segunda-feira, novembro 19, 2007

A mania dos Consultores


Fui apanhado de surpresa pela crónica do Arqº. José António Saraiva no Semanário que dirige.

Era sobre os Consultores – no caso vertente daqueles que fazem consultoria sobre Comunicação Social escrita ou não. Na opinião do Senhor Director qualquer Empresa de Comunicação Social que, nos últimos anos, tivesse feito apelo a uma Consultoria e lhe tivesse seguido os ditames, estava muito pior do que antes da “consulta”. E dava exemplos: O Correio da Manhã, a SIC, o Expresso, etc…

Normalmente não gosto de ler o Arqº. Saraiva. Tem duas páginas do Sol reservadas para ele e nelas expõe pormenores da sua vida pessoal ou do seu percurso como jornalista e director de jornais como se fossem crónicas que realmente interessassem ao Leitor .

Parece ser (porque não o conheço pessoalmente fica o “parece”) pessoa bastante “cheia de si própria” e até com alguns tiques de “Adónis da escrita”, remirando-se eternamente num espelho das suas próprias vaidades sem ligar ao que o comum dos mortais possa vir a pensar de semelhante ( e, digamos, tão estranho,) comportamento.

Mas vi-me a concordar com ele e com a sua posição de desconfiança face à vaga de consultadorias e de assessorias que parece ultimamente enxamear as nossas empresas e até o próprio Governo.

O “Mestre Mocho” como o consultor é muitas vezes conhecido , traz para a empresa que vem ajudar um conhecimento limitadíssimo da sua história e do seu percurso, apoia-se geralmente nos quadros da mesma empresa – a quem espreme miseravelmente para obter os dados de que necessita – faz o seu relatório apoiado pelos “alinhamentos “ de outros relatórios feitos em Londres ou em Paris pelos Consultores da Empresa-Mãe que já trabalharam em firmas do mesmo ramo e, no final, mete ao bolso umas centenas de milhares de €…

Nada mal, não acham?

Então porque é que se continuam a dar tão bem, em Portugal e noutros países, estas “aves de arribação”?

Só vou elencar as “razões malditas”, pois acho que todos sabemos os motivos plausíveis para estas contratações, que têm sempre mais ou menos a ver com “uma visão mais fresca e independente, de fora para dentro, sem vícios de antiguidade etc, etc, etc”.

Hipótese 1 – Servem para desculpar ou justificar decisões de gestão pouco pacíficas. São a “desculpa” dos erros de gestão ou das “decisões de gestão por motivos políticos”.

Hipótese 2 – Contribuem valentemente para o financiamento dos Partidos (dos Partidos que montam Governo, entenda-se, não dos “Verdes” ou do “BE”) e por isso há necessidade que “o trabalhinho não lhes falte…” para que nunca se arrependam da boa acção.

Hipótese 3 – Constituiriam formas alternativas de aumentar os rendimentos dos gestores que a eles fazem apelo (como não sei, apenas desconfio).

Escolham os meus leitores a explicação ( ou o Mix delas) que acham mais verosímil .

Nenhum comentário: