segunda-feira, junho 30, 2014

O Petisco no Páteo

Hoje vou fazer uma cerimónia de lançamento de selos - Património da UNESCO: Muralhas e fortaleza abaluartada de Elvas - e pela primeira vez desde que a "gaja" me atacou vou agarrar no carro e fazer a viagem conduzindo.

O meu "senhorio" acompanha-me, não vá haver azar, e também levo a taleiga habitual de medicamentos no bucho e fora dele. Logo se verá e amanhã conto como foi.

Mas basta com as desgraças!!

Este fim de semana encontrámos um restaurante engraçado. Na Torre de Cascais, quase ao pé do antigo e de boa memória "O Azeite", embora para o lado contrário. Quem der as costas ao banco em cuja traseira ficava a entrada do "Azeite" ficará a olhar para a Travessa das Amoreiras a uns 100 metros. Arrumem o carro onde puderem (não é fácil) e procurem.

Chama-se "Páteo dos Petiscos" e vive sobretudo disso mesmo. Tem mesmo um pequeno Páteo onde se pode fumar - tarefa cada vez mais difícil hoje em dia para quem come fora de casa - e a carta é constituída em redor de vários petiscos ibéricos, desde os ovos rotos à moda do Lúcio (mas aqui com queijo) até aos pipis, moelas, camarões fritos, percebes, ameijoas, cogumelos salteados, tiras de choco fritas, croquetes de alheira, tiras de casca de batata, etc, etc...

A carne dos pregos também se recomenda.  E para além disso possui sempre uns pratos do dia e uns bifes tradicionais. Fazem uma boa Sangria de Espumante (tinta ou branca) e têm uma carta de vinhos limitada, mas com preços razoáveis.

É engraçado, o ambiente é bom (um pouco de "tias"), come-se bem e a bom preço,

Eu e o senhorio, com 7 ou 8 pratinhos de petiscos - incluindo camarão frito com alecrim -  e dois pregos, um balde de 8 minis (vêm mesmo num balde de gelo da Sagres) e dois Jamesons novos, pagámos menos de 25 euros por cabeça,

Quando chegar a altura da sobremesa (que dispenso, como sabem) a malta habitual começa a pedir o "IPedra"- É uma ardósia das escolas primárias, do tamanho de um IPad, assim baptizada!

É um ambiente informal mas , como disse, engraçado para uns petiscos depois da Praia.

Recomendável no seu género. Ficam aqui com as referências: https://plus.google.com/102247946184581502695/about?gl=pt&hl=pt-PT

sexta-feira, junho 27, 2014

Para Descansar a Vista

Ainda com os olhos cheios de Brasil (por entre as lágrimas ) é normal que o poema de hoje seja desse lado do Mar.

 Do mar moreno, como lhe chama o Prof. Adriano Moreira, o Atlântico que vai  de Sagres até ao Rio de Janeiro.

A revista literária Bula quis eleger os 10 maiores poemas brasileiros de todos os tempos. Eleitos por 50 convidados (escritores, poetas, jornalistas e críticos) .  Mas acabou por ter de escolher 24 poemas, aqueles que tinham todos tido mais de 3 citações dos votantes. A lista aqui fica:
A Máquina do Mundo”, “Procura da Poesia”, “Áporo” e “Flor e a Náusea”, de Carlos Drummond de Andrade; “O Cão Sem Plumas”, “Tecendo a Manhã” e “Uma Faca Só Lâmina”, de João Cabral de Melo Neto; “Invenção de Orfeu”, de Jorge de Lima; “O Inferno de Wall Street”, de Sousândrade; “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga; “Cobra Norato”, de Raul Bopp; “O Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles; “Vozes d’África”, de Castro Alves; “Vou-me Embora pra Pasárgada” e “O Cacto”, de Manuel Bandeira; “Poema Sujo” e “Uma Fotografia Aérea”, de Ferreira Gullar; “Via Láctea” e “De Volta do Baile”, de Olavo Bilac; “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias; “As Cismas do Destino” e “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos; “As Pombas”, de Raimundo Correia; “Soneto da Fi­delidade”, de Vinícius de Moraes.

De entre esses 24 escolho "O Cão sem Plumas" do grande João Cabral de Melo Neto, poeta e diplomata (também ele). Nasceu em Pernambuco em 1920, faleceu no Rio em 1999.

