domingo, março 30, 2008

Workshop de Filatelia em Lisboa

O Vosso Bloger será nos próximos dias anfitrião e "mestre de cerimónias" de um acontecimento importante para a Filatelia mundial:

Amanhã e Terça Feira os mais altos representantes da Filatelia dos Países de Expressão Oficial Portuguesa - Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau e S. Tomé e Príncipe, estarão em Lisboa na Fundação Portuguesa das Comunicações para um Seminário sobre Filatelia, das melhores práticas até ao combate contra a fraude e falsificação.

Serão intervenientes a WADP\UPU, a WISTA, empresa pioneira na tecnologia dos Picotes de segurança, e vários responsáveis filatélicos dos Países em causa.

A organização é conjunta, da AICEP, UPU e dos CTT.

Anexo aqui o programa dos dois dias de trabalho:


Workshop de Filatelia
Lisboa, 31 Março e 1 Abril

Seg - 31 Março

Convenção UPU - artigo 8º

A actividade da AMDF

Código Deontológico das Emissões

Sistema WNS

Picotado de segurança: inovações e novas tecnologias

Como lutar eficazmente contra as emissões ilegais

Terça , 1 de Abril

Selo personalizado: A perspectiva de Portugal

Boas práticas de Filatelia

Projectos de Resolução ao Congresso da UPU

O Futuro da Filatelia

Mesa Redonda sobre Filatelia

sexta-feira, março 28, 2008

CTT: O fim do "Casual Look"


Luis Nazaré anunciou ontem ao fim da manhã - sem qualquer aviso prévio - a sua intenção de não aceitar o convite que lhe fora feito para continuar mais um mandato como Presidente dos CTT Correios de Portugal S.A.

E agora?
Compete à Tutela decidir durante ou após a Assembleia Geral prevista para Abril. Ou escolhe a via da continuidade, nomeando um dos actuais ADM's para Presidente (como foi feito com Emílio Rosa após o 2º turno de Norberto Pilar) ou então nomeia outro Presidente, o que - em princípio - fará com que os actuais Vogais não sejam reconduzidos de forma automática.
Os motivos oficialmente dados para esta decisão de Luis Nazaré foram de cariz estritamente pessoal.
Para além do que muitos de nós irão ler nas entrelinhas desta decisão, parece normal que a conclusão do seu Doutoramento no ISEG tenha também tido importância na escolha de Luis Nazaré.

Dir-se-á que foi um Presidente de "asa ferida" ( e não é piada ao seu benfiquismo!!) que veio tomar conta dos CTT, ansiando provavelmente por uma posição mais ligada às novas tecnologias e às Telecomunicações (PT e outras que tais).
Dir-se-á também que poderia ter estado mais presente no dia-a-dia da gestão empresarial.
Dir-se-á, enfim, que tentou transportar a actividade dos CTT para o meio das Telecomunicações, que muito melhor conhecia, acreditando honestamente que era esse o caminho do futuro da actividade postal em Portugal.

Não se poderá, contudo, nunca dizer que abdicou da sua responsabilidade de liderança ou que comprometeu a capacidade da Empresa vir a responder com eficácia aos desafios do Mercado aberto.

Muito pelo contrário, hoje os CTT - quer queiremos quer não e por muito que custe a alguns "saudosistas" do PREC - estão mais modernos, mais flexíveis em termos de estrutura laboral (o AE do início dos anos 80 parecia mais uma "iron maiden" medieval do que uma ferramenta de trabalho) mas, e sobretudo, estão no caminho certo do rigor e da consolidação orçamental ao nível das melhores práticas económico-financeiras das Empresas da especialidade.

Houve desaires pelo caminho - Banco Postal, Via CTT - é natural, pois só erra quem tenta fazer.

Mas se me é permitido dizer sem "cheirar a manteiguismo" de responsável envolvido nestes resultados de 2007 que foram ontem anunciados, estão hoje os CTT em termos de preparação para o futuro difícil e competitivo que por aí vem, muito melhor preparados do que estavam em 2003.

Isto é verdadeiramente o que penso e mais não digo, porque quem me lê e é da "malta" sabe bem do que estou a falar.

Lá tenho de pôr na lavandaria outra vez as gravatas... que vão decerto estar outra vez de moda com a nova gestão , a conhecer lá para o final de Abril...

quinta-feira, março 27, 2008

20% de IVA e 2,6% de Déficit


Anunciou ontem José Sócrates aos Portugueses que o excelente resultado na consolidação orçamental para 2007 (esperava-se um déficit nas contas públicas de 3%, conseguiu-se 2,6%) permitiria reduzir um ponto percentual ao IVA baixando-o de 21% para 20%.

Estará na altura de abrir o Champagne?

Olhem que ainda é cedo demais para isso...

Como entender estas resoluções? Na minha opinião estas resoluções devem ser sobretudo vistas como "sinais" que a economia está no bom caminho e nem tanto como permitindo desde já poupanças efectivas às Empresas ou aos consumidores individuais.

1% a menos no IVA só começa a fazer-se notado no cômputo de milhões de operações individuais de compra e venda, ou então nas "grandes" operações, como a compra de transformáveis ou de componentes industriais.

Mas com esta declaração foi dado o "sinal" de que os sofrimentos e as amarguras sofridas pelo pobre português , pagante de impostos e trabalhador por conta de outrém, podem não ser a sua única expectativa nesta vida ...

Repararam como as Empresas prefiririam - de acordo com os seus representantes nas Associações - uma baixa nos Impostos sobre os Lucros a esta diminuição do IVA?

Nem discuto do ponto de vista da gestão, mas infelizmente as Empresas não votam...

Poderá o País chegar brevemente à situação superavitária da Espanha em termos de contas públicas? Não será nos anos mais próximos. Não temos estrutura económica de base (indústria sobretudo) para isso... Mas estamos a melhorar e isso é que é importante!

2,6% de déficit será o déficit mais baixo do período democrático inteiro, segundo disse também ontem o PM.

E antes, na ditadura? Há quem afirme - e é verdade - que depois da 1ª República , com o Estado Novo de triste memória , Portugal em termos de Contas Públicas tinha de facto mais Receitas do que Despesas...

Mas não tinha praticamente Segurança Social nem Pensões de Reforma generalizadas, e ainda por cima tinha as Colónias a servirem de "mulas de carga" e produtoras do "trigo" e do "milho" para o "moinho" continental.

Não convém esquecer isso.

A ver vamos, com fé no Governo e na Cobrança cada vez mais efectiva dos Impostos aos tinhosos que não costumavam pagar o que deviam.

E, é claro, talvez que a relativa proximidade da época eleitoral ainda nos traga mais alguma boa surpresa, qual Pai Natal , lá mais para Dezembro...

quarta-feira, março 26, 2008

Ano Internacional do Planeta Terra


A Casa das Pessoas

O planeta azul onde vivemos é apenas um dos inumeráveis corpos celestes que orbitam em redor das infindáveis estrelas que existirão no Universo. Estes números – de planetas e de estrelas – são de tal modo esmagadores, mesmo que estritamente limitados à vizinha Via Láctea, que nos parece pouco menos que milagroso ter sido aqui, exactamente aqui onde estamos, que nasceu a Vida.

