quinta-feira, setembro 29, 2016

Na Guarda (outra vez)


Jornadas Internacionais de Jogos - AJTG-Associação de Jogos Tradicionais da Guarda

Não me canso de visitar a "mais alta". E podem pensar, mas não digam em voz alta,  que é só por causa dos enchidos e do vinho!

Agora o pretexto é o Congresso Internacional sobre a História dos Jogos em Portugal, no âmbito do qual se encontra  na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço uma exposição sobre o tema "Os Jogos Tradicionais na Filatelia e na Literatura".

Esta é uma iniciativa da Associação de Jogos Tradicionais da Guarda que podem conhecer melhor aqui:
http://www.culturacentro.pt/evento.asp?id=2856

Darei notícias no local habitual.






quarta-feira, setembro 28, 2016

O opúsculo do Saraiva


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Tentei chamar "pasquim" ao livro mais recente do Arqº Saraiva , mas as mitologias históricas do 25 de Abril deram a essa palavra toda uma outra conotação que para mim é impeditiva desse elogio...

Não o comprei . Nem o comprarei.

Li o que apareceu na internet sobre a coisa, o que pode ser limitativo da análise que segue, mas não ficaria de bem com a minha consciência se não afirmasse isso já de início.  Por outro lado, acho que ainda ficaria pior com a minha consciência se comprasse a "obra".

Refere José Manuel Fernandes no "Observador":

"Não faço parte daquele grupo de activistas das redes sociais (e de colunistas de jornal) que não se envergonha de escrever “não li esse livro, mas…”, desatando a seguir a proferir a maiores inanidades sobre o que não se conhece."

Ora eu serei um dos "sem vergonha". Não me importo nada.

O que é certo é que com ou sem Pedro Passos Coelho aquilo esgotou. Informei-me na FNAC e na Bertrand. Os exemplares que chegam todas as manhãs  desaparecem antes do almoço, em todas as lojas. E já vai na 7ª edição, se bem que começou devagarinho, com 500 livritos.

Este sucesso editorial pode comparar-se ao de livros semelhantes noutros países. "As Sombras de Grey" vêm logo à memória. E, por memória, parece que o actual livro da polémica seria já o 3º das "memórias" do Sr. Arquitecto. E dos outros não reza a história. Terão tido os 500 exs da ordem na 1ª e única edição.

O que é que "valorizou"  este "Eu e os Políticos"? Sempre seguindo a análise fria de José Manuel Fernandes, não terão sido as confidências pessoais de políticos agora tornadas públicas - o que já existiria nos outros "romances". O que disparou as vendas,  depois de ter disparado a discussão,  foram as referências a assuntos da vida privada desses políticos, na maior parte das vezes transmitidas oralmente por terceiras pessoas, todas (ou quase todas) já falecidas...

A forma de tratar a matéria é inovadora: O escritor tem um caderno (presumo que até devem ser mais) onde anotava as confissões dos terceiros falecidos,  antes de estarem mortos. Esperava (qual abutre do Lucky Luke) pelo desfecho da vida terrena do informador bufão. E nessa altura retirava a poeira dos cadernos e punha a matéria em forma de letra publicada.

Mal comparado lembra-me aquela série da TV sobre a vida íntima de Salazar, onde se "provava" que o Presidente do Conselho teria tido várias "amigas especiais", todas perfeitamente documentadas. E quando os historiadores sérios discordavam das conclusões, dizendo nunca ter tido acesso a essas supostas "fontes", a resposta era sempre a mesma: testemunhos verbais fidedignos. E eu acrescentaria: de "malta" já enterrada.

O problema da testemunha estar  falecida tem a ver com aquela chatice da actividade jornalística honesta: corroborar a informação... A ética exige que se faça a pergunta:  Onde podemos encontrar outras fontes para corroborar essa informação? Elas estarão identificadas?

E aqui é que a porca torce o rabo... 