O Cão Sem Plumas

A cidade é passada pelo rio
como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.


O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora o ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão.


Aquele rio
era como um cão sem plumas.
Nada sabia da chuva azul,
da fonte cor-de-rosa,
da água do copo de água,
da água de cântaro,
dos peixes de água,
da brisa na água.


Sabia dos caranguejos
de lodo e ferrugem.

Sabia da lama
como de uma mucosa.

 
Devia saber dos povos.
Sabia seguramente
da mulher febril que habita as ostras.
Aquele rio
jamais se abre aos peixes,
ao brilho,
à inquietação de faca
que há nos peixes.


Jamais se abre em peixes.

João Cabral de Melo Neto

quarta-feira, junho 25, 2014

Ir de Férias sem pecar

Com o tempo "maravilhoso" que faz aqui em Portugal e no resto da Europa é normal que os cidadãos nem se preocupem muito a pensar nas suas férias.

Mas  não há mal que sempre dure, e é de esperar que o Verão finalmente se anuncie da forma habitual, com Sol e com calor.

Desta forma as férias, essa inexorável obrigação anual, terão de ser cumpridas, apesar de não serem compridas...

Questões importantes parecem ser: Para onde iremos, o que devemos valorizar na escolha do local, se levamos ou não as pendurezas mais problemáticas (mães e sogras...) etc, etc...

Para o comum lusitano que está a receber o subsídio de Natal às pinguinhas e o subsídio de férias com vários descontos (a época de saldos de salários e vencimentos ainda não acabou) as hipóteses de saída não são muito animadoras, nem variadas.

Salvam-se os que têm parentes na província. A única forma de um casal de funcionários públicos ir ao Algarve em Agosto será porque os pais de algum moram e trabalham em Aljezur (ou local parecido).

Hotéis e pensões estão postos de lado pela falta de "pilim", os parques de campismo ficam reservados de um ano para o outro, e mesmo a situação mais económica que passava pelo aluguer de um quarto com serventia de casa de banho nalguma casa particular, parece que está a cair nas malhas da fiscalidade.

Já estou a ver criar-se no âmbito da Autoridade Tributária uma nova Brigada. Nome de Código: A Brigada dos Percevejos.

Debaixo do disfarce das delegações de saúde regionais esses inspectores invadiriam as casas algarvias perto do mar  sob o pretexto de procurar percevejos nos lençóis. Mas a sua verdadeira função seria saber se o casal de "Manéis" que se deita naqueles lençóis eram verdadeiramente primos dos Açores acabados de chegar, ou veraneantes que pagam.

Eu sou apologista de que todos devemos pagar os Impostos. Tenho é dúvidas  que o custo da inspecção às camas fosse inferior aos presumíveis ganhos com a operação...

Uma dica: ali para os lados  da Luciano Cordeiro ( e não só) existem outras actividades que metem camas e lençóis e que envolvem dinheiros consideráveis. Estas actividades de carácter mais horizontal  não me parece que estejam fiscalmente impolutas...

Porque não vão os nossos inspectores passear por ali? Provavelmente porque têm medo de encontrar alguém que não lhes convenha ? (melhor dito, Alguém com "A").

Para fazer férias sem pecar (fiscalmente) só vejo duas alternativas para o gajo da classe média: Chular os parentes; veranear na sua própria sala e quarto, aproveitando para passear na cozinha...

Nota final: Em Portugal o gajo da Classe Média é mesmo só um gajo. Anda a ver se o inscrevem na lista do WWF das espécies em vias de extinção.

 Cá na Lusitânia temos 5: o Sobreiro, o Lince, a Águia Imperial, a Foca-Monge e o Saramugo.

O que é um Saramugo? Anexo a foto do compadre Saramugo (habitat no Guadiana). Parece ser um bom Companheiro , ou Camarada, ou Compincha, ou seja lá o que for actualmente politicamente correcto.

terça-feira, junho 24, 2014

À espreita do Pombo-Mocho

À espreita: Numa posição ou postura que permite estar a espreitar ou estar alerta para algo.