Não interessa que as características da “sopa primordial” onde se originou essa Vida quase que de certeza tenham já sido replicadas noutros tempos e noutros espaços. O que nos interessa é que desses momentos alternativos de génese não temos conhecimento e que, deste, somos não só espectadores como também ( e sobretudo) Actores.

E tenho de dizer que, enquanto Actores, temos protagonizado neste palco gigantesco desastrados dramas, para não dizer histórias de terror…

Este Planeta é a casa das Pessoas. Das pessoas todas, o que significa que também é a nossa Casa. De nós todos, dos nossos filhos, dos nossos Amigos. De todos.

Tomar bem conta da Casa significa admitir que nada nesta Terra nos pertence, apenas somos zeladores das coisas dos outros até que estes nos substituam, e por aí fora até ao fim dos tempos.

Como iremos encarar as gerações futuras quando nos inquirirem sobre a forma como lhes passamos esta “propriedade global” de 4,6 mil milhões de anos, cuja estrutura foi comprometida seriamente nos últimos anos?

Daí a necessidade absoluta da motivação dos jovens, do alerta sobre a importância das tomadas de posição privadas na conservação deste Património colossal .

Os CTT Correios de Portugal têm um larguíssimo historial de apoio a Temas de Defesa do Meio Ambiente e da Conservação da Natureza . Do ponto de vista filatélico são dezenas as Emissões que vimos dedicando a estas matérias, com especial relevo para a Selo da “ Água - um Bem a Preservar“ vencedor do Grande Prémio ASIAGO da Presidência da República Italiana para a Ecologia em 2006.
Isto só para citar uma das últimas emissões e um dos últimos prémios que obtivemos.

Lançámos ontem uma outra Emissão vocacionada para esta temática, da autoria do Designer Franciso Galamba, tendo como pano de fundo a UNESCO e o Ano Internacional do Planeta Terra.

O tema que utilizamos na série filatélica tem a ver com os Quatro Elementos propostos pelo filósofo Empédocles, aluno de Pitágoras , como as “raízes” de que seria composta toda a matéria planetária: Terra e Água , Ar e Fogo.

Com boa vontade poderemos até encontrar nesta abordagem alguma vontade de apoiar o símbolo que a UNESCO decidiu dedicar ao Ano Internacional do Planeta Terra, com as suas quatro divisões em bioesferas distintas.

De influência enorme em toda a filosofia ocidental, quase que até aos nossos tempos - Jüng, por exemplo, foi por eles muito influenciado na elaboração dos seus “arquétipos” – esta velhíssima construção dos “4 Elementos” vale, nos dias de hoje, sobretudo por ter sido uma das primeiras tentativas para compreender e organizar o nosso velho Planeta.

O Planeta Azul, ainda hoje a necessitar muito de compreensão e de melhor organização, não obstante os 2,500 anos que já nos separam da filosofia grega.

terça-feira, março 25, 2008

O "corno" da abundância


Todos sabemos a velha história da ama de Zeus, Almateia, a quem este, em pagamento pelos serviços prestados, atribuiu a "cornucópia da abundância" - uma espécie de "corno" cheio de coisas boas que nunca ficava vazio por muito que o utilizassem.

Esta história tem a ver com o actual superavit de séries de TV (cabo) e de filmes a sair em formato DVD. Pura e simplesmente não há tempo suficiente para os ver a todos. A não ser que se abdique do sono, noite após noite...

Quem está munido de uma gravador digital de video ainda poderá adiar para os fds essas "maratonas", mas com o sacrifício da harmonia familiar, pois será com muita sorte que encontraremos Pai e Mãe , Filha e Filho, irmanados nas mesmas ânsias de descoberta destes enlatados.
Alguns são de qualidade superior. Mas também há muita "palha"...

Para quem , como eu, gosta de passar as noites mais em casa do que fora, há que ver: Dr. House; Grey's Anatomy; The Closer; Jericho; Heroes; EureKa; Numb3rs; Brothers and Sisters; Californication; Greek; Medium; Ghost Whisperer; Studio 60;
E nem sei se me esqueci de alguma...

Agora juntem a isto um ou dois joguitos de futebol por fds (o do Benfica e o do Sporting) e mais algum (ou alguns) DVD's que se trazem da FNAC no Sábado...

Juro que não há tempo para ver tanto! Nem com um Gravador de DVD com disco de 260 GB, poderíamos adiar para as férias estes visionamentos!!

É que depois também deve haver tempo ao fim de semana para planear e executar as refeições (dentro ou fora de casa) para ler os Jornais ( Expresso, Sol, Público e DN) e para namoriscar mais algum capítulo do velho livro que está na mesa de cabeceira...

Não há dúvida nenhuma que, se não gostasse tanto do que faço actualmente, já estava mas era ansiando pela Reforma para me poder dedicar a estes "lazeres"...

domingo, março 23, 2008

Domingo de Páscoa


No calendário litúrgico será esta a mais solene e importante época do ano. Assim mesmo para todos os cristãos que aqui em cima, na Serra, ainda vivem fervorosamente os preceitos da Igreja.

Pelo menos os mais velhos...

Nalgumas aldeias escondidas, lá para Loriga ou Alvoco, ainda o "compasso" pascal visita as casas dos paroquianos, com o pároco à frente. Aqui em baixo , mais perto da Cidade , o número de casas a visitar e a idade do Padre (ainda conheci o Reitor de Seia com uns bons "setentas" ) já há anos que descontinuaram o velho hábito.

Noto que a importância dada às solenidades da Semana Santa - Procissão do Círio, Procissão do Senhor Morto, "encomenda" das almas pelos cruzeiros, etc... - se vai esbatendo desde que, há exactamente 28 anos, pus aqui os pés pela primeira vez. Nem sei se ainda se mantém a tradição do pagamento da "bula" da Páscoa, que permitia aos fiéis comerem carne nas sextas feiras do ano seguinte.

Lembro-me bem que foi exactamente na Páscoa que conheci os meus sogros, no ano de 1979. Por natural recato e algum pudor não faço aqui o relato das vicissitudes enológico-gastronómicas dessa primeira visita...

Mas podem crer que foi - pelo menos para mim, mal habituado a cerveja e a whiskys - um acontecimento memorável , embora com recordações ligeiramente "difusas", sobretudo as das peripécias que terão ocorrido lá mais para o final da tarde...

Hoje em dia há hipermercados ao alcance das duas mãos, compram-se os agriões já depurados e prontos a utilizar, basta encomendar o cabrito ou o borrego no talho.
Nessa altura a que me refiro Borrego era mesmo apanhado no meio do rebanho (eu tentei fazê-lo muitas vezes, com pouca eficácia digo desde já) e os Agriões colhiam-se junto das ribeiras e eram desinfectados e lavados em casa.