Se o  poeta Camões tivesse deixado um soneto reportando que tinha comido bacalhau com grão no "Mal Cozinhado", tínhamos notícia e grande : já se comia bacalhau com grão no século XVI! (Batatas é que não haveria ainda naquela tasca). 
Mas se a mesma notícia fosse reportada em 1995 por alguém que a teria lido  num livro, exemplar único que entretanto ardeu no incêndio do Chiado, o que poderíamos dizer?

-"Olhe, faça como o Miguel Sousa Tavares ou o José Rodrigues dos Santos,  amigo. Escreva um romance".

Claro que se o Arqº Saraiva tivesse intitulado o livro como uma ficção qualquer, ninguém iria agora meter-se com ele. Por exemplo: "Confissões de um Editor de Jornais; a memória ficcionada do Portugal político dos últimos 50 anos". E até se poderia fazer um filme mais tarde, dando mais relevo ao sexo e à pancadaria.  E vendia-se na mesma!

quarta-feira, setembro 21, 2016

Mudar de vida. Chegou a Hora?



Tenho que fazer nos dois próximos dias e vai ser difícil passar por aqui. E como alguns amigos se queixaram da falta da poesia, aqui lhes mando hoje um poema da minha mestra Sophia.

Fala da esperança e da vontade de recomeçar. Quantos de nós não gostariam de fazer à vida ( a alguns momentos da vida) o que se fazia na escola aos quadros negros? Apagar e escrever de novo?

O síndrome de "Burnout" (esgotamento profissional) está muitas vezes associado à vontade de fazer alterações radicais na forma de vida, sobretudo em actividades demasiado exigentes que não nos deixam tempo para mais nada.

Raramente se concretizam essas "vontades" de mudança, com medo de perder o conforto da posição alcançada. E será pena.

Porque as segundas oportunidades, os percursos alternativos (recordo o excelente filme "Sliding doors") e o arrepiar caminhos, nem sempre  implicam mudar de cidade, de empresa, de país...
Dentro de nós é que a mudança se faz. Haja vontade.

Hora

Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta , por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera o peso dos meus gestos.
E dormem mil gestos nos meus dedos.

Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias, Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.
E de novo caminho para o mar.

Sophia de Mello-Breyner


terça-feira, setembro 20, 2016

O "espião"



Sempre gostei de livros de espionagem. Devorei todos os do Ian Fleming e deliciei-me depois com a série televisiva "Fleming" que vi no cabo em 2014. Se a puderem ainda apanhar aproveitem.

Quanto aos filmes do dito 007 já tenho opinião dividida. De alguns gostei, outros detestei, sobre a maioria fiquei indiferente.

A palavra "espião" utiliza-se também para identificar a malta dos clubes de futebol que anda a ver o que fazem os adversários, usa-se nos negócios, transborda para a indústria e para as patentes, é o "infiltrado" no caso das polícias e,  na prática,  acaba por fazer parte integrante do mundo de hoje.

Na política em geral e na segurança dos estados em particular, esta questão da espionagem não terá a importância monumental que já teve na época da guerra fria - diz a tradição que se construíam vilas americanas na URSS para treinar os "infiltrados"- mas continua a ser fundamental para tentar adivinhar os planos dos terroristas.

Há países que estabeleceram uma reputação muito boa nesta matéria, o Reino Unido, os USA. Há outros que já foram bons e hoje não se percebe bem (a Rússia) e há ainda outros que sempre foram um pouco para o anedótico.

Vêm à memória os acidentes de Bruxelas, só para dar um exemplo recente.

Lá mais para trás devem estar lembrados da história do espião búlgaro em treino, nos anos 60, que tentou fazer chantagem com um diplomata sueco mostrando-lhe fotografias tiradas num quarto de hotel com ele em actividade horizontal muito dinâmica, sobre uma bela mulher que não era a sua. O diplomata adorou as fotos e pediu logo umas cópias das melhores para enviar à esposa...

E depois temos Portugal, que deve ser um caso particular (daqueles mesmo "à parte).

Todos se recordam do "caso das secretas". Aquele senhor que ao fim de 22 anos de serviço público se passou para a "OnGoing" levando consigo um alforge bem carregado de informações e de contactos privilegiados. E que mandou vasculhar a vida privada de um jornalista já depois de não ter (supostamente) autoridade para o fazer. Violação de segredo de Estado, acesso ilegítimo a dados pessoais, abuso de poder e corrupção activa e passiva para acto ilícito são os crimes em causa neste processo,

Mais perto de nós, a NATO estaria a preparar uma "inspecção" aos nossos serviços de segurança, depois daquela história interessante do pacato funcionário português do SIS apanhado em Roma a tentar vender documentos secretos a um colega russo do mesmo ofício e defendendo-se por "ter exigido recibo da transacção"!!

Para mim, que ando um bocado perdido na história, com a vontade de celebrar condignamente os "500 anos do Correio em Portugal", espião mesmo, mas dos bons, daqueles que envergonharia qualquer destes tristes de hoje,  foi Pêro da Covilhã! E em boa hora saiu nova edição do Livro de Deana Barroqueiro (Casa das Letras)  sobre esta importante figura: "O Espião de D. João II".

Aqui vai um resumo, para vos abrir o apetite por mais:

"Pêro da Covilhã, o formidável espião de D. João II, injustamente esquecido pelos historiadores e quase desconhecido dos portugueses, é uma personagem histórica invulgar, cujas acções tiveram enorme repercussão no xadrez político da Europa.
Escudeiro do rei, que o escolhia para as missões mais secretas e arriscadas, era dotado de qualidades e talentos excepcionais: memória fotográfica, extraordinária aptidão para aprender línguas, mestria na arte do disfarce para assumir as mais diversas identidades, capacidade de adaptação ao imprevisto, perícia no manejo de todas as armas do seu tempo, uma imensa coragem e espírito de sacrifício, ideais cavaleirescos da Demanda, da Aventura e do culto da Mulher e do Amor.
Em 1488, Pêro da Covilhã e Afonso de Paiva são enviados, ao mesmo tempo que Bartolomeu Dias, a descobrir por terra o que o navegador ia demandar por mar: uma rota para as especiarias da Índia e notícias do misterioso reino de Preste João. Disfarçado de mercador do Al-Andalus, o espião de D. João II vai realizar proezas admiráveis que causaram espanto no mundo do seu tempo."


segunda-feira, setembro 19, 2016

Mais um pouso bom



Depois de um fds familiarmente mais complicado aqui estou de volta à liça para lhes falar de uma amável casinha onde nos servem bem e barato, mesmo no centro de Lisboa.

Esta aventura começou com um convite de alguns amigos, uma tertúlia enológico-gastronómica que se junta de vez em quando para provar vinhos (o mais importante) e acompanhar essa prova com petiscos "à maneira".

Normalmente trazemos uma ou duas garrafas mais "estranhas" de casa, juntamos todas e vai de abrir e provar. Mas desta vez a escolha dos vinhos
(e a respectiva oferta) foi de um conhecedor profundo deste meio, o qual trouxe para provas coisas admiráveis, que só pecavam pelo excesso.

De facto, ao fim de 4 ou 5 garrafas diferentes, todas muito boas - a começar com Champanhe Billecart Saumon e a terminar no grande Bordéus que é o  Chateau Lafitte-Rothschild - o palato começa a evidenciar sinais de "overdose"... Está sobrecarregado pelo que se passou antes e pede água, muita água para intervalar.

O tempo é inimigo destas lides, que exigem calma,  paciência e almofadas nos assentos...
E como o vosso blogger anda sempre a 100 à hora , teve pena de não ter podido dar mais valor a quem o merecia.

Todavia sobrou o tempo para dar notícia da casa que nos acolheu e onde foi possível acomodar tais preciosidades com uma roda-viva de sabores com prevalência do Alentejo, mas sem exclusividade dessa província.