O magnífico cartoon de Henrique Monteiro que aqui anexo traduzia uma realidade de algum tempo atrás, quando o Rei da Selva, farto de levar com a lama nos bigodes lançada pela altaneira Águia que ia à frente, começava paulatinamente a sua caminhada para o titulo.

Todos sabemos como essa história acabou. Mas louve-se o esforço!

O país Portugal também ele parece "estar à espreita" de qualquer coisita.

À espreita da revelação do 4º segredo de Fátima (que se suspeita  que explica a forma porque os jogadores da selecção nacional caem como tordos bêbedos durante os jogos).

À espreita da definição da situação interna no PS ( que se suspeita que vai demorar até ao período eleitoral, para gáudio da malta da "situação", que morre a rir por esta dádiva dos deuses).

À espreita da recuperação económica e financeira do País (que se suspeita que acontecerá naquele lugar perdido no espaço e no tempo, onde e quando duas rectas paralelas se encontrarem).

O que acho interessante nesta analogia do "estar à espreita" de alguma coisa é a postura cautelosa e observadora . Reparem no leão, como sorrateiramente tenta aproximar-se da águia, sendo possível ler-lhe já - por detrás dos olhinhos matreiros - antecipações salivares que devem envolver  galinha frita, côxas de frango assadas no forno e similares.

A postura é tudo e tudo nos diz.

 Veja-se  Paulo Bento na última conferência de imprensa, revelando pelos ombros descaídos e pelos cautelosos termos utilizados  a descrença que lhe ia na alma. Reparem na postura do nosso Capitão, a dizer as verdades incómodas depois do último jogo...

Até pode acontecer que passemos aos Oitavos de Final!! Mas se isso  se der, será contra o próprio seleccionador e os jogadores. Vê-se bem que já ninguém na Selecção acredita.

O País está (ou esteve) todo  "À Espreita" de alguma coisa boa neste Mundial do Brasil, para compensar o que de mau por cá tem acontecido.

Mas, como acontece aos maus caçadores, desta vez saíu um pombo-mocho a toda a gente...

segunda-feira, junho 23, 2014

Nem tempo, nem modos...

A chamada "Segunda Feira de chumbo" desponta no horizonte. Daquelas em que tudo parece correr mal...

Logo a abrir o resultado de uma noite mal passada. A ciática a importunar-me, lembrando-me que não estou ainda em condições de passar 5 horas sentado à espera do jogo na TV. E para quê??!!

Mal cheguei à varanda vi que o tempo estava de "feição". Temos chuva e granizo, vento e coriscos na ementa. Belo Verão!

Depois a notícia do desaparecimento de um amigo prezado.  Um abraço sentido, de pêsames,  à família do Amigo Miguel Gaspar, grande jornalista, subdirector do "Público", que nos deixou tão cedo!

Nem a bola nos alegra...  Ainda tenho  o fim das costas a doer do fraco (fraquíssimo) jogo de ontem à noite.

Por causa disso (ou por designio celeste) não havia quase nenhuns jornais à venda no quiosque à hora do costume. Deveriam ter estado todos à espera da crónica do jogo.

Até o pequeno-almoço me soube mal.  Os pasteleiros também  estavam chateados com a "faena" do Portugal-USA.

Bem vistas as coisas, diria que é um bom dia para estar na cama. Mas com a sorte que tenho ainda era capaz de levar com o estuque do tecto em cima dos c****.

Lembram-se da anedota daquele náugrafo, numa ilha deserta, que ao fim de 40 anos a desejar mulher, viu-se finalmente invadido por uma congregação religiosa feminina completa, numa altura em que já não podia nem com uma gata pelo rabo?

Dizem as bruxas da família (tenho várias)  que a forma mais racional de ultrapassar estes dias assim, é ir devagar e devagarinho, não fazer ondas, deixar passar o vento por cima dos caracóis e, sobretudo, nunca erguer a voz mais do que o necessário.

A ideia será passarmos despercebidos aos "poderes que em tudo mandam, mas não trabalham no Goldman's Sach".

Dizendo de outra forma, ao sobrenatural não financeiro.

Vou ver se resulta. Mas o problema é que tenho alguma dificuldade em passar despercebido.

Uma questão de volume...

sexta-feira, junho 20, 2014

Para Descansar a Vista no..."novo" Galito

O Sol espera pelo fim de semana e  arreda-se do pátrio rectângulo, no Brasil tem havido borrasca nas caneleiras, pelo Iraque as coisas não melhoram, na Ucrânia só tem dado jogo do pau...

