto é entrecosto e tem mais ossos que febra... E meia garrafa de tinto dará para 3 meios-copos... Enfim...

Diz o meu senhorio,que muito tem lido, (se calhar nestes 30 anos de vida já leu mais do que eu nos meus 56) que o problema nem é tanto da Crise, mas sim do feitio de certas pessoas, que toda a vida, quase que desde que nasceram , são assim "coça p'ra dentro", sovinas, mão fechada, avarentos, pão-duros e mesquinhos.

De facto  já o meu Pai muitas vezes nos contava a história que presenciou num daqueles "paradouros" de beira de estrada, na antiga A1: um casal a pedir uma "água das pedras" por indisposição da senhora. A senhora bebeu talvez meia garrafa de água, e depois disse ao marido:

-" Estava mesmo a precisar disto. Estou tão mal disposta..."
-" Então não bebes mais?"
-"Não consigo. Estou mesmo mal disposta!"
-"Bebes e tornas a beber sim senhor! A água já está paga e nos tempos que correm não se pode estragar nada!"

E isto passou-se lá para os anos 70 antes da Revolução...

-"Também havia crise!" (dirão os leitores). Havia sim senhor: de valores, de conhecimentos e (o mais importante) de liberdade.

E a filosofia oficial era a da "pobreza nobre e honrada". Não necessitava o português de mais nada do que pão e vinho sobre a mesa e a tigela da sopa.  As mulheres queriam-se era parvas! E mandar estudar os filhos homens para quê? A enxada não precisa que falem com ela em língua estrangeira!


Quem tinha mais do que isso, quem mandava estudar os descendentes, quem ansiava por mais valor para si e para a sua família, sobretudo em meios pequenos, de imediato que originava a desconfiança dos vizinhos :

- "De onde lhe vem? Há dinheiro macho e outro que é fêmea? Quem cabritos vende e cabras não tem..."'

Bem sei que hoje tudo é diferente. Mas não me sai da cabeça que alguns dos nossos governantes actuais  terão alguma  nostalgia desses tempos  dos caciques das eleições, do Partido Único, do "povo manso e inculto", que tudo aceitava do Governo "porque era Pai"...

terça-feira, maio 22, 2012

Os "doggy bags"

Muita gente que dantes desdenhava e olhava por cima do nariz empertigado o anglo-saxónico costume de levar para casa o que sobrava nas travessas dos restaurantes, está agora a repensar essa atitude. E atualmente proliferam os "doggy bags"  pelas nossas moradas de restauração.

Não nos devemos admirar. a Crise espreita a qualquer hora do dia e da noite... E em casa onde há muitas bocas todos os truques são necessários.

Por outro lado penso que parte do problema está também na vasta quantidade de comida que muitos restauradores ainda "alojam" nas travessas. Aqueles restaurantes conhecidos por "farta-brutos" já terão conhecido melhores dias ( Fuso, Farta-brutos propriamente dito, Lavrador, Pão Saloio, etc...), até porque os tempos e as modas vão para preços mais baixos  e corpos mais esbeltos. Mas por essa periferia fora ainda se encontram alguns resquícios dessa relativamente abrutalhada "abundância capitosa" , daquilo que em tempos idos fazia a fama e o proveito de muitos restaurantes durante os passeios dominicais em família.

No meu caso existe um local onde frequentemente peço para trazer para casa aquilo que sobra. Apenas em relação a um prato, e só de vez em quando, quando a preguiça me impede de trabalhar de raiz no fim de semana, agarrado aos tachos.

Explico melhor : Na estimável Casa dos Pneus ( caminho para Bucelas, à saída do MARL, mesmo por baixo do viaduto onde passa a CREL) o proprietário trabalha muito bem a grelha de carvão. O seu bacalhau é excelente - enorme e bem demolhado. Por outro lado, a dose de bacalhau assado ( a 22 euros) é pantagruélica: uma posta de "costa a costa" que nunca mede menos de 45 cm por 20 cm... E com a altura correspondente à do bacalhau especial (mais ou menos um palmo). Estas doses são feitas para comerem  3 pessoas. A meia -dose (11 euros) será já suficiente para dois indivíduos normais.