Arroz-doce era feito com manteiga e leite de ovelha, sabor de excelência que só quem tem amigos ou familiares pastores poderá agora compartilhar.

O melhor queijo do ano devido aos Pastos algo tardios comia-se pela Páscoa, e não tanto em Janeiro, como o mito citadino apregoava. E falo do artesanal, do Pastor, que chegava a ter 3 Kg!

Os Padrinhos vestiam as afilhadas ou davam dinheiro aos afilhados, e por aí fora.

Perderam-se no meio do desenvolvimento dos últimos 30 anos algumas destas tradições e ganharam-se outras - os ovos de chocolate, as amêndoas - mas se se fizer o confronto em todas as vertentes da "modernidade" e não só nestas citadas, mais etnográficas, mas em todas as variáveis que influenciam a vida das pessoas , é óbvio que estamos hoje muitos passos à frente do que estávamos em 1979.
Basta pensar nas estradas, nas infraestruturas sanitárias, no aumento da esperança de vida e na diminuição da mortalidade infantil.

Todavia, para muitos serranos será difícil reconhecê-lo porque aqui o desemprego bate hoje forte, provocado pela falência generalizada da indústria têxtil que, nos seus tempos áureus, alimentava mais de 1000 famílias entre Seia e Gouveia.

Não nos esqueçamos porém que esses "tempos áureos" eram também os tempos obscuros da ditadura... Onde não havia Segurança Social de jeito, o pobre tinha sempre de ter algo de parte "para uma doença" e pagava-se (quando se pagava ) ao mês na mercearia e no padeiro...

É uma "pôrra " que não se possam ter ao mesmo tempo e PARA TODOS, emprego, desenvolvimento e democracia... Mas porquê? Será só Problema nosso?! Estamos na Europa e não num Terceiro Mundo...

Nesta altura da Páscoa cujo antiquíssimo significado está ligado a uma "passagem", a uma "mudança de rumo", a um "renascimento" , haja Esperança!

Boa Páscoa para todos os Leitores!



sábado, março 22, 2008

Lambelho e saladas na Primavera



Depois dos obrigatórios peixes de ontem, almoço e jantar, nada como retomar o encontro com os "prazeres da carne" nem que seja por interposta faceta que envolve faca e garfo.

Para o almoço do dia de hoje:

"Lambelhos assados com alecrim" acompanhados por salada de agrião com cebola e salada de alface e tomate "Raf" também com cebola.

Para os "puristas" - inevitavelmente o meu "senhorio" - lá se fritaram duas ou três mãos cheias de batatas.

O "Lambelho", aqui na Beira Alta também chamado de "coelho", não é mais do que cada um dos lombinhos "gémeos" do porco que têm equivalência na vitela ao "Filet Mignon".
Estão hoje mais ou menos na moda, sobretudo os de porco ibérico. Por norma os melhores têm entre 300g e meio kg cada um.
Então vamos lá a isso: temperam-se os "lambelhos" (um por pessoa) logo de manhã com massa de pimentão, salsa, cebola, alho, sal, louro e alguma malagueta. Deitam-se num tabuleiro de ir ao forno com um bom golpe de azeite do melhor que houver em casa e meio copito de branco maduro.

Pelas 11.00H acende-se o forno nos 250º . Quando atingir a temperatura introduz-se o tabuleiro a meio do forno (Atenção que se for muito acima queima o ALECRIM!) e reduz-se , passados uns quinze minutos, a temperatura para os 180º. Nessa altura - e só mesmo nessa - colocamos em cima do tabuleiro dois ramitos de alecrim silvestre.

Vamos virando as peças de carne todas as meias horas , até às 13.00H\13.30H. Se o molho começar a escassear podemos deitar mais um fiozinho de azeite e borrifar com o mesmo vinho branco. Mas se a cebola for boa, os sucos que deita serão suficientes para aguentar o assado sem "esturrar" durante estas duas horas

À parte fazem-se as saladas.

Eu costumo temperar da seguinte maneira: deito logo em vazio azeite, vinagre e sal grosso no fundo das tigelas. A seguir deito as alfaces desfeitas à mão, tomate às rodelas e \ou os agriões. Quando acabar volto a deitar por cima azeite, vinagre e sal grosso. Mexer muito bem de seguida . A cebola , cortada fina, só acrescento mesmo quando estamos já a sentar-nos para comer.

Pelas 13.00H, 13.30H estarão os "Lambelhos" bem tostados do forno, e é só fatiar finamente com a "eléctrica" e deitar nos pratos, acompanhando com as saladas e (se for mesmo necessário...) com as batatas fritas, também elas às rodelas finas.

Bon Apétit!

sexta-feira, março 21, 2008

Em Frente


As vistas - a poente já sem sol e a nascente ainda ensolarada - do terraço virado a Sul que temos em frente à cozinha. Fotos tiradas às 16.00H de 21 de Março

Bem sentado, com um charuto e um copo de velho malte na mão, devo confessar que já experimentei coisas piores...

O pior é ver tanto borrego aos saltos na companhia das mães... Lá para o fim da tarde, não sei bem porquê, começo a pensar em assados de forno...



21 de Março DIA MUNDIAL da POESIA


Conheci David Mourão-Ferreira há muitos anos atrás quando ensaiava os primeiros passos de amizade e de companheirismo com os proprietários do Beira Mar, em Cascais, onde o Poeta era Cliente assíduo.

Teria sido em 1977 ou 1978 quando comecei a ganhar dinheiro, como Assistente Estagiário no ISCTE, profissão que me permitiu "debutar" para o mundo do consumo com meios próprios.

Tinha eu 21 ou 22 anos...

David, soube-o mais tarde pelos colegas e admiradores, amava delirantemente as Mulheres. Todas elas. De facto raramente o vi almoçar sózinho lá na "Sala VIP" (esta é uma piada de caserna, desculpem lá, só para iniciados do Restaurante referido).

Neste Dia Mundial da Poesia, que também coincide com a Sexta Feira Santa, lembrei-me , não sei bem porquê, de David e do seu cachimbo, a namorarem descaradamente uma ou outra figura feminina à mesa do seu Restaurante favorito, depois de terem comido os "filetes de pescada" que ele tanto apreciava.

E, como ontem Ela entrou sem pedir licença a ninguém, como Mulher que se preza, aqui vai a "Primavera" de David, em homenagem ao Homem e a Ela...

