quarta-feira, novembro 28, 2007

E Finalmente o Selo de Cortiça

Nas palavras do Amigo Teixeira Gomes, "redactor encartado" dos serviços de filatelia::


É um facto que um selo vale mais que mil palavras.

Mas também podemos acrescentar que motiva uma pluralidade de emoções.

Este selo de, e sobre, a cortiça é um manifesto exemplo disso.

Porque quem diz cortiça, diz Portugal, líder mundial na investigação, produção e transformação da casca do sobreiro.

Basta referir que 80 por cento das rolhas consumidas em todo o mundo são de produção nacional. Para já não falar das aplicações “hightech” do mesmo material que felizmente se têm, também elas, multiplicado.

Mas, como acontece amiúde com factos tomados como adquiridos desde há muito, raramente esta posição de vanguarda do nosso país neste sector vem à ribalta.

E todavia todos estamos cientes de que os tempos depressa deixam de correr de feição para quem adormece na almofada dos sucessos…

Por isso, ainda mais pertinente e merecedora do maior aplauso foi a aprovação por todos os partidos políticos com assento na Assembleia da República de uma resolução com a vista à defesa do montado e à valorização da fileira da cortiça.

Foi na sequência desta deliberação que o Parlamento e o seu Presidente sugeriram aos CTT a realização de um selo que promovesse a necessidade de preservar os ecossistemas do sobreiro e a valorizar o sector corticeiro.

Uma solicitação que a empresa desde logo acarinhou pois o selo é visto pelos Correios, precisamente, como uma expressão gráfica dos nossos bens patrimoniais e um mensageiro privilegiado dos temas que nele são focados.

Além disso, a política filatélica dos CTT tem-se pautado por uma estreita consonância com todos os interesses nacionais.

E esta tem sido concretizada através da evocação de factos e feitos relevantes do passado e do presente, da divulgação de campanhas de teor social ou de alerta para a necessidade da preservação da natureza.

Por outro lado, no aspecto estritamente filatélico, os prémios que têm sido atribuídos aos CTT pelos seus pares, a atenção com que são ouvidos em todos os fóruns internacionais e a aceitação e valorização dos selos que lançam em cada ano no mercado mundial, conquistaram e consolidaram um prestígio que lhes acarreta as inerentes responsabilidades.

Apesar das especificidades do mundo do selo e das obrigações éticas e deontológicas que a filatelia portuguesa impôs a si própria, a decisão de fazer uma emissão alusiva ao montado e ao sector corticeiro contemplou, desde logo, a possibilidade de se fazer um selo de cortiça.

Uma ideia no mínimo invulgar e de alto risco se se tiver em conta o normal conservadorismo dos agentes filatélicos, tal como não pode deixar de ser, pois os selos são objectos de valor e transaccionáveis em qualquer parte do mundo

Os CTT são hoje uma Empresa moderna. E por demais atenta à necessidade imperiosa de evoluir. Essa evolução, não apenas através de meros “aggiornamentos” mas de modernizações estruturais, acaba por ter reflexos em todas as áreas da empresa onde se tem reafirmado uma cultura de querer fazer cada vez mais e melhor. E também na Filatelia.

A emissão de um selo de cortiça poderá parecer uma ideia um tanto ou quanto extravagante e pouco viável. Pelo menos a nós assim nos pareceu quando agarrámos neste projecto.

Mas, resolvidos os problemas iniciais, iniciada uma linha de rumo e encontradas as necessárias soluções técnicas, aliadas à mestria do escultor João Machado, da Casa Impressora CARTOR e de todos os que contribuíram para a realização desta aventura, fica-se surpreendido, afinal, com a «normalidade» deste selo original que não deixa de ser também, a todos os títulos, invulgar.

Fazer um selo de cortiça é uma novidade mundial, com a chancela dos CTT Correios de Portugal, que terá inequívocas repercussões e fará ressoar a evocação do sector corticeiro português em todo o mundo filatélico.

Em boa hora o conseguimos realizar.

E eu não diria melhor... Bom proveito porque esta é uma das tais emissões que ...antes de o ser já o era (esgotada, claro está).


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