Em casa vejo-me aflito para assar bacalhau convenientemente. Só lá na quinta onde a existência de terreno livre e de bidons adaptados a grelhadores facilita essa tarefa. Mas aqui no Estoril, não querendo dar espetáculo na pequena varanda , ficaria  sempre com a casa "empestada" se me atrevesse a semelhantes orgias "assadeiras"...

Por isso a minha técnica é simples. Lá nos "Pneus" peço uma cabeça inteira de bacalhau assado, mais uma posta do meio bem avantajada (portanto 44 euros). Retiro para o prato as badanas laterais da cabeça com a gola  - o  que, acreditem ou não, dá perfeitamente  bem para 2 pessoas - e levo para casa os meios da cabeça e a outra posta .

Chegado a casa desfio, tiro espinhas e peles e reservo no frigorífico.

Chegado ao dia do almoçito ponho a assar batata da boa partida às rodelas , cebola idem e muito alho picado grosso, com azeite, sal (pouco), colorau (pouco) e duas malaguetas. Uma horita depois tiro o tabuleiro do forno e acrescento as lascas do bacalhau assado. Cubro com rodelas de ovo cozido e vai mais uma meia hora para o forno.

Decorem com azeitonas pretas e uns raminhos de salsa ou coentros.

Experimentem e depois digam-me se não gostaram!

E por 44 euros comeram 2 lá no restaurante e mais 4 ou 5 lá em casa!

segunda-feira, maio 21, 2012

Contradições

Começo a semana com algumas preocupações:

a) O número de automóveis que entra por dia em Lisboa baixou 10%  - menos cerca de 300 000 carros na cidade, o que seria bom em termos ecológicos e para aumentar a qualidade de vida aos residentes e trabalhadores. Mas... o número de utentes dos Transportes Públicos não subiu em proporção! Segundo as contas dos responsáveis também baixou e ainda mais: menos 30%!

b) Apesar da retração na nossa Economia ainda não ser tão baixa como já foi na nossa história moderna - post 25 Abril de 74 - o Desemprego é agora o maior alguma vez medido em Portugal. Por outras palavras: se não é a Economia apenas a determinar o Emprego , o que será?

Talvez estas duas estatísticas estejam ligadas. Há menos pessoas a trabalhar e a viver nas cidades, Lisboa em particular, porque o número de desempregados é muito maior e ainda porque se reformaram dezenas de milhares de portugueses, muitos deles antes do final teórico da sua vida ativa.  Por outro lado, quantos alunos das universidades se viram obrigados a abandonar os estudos por problemas económicos das respetivas famílias?

Nestas condições é normal que o número dos indivíduos que entra na capital seja em absoluto mais pequeno do que já foi noutros tempos, onde o  emprego era abrangente e o ensino cativava mais gente, todos os dias.

Agora, para mim, preocupante mesmo é o outro sinal atrás referido: se a Economia já se comportou pior em Portugal  (em PIB, em crescimentos negativos, em nível de recessão) porque razão é agora o Desemprego tão alto?

Não sou economista de raiz. Mas aquilo que penso (muito para os meus botões) é que a economia portuguesa nunca teve condições de sustentar Emprego ao nível a que estávamos habituados. E se o fez em tempos idos foi à custa do setor empresarial do Estado, que alimentou - para o bem e para o mal  - uma situação artificial  que garantia quase que o pleno emprego dos portugueses nas escolas, nas empresas públicas e em tudo o que estava nacionalizado nesses tempos ( e que era muita coisa) e  ainda indiretamente  com o seu investimento  nos grandes projetos de construção civil que modernizaram o País.

Mas, como disse, não sou economista e posso estar enganado. Uma coisa é certa: lembro-me de que em Cuba não havia desemprego. E disso se vangloriava o regime, com razão. Mas era costume estarem num bar, a atender turistas, 4 empregados a fazer o trabalho que um apenas faria bem...

Para complicar ainda mais o assunto, nos USA já se conhecem alguns números da recuperação económica. Segundo parece esta   tem estado a ser feita à custa do fator Trabalho! Não tem havido criação de emprego proporcional ao nível do crescimento económico! Porquê?  Porque os "patrões" devem estar escaldados com as crises e vai de se defenderem...

O Mundo está difícil!

sexta-feira, maio 18, 2012

Para Descansar a Vista, nas plantas!