Para que é que um gajo se levanta da cama??!! Para comer. Hoje será para comer.

Depois de semanas de fastio a dar ouvidos à dor (11 kg da "embalagem" do animal  já partiram à conta disto. Que saudades...) hoje é tempo de almoçar com o meu mestre Zé e aproveitar para darmos ambos  um abraço apertado ao Amigo Henrique (do Galito) que deixou a velha locanda em Carnide e se instalou esta semana um pouco cá mais para baixo, mais perto do Colombo e do Estádio do Glorioso.

Nova morada: Rua Adelaide Cabete, nº 7 D.
Como chegar:  Indo da Igreja da Luz para o Shopping e Estádio da Luz, através da Av. do Colégio Militar , viramos na segunda à direita. 100 metros sempre em frente temos o novo Galito. De carro são 3 ou 4 minutos de caminho entre este novo local e o antigo.

Boa sorte amigos!  Que bem merecem!

Para dar envolvimento poético a este acontecimento evoco António Raimundo de Bulhão Pato, o nosso "poeta gastrónomo".

Por acaso deve ter sido melhor gastrónomo que poeta, mas isso sou eu que o digo (sem saber para tanto).

IMPROVISO
Porque languida essa frente
Descai, quando a tarde espira?
Porque nesse olhar dormente
Tua alma ingenua suspira?

Porque? ai! porque? responde;
Que se amor do ceo procura,
Eil-o; em meu peito se esconde;
Vive, é teu, tens a ventura!

Verás como então brilhante,
Seduz, toma vida, inspira,
Esse teu bello semblante,
Que apenas hoje se admira!

Ilha da Madeira—Novembro de 1850.
Bulhão Pato

quarta-feira, junho 18, 2014

A insónia

Nunca deixei de dormir umas sete horitas por noite, embalado pela escolha do meu "local de conforto", sítio mais ou menos secreto que me ensinaram a "desenhar" no subconsciente antes de me entregar aos braços de Morfeu, ou de Baco, ou de outro parecido.

Ultimamente, com a impossibilidade de cruzar as pernas (devia dizer, os postes de electricidade) por causa da "coisa" , o sono anda arredio. Coisa simples, pôr as pernas em cima uma da outra e que não deveria atrasar o sono a ninguém, não é? Então esta noite tentem dormir só (enfâse no "apenas", "somente") de papo para o ar, sem se poderem virar.

Nota: Meti na cabeça que deixando de utilizar o nome da "bicha" a gaja se canse de ser ignorada e baze. "Coisa" é um termo clássico de ambiguamento.  É um bom nome para aquelas coisas que não são peixe nem carne..., o mesmo que os italianos usavam para definir o "estranho" Partido Comunista lá da Bota  - "La Cosa".

Como não quero enfardar ainda mais comprimidos em cima do balde de 5 litros que já engulo diariamente, o resultado é estar agora mais ou menos dependente da radio (via Iphone) e dos programas que se debitam pelas horas caladas.

Não imaginam o que se apanha em estações de radio mais ou menos "populares". Sobretudo as que metem os telefonemas dos ouvintes. Às vezes dá-me vontade de rir com o ridículo das situações, outras dá-me vontade de chorar com a desgraça que se derrama por aquela via.

Porque é que ouço essas coisas? Para ver se me dá o sono.

Nem sempre resulta. Vou ter de  descarregar para o MP3  um daqueles CD que existem nos aviões para pôr a "manada" a ressonar.

O problema é que lá no avião essa receita funciona bem mas só depois de 2 ou 3 whiskizitos para "acamar"... E já perdi esse hábito. Pelo menos em parte.

Nada a fazer senão aguentar a insónia e contar ovelhas. O que vale é que durmo (melhor, ocupo a cama) sozinho.

terça-feira, junho 17, 2014

Carraspana de uma tarde tropical

A  tarde de ontem podia ter sido pior.

Normalmente a terapia positiva para encarar os sintomas de stress consiste em imaginar cenários ainda piores ao que se concretizou.

Perdemos por 4 a 0 com a Alemanha. E depois? Podia ser Pior!