Primavera


Todo o amor que nos
prendera
como se fora de cera
se quebrava e desfazia
ai funesta primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

E condenaram-me a tanto
viver comigo meu pranto
viver, viver e sem ti
vivendo sem no entanto
eu me esquecer desse encanto
que nesse dia perdi

Pão duro da solidão
é somente o que nos dão
o que nos dão a comer
que importa que o coração
diga que sim ou que não
se continua a viver

Todo o amor que nos
prendera
se quebrara e desfizera
em pavor se convertia
ninguém fale em primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

David Mourão-Ferreira

quinta-feira, março 20, 2008

Feijoca à Pastor da Estrela



Prato emblemático do Maciço Central, "mata fome" de muita gente nos tempos da miséria, é hoje augúrio de boas vindas sempre que chegamos à Serra.

Dizem os entendidos que "Feijoca" é uma leguminosa de grande dimensão e sabor aveludado, "prima" mais encorpada do vulgar feijão branco, e oriunda da Ilha da Madeira. Aquilo que sei é que se cultiva nas faldas da Serra da Estrela há, seguramente, centenas de anos...

"Feijoca à Serrana" não é mais do que esse Feijão grosso e sedoso guizado com carnes de vaca e porco e alguns enchidos. Nada mais fácil à primeira vista... Mas tentem fazê-lo sem cuidar dos "tempos" de cozedura e de refogado e verão que às vezes sai bem, outras assim assim , e outras ainda "pega"...

Para resultar bem é fundamental demolhar de véspera o Feijão Grosso e, ao mesmo tempo, salgar o pé de porco, cortado ao meio no talho.

No dia do almoço temos de nos levantar bem cedo. Numa panela pomos a cozer o feijão (sem sal) e quando levantar fervura deitamos as carnes, de vaca partida às talhadas grossas e os pés de porco previamente escorridos da salmoura.

Leva a cozer entre 1,5H a 2 H. Vão provando do sal e corrigindo se necessário. Lá para o meio da cozedura partem-se finas duas boas cebolas e, com azeite do melhor e umas malaguetas esmagadas, refogam-se à parte noutro tacho grande, lentamente. Vai-se juntando nesse refogado a pouco e pouco, com uma concha da sopa, água da cozedura do feijão e das carnes da panela que está ao lado.

Quando as carnes estão cozidas (e a feijoca) tranfere-se tudo para a panela do refogado, acrescenta-se um chouriço de carne partido aos bocados grossos e apura, no mínimo , mais uma meia hora, tendo o cuidado do feijão e das carnes estarem sempre cobertos de água, pois este é um prato que requer muito e bom (grosso) molho.

Tornem a provar e a corrigir de sal.

Alguns minutos antes de tirar do lume podemos ainda deitar por cima uma farinheira inteira trespassada por dois palitos.

Bom apetite Amigos! Um Tinto do Dão novo e encorpado para acompanhar - cá em casa estamos de momento a beber o "nosso" Dão de 2005 - uma rede para descansar de seguida e ...um gato para passar a mão como dizia o imortal Vinicius de Moraes...

Eu cá prefiria muito mais uma Amiga do que um gato... para passar a mão claro está, mas será já a meia idade a falar...

terça-feira, março 18, 2008

Peixe Fresco a bom recato


Penso - mas não me lembro bem, pois são mais de 2000 posts - que já falei do Restaurante Maré Alta por aqui nestas bandas.

Mas nada como tornar à "fonte" se a água nos soube bem.
Restaurante Maré Alta
R. Cobre Torre 2750-000
CASCAIS LISBOA
t: 214822268

Fecha às Segundas Feiras.

É este sempre um refúgio seguro quando andamos com fome de peixe e queremos preservar, tanto quanto possível, as nossas carteiras.

Propriedade de um conhecido comerciante de Peixe e marisco de Cascais, abastecedor de muitos e bons restaurantes do Guincho, este Maré Alta vive quase que exclusivamente da qualidade sem mácula da sua matéria prima .

Posso garantir que em nenhum lado comem peixe mais fresco do que aqui. Pode nem sempre ter tudo, pois compreende-se que em caso de aperto o "Patrão" sirva primeiro os seus Clientes do Guincho (Porto de Santa Maria e outros) mas tudo o que lá se encontra é da mais alta qualidade.

E aqui costuma também ser um dos paraísos do marisco mais "pobre". falo dos Perceves, das Navalheiras, dos Búzios e das Canilhas. Há também quase sempre Lagosta e Lavagante nacionais, mas a preços já mais "internacionais" se bem entendem o que quero dizer...

Desta última vez que o experimentámos havia Cherne magnífico de mais de 2 Kg, Robalo do Mar que ainda mexia, Linguados legítimos médios, garoupa de captura à posta, chocos pequeninos frescos e Douradas do Mar com cerca de 700 g excelentes para grelhar ou assar. Salmonetes de Sesimbra enormes, com quase 500 g cada, compunham também a montra do peixe, à entrada.

Escolheu~se o Cherne, pedindo a respectiva cabeça para cozer com alguma "gola". Pediu-se como acompanhamento grão de bico, feijão verde, cebola, ovo cozido, e a batata. Tudo isto veio ainda acompanhado de um pratinho com o "jardim" para temperar o grão: cebola, alho e salsa finamente picados. Cabeça de cherne imponente a 35€, daria bem para três pessoas.

De entradas comeu-se Canilha média (400g a 12,25€) , fresquíssima, carapaus de escabeche e queijo de cabra fresco.

Duas garrafas de Muros Antigos , uma de Loureiro a 7€ e outra de Alvarinho a 18€ (por acaso e na minha modesta opinião não vale esta última a diferença de preço para a primeira) fizeram boa companhia ao cherne.

Sem sobremesas , mas com dois cafés e dois whiskeys irlandeses Bushmills Malte ficou este almoço de Domingo por cerca de 90€

Preço justo para a qualidade auferida. O único senão é não ser permitido fumar...

Quanto custaria lá mais para os lados do mar? A vista também se paga, é claro...

Abanão nos USA


Parece que a Bolsa está pela ruas da amargura. Um famoso Banco de Investimentos de Wall Street - Bear Stearns - foi anteontem comprado pelo J.P.Morgan "in extremis" , antes de atingir a situação de falência, por 10% do seu valor de Bolsa da Sexta Feira passada...

Leiam mais aqui se o entenderem:
http://www.nytimes.com/?emc=na

Em que é que esta situação nos poderá afectar? Bem, com o USD a bater no fundo face ao Euro (1€= 1,59USD) e com o Petróleo a servir de bem de refúgio a todos os investidores que querem "fugir" da Bolsa de Acções, o mais que podemos esperar serão ainda mais subidas nos combustíveis e , por arrasto, na inflacção provocada nos outros serviços (transportes, etc...).

Os tempos vão ser difíceis.

domingo, março 16, 2008

Na véspera da Partida para a Páscoa


Já se sabe que Páscoa é lá no Maciço Central. Todos os anos o regresso a S. Martinho de Seia, com o peixinho fresco na "mala" e ansiando pelos cabritos, borregos, "ervas" e queijos serranos.