Hoje, Dia Mundial do Fascínio das Plantas, é tempo para pensarmos um pouco nesta "gente" verde que nos acolhe, nos permite respirar, nos alimenta e nos protege, nos encanta simplesmente por existir.

São todas dignas de proteção e de respeito, desde a mais bela orquídea madeirense até à vetusta contenção e incomparável dignidade de um  carvalho beirão!


O Jardim

Consideremos o jardim, mundo de pequenas coisas,
calhaus, pétalas, folhas, dedos, línguas, sementes.
Sequências de convergências e divergências,
ordem e dispersões, transparência de estruturas,
pausas de areia e de água, fábulas minúsculas.

Geometria que respira errante e ritmada,
varandas verdes, direcções de primavera,
ramos em que se regressa ao espaço azul,
curvas vagarosas, pulsações de uma ordem
composta pelo vento em sinuosas palmas.

Um murmúrio de omissões, um cântico do ócio.
Eu vou contigo, voz silenciosa, voz serena.
Sou uma pequena folha na felicidade do ar.
Durmo desperto, sigo estes meandros volúveis.
É aqui, é aqui que se renova a luz.

António Ramos Rosa, in "Volante Verde"

Nota biográfica por cortesia de "Sapo-Poesia":

António Ramos Rosa nasceu em Faro, a 17 de Outubro de 1924, e aí viveu durante a sua juventude até se mudar definitivamente para Lisboa, em 1962. Dele pode dizer-se que literalmente a sua vida se confunde com a poesia, tendo sido a sua casa sempre um espaço informal de acolhimento e intercâmbio com outros poetas e leitores de poesia, tanto portugueses como estrangeiros. A sua personalidade e obra têm merecido a distinção de prémios literários nacionais e internacionais, confirmando a importância do seu percurso literário com a atribuição do Prémio Pessoa, em 1988.

Com quase meio século de actividade poética, António Ramos Rosa é um autor não só fértil, mas também dedicado à própria fertilidade simbólica das palavras. É um poeta das imagens e dos gestos, abraçados por um sentido muito vivo e preciso de ser um corpo animado pelo contacto profundo com as coisas do mundo e da natureza. Poderia dizer-se que António Ramos Rosa, em cada poema, procura cercas as palavras de um sopro que efectivamente as anime e as torne mais próximas das coisas que evocam. É um escrita de tom quase epidérmico, e pelo facto de constituir uma obra tão vasta, podemos encontrar uma miríade de variações na expressão, que vagueiam desde a presença dramática das paixões que afligem o ser humano, à tentativa de concretizar através das palavras a alegria de viver de um momento feito símbolo pela presença de uma resposta da natureza...

O último livro que editou intitula-se Cada árvore é um ser para ser em nós, e constitui uma parceria com o fotógrafo Paulo Gaspar Ferreira, autor das fotografias que acompanham os poemas de A. R. Rosa – uma árvore na Granja de Belgais (Castelo Branco), junto da qual foram igualmente efectuados registos sonoros que figuram num CD anexo ao livro. É uma obra verdadeiramente belíssima, cheia de frescura e imagens de profundo requinte poético, que vale certamente a pena por se apresentar como uma composição muito completa em torno do tema da árvore, tratado de forma humanizada...

quinta-feira, maio 17, 2012

Manjar do Rei ( e não do Marquês!)

Num destes dias  mais uma vez tivemos ocasião de ir almoçar ao sempre reverenciado Manjar do Marquês, lá em Pombal.

Manjar do Marquês
Estrada Nacional 1 - Km 151
3100 POMBAL
Telefone - 236200960

Já sabem que para lá chegar saem da A1 na saída Pombal e depois, sempre com destino  Pombal , seguem as indicações que aparecem na estrada.
 
Para os mais esquecidos aqui vai de novo um resumo da Lista de comidas:
 
Peixe: Bacalhau assado no forno; Carapauzinhos fritos; Raia frita; Feijoada de chocos; Ensopado de enguias; Carapaus grelhados com molho à espanhola; Peixe espada frito; Douradas, Robalos ou Garoupa  grelhadas no carvão; Arroz de tamboril com gambas.
Carne: Borrego à moda de Pombal; Panados com arroz de tomate ; Cabrito assado no forno; Lombo de porco assado no forno; Arroz de carnes aldeão; Lombos de Vitela certificada na grelha; Lombinhos de porco com molho de laranja; Febras da matança com migas; Arroz de entrecosto com grelos.
Doces: Torta de Laranja, Leite Creme, Pudim de Ovos e Manjar do Marquês.
 