Suponha-se que o preparador físico da selecção se tinha enganado e durante uma noite de vertigem com uma morena trocou os garrafões e encheu as garrafas de água energética dos jogadores com caipirinhas...

Aos 10 minutos o João Pereira começou a sentir uns "calores esquisitos" e agarrou-se desesperadamente ao Götze, dizendo que "um gajo não é de ferro!".

Logo aos 37 minutos de jogo o Pepe mijava para cima das botas "Nike" do Müller, desculpando-se que "não havia pausas técnicas".

De seguida o Raul Meireles, que foi o que se tinha hidratado mais, vomitava para cima do árbitro e, admirado com a reacção deste, pôs-lhe os cornos, queixando-se amargamente da falta de "hair stylists" lá na Turquia.

O Patrício ressonava agarrado a um dos postes, O Coentrão agarrou na bola com as mãos e desatou a correr para fora do campo. Até hoje mais ninguém o viu...

O Mister Bento, nervoso demais para beber, repetia o seu mote preferido:

-"Para assistir a grandes espectáculos, vou ao cinema!  Este filme é pior que o Godzilla, Pôrra!"

Já desconfiados o Ozïl e o Hummels tiraram a garrafa das mãos do Moutinho e provaram. 5 minutos depois estavam a perguntar ao banco de Portugal "se não tinham com  Erdigen ou König sff?".

O Cristiano despiu-se e mandava ostensivamente descer as "fãs" das bancadas, com gestos autoritários.

No meio desta cegada a Alemanha ia marcando...

Como eu disse ao princípio, podia ter sido pior!

E agora?

 E agora a Europa pôe as prostitutas a render! (artigo de Pedro Tadeu no DN de hoje).
 Leiam aqui sff:
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3975241&seccao=Pedro%20Tadeu&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco

Peço desculpa, mas como estou a fazer duas coisas ao mesmo tempo, enganei-me...É o multitasking...

Repito:

E Agora?

- "Corram malandros que  estão aí para isso!!"

Ou coisa parecida.

Haja esperança. E mesmo que a coisa acabe mal,  temos o aspecto positivo: Se vier a selecção mais depressa para casa ganham os clubes! É mais tempo de descanso para os seus jogadores.

Bem vistas as coisas, esta é uma grande vantagem! Para os Campeonatos de França, Turquia, Inglaterra, Espanha, Rússia e...Portugal.

É a vida. É a internacionalização. É a Troika.

Que se  lixe a Troika caraças! C*** desses alemães!

segunda-feira, junho 16, 2014

A Espuma dos Dias

Começo pelo Mundial com umas notas soltas.

 Está bonita a festa pá!

Boas entradas da Holanda, França, Argentina, Suiça, Costa Rica, Itália, México, Colômbia e Chile. O Brasil tem que fazer mais para merecer ficar com a Copa. Gostei (só um bocadinho...) dos 5 a 1 com que a Holanda "brindou" nuestros hermanos" :):):) Não gostei do Uruguay (Maxi, acalma-te pá!). Mas o pior mesmo tem sido a arbitragem, que está pelas ruas da amargura.

 E hoje se verá o que vai acontecer. Com a "raiva" a alguns alemães pelo que nos fizeram, a vontade era que houvesse outra chapa "5" a nosso favor... Mas sonhamos.
E como não consta que os nossos jogadores  tenham sofrido muito com a crise, se calhar nem lhes chega ao coração este irracional "rancor"...

Aqui na Lusitânia os "futebóis" são os Santos Populares.

Viva Alfama! Pela segunda vez ganhou o campeonato das Marchas!  Sempre gostei de Alfama. Quando era universitário, em  "puto",  ia para lá estudar, para a casa da minha colega Isabel. Depois, já Assistente na mesma Universidade,  numa fase em que gostava do ambiente mais boémio , do fado e dos cavalos, muitas noites de Sexta e Sábado passei por lá.

Que saudades desses tempos e da Rua das Escolas Gerais...Há mais de 30 anos fui muito feliz para aqueles lados, história que um dia poderei contar (antes que morra).

Mais perto da actualidade passávamos muitas vezes à noite pela Maria Jô-Jô, na Taverna d'El-Rey, para concluir alguma jantarada mais bem "aviada".  Um grupo magnífico, que ainda hoje se mantém vivo e adorando estes convívios!