Desde os ovos mexidos caseiros com batata (de outra vez com cogumelos do campo), até ao arroz de coelho criado em casa, passando pela sopa de tomate, pela pescada assada no forno, não esquecendo as entradas onde sobressaíam o patê ali mesmo feito e as empadas, estaladiças e de recheio mimoso, com presunto segadinho e carne picada. A perdiz de escabeche é um monumento comparável à que se come no Oliveira, em Évora, e este é o maior elogio que lhe posso fazer.. Os pezinhos de coentrada (são desossados) e têm um paladar do paraíso!

 O "patrão" da casa  é de Murça, por isso não falta o Toucinho do Céu , vindo expressamente daquela localidade todas as semanas.

Tudo é muito bem feito. A amabilidade no trato é notória, a mão de forno e fogão está bem treinada, a matéria-prima é de grande qualidade. E há sabedoria na orientação que é dada.

O maior  problema é que se trata de um pequeno restaurante (sentará cerca de 18 ou 20 pessoas) e está sempre cheio. Marcações apenas se fazem para grupos a partir de  4 manducantes.  E mais ainda, vende para fora em take away!

A boa novidade é que a cozinha funciona sem interrupções desde as 12,00h até às 24,00h! Quem gosta de almoçar às 16,00h é bem vindo!

O "patrão", mentor , cozinheiro e gestor deste novo empreendimento é o Sr. Belarmino de Jesus, a grande alma do "Salsa e Coentros", que tendo deixado o sócio Sr. Duarte no afamado restaurante de Alvalade desceu a Av de Roma para nos deleitar com a sua arte.

E a casa chama-se: Bel'Empada, mesmo ao lado da garrafeira Napoleão da Av. de Roma, no cruzamento desta com a Av João XXI.

Venham cedo, e depois digam coisas... Admirável em vários aspectos,  qualidade soberba e preço maneirinho. Por isso recebe o "selo": Recomendadíssimo!

terça-feira, setembro 13, 2016

Regressar ao Méson Andaluz


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O Senhor Almeida é personagem importante na história da gastronomia da Costa de Lisboa. Desde a Parede até ao Cascais Shopping, e agora em Lisboa, perto da Rua do Alecrim.

O seu "Méson" foi e é uma casa de bem servir.

Mestre Almeida passou por muitos trabalhos e teve de ultrapassar muito "penedo",  nestas veredas da restauração em Portugal, sobretudo quando a aposta é em alguma coisa fora do normal: Comeres andaluzes, vinhos espanhóis, tapas e sangrias. Música ambiente destilada das tabernas ciganas de Sevilha.   Touros e toureiros nas paredes.

Debatendo-se com as dificuldades dos primeiros tempos, em que os "patas negras" entravam em Portugal disfarçados, nunca se deixando vencer pelas contrariedades, sempre arvorando a boa disposição e o sorriso cativante que o distingue.

Hoje na Travessa do Alecrim,  este restaurante teve de alterar alguma da ementa porque os clientes , em 40 anos de vida, também eles mudaram.

Por encomenda ainda se podem degustar ( en su tiempo) o "Cochinillo al horno" e o "Lacón con grelos", embora actualmente a cozinha esteja mais virada para a modernidade da sinergia dos sabores, para a composição quase japónica dos pratos e para a delicadeza da confecção.

Mas a filosofia da casa é sempre a mesma: encantar o cliente, que sai já como amigo.

Num almoço de "tapear" entreguem-se nas mãos do mestre: Comecem pelo Pata Negra ( que será dos melhores que se podem comer em Portugal). Depois é continuar:  Huevos rotos, Atum em duas texturas, Vieiras, Escalopes de foie gras, Ceviche de bacalhau...  Um queijo Manchego e ao lado o picante Cabrales.

Peçam os vinhos a copo (muitos e bons). Iniciem com uma Cava excelente e terminem com um Orujo de Hierbas ou uma aguardente "Albariña".

Grande casa e grande profissional. Recomendadíssimo!

