segunda-feira, março 03, 2008

A Lebre e a Tartaruga - Versão Sec XXI para os CTT


O Senhor de La Fontaine extraía da fábula em causa (e que todos conhecemos) uma conclusão que me permito "refrescar" face aos dias de hoje: Para atingir os objectivos - sobretudo profissionais - é tão (ou mais) importante ter um perfil mediano mas ser esforçado e trabalhador e nunca perder de vista o que se deseja, do que ser o "génio" do pelotão , o melhor no seu campo de actuação, mas desperdiçar essa vantagem natural com "baldas", "futebóis" e outras actuações pouco profissionais .

É esta a velha história do "Burro que me carrega" ser preferível ao "Cavalo que me derrube" , desde o início dos tempos utilizada para justificar a escolha pelo óbvio, pelo formatado, pelo profissionalmente correcto: é a "evolução na continuidade", tão cara aos gestores mais acomodados, tão criticada pelos gurus mais assertivos, mas ainda hoje responsável pela grande maioria das decisões que se tomam em gestão...

A alternativa, a gestão "de salto", tem a ver com a medição dos riscos associados à verdadeira "revolução" na actividade empresarial.

Assumir esses riscos quando o capital é de quem decide pode parecer aventureiro, talvez até ambição desmedida ou (mais à portuguesa) indiciar até leves sintomas de loucura : -"este gajo(por exemplo falando do Engº Belmiro) foi um visionário, ia-se lixando mas por acaso teve sorte".

Mas tomar o mesmo caminho quando o capital não pertence ao decisor, quando este não é mais do que um mero administrador da "Coisa Pública"... Para isso é necessário acreditar piamente no projecto, ter coragem que baste, desprezo pelas consequências , boa relação com o Poder e ... de preferência, um "plano B" para onde seja possível uma retirada estratégica caso as coisas venham a dar para o torto...

Estamos a menos de 2 anos da Liberalização esperada dos Serviços Postais em Portugal. A Receita dos CTT (Grupo) ainda depende em mais de 65% do serviço postal tradicional.

Muito embora se louvem e aplaudam os esforços feitos na tentativa de transformar esta casa centenária num moderno prestador de serviços de comunicações não limitadas ao transporte físico de objectos (Phone IX; Via CTT) acho que ninguém - em seu perfeito juízo - apostaria que dentro de 2 anos vão ser essas as vertentes mais importantes da Receita dos CTT, aquelas que nos vão permitir fazer face ao facto de quase 70% dessa Receita estar enfeudada à cobertura dos custos anuais com o trabalho.

Há que tomar conta, proteger, modernizar e dar importância de gestão ao velho Correio, tanto o das cartas como o das encomendas. E tudo isto respeitando o Cliente, sob pena destes serem os primeiros a debandar logo que surja alguma alternativa.

Parece que , naquele tempo mais antigo, a Lebre e a Tartaruga correriam em pistas paralelas, ao lado uma da outra mas sem nunca se tocarem.

Eu gostaria que essa Fábula hoje pudesse acabar de maneira diferente, acabando a corrida empatada mas com melhor tempo de conclusão do que antigamente.

Para isso era preciso a Lebre dar uma "boleia" de velocidade à tartaruga e esta convencer a lebre que só "ser p'rá frentex" não chega. É também preciso respeitar o passado e nunca perder de vista o principal para nos distrairmos com o acessório...

Será possível?

Pelo sonho é que vamos...

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