Este fim de semana fui às compras na certeza de que é sempre melhor comprar fresco e congelar sabendo o que se compra, do que manter um ou dois dias no frigorífico e arriscar uma salmonelazita com a viagem de carro, agora que neste País abençoado pelos deuses (só se forem os do golfe...) parece ser Primavera 9 meses por ano.

Com os preços do Peixe a atingirem o zénite anual nestes tempos de Quaresma e de Semana Santa - sobretudo os de "captura" - houve que escolher bem e ir a mais do que um local.

Acabei por me decidir pelo Cherne inteiro do Atlântico Norte, 2,7Kg a uns razoáveis 22 €\Kg e pela Garoupa inteira (também ela selvagem) por cerca de 18€\Kg. Havia gorazes muito frescos e a bom preço (12€ e tal) mas eram pequenos, com menos de 0,5 Kg cada um. Também comprei raia fresca para uma caldeirada e ovas de pescada para compor na travessa do peixe cozido.

Vamos a ver que tal será a prova no prato, lá para Sexta Feira.

Nota: Fotografia subaquática de um belo Cherne, feita por Marco Aurélio Robalo dos Santos. Achei graça ao nome...deve ser algum primo dos meus colegas Robalos do ISCTE (e da Editora Sílabo) e, a tirar fotos debaixo de água, estará verdadeiramente como "peixe na água" !

Corrupção nas Campas: o comentário

O nosso leitor C. Silvério comenta:

"Estes coveiros são mesmo estúpidos. Se em vez dos 10 euros ( corruptos de tostões ) exigissem um minimo de 10000 euros (corruptos de milhares) ainda a nossa justiça (não merece J) tinha o processo em segredo. Com sorte prescreveria. Assim, lixaram-se..."

Essa é que é essa... O meu Pai costumava dizer que dever 1000 contos era um problema grave para quem devia, dever 1 milhão continuava a ser um grande problema, mas só para os "outros a quem o dinheiro pertencia...

sexta-feira, março 14, 2008

Leão salva a Honra


Meninos com alegria de jogar - aquilo que falta ao Benfica - conseguiram ganhar ontem ao Bolton e manter uma Equipa portuguesa na Prova da UEFA!

Parabéns Sporting e Parabéns Pereirinha (que até parecia um "Pereirão" com aquele golo que marcou)!

quinta-feira, março 13, 2008

PSD, Coveiros e afins..


Luis Filipe Meneses, "o inefável" , lá espantou a nação e os seus cronistas ao proclamar na semana passada que "PS já não serve para Governar e PSD ainda não está pronto para assumir essa responsabilidade".

Ontem já alterou o discurso: "se os portugueses nos derem uma maioria substancial em 2009 lá teremos de cumprir as nossas obrigações e formar Governo ..."

Este homem é uma inesgotável fonte de sabedoria popular e alimentará , durante o tempo em que as bases do PSD o aturarem, jornais e revistas de todo o país com anedotas e histórias jocosas.

Do mal o menos, vamo-nos "enterrando" sim, mas a rir com estas histórias...

Pois se até o circunspecto Público noticia hoje que também já há corrupção activa e passiva no meio dos ... Coveiros.

Para que raio é que se há-de dar "luvas" a um coveiro? Para enterrar a defunta ou o defunto bem fundo, não vá o Diabo tecê-las? Para subir a campa familiar na hierarquia do cemitério?

Ou, finalmente, apenas para que o coveiro possa ir de vez em quando (e com v. licença) mijar em cima de alguma campa onde esteja alguém que não nos tratou bem enquanto foi viva?

É um mistério...

Boa sorte, Sporting, para logo!

E que esta conversa de "Coveiros" não sirva de mau prenúncio (a não ser para o Bolton...)

Águia depenada...

Não há palavras para descrever a tristeza de ver a "nossa" equipa de futebol que, no dizer dos seus mais altos responsáveis, seria a "melhor dos últimos anos", arrastar-se penosamente atrás da bola e atrás dos adversários naquela 2ª parte de ontem à noite...

Qual Camacho qual Chalana! O problema é que, pura e simplesmente, não existe Equipa.

Lá se marcam uns golitos de vez em quando e pronto. Talvez dê para assegurar o segundo lugar da Liga, mas que é triste, lá isso é...

quarta-feira, março 12, 2008

Os Futebóis da nossa Parvónia

Há já muito tempo que não falava de futebol e com alguma razão, já que os resultados não têm sido brilhantes para os três maiores clubes portugueses.



- FCP continua imperial no burgo, a 14 pontos de distância, mas ...sai da Champions em circunstâncias no mínimo estranhas.






- SCP afunda-se num 5º lugar, a tremer com receio de passar para o 6º, e luta até ao fim pela permanência na UEFA.



- SLB perde treinador, empata mais uma vez na Luz e decidirá hoje em Madrid se fica na UEFA ou não...

Permitam-me, como benfiquista , que vos diga como me parece quixotesco e demagógico o Treinador Chalana e alguns dos Jogadores que arriscam tudo hoje em Madrid virem para os Jornais dizer que : "A táctica para logo é a Camisola e o coração benfiquista!"

O que querem dizer com isto? Que se não passarem a eliminatória está tudo OK porque todos os jogadores saíram de camisola vestida e - aparentemente - tinham o coração dentro do peito?

Não entendo... Parece-me uma reminiscência do "Fado antigo que a todos comanda", do "Destino sombrio" que lançará a sua maldosa e negra capa sobre todos os benfiquistas... É a "maldição" do Bella Gutman...

Ora tenham santa paciência!

Haja a noção de que os Jogos se ganham e se perdem no terreno, com cabeça , pulmões e pernas, com vontade, sim senhor, mas também e sobretudo com mestria técnica e táctica, com conhecimentos do adversário e da forma como os "nossos" se devem posicionar para lhe fazer frente!

E não se esqueçam que se a Macumba ganhasse jogos o Campeonato Estadual da Baía terminaria sempre empatado! (O que não é o caso!)

Boa sorte para logo, Sporting e Benfica, mas sobretudo boas tácticas e sábias decisões dentro das 4 linhas.

segunda-feira, março 10, 2008

O Tempo de Poesia



Quase nunca o "tempo" é exclusivo, dedicado a uma só função .

Não há de facto "tempo" para trabalhar, para descansar, para amar e para odiar.

Tudo isto fazemos num mesmo "tempo" se os estímulos a isso nos conduzirem...

Ama-se trabalhando mas ao mesmo tempo odeia-se muitas vezes aquilo que se faz.

Descansamos depois do sexo , amando ou odiando o que acabámos de fazer, às vezes amando e odiando ao mesmo "tempo"...

Encaramos os outros num repente de cólera ou de amizade e parece que o dia , que amanhecera belo ou carregado, se transforma na cor que os olhos dos outros projectam em nós, azul ou cinzento.

Uma só certeza: os nossos "tempos" têm de ser também "Tempos de Poesia".