Nas entradas destaca-se a "roda chinesa", com rojões, salada de pepino e tomate migados finos, pastelinhos de bacalhau, rissóis, chamuças (tudo acabado de fritar), salada de feijão frade,  salada de orelha de porco temperada e salada de polvo.

Um espumante Rosé Campo Largo (excelente) iniciou as hostilidades logo à frente da "roda".  E estava a saber tão bem nestes dias de canícula que nunca mais saímos dali. Foram 2 garrafitas até ao final da refeição! Seguiu-se o Panado com arroz de tomate e a Vitela certificada grelhada, abundante dose que dá ( e deu) para 2 pessoas!  Ambos vinham com batata frita canónica e salada mista. Pediram-se à parte grelos salteados (magníficos).

Estava tudo muito bom!  O Sr. Paulo Graça, com a magnífica Senhora Sua Mãe ainda como comandanta dos fogões, serve excelentemente , nunca deixa de pairar na sala à procura de ainda mais satisfazer o Cliente e, por fim - mas de grande importância - tem ali na zona centro uma das melhores e mais razoáveis (em preço) caves de vinho que me foi dado escrutinar!

Com mais 3 cafés, um pudim de ovos  e uma bagaceira Luis Pato (para quem era dali perto) , 3 pessoas almoçaram por cerca de 70 €. Mas comeram mesmo muito bem!

Único defeito: fica longe de Lisboa! E com o preço do "trotil" para as carroças...

Que seca! (Como diria o Eça).

quarta-feira, maio 16, 2012

A Mão de Deus?

O relâmpago que atingiu o avião de Holande na sua primeira viagem à Alemanha foi interpretado por muitos comentadores como  "Um Sinal dos Céus".

Teria sido o dedo de Deus, a apontar ao Hollande:  

- "Oh François não te metas por esse caminho porque essa gaja já deu a volta ao Sarkô  por várias vezes, e com essa tua carinha de naif praticante nem para a cova de um dente lhe chegas!"

E, cá por baixo na nossa Terra,  nos Jornais e TV's  todos questionavam o que estaria por detrás desta viagem inaugural à Alemanha? A aranha na sua teia , à espera da mosca incauta? Os banqueiros da Europa exigindo vassalagem do novo "reizete" herdeiro dos Capetos? Os descendentes (pelo lado errado da cama) de Carlos Magno a pedir meças (um pouco tardias) da falta de solidariedade franca para com o Sacro-Império?

Caros leitores, nada disso!

Na minha opinião o Sr. François Hollande foi a Berlim como Inspetor do Guia Michelin, obviamente disfarçado de Presidente da República.

Principal Missão: Investigar porque motivo Berlim Já tem 10 Restaurantes "estrelados" à conta de Kartoffen e de Bratwurst (Horreur!!)...



terça-feira, maio 15, 2012

Comer e Beber menos no Estio

Calor e aconchego estomacal não ligam muito  bem. Os antigos sabiam disso e remetiam para os Estios aquelas comidas mais leves e mais frescas: as saladas, as pastas frias, os grelhados para quem tem a sorte de poder comer "al fresco", os vinhos leves brancos ou rosés, vá lá sem esquecer um ou outro tinto novo e de pouco grau álcool ( se é que isso ainda existe).

E é exatamente por aí, pelo exagerado grau dos vinhos de hoje, sejam verdes, brancos ou tintos, que começo.

Onde se encontra, sem ser na panóplia necessariamente limitada de Entre Douro e Minho, um vinho com 11,5 graus e daí para baixo?

Esta é para mim a graduação ideal para os meses de Verão, quando cá fora o termómetro bate acima dos 32º e o nosso corpo pede sobretudo refrescos...

Já vi quase de tudo para tentar - através da bebida - baixar a temperatura que nos aflige e limitar o grau álcool daquilo que ingerimos: desde misturar cerveja com ginger ale, passando pelas muitas receitas de Sangria, ou até deitar no jarro de tinto novo uma garrafa de 33 cl de "Sprite limão" e pedras de gelo q.b...