Nota: para estacionar utilizem o parque subterrâneo em frente à Praça da Ribeira, na Praça D. Luis I. Depois é uma caminhadazita de uns 100 metros ( se forem) desde o Largo de S. Paulo até às escadinhas.

segunda-feira, setembro 12, 2016

Onde pára a Polícia?


 

Festejam-se hoje os 125 anos da criação da Polícia Municipal.

Em 1891 - ano do nascimento desta polícia - as coisas estavam meio escuras para Portugal: foi-nos servido o Ultimato por Sua Majestade Britânica, e logo de seguida o Governo da nossa Majestade , o Rei D. Carlos I, declarou Bancarrota...

Mas já havia polícia à porta da edilidade para prevenir desacatos! Foi o que nos salvou...

É engraçado pensar que qualquer destes guardas de antanho era suposto ter pêra e bigode. Quanto mais farfalhudos mais respeito deviam impor ao transeunte, fosse ele meliante ou cidadão cumpridor.

Esta Polícia Municipal tem raízes antigas, obviamente que no Corpo de Polícia Civil.  O Rei D. Luis fez publicar, em 2 de Julho de 1867, a lei que o criou em Portugal  - mas ainda mais para trás,    nos “quadrilheiros” de D. Fernando, também conhecidos nos "bas fonds" da capital  por “sisudos”, “morcegos” ou “nocturnos”, e na Guarda Real de Polícia do Intendente Pina Manique.

Sendo que se deve evitar hoje em dia chamar à autoridade "sisudo", "morcego", e nem sequer "nocturno", sob pena de sermos nós a ir passar a noite à esquadra...

Agora,  se tentarem chamar "quadrilheiro" ao guarda municipal que está a colocar a cinta da EMEL na v. viatura, embora tenham a compreensão de muita gente não se devem livrar de uma bastonada entre os olhos. Para não dizer entre os c*****, que é feio. Feia a palavra e mais feio ainda levar com um bastão nos ditos.

quarta-feira, setembro 07, 2016

Museus, Cultura, pratos e talheres



Li num estudo recente sobre o turismo nas nossas cidades (e cito de memória):
 "Na falta de Museus de referência e Eventos culturais importantes que atraiam visitantes,  as principais cidades de Portugal oferecem sobretudo a gastronomia, a hospitalidade e o tipicismo dos bairros antigos(...)".

Dá que pensar.

Lisboa não é Nova Iorque, com o MET,  e o Porto não é Bilbao, nem tem  o seu Guggenheim Museum. Em Braga não haverá todas as semanas concertos de Mozart e Strauss, como em Viena. E , para não deixar o sul apeado, em Évora não encontramos uma cena dramática tão envolvente como em Berlim.

Temos é o Jockey e a Horta dos Brunos, o Solar e o Beira Mar, mais  a Cozinha do Manel e o Abadia,  o Arcoense e o Fialho, e ainda o D. Joaquim...

Comes e bebes, fado e azulejos velhos, calçadas artísticas e mar à vista.  É só isto? Nem o MNAA, nem o Soares dos Reis? Nem a Gulbenkian? Nem a Biblioteca Joanina?

Mas depois recebemos 23 prémios no concurso internacional dos "Óscares do Turismo". Podem ler aqui:
http://www.jornaldenegocios.pt/empresas/turismo___lazer/detalhe/portugal_ganha_23_oscares_do_turismo.html

Coisa estranha... Ou talvez não.

Mas uma coisa é certa: cuidem da mesa, cuidem da restauração e da hotelaria, formem bons profissionais, cuidem dos nossos vinhos e dos nossos comeres. Disso depende grande parte da nossa  sobrevivência neste mundo do "turismo".

segunda-feira, setembro 05, 2016

Sombra de Pecado



Não está em causa o filme de Fonseca e Costa, com Mário Viegas e Vitória Abril (belo filme, aliás) mas sim o que podemos sentir quando "prevaricamos"... O remorsozinho do day after.

Eu "prevarico" sobretudo à mesa.