Tempo de Poesia

Todo o tempo é de poesia

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia

Todo o tempo é de poesia

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação ao caos
à confusão da harmonia


António Gedeão

Governar com um Olho na Rua e outro no Programa


Em rescaldo da gigantesca Manifestação de Professores e seus acompanhantes, que se realizou no último sábado, faço aqui algumas reflexões já sem estar a "quente" nem impulsionado pelas Televisões que cobriram o acontecimento profusamente.

O Doutor André Freire, ilustre Politólogo da nossa praça, escreve hoje no Público que "nem só de votos vive a Democracia" querendo com isto dizer que deve o Governo tomar obrigatoriamente em atenção estas manifestações de repulsa popular que se têm acumulado nos últimos tempos e que já provocaram - quer queiramos quer não - a queda de um Ministro.

Mesmo pessoas que em Política já não são aprendizes mantêm que governar "com um olho na rua, nas manifestações, e outro no programa de Governo que nos fez eleger" é não apenas aconselhável politicamente, como diz André Freire, mas também obrigatório (inevitável) à medida que se aproxima o novo ciclo eleitoral.

Não concordo com a "bondade" da governação por demagogia, atendendo e dando vénias hoje à Manif dos Profs, amanhã à dos Funcionários Públicos, depois de amanhã à dos Ferroviários, etc, etc...
Para andarmos mais uma vez nessas exéquias, como fez António Guterres, mais valia serem convocadas (e já!) Eleições antecipadas que mostrassem ao País de que lado estava de facto a maioria.

Mas, ao contrário, assim vamos estando reféns das TV's e dos 620 Autocarros que desceram a Lisboa...

Governar tendo em atenção esse descontentamento é uma questão de sobrevivência (dirão alguns). Talvez, mas também de falta de espinha vertebral...

Por esse motivo se "prostituem" Primeiros Ministros e Governos, desde sempre. Por essse motivo se lançam às feras do Coliseu Popular alguns Ministros, por esse motivo nenhuma política séria tem hipóteses de se cumprir, nesta terra , passados dois anos de poder.

A única excepção foi a de Cavaco Silva, com duas maiorias absolutas. E ainda hoje, não obstante as diferenças políticas, muitos concordam que foi a altura em que se alicerçou a estratégia de modernização de Portugal.

Pensei - eu que sou um velho socialista liberal - que José Sócrates poderia ser , não um outro Cavaco, mas sim um socialista moderno que não largaria a governação sem deixar a sua marca nas reformas de que o País tanto necessita e que foram (também elas) parangonas do seu programa de Governo.

Ainda tenho esperança, mas a saída do Ministro da Saúde não me deixou grandes hipóteses de continuar a acreditar.

Veremos o que se passa agora com a Ministra da Educação.
Se sair , então Sócrates junta-se aos "outros" , do PS e do PSD , que só governavam para os aplausos e para a "fotografia" tendo sempre em pano de fundo o Papão de 2009 e das Legislativas.. Se não sair, haja fé...

sexta-feira, março 07, 2008

Então e a Lampreia!!??


Mais um Leitor a comentar a gastronomia da època:

E para quando uma lampreia à bordalesa?

Já experimentei este ano a Lampreia por 4 vezes: Duas vezes na Casa Gallega, exactamente à Bordalesa e gostei, com as tais cebolinhass pequeninas a combater a sapidez do vinho maduro. No Verde Mar (foi a minha primeira, não estava ainda gorda e ovada...) . E no Restaurante "Os Arcos" de Paço de Arcos. Esta sem dúvida a melhor das 4 , pela dimensão da "bicha" , pelo apurado do cozinhado e pelas ovinhas abundantes.

Falta ainda o Beira Mar, agora que - finalmente - já lá temos uma sala onde se pode praticar a nobre arte do "Havano depois da Refeição".

Muito proximamente aqui trarei novas dessa aventura.

Comentário: Os Sindicatos e a DECO

O nosso leitor Manuel Comenta (e bem):

Meu caro

Alguns dos problemas apontados pela DECO, no reconhecidamente manhoso trabalho que publicou, têm a ver com meras e pouco relevantes "distracções" de atendedores.

Tidas, generalizadamente, como muito pouco relevantes.

Vem agora o SNTCT, ao apoiar a DECO, pôr em causa o desempenho de trabalhadores.

É pena, porque esse trabalho pode o sindicato fazer dentro da sua casa, isto é, dentro dos CTT. E pode fazê-lo junto dos trabalhadores, a que acede com estonteante regularidade para distribuir comunicados.

Cumprimentos

quinta-feira, março 06, 2008

Não fica bem ao SNTCT apoiar a DECO


Luta laboral é uma coisa. Perfeitamente respeitável em democracia.

O apoio que alguns Sindicatos dos CTT vieram dar à vergonhosa reportagem da DECO é outra coisa que não posso deixar de condenar... e veementemente.

Todos sabem como me tenho batido pela concórdia e pela harmonização das posições entre a Administração e os Sindicatos tendo em vista a necessária calma interna tão necessária para enfrentarmos os desafios dos anos futuros.

Nessas posições, aqui assumidas, fiz várias vezes apelo à Administração actual para baixar algumas das suas exigências.

Agora não posso é aceitar que Trabalhadores desta casa prefiram a defesa de posições corporativas de política interna do País ao invés da defesa intransigente dos interesses da família CTT , entendida como todos os Trabalhadores CTT.

Não lhes fica bem. Dá para que se questionem as respectivas lealdades. Dá, no fim de contas, para que se começem a olhar para certas posições mais "duronas" que esses Sindicatos assumiram com alguma desconfiança quanto às possíveis motivações.

E, do ponto de vista estratégico, mesmo em termos de ciência política, dá para dizer que foi um tremendo tiro no próprio pé.

Uma forma precipitada e mal pensada de alienar Trabalhadores que se viram enxovalhados pelo "estudo" da DECO.

Assim não!


Ainda o caso dos Prédios na gestão Horta e Costa (CTT)

O jornal Público chama hoje à primeira página a investigação que foi ( e está) a ser feita pela PJ sobre as vendas em "estranhas" circunstâncias dos Imóveis de Coimbra (Fernão de Magalhães) e de Lisboa (Av. República) que todos os trabalhadores dos CTT conhecem e onde alguns decerto trabalharam.

Estou muito satisfeito por este caso não ter sido pura e simplesmente abandonado e espero, com calma e sem ansiedade, que a Justiça esclareça estas questões.

Até para bem estar e para sossego do clima laboral interno. Os CTT não precisam de vir nas primeiras páginas dos jornais por este tipo de motivos. Mas se vierem, então que sejam os factos todos devidamente esclarecidos até às últimas consequências e doa a quem doer.

quarta-feira, março 05, 2008

Deco - Comentário de um Leitor

Deixe-me começar por dizer que tenho licenciatura em Estatística, doutoramento em Matemática aplicada e exerço há quase três anos e meio a profissão de investigador estatístico para o governo britânico. E não posso discordar mais do que escreveu, apesar de concordar com o que )penso) quer dizer - 5% pode ser mais que suficiente, e geralmente é, para avaliar uma população, dependendo como a amostra foi obtida. Contudo, o que penso que quer dizer é que não se pode recolher informação sobre todas as variáveis recolhendo apenas informação de 5%. Mas as conclusões da DECO sobre os produtos avaliados podem ser perfeitamente legitimas (não li as características técnicas do estudo, por isso não me pronuncio).