Mas se a comidinha for de feição - a sardinha assada com salada , os carapaus assados, uma salada de bacalhau crú (o célebre bacalhau onanista de meu mestre Quitério) - nada existe que mais satisfaça a veia gastronómica do impetrante, ao mesmo tempo que lhe sossega a sede tremenda que as quenturas lhe trazem,  do que uma ou duas taças de verde tinto vinhão, sobretudo se as provarmos lá nos seus solares nortenhos.

Aqui para baixo o tinto verde , mesmo de qualidade, sabe sempre um pouco a remédio... O ideal será abrir a garrafa já refrigerada e deitar o conteudo todo num jarro de vidro, também previamente refrescado. Vão ver que assim se recupera algum do gosto original.

Em preço, qualidade acertada e servindo de "bombeiro" para os calores que se aproximam, não importa o que pensem os "senhores do vinho"! Viva o verde tinto carago!


Recomendo o Mata Loba (engarrafado em Cavez) e o já clássico Adega do Serrado. Para comprarem aqui em Lisboa, o Adega de Monção não é mau, mas se apanharem o Vinhão Aguião melhor!

E quanto às comidas? Bem a regra de ouro é limitar a quantidade e abusar da variedade: muitas saladas, em pratos diferentes, pouca batata, evitar molhos quentes (aqui o meu coração vacila quanto ao "molho à espanhola") e sempre que possível e desejável, irmos pelo gaspacho completo!

Ou seja, o belo conjunto de tomate, pepino, pimento, orégãos, presunto aos pedacinhos, azeite e vinagre, água e gelo, pãozinho do melhor!  E acompanhado pelo que houver de mais fresco e mais pequenino nesse dia na praça:  jaquinzinhos ou petingas, ambos a estrelicar.

segunda-feira, maio 14, 2012

Dizer que sim ao Possível

Depois de um fim de semana extraordinário em tudo, desde a magnífica reunião "de família" regada a excelente espumante moscatel galego, até ao agravamento da minha lesão no joelho pelas muitas horas que passei na estrada e depois em pé, aqui estamos de regresso à lide.


O tema deste Post é "dizer que sim ao Possível", pois nada fere mais a disposição da malta trabalhadora do que o pensamento negativo e tenebroso,  do que acordarmos macambúzios e olheirentos, sem saber para onde nos virarmos e o que devemos fazer.
Segundo parece,  a boa disposição e o riso prolongam a vida, dão-lhe mais qualidade e originam ondas de bem-estar que se propagam pelos outros que connosco compartilham o espaço...


Por esses motivos é importante dizermos que sim àquilo que nos é possível alcançar. mesmo que seja pouco, mesmo que seja quase nada. Um beijo é possível,um abraço é possível,  um aperto de ombro é possível, um livro é sempre possível, um pôr do sol cheirando a mar é possível.


E talvez que o mais inacessível de tudo, o patamar onde  algum de nós já esteve e do qual foi derrubado pelas vicissitudes desta vida louca, passo a passo, de pequena possibilidade em pequena possibilidade, se possa de novo encontrar na fileira das coisas onde a esperança nos leva , saindo daquele buraco negro do que se perdeu para nunca mais...


Estou poeta hoje? Ou, nas palavras de outros:


- "Parece o pensamento diário da RR antes das notícias! O gajo está a ficar Ché-Ché de todo... Praticamente ginja!"


Pode ser que sim. É que ontem fez anos a minha Madrinha - lá em Fátima - e estou mais lavado por dentro do que o habitual...


Lá os estou a ouvir outra vez:


-"Raios partam o sacristão! Atão onde é que já se viu um gajo de esquerda a acreditar na Senhora da Fátima??!!"


Há coisas mais estranhas. Por exemplo, há ainda quem acredite no "governo grego" para esta semana...

quinta-feira, maio 10, 2012

Para Descansar a Vista

Como amanhã não passo por aqui - e darei conta da travessia para o Norte e Centro quando chegar - aqui vai poema louvando a chegada do tempo de Primavera...

Se é para durar?

Já tive mais certezas. Mas o mundo hoje está assim...  Sol na eira e chuva no pomar...

Vamos lá então beber o Mar:


Viver na Beira-Mar

Nunca o mar foi tão ávido
quanto a minha boca. Era eu
quem o bebia. Quando o mar
no horizonte desaparecia e a areia férvida
não tinha fim sob as passadas,
e o caos se harmonizava enfim
com a ordem, eu
havia convulsamente
e tão serena bebido o mar.