 Mesmo hoje é possível apanhar a tipicidade do velho bairro.  Sem esquecer a Taverna D'El Rey, vão inspeccionar também a Tasquinha do Vadio, ou a  Tasca do Jaime, um pouco lá mais para cima  (Largo da Graça) bem assim como  outras "capelas" do verdadeiro fado boémio e vadio.

E como no Dia do Santo António não debitei Poema (estava mesmo sem vontade de deixar a "horizontal") aqui deixo hoje as primeiras estrofes que ao Santo dedicou Fernando Pessoa, na sua écloga com o mesmo nome:

Santo António

Nasci exactamente no teu dia —
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir...

Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!
Santo António, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Católico, apostólico e romano.

(Reflecti.
Os cravos de papel creio que são
Mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João...
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)

Fernando Pessoa

Nota Sanitária: Prometi que mais nada diria aqui sobre a minha condição física, mas tanta gente ( e boa) tem perguntado pela minha saúde que transformo-me hoje em "relapso.

 Armei-me em "campeão" deixei de tomar medicamentos por 3 dias e...piorou. Como me dizia o único médico em quem confio para estes achaques, referindo-se à dor ciática:

- "Vai-te habituando a conviver com a gaja, porque estas m**** normalmente vêm para ficar".

Ainda se fosse a habituar-me a viver com a Mila Kunis (foto ao lado)... A isso é que eu me podia habituar! Pelo menos enquanto durasse o "gasoil", porque quando este acabasse, chauzinho Mila, muito obrigadinho e desculpa qualquer coisinha...

quinta-feira, junho 12, 2014

Começa a Feira

No país do futebol, onde o samba serve para acompanhar as alegrias das vitórias e o "chorinho" para ajudar a passar a tristeza das derrotas (mais a bela cachaça), começa hoje a maior das feiras de vaidades do planeta: o Campeonato do Mundo de Futebol FIFA 2014.

Por estranho capricho dos deuses parece que o "povão" brasileiro não tem aderido à Copa da maneira entusiástica que era esperada.

As manifestações e os protestos de cariz social sucedem-se, os "sindicatos de interesses" estão na rua, a classe média a quem o Presidente Lula deu pernas para andar e cotos de asas para aprender a voar, começa a esticar esses cotos de asas e repara - tal como as galinhas e perus domésticos - que  o "material" fornecido é mais para mostrar, ver e ser visto, do que propriamente para o serviço...

Nota: Segundo algumas mulheres,  o mesmo acontece a certos apetrechos penduratórios avantajados da anatomia masculina. Mas adiante que não estamos em Amarante.

E em função dessas constatações politicas e sociais em redor  do Mundial, aparece a interrogação:

-" Não se encontraria melhor aplicação para gastar os dinheiros da Copa?"

Serão cerca de 9,3 mil milhões de euros... daria concerteza para fazer algumas flores na Educação, Saneamento Básico, Assistência Social, Assistência Médica. 

Apenas para termo de comparação, o nosso Euro 2004 (quantas vezes também criticado) andou pelos 800 milhões de euros, e com esse dinheiro faríamos outra vez a Ponte Vasco da Gama e mais uns bons km de auto-estrada  (que é o que mais falta faz por cá, no burgo luso).

Estou porém convencido que em começando os jogos - a partir de hoje -  o ADN do povo brasileiro deve vir ao de cima, o entusiasmo pela "redondinha" e seus "castigadores" predominará e será a fúria de ver futebol e de ver a Selecção canarinha ganhar que substituirá a fúria social dos despojados.

Tal como no Carnaval, onde,  segundo dizem os entendidos "Até pilantra, malandro e safado metem feriado".

Não sei se será assim que vai acontecer.  Espero que tudo corra bem e com sorte para Portugal. Porque, como dizia o "papa" Pinto (da Costa):

- " Para ganhar alguma coisa no futebol tens de ter boa equipa, bom treinador, ordenados em dia, bom árbitro e uma pontinha de sorte... De nada serve o Árbitro marcar penalty a teu favor se o jogador atirar à barra..."

E nisto pelo menos tinha ( e tem) o Homem razão.

Prá Frente Selecção!