Miguel Santos


Agradeço o comentário e passo a explicar:

De facto eu não disse que era errado concluir para o Universo a partir de uma amostra que representasse 5% das observações desse mesmo universo! Basta pensar nas sondagens Eleitorais e nos valores que nestas assumem as fracções amostrais, isto é os ratios entre os eleitores de facto inquiridos e os eleitores potenciais da População cujo comportamento se deseja prever.

O que eu escrevi foi diferente. Foi que não era correcto utilizar 5% apenas das características explicativas de um fenómeno para construir um modelo de previsão para o mesmo fenómeno ( e nunca falei do nº de elementos da Amostra).

A Qualidade é um Complexo, uma variável composta de muitas caracteristicas. Se não tivermos em atenção a distribuição da importância dessas características na construção do questionário que será utilizado na Amostra ou no Design do Market Research, é lógico que o resultado final sairá enviezado.

No caso dos CTT poderão ser utilizados critérios de Facturação ou de Tráfego Postal Total transportado para ajudar a construir esse questionário. Ambos são respeitáveis, embora pareça mais lógico usar-se o critério do Volume de Objectos.

Qualquer questionário que se construa para medir a Qualidade tem obrigatoriamente de ponderar o correio normal e a sua distribuição e aceitação (porque corresponde a mais de 90% dos objectos que aceitamos e transportamos).

Foi isto que eu quis dizer.

Sabores Nórdicos


Na ânsia de nos documentarmos para melhor preparar a edição do Livro sobre Gastronomia Europeia houve necessidade de visitar Restaurantes que, em Portugal, tivessem alguma conotação com as culinárias mais afastadas (as do Norte da Europa) desta nossa vivência gastronómica mediterrânica .

Por isso - e reconfortados por aviso amigo - fez-se caminho numa destas tardes em direcção ao "deserto" invocado pelo desbundado governante do "alcoxetejámé", tentando encontrar naquelas paragens um Oásis de satisfação culinária.


Restaurante SABORES
Cozinha Sueca (encerra às 4as Feiras)
Rua do Botequim nº 39 - Charneca da Caparica
Telef .- 212 960 671

Encontrar este Restaurante não é tarefa fácil... O mais que posso fazer para ajudar o transeunte desejoso de "suecar" nos pratos será o de o aconselhar a tomar a estrada da Charneca vindo de Lisboa pela Via Rápida da Caparica e...ir devagar espreitando para a direita e para a esquerda.

Embora o Restaurante se encontre à esquerda de quem vem de Lisboa, o mais certo é que se dê primeiro com a minúscula e paupérrima sede local do partido do Governo, essa sim à direita da mesma estrada e encimada pelas bandeiras Portuguesa, UE e a do PS). Se derem com essa pequena casa o Restaurante sueco SABORES é mesmo em frente, ao lado de um Lar para Idosos (cruzes credo...)

Duas salas, a primeira mais para café e pequenos almoços , a segunda, depois de descer uns degraus, mais indicada para as refeições.

Decoração interessante e minimalista, com muitos produtos suecos à venda, desde as variadas Wodkas aromatizadas até às bolachas, compotas, águas minerais, conservas, etc, etc... Tudo ali se vende para levar para casa ou para consumir no local.

Notou-se na escolha dos apetrechos de amesendação um cuidado especial na estética mas que não comprometesse a limitação do serviço às mesas. Apenas com duas pessoas (marido na sala e a mulher na cozinha) aos almoços e mais um ou dois ajudantes aos jantares, é óbvio que não se pode aqui esperar um tipo de serviço com atoalhamentos de pano, guardanapos de pano e por aí fora...

Nas mesas, e em vez das toalhas, apenas marcadores de verga escura. Guardanapos de papel (embora coloridos e agradáveis ao tacto) . Pratos e copos adequados.

Neste restaurante reina soberana a gastronomia nórdica, embora a dona de casa e mestra da cozinha (que entre outros poisos anteriores também aprendeu com a Dª Justa do Sr. Nobre) nos faça por encomenda qualquer prato de cozinha tradicional portuguesa.

Na lista ressaltam as criações suecas e um ou outro prato (bife , por exemplo) para os menos afoitos.

Naquele dia , e depois de uma Wodka de ervas finas, tomada pura à maneira sueca, comeu-se:

SOS - nome engraçado para um um prato de entradas frias suecas que incluía Salmão fumado e marinado, Arenque fumado e marinado e Camarão fumado. De notar que a dona da casa executa os seus próprios fumados. Combinação muito interessante e a que se deu nota elevada.

Bacalhau em massa folhada - o "fiel amigo" envolvido em massa folhada e com molho a condizer. Gostei menos porque não aprecio muito o folhado, mas nada a dizer da confecção e apresentação.

Rolo de carnes assado no forno - De novo uma criação muito sueca - com os dinamarqueses e noruegueses , os suecos utilizam muitíssimo as carnes picadas na sua gastronomia - executada com uma mistura de vitela e porco finamente picada e aromatizada com as ervas próprias do País, que se levou a assar lentamente e foi acompanhada de puré de batata (do verdadeiro, feito mesmo com batatas, leite gordo e manteiga!). Muito Bom.

Bebeu-se um vinho branco "Dª Ermelinda" de Palmela, muito agradável, a cerca de 10€ na carta; e ainda um Tinto do Alentejo "Monte do Pintor" (o vinho mais nobre e caro da carta, a 25€).

Por estas escolhas limitadas logo se vê que este Restaurante não tem muita variedade vínica, o que se compreende, dado o local onde se encontra e o facto da sua clientela habitual não ser, por norma, muito exigente nesta matéria.

Não paguei eu a conta desta vez, mas com pratos a cerca de 7€\10€ e vinhos aos preços já referidos, suponho que a conta, para três convivas, não terá sido mais do que 90 €...

E vale absolutamente a pena pela novidade destes SABORES nórdicos e pela simpatia do atendimento.

Tenham é um pouco de paciência para as limitações do serviço que a formatação deste restaurante por enquanto impôe...

terça-feira, março 04, 2008

Para Descansar a Vista


Oaristos

I

Triunfal, teatral, vesperalmente rubro,
Na diáfana paz dum poente de Outubro,
O sol, esfarrapando o incenso dos espaços,
Caminha para a morte em demorados passos,
Como as bandas que vão a tocar nos enterros...
E surgindo detrás de acuminantes serros,
Melancolicamente a lua de mãos belas,
Tecedeira do azul, tece num tear de estrelas,
Um lenço branco, um lenço alvíssimo e brilhante,
Para acenar com ele ao sol, seu ruivo amante...
Sobre o verde jardim caem penumbras lentas.