Alguns dos marotos habituais estarão já a pensar que deito as parceiras em cima da mesa para depois resolver o assunto daquela forma menos ortodoxa. Mas com verdade vos digo que - com o perfil, o peso e a idade que assumo -  já me custa erguer do chão o cesto da roupa para estender, quanto mais levantar assim 50 quilitos de  boa-ventura para os estender em cima de alguma mesa, mesmo que fosse baixita.

Não compadres! Aqui o problema é mesmo abusar à mesa, comendo e bebendo do que não devia.

Com o açúcar a entrar nos 110 não posso abusar de doces, nem de cerveja (que tem açúcar que se farta). E como estou a perder peso para compensar a glicémia  ( devagar, não se assustem!) de cada vez que enfio carbo-hidratos ou gordura a mais ( o queijo da serra...) sinto logo um aperto de consciência.

Sem doces passo bem. O meu doce preferido é bacalhau com grão. Agora em relação ao resto vivo intensamente o "prazer da mesa ". E como cozinho e sei o que lá ponho , a "fórmula" tem sempre a ver com o azeite extra-virgem ou a banha de porco alentejano ( margarina não existe na minha cozinha) , ainda mais "culpado" me sinto.

Quando fiz 61 anitos passei a manhã divertido a trabalhar duas pernas de borrego lá da Beira Alta. Salteei grelos de nabo, assei batatas no forno. Bebi uma bela garrafita de tinto (Montes Claros Garrafeira de 2011) e afinfei um cálice ( ou dois, ou três) de Lagavullin.

Nessa noite a "sombra do pecado" que me assolou  parecia a sombra da pirâmide de Kéops... Enorme e pesada.

Perguntarão se  dormi bem e sem indigestões, apesar da transgressão?

Pois o problema é que dormi . Mesmo bem.

A questão será mais psico-somática? Nem isso. É mesmo sentimento de culpa sem reflexo no físico.

Se ao menos me desse uma dor de barriga, já um gajo tinha mais respeito... Assim temos que nos apoiar no auto-controlo.

Mas a carne é fraca. E o peixe, e o bacalhau, e os percebes. Tudo fraco. E a lampreia? Essa então é fraquíssima...

O mundo está mal feito.

sexta-feira, setembro 02, 2016

Sobrecarga emocional



Há quem imagine ser este um país de "brandos costumes", onde a resolução de problemas de água a golpes de enxada era coisa do tempo do Júlio Dinis e da "Morgadinha dos Canaviais" , quando os camponeses andavam pouco esclarecidos e debaixo do sapato (da bota) dos feudos.

Não sei se lhes fez a mesma comichão do que a mim o caso do jovem de 14 anos agredido (assassinado) em Gondomar por outro rapaz de 16 anos, à pancada ( usando uma soqueira)? Tendo sido o móbil do crime aparentemente uma discussão por causa da namorada do primeiro?

Um  "puto" daquela idade andar já de soqueira em punho (porventura ao lado da ponta e mola, do "chino") enquanto não arranja umas massas para comprar a pistola?

Quando questionados, "amigos" de ambas as partes intuíam que "aquilo era uma coisa antiga, gangues diferentes e assim..."

Agora pomos na equação o "caso de Ponte de Sôr", onde a única coisa que se sabe mesmo é que está mais um "puto" entre a vida e a morte no Hospital.  Gente da Vila esclarece em surdina que "há gangues, há grupos. Encontram-se para se embebedar e andar á porrada...O bar já é conhecido pelo mau ambiente".

Parecem histórias do Bronx, lá das Novas Iorques...

Onde pára a polícia, GNR, Brigada de Intervenção, ou lá o que deve ser, que não fecha esses bares onde menores bebem e andam "à porrada"?  Bebem , comem, e chutam para a veia com certeza. E, nos intervalos da peça, matam-se.

Estamos civilizados demais, ao que parece. Andámos depressa desde o tempo do Júlio Dinis , e como o mundo é redondo, viemos parar ao mesmo sítio.

Quem é que quer ser Regedor desta freguesia? Pôrra Compadres!