Lá para o meio de Julho recomeçamos a falar das coisas sérias. Tanto aqui , em Portugal, como no Brasil...

quarta-feira, junho 11, 2014

Os Chiliques e outros "desarranjos" nervosos

No dia 10 de Junho pudemos todos presenciar um "chilique" presidencial.

Trata-se de um tipo de ataque nervoso sem razão aparente; um fricote (como diriam os irmãos brasileiros). Uma ausência (momentânea) dos sentidos com uma perda temporária das forças físicas. Um desfalecimento.

A mesma personagem "chilicou" antes.  Nos tempos antigos em que todos tinhamos  alguma medida de felicidade - falo de 1995, na tomada de posse do Engº Antonio Guterres -   o Prof. Cavaco Silva tambem desmaiara.

Nada de grave. O sintoma do nervo vagal acontece a todos. Normalmente por causa da subida dos niveis de ansiedade. E, aqui em confidência, não acham que o nosso Presidente devia estar mais habituado a apupos e a criticas nesta altura do campeonato?

Não deveriam ser umas dezenas de manifestantes, a cumprir o seu dever civico, que o impressionariam. Mas foram.

Eu não sou dado a "chiliques". Deve ser da compleição. Do volume medido em metros cubicos...

Quando me enervo e começo a perceber que estou a ficar mais ansioso do que seria  o normal, a consequência  passa sempre pela diarreia.

Diarreia verbal malta!! Nada que meta idas à privada!!

 Não consigo parar de falar! Os que me rodeiam ficam incomodados com o ruìdo da minha voz. Ao fim de algum tempo, ela ( a voz) assemelha-se  àquela "musica de elevador" que nos entra nos ouvidos sem darmos por isso e  sem percebermos  nem quem canta , nem o que cantam...

Uma "coisa"  em que fico cada vez mais semelhante ao  estimado "El Comandante" Fidel nos tempos da sua desbunda discursal.

O homem aguentava falar durante horas a fio! E bateu o seu próprio recorde em 1998, altura em que falou em pé durante 7h15m seguidas e sem descansar. Isso mesmo - sete horas e quinze minutos de falança!

Quando perguntaram a um ouvinte (que não se atreveu a levantar o c* da cadeira durante aquela maratona) o que tinha dito Fidel, este respondeu:

-" Hablò mucho y muy bien! De Cuba y del mondo todo! No faltou ninguna natiòn!"

Pudera!

Quando Fidel se dirigiu  à Tribuna da Assembleia da Organização das Nações Unidas, havia na plateia uma enorme expectativa para saber como o orador, que gostava de falar tanto, poderia restringir o seu  "parlapiè"  ao tempo máximo determinado de cinco minutos.

O nosso cubano, ao chegar diante do público e ao deparar-se com a lâmpada amarela localizada sobre a tribuna, com a finalidade de indicar que o tempo do discurso se esgotava, retirou um lenço branco do bolso e  tapou-a ostensivamente. Pôs toda a gente a rir!

Antes isso que um "Chilique"!

segunda-feira, junho 09, 2014

O Regresso do Camelo

O camelo de três pernas regressou de Rabat.

Não devem supor os leitores que a terceira perna seja uma referência despudorada e algo exagerada de um gajo à beira da terceira idade, referindo-se ao próprio corpo com traços de ironia (ou oculta função publicitária subliminar). Nada disso malta! A "terceira" perna é mesmo a velha bengala que me acompanhou na viagem tendo regressado ao lado do dono.

E que jeito me deu! Logo nos aeroportos tinha prioridade em tudo. Chegava à sala de embarque e toda a gente se levantava para me dar lugar... Em Rabat mal me viram os c**** dos meus colegas parisienses, perdidos de riso,  começaram todos a gritar "Place! Place! Place pour l'invalide!!".

Mas foi engraçado. Dorzinhas à parte.  Eu já não falava francês em público há mais de 5 anos. Imaginem ter de aguentar duas conferências de uma hora e meia cada uma, na maioria das vezes falando de improviso. E sem esquecer  a resposta às questões...

O que me valeu foi que a linguagem de muitos colegas era o árabe e o tempo que levava a tradução sempre me dava mais uns minutos a mim para ir preparando o "français de valise de carton" com que me apresentei.

