sexta-feira, maio 05, 2006

Méson Andaluz: O "Outro" Leitão da Península



Tudo começou na Parede, localidade onde o Sr. Almeida abriu, já nos anos 80, uma "Barra Andaluza" que rapidamente se tornou conhecida pela qualidade dos pratinhos que servia, pela escolha criteriosa dos Vinhos - com relevo para uma oferta de vinhos espanhóis que não tinha paralelo neste rectângulo - pela simpatia transbordante do acolhimento e, talvez o mais importante, pela magnífica qualidade do Presunto Pata Negra que ali era servido.

Histórias desse tempo, e de como o Sr. Almeida passava as fronteiras com as "violas" dos Patas Negras escondidas na sua velha carrinha dariam para escrever vários deste Posts...

O casamento com uma Senhora Andaluza , mas também o gosto pelo descobrimento de uma gastronomia ao mesmo tempo tão perto e tão longe de nós - perto pela distância e longe pela vontade de alguns - fez com que o Proprietário não mais parasse a sua demanda de bons produtos e de bem servir.

De tal forma que o pequeno espaço na Parede se revelou demasiado acanhado para tanta Clientela que vinha "de ouvido", e era mister mudar de ares.

Assim se instalou esta Casa no Cascais Shopping - em Alcabideche - onde cedo se veio a revelar um "asset" seguro para os Gestores do Empreendimento. De tal forma que conseguiram mudar o Sr. Almeida mais o Méson de um canto, perto das casas de banho gerais do Shopping, para um novo espaço com entrada independente para o Terraço virado à Serra de Sintra, com instalações sanitárias próprias e de todo em todo bem mais condizente com a categoria da Restauração ali praticada.

Almeida entretanto adquiriu um Monte no Alentejo onde cedo começou a criar Borregos, Porcos Ibéricos e Vitelas para dar aos seus Clientes do Méson.

Chegou a fazer os seus próprios Presuntos, e com um êxito assinalável! Infelizmente a burocracia típica deste País - que impede os audazes de trabalhar e facilita a vida aos indolentes - nunca o ajudou nestas aventuras.

Bem, vamos agora a provas práticas! O que se come no Méson?

Comida de Temporada, tal como o velho e apreciado Lacón com Grelos ou a Fabada Asturiana no Inverno, mas também as Perdizes , a Lampreia e o Sável na Primavera e sempre Peixe Fresco para grelhar (normalmente Garoupa ou Cherne) .

Para o Verão escolhem-se - há todo o ano mas apetecem mais no Verão - as entradas frias de Barra, com relevo para o Pulpo de Féria, as Ovas, e as diversas saladas. Em quente e para apetites mais discretos temos os Cogumelos com presunto, os Pimentos de Padróne, os Pimentos recheados com bacalhau ou até uma Tortilha feita ao momento.

Para desenjoar existem sempre como alternativa as Paelhas, ou as Paletas de Cabrito assadas no forno com alecrim.

Mas, ao entrar convém senpre espreitar para ver se está a saír algum "Cochinilho" dos fornos da cozinha: o célebre assado de leitão-infante lechal (ou quase) que é justamente celebrado em Segóvia!!

Apenas levemente temperado com alho , louro e sal este Leitãozinho assado vale pela qualidade da matéria-prima e também, obviamente, pela arte do assador.

Na maior parte das vezes os Leitões que comemos no Méson são criados pelo Sr. Almeida, o que dá logo outras garantias.

Esta é uma casa onde a Carta de Vinhos deveria constituir estudo obrigatório em todas as escolas de Hotelaria de Portugal.

Completa, sempre com as últimas novidades, mas a preços que podemos considerar discretíssimos se os compararmos com as ofertas de outros restaurantes.

O segredo é simples: O Sr. Almeida prefere comprar poucas garrafas e ... esgotá-las rapidamente vendendo-as a preços razoáveis do que fazer "cave" que não consegue escoar. E tem razão!

Quanto a preços, vou dar como exemplo:

Cinco convivas de alto gabarito (a comer, a beber e como conhecedores não conheço melhores...).

Uma garrafa de "Cava" Catalã para começar.

Prato grande de fabuloso Pata Negra (com denominação de origem e nome do produtor) .

Entradas frias da Barra e quentes (cogumelos com presunto, pimentos Padrón e Pimentos recheados) para todos.

Como prato principal um Cochinilho inteiro (e não é muito...).

Em vinhos beberam-se mais duas garrafas de Albarinho Rias Bajas e outras duas de Tinto Pesquera Ribera del Duero (recomendação do Sr. Almeida).

Cafés e digestivos (o poderoso Lagavullin é aqui de rigor) para todos.

Paguei €250 e achei barato para o que se comeu mas também (e sobretudo) para o que se bebeu.

Obrigado Amigo e Sr. Almeida que faz o favor de estar situado a 10 minutos de minha casa!

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