Eugénio de Castro

Nota: A palavra "Oaristos" significa uma conversa carinhosa e familiar , por exemplo entre esposos ou amantes. "Oaristos" é também o nome da obra fundamental de Eugénio de Castro e Almeida que introduz a corrente do "Simbolismo" na Poesia portuguesa.

segunda-feira, março 03, 2008

A Lebre e a Tartaruga - Versão Sec XXI para os CTT


O Senhor de La Fontaine extraía da fábula em causa (e que todos conhecemos) uma conclusão que me permito "refrescar" face aos dias de hoje: Para atingir os objectivos - sobretudo profissionais - é tão (ou mais) importante ter um perfil mediano mas ser esforçado e trabalhador e nunca perder de vista o que se deseja, do que ser o "génio" do pelotão , o melhor no seu campo de actuação, mas desperdiçar essa vantagem natural com "baldas", "futebóis" e outras actuações pouco profissionais .

É esta a velha história do "Burro que me carrega" ser preferível ao "Cavalo que me derrube" , desde o início dos tempos utilizada para justificar a escolha pelo óbvio, pelo formatado, pelo profissionalmente correcto: é a "evolução na continuidade", tão cara aos gestores mais acomodados, tão criticada pelos gurus mais assertivos, mas ainda hoje responsável pela grande maioria das decisões que se tomam em gestão...

A alternativa, a gestão "de salto", tem a ver com a medição dos riscos associados à verdadeira "revolução" na actividade empresarial.

Assumir esses riscos quando o capital é de quem decide pode parecer aventureiro, talvez até ambição desmedida ou (mais à portuguesa) indiciar até leves sintomas de loucura : -"este gajo(por exemplo falando do Engº Belmiro) foi um visionário, ia-se lixando mas por acaso teve sorte".

Mas tomar o mesmo caminho quando o capital não pertence ao decisor, quando este não é mais do que um mero administrador da "Coisa Pública"... Para isso é necessário acreditar piamente no projecto, ter coragem que baste, desprezo pelas consequências , boa relação com o Poder e ... de preferência, um "plano B" para onde seja possível uma retirada estratégica caso as coisas venham a dar para o torto...

Estamos a menos de 2 anos da Liberalização esperada dos Serviços Postais em Portugal. A Receita dos CTT (Grupo) ainda depende em mais de 65% do serviço postal tradicional.

Muito embora se louvem e aplaudam os esforços feitos na tentativa de transformar esta casa centenária num moderno prestador de serviços de comunicações não limitadas ao transporte físico de objectos (Phone IX; Via CTT) acho que ninguém - em seu perfeito juízo - apostaria que dentro de 2 anos vão ser essas as vertentes mais importantes da Receita dos CTT, aquelas que nos vão permitir fazer face ao facto de quase 70% dessa Receita estar enfeudada à cobertura dos custos anuais com o trabalho.

Há que tomar conta, proteger, modernizar e dar importância de gestão ao velho Correio, tanto o das cartas como o das encomendas. E tudo isto respeitando o Cliente, sob pena destes serem os primeiros a debandar logo que surja alguma alternativa.

Parece que , naquele tempo mais antigo, a Lebre e a Tartaruga correriam em pistas paralelas, ao lado uma da outra mas sem nunca se tocarem.

Eu gostaria que essa Fábula hoje pudesse acabar de maneira diferente, acabando a corrida empatada mas com melhor tempo de conclusão do que antigamente.

Para isso era preciso a Lebre dar uma "boleia" de velocidade à tartaruga e esta convencer a lebre que só "ser p'rá frentex" não chega. É também preciso respeitar o passado e nunca perder de vista o principal para nos distrairmos com o acessório...

Será possível?

Pelo sonho é que vamos...

sábado, março 01, 2008

Ainda O "Estudo" da DECO

Alguns Comentários:


Parabéns! Análise assertiva. Simples e Objectiva. A que triste figura a DECO chegou!!!Ontem, na SIC Notícias, mais parecia um daqueles jogos empolgantes, onde um "time" (CTT\Dr Luís Nazaré) esmagou o outro (DECO), cujo representante me fez lembrar aquele tipo "4ªclasse mal feita" que debita uma cassete, mas não pensa, só dispensa...

Incompetência e manhosice qualifica bem este pseudo-estudo.

Realmente e citando de cor o remate final do Dr. Luís Nazaré «análise sobre qualidade de serviços não é a mesma coisa que analisar torradeiras».

Senhores da DECO "desaburguesem-se" e regressem às origens. Rigor e Competência precisa-se. De tablóides está a Terra farta...

NOTA: Também sou sócio da DECO há mais de uma dezena de anos e recebi ontem a revista sensacionalista. Quo vadis, DECO? "What a shame"!!!

José Duarte Martins

Selo_fan said...

Ao fim e ao cabo a DECO utilizou os mesmos critérios de sempre, pois também é inviável conseguirem chegar a todo o lado...Afinal, não são os CTT...Mas independentemente do estudo da DECO, também se tem de dar o braço a torçer, pois nem tudo está bem no reino dos CTT, convenha-se!Desde funcionários desatentos, carteiros trapalhões, estações que mais parecem um supermercado, etc., etc., enfim....A meu ver, a DECO apenas veio colocar o dedo na ferida, e que ferida....


Umas Reflexões: Claro que numa Empresa com a dimensão dos CTT e com a abrangência nacional que exibe , com mais de 900 Estações espalhadas por todo o País e Regiões Autónomas, com mais de 8,000 Carteiros , etc, etc, etc... é normal que nem tudo esteja sempre bem.
Aliás, a grande tarefa da função Qualidade neste tipo de Empresas de "cobertura" do território nacional será sempre a de uma "guerra" - que nunca está ganha, que se pratica no dia-dia - contra as coisas que se fazem mal, contra o desmazelo, contra o fazer "assim-assim" e por aí fora.

MAS a questão não é essa!

A questão principal tem a ver com o facto de não ser cientificamente honesto agarrar em características explicativas de menos de 5% de um fenómeno para , apenas dessa análise, concluir para o comportamento de todo o fenómeno!

Seria ( obviamente mal comparado) como se através do comportamento da Equipa Amadora de Ténis de Mesa de algum dos três Grandes Clubes do país (Porto, Benfica e Sporting) fosse possível concluir sobre a "Qualidade" global de cada um desses Grandes Clubes!

Se essa conclusão fosse extrapolada da performance das Equipas de Futebol do 1º escalão dos mesmos Clubes, vá lá que não vá... Agora , tirar conclusões qualitativas gerais e absolutas apenas com base na equipa amadora de ping-pong (com todo o respeito, é claro!)??!!
Tenham Santa Paciência !!