Na altura em que já estava a falar outra vez  "comme il faut", arrumei a mala e vi-me embora. É sempre assim...

Da conferência - dedicada ao mundo árabe de influência francesa -  guardo a tremenda apresentação do colega do Líbano, onde os serviços postais e a filatelia tiveram de ser montados outra vez de raiz depois da guerra civil que trucidou todas as infraestruturas do país.

Do ponto de vista das "novidades" temos que reconhecer que a Realidade Aumentada está a conquistar todas as filatelias do mundo. Nós, aqui em Portugal, desenvolvemos os primeiros algoritmos de reconhecimento de imagem bidimensional em 2012, logo depois do Reino Unido e os Países Baixos, mas hoje em dia já quase toda a gente por ali anda.

Na gastronomia de Marrocos deixo um apontamento breve (comi fora por duas ou três vezes apenas, e em locais sempre escolhidos pelos anfitriões).

Parece-me haver um certo abuso do açucar e da canela em tudo - mesmo na confecção dos pratos principais. A mais conhecida preparação de origem berbere é a "Tajine", uma espécie de guisado lento feito com carnes  de vaca ou de carneiro e com legumes locais (lentilhas, feijão). Muitas vezes acompanhada por  alperces secos, tâmaras ou figos. A "Tajine" pode (ou não) incorporar "Couscous" (grãos de sêmola de trigo duro).

As batatas assadas são servidas à parte e parecem ser um "frete" que é feito aos estrangeiros que perguntam pelo acompanhamento. 

As saladas de entrada são obrigatórias e muito variadas. Legumes crus partidos em juliana e bem temperados com azeite e vinagre: palmitos, pimentos, pepinos, tomates pequenos, passas de uva, amendoas e avelâs. Encontramos a nossa salada de atum de conserva e falaram-me de sardinhas, fritas ou assadas como prato típico do Magreb (costeiro) também. Mas essas não as vislumbrei...

Uma coisa é certa e ficou comprovada: a afamada hospitalidade do Magreb não é conversa fiada. Mesmo dando de barato que estávamos entre pessoas do mesmo ofício, e que todos nos conhecíamos , a esplendorosa recepção dos amigos marroquinos ficará na memória.

Chucran! Salaam Aleikum Nadeem!

segunda-feira, junho 02, 2014

De partida para Rabat

O gozo que os leitores devem  fazer com o nome da capital do reino de Marrocos ecoa já nos meus ouvidos em antecipação. Mas como não fui eu que assim nomeei a antiga cidade imperial, tenham paciência.
O nome da cidade (do século XII ou ainda mais antiga) parece que poderá ter origem num vocábulo  beduíno que significava  "lugar onde se prendem os cavalos"  . Para outros autores, Rabat era o nome que se dava a uma fortaleza...
Seja lá o que for, é mesmo para aí que vou.

E vou fazer o quê? Vou fazer duas conferências sobre a minha filatelia. Uma será  sobre as formas de "seduzir a juventude" para esta actividade, e a outra sobre a "inovação na aproximação ao mercado".

Agora, imaginemos um tanso que vai a Rabat falar de sedução da juventude... Dá um mau aspecto do caraças! Na língua portuguesa.

Em Casablanca, onde o aeroplano me deixará,  não terei tempo de ir à procura do Rick's Café, inaugurado há 10 anos para recriar a atmosfera do mítico filme, um dos mais amados aqui do vosso Blogger,  com Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. E tenho pena...

Mas posso recriar a famosa última cena do filme, passada lá mesmo nesse aeroporto, com o Avião para Lisboa já com as hélices a rodar...

"Teremos sempre Paris".

Parto hoje e chegarei na Quinta Feira. Vou trazer novas do Magreb, das intervenções na conferência organizada pela UPU, e do que se comer por lá (beber não me parece...).

E como a "entrada" dos portugueses  em Ceuta - "Ruços Além!" - já fará 600 anos em 2015, a bem dizer posso ir já "apalpando" como os transeuntes marroquinos encaram a possível celebração do evento...

Desde que os persas desejaram comemorar a tomada de Ormuz por Afonso de Albuquerque, apesar das orelhas e dos narizes cortados, já espero qualquer coisa neste mundo esquisito.

Até Sexta feira despeço-me dos leitores com Amizade!