Fiama Hasse Pais Brandão, in "Três Rostos - Ecos"

quarta-feira, maio 09, 2012

Os Jagunços lá do Rosa viviam no Sertão (ou não?)

Guimarães Rosa, grande escritor e ensaísta brasileiro nascido em 1908 e  falecido em 1967, publicou em 1956 "Grande Sertão: Veredas e Corpo de Baile", talvez a mais bem feita apologia do viver no Sertão , da vida do "Jagunço" -  Homem Pobre, mas Livre - que chegou até nós.

Ana Paula Pacheco, Professora do Departamento de Teoria Literária e Literatura Comparada da USP, fala sobre esta obra notável:

"Em Grande sertão: veredas, o humor relativo às relações entre jagunços (homens "provisórios" e desconfiados) e proprietários (cuja calma bovina é sempre ardilosa) dá conta, até certo ponto, de apontar as razões para a suspensão da representação dos conflitos, visto que independência e submissão ao senhorio são inconciliáveis. A invenção rosiana dessa independência é um ponto sobre o qual gostaria de me estender em seguida, mas vale sublinhar desde já que, no mito dos heróis jagunços, torna-se modelar a história de poucos; nos termos do livro: organização grupal, à margem não só da ordem, como do capital, por parte dos homens (livres?) do sertão, não detentores de bens (seja porque os abandonaram, seja porque nunca os possuíram)."

Os mais antigos lembram-se dos Jagunços da "Gabriela", obra-prima de Jorge Amado que nos prendia à TV lá para 74 e 75. E da forma como o termo "Jagunço" entrou no nosso vocabulário de então:

- "Tás feito um Jagunço oh desgraçado!"
- "Isto é que me saíste um Jagunço! Então  são horas de chegares a casa??!!"
- "Oh Jagunço traz mais um fino e mexe-me esse cú carago!"

Sem saber muito bem porquê dei comigo a pensar como este, digamos assim,  lumpenproletariado - passando por cima de teorias sociológicas e económicas que bastem - do século XIX e XX, quase já extinto em Minas Gerais quando Rosa publicou "Grande Sertão" , podia renascer noutras paragens, na nossa Europa,  devido à crise económica e financeira que atanaza tanta família por aqui.

O que são os Jagunços , afinal, se não um protótipo dos "guerreiros do apocalipse" de Moebius (o pseudónimo do enorme Jean Giraud, pai do Métal Hurlant, desenhador de Arzach , Blueberry e de tantas coisas mais)?

Nestas épocas de desagregação social e económica, só nos faltava mesmo o aparecimento destas tribos de gente sem eira nem beira, sem posses nem terras, sem patrões nem lealdades, mas Livres.


terça-feira, maio 08, 2012

E na Grécia? Está tudo a "ver-se grego?"

Os partidos da governação não obtiveram maioria que lhes permita governar. O País provavelmente vai ter que passar por novas eleições, já que o Partido mais votado ( a Nova Democracia) não se sentiu em condições de formar Governo...

E depois, se nessas novas eleições a "malta grega" tornar a mostrar o cartão vermelho aos PASOK e Nova Democracia? Bem,  a partir daí está o caldinho ainda mais entornado...

Pode ser que a Grécia, pátria da civilização ocidental, seja também o arauto do seu declínio...

Isto, está claro, se considerarmos que a saída do Euro e o abandono da União Europeia fariam parte do tal "declínio".

Perguntarão se tenho dúvidas sobre isso? Já não sei nada. Filósofos gregos terão dito o mesmo , mil anos lá para trás, mas nessa altura não se sabia mesmo nada, nadinha! Nem se sabia o que era o milho híbrido, nem o que era  a TV em 3D, nem sequer quem era o Pinto da Costa...

Hoje? Hoje sem euro nem UE  o grego ( ou o tuga) teriam de viver com o que o País lhes proporcionasse. Nem mais um dracma para importações!

Apenas os muito ricos sairíam do solo pátrio e podiam comprar carro. A comida seria decerto racionada, assim como a gasolina ou o gasóleo. A Agricultura e a Pesca (à cana, porque de navios estávamos conversados) voltariam a ser uma ocupação de milhões, e por aí fora. O Turista - única fonte de entrada de moeda forte - seria bajulado e idolatrado tal e qual como na Cuba de Fidel dos anos 70 e 80 do século passado, autênticos nababos em "resorts" feitos exclusivamente para eles e onde o "indígena" só entrava como criado.

Seria pior do que como estamos agora?

Se eu fosse grego já não sei bem se seria... E aqui é que reside o grande problema: Mal por mal porquê continuar ??!!

Ao menos faríamos a Srª Merkl e os Burocratas  (mais um "r" também lhes ficaria bem) de Bruxelas a Estraburgo engulirem em seco sobre os ideais abstratos da "Europa Unida"  tão apregoados pelos Pais da dita cuja...

segunda-feira, maio 07, 2012

L'Espoir!

Do grande Paul Verlaine aqui vai poema ( à Segunda Feira) , de louvor à Gália.

François Hollande é Presidente.  A esperança é possível.

L'hiver a cessé : la lumière est tiède

L'hiver a cessé : la lumière est tiède
Et danse, du sol au firmament clair.
Il faut que le coeur le plus triste cède
A l'immense joie éparse dans l'air.

Même ce Paris maussade et malade
Semble faire accueil aux jeunes soleils,
Et comme pour une immense accolade
Tend les mille bras de ses toits vermeils.

J'ai depuis un an le printemps dans l'âme
Et le vert retour du doux floréal,
Ainsi qu'une flamme entoure une flamme,
Met de l'idéal sur mon idéal.

Le ciel bleu prolonge, exhausse et couronne
L'immuable azur où rit mon amour.
La saison est belle et ma part est bonne
Et tous mes espoirs ont enfin leur tour.

Que vienne l'été ! que vienne encore
L'automne et l'hiver ! Et chaque saison
Me sera charmante, ô Toi que décore
Cette fantaisie et cette raison !

Semana de atropelo aos Posts

Nesta semana  provavelmente não publicarei todos os dias. 

Tenho uma manhã de trabalho no MARL na 5ª feira  e  passo a Sexta feira em cerimónias - logo de manhã em Lisboa lançamento da emissão ERASMUS com o Sr. Ministro da Educação. Da parte de tarde no Porto, apresentação das Etiquetas "Ano Internacional das Cooperativas" no Simpósio Ibérico sobre o mesmo tema, com o Sec Estado Dr. Marco António Costa - e no Sábado, na região centro, antecipando o 13 de Maio, reunião familiar e grande almoço em perspetiva!!

sexta-feira, maio 04, 2012

Para Descansar a Vista

Sexta feira 4 de Maio, chuvosa que baste, pelo menos na madrugada de Cascais. Em louvor de outros muitos Maios, alguns também chuvosos, mas outros mais do que esplendorosos, aqui vai poema de Nuno Júdice, mesmo adaptado a uma invernia fora de época:


Requiem por Muitos Maios

 Conheci tipos que viveram muito. Estão
mortos, quase todos: de suicídio, de cansaço.
de álcool, da obrigação de viver
que os consumia. Que ficou das suas vidas? Que
mulheres os lembram com a nostalgia
de um abraço? Que amigos falam ainda, por vezes,
para o lado, como se eles estivessem à sua
beira?

No entanto, invejo-os. Acompanhei-os
em noites de bares e insónia até ao fundo
da madrugada; despejei o fundo dos seus copos,
onde só os restos de vinho manchavam
o vidro; respirei o fumo dessas salas onde as suas
vozes se amontoavam como cadeiras num fim
de festa. Vi-os partir, um a um, na secura
das despedidas.

E ouvi os queixumes dessas a quem
roubaram a vida. Recolhi as suas palavras em versos
feitos de lágrimas e silêncios. Encostei-me
à palidez dos seus rostos, perguntando por eles - os
amantes luminosos da noite. O sol limpava-lhes
as olheiras; uma saudade marítima caía-lhes
dos ombros nus. Amei-as sem nada lhes dizer - nem do amor,
nem do destino desses que elas amaram.

Conheci tipos que viveram muito - os
que nunca souberam nada da própria vida.

Nuno Júdice, in "Teoria Geral do Sentimento"


quinta-feira, maio 03, 2012

Le Chauffage et le Chômage

No "Combat des Chefs" de ontem à noite o mais importante terão sido as tiradas de ambos em redor daquilo que mais preocupa os granceses neste momento: Os custos da energia (para o "chauffagezinho das maisons") e o Desemprego já a passar os 10% (que sortudos, diremos nós!!)

Parece que o debate - de acordo com vários analistas - terá saído empatado ou até com ligeira vantagem para F. Hollande. Não sei bem se estou de acordo. Sarkozy é um ator consumado e naquela posição , de frente para as câmaras, é melhor, muito melhor do que François Hollande...

Hollande, por sua vez, é mais honesto e mais simplório. Pode ser que com os anos e com o poder se transforme, o que seria ao mesmo tempo bom sinal (teria ganho) e mau sinal (estaria acomodado).

De todas as formas, e não sendo eu gaulês, mesmo assim não vejo como o debate terá resolvido alguma coisa. Os 6 ou 7 pontos de vantagem de Hollande sobre Sarkozy devem manter-se.

Mas esperemos pelas sondagens depois de ontem à noite.

Os entrevistados vinham de fato cinzento escuro e camisa branca ambos. Mas Sarkozy com gravata azul escura ligeiramente pontilhada também em azul e Hollande de gravata cinzenta lisa "ton sur ton" sobre o seu fato. Ambos muito discretos e eficazes. Os nossos poderiam aprender com eles. Nada de gravatas berrantes.

Uma última reflexão sobre o serviço público que a RTP-N e a SIC Notícias fizeram, transmitindo em direto: Muito bem e muito obrigado, mas nota-se que a tradução simultânea não é resposta para debates com vivacidade e interrupções... Logo que dei conta disso passei para a TV5 Europe.

quarta-feira, maio 02, 2012

1º de Maio Doce e Pingado?

Que este 1º de Maio foi bem "pingado" de chuvinha - já agora, para onde terá ido a "seca"?  - ninguém duvida. Mas que se tornasse, para alguns, também um "doce" de oportunidades para trazer para casa um enxoval a metade do preço? Isso só lembraria ao "careca", embora, no caso vertente, o Sr. Soares dos Santos não pareça ainda  ter uma careca por aí além.

Valeu a pena?  Parece a letra de um fado arremedando Pessoa... Cá para mim valeu para quem foi e não terá valido para quem não pôs lá os pés.

Estariam interesses inconfessados do grande capital por detrás desta "marosca"? Seria ela feita de propósito para boicotar as cebrações do Dia do Trabalhador? Haveria aqui - ousarei escrevê-lo? - mão de "reaça"?

Acho que não amigos leitores! O que houve ( e bem) foi a velhinha ganância aliada às modernas técnicas de MKT. E, parodiando o anúncio, resultou mesmo!

Terão havido distúrbios? Ora, ora, nada que não aconteça todos os dias nas horas de ponta, à entrada das grandes cidades (ou acontecia, antes da crise ter rarefeito o tráfego).

Foi uma ação desmobilizadora dos Trabalhadores? Também me parece sinceramente que não. Quantos Trabalhadores dignos desse nome teriam atualmente 300, 400 ou mais euros para lá irem encher as malas dos carros? E, já agora, quantos ainda têm carros com "pitrol" lá dentro para estas exéquias?

As Manifs ficaram com os desempregados, os descontentes, os mobilizados, os sindicalizados, os fortes e os fracos das periferias que ainda se encontram algo politizados. O Pingo Doce recebeu o lumpemproletariado , as minorias étnicas,  as donas de casa desesperadas dos subúrbios.

Desde que, obviamente, todos estes tenham conseguido encontrar alguns euros para esta aventura ferial...

E aqui é que a porca torce o rabo: Como? Onde? De que maneira - no meio da grande avó de todas as crises -  se encontraram tantas dezenas ou centenas de milhares de euros para esta extravagância?

Na minha opinião, mas posso estar enganado, vai haver muita família que este mês deixará atrasar a prestação da casa, do carro e do colégio dos filhos...Economias paralelas e outras mais que paralelas (a "malta" da delinquência) à parte, está claro!

Porque se assim não for andamos todos enganados e quem tem razão é o Dr. Passos e o Dr. Canadense a mais o Dr. Bruxéu das Finanças:

-" O "portuga" andará ainda muito à vontade e vamos ter de carregar mais as bestas, que estão folgadas!"