Não estão os portugueses habituados a cenas de expiação mais ou menos públicas.
E penso que ainda bem.
Nos USA fazem-se destas cenas autênticos espectáculos de televisão que atraem multidões e ensopam os lenços de milhões de americanos, encantados com as peripécias do "vilão" arrependido que se confessa em directo mesmo de frente para as câmaras...
Vem isto a propósito da polémica que tem envolvido a atleta norte-americana Marion Jones, obrigada a devolver as 5 Medalhas ganhas nos Jogos Olímpicos de 2000, após admitir o uso extensivo de esteróides na sua preparação para a competição.
Marion Jones - e aqui está a novidade - vai cumprir 6 meses de prisão efectiva por ter primeiro negado a um tribunal federal o consumo dessas substâncias anabolizantes...
Na TV o bom Povo americano ter-lhe-á perdoado, com choro e ranger de dentes à mistura, num programa que foi top de visionamentos... Mas a justiça Federal não vai assim em cantigas.
Vais para a "Prisa" que é para aprenderes a não mentir ao Juiz!
E então cá no burgo? Já terá sido alguém preso por estes motivos? Mentir ao tribunal?
Ainda se lembram do processo Casa Pia?
Oh Diabo, de que fui eu agora falar aqui...
Então uma coisinha praticamente enterrada no esquecimento...
Qual "caso"??!! Qual "Casa Pia" ??!! Está a justiça a seguir os seus trâmites e tenham mas é paciência que isto ainda não é terra de Yanques!
Para o bem e para o mal (digo eu...)
Um comentário:
Caro Raúl enontrei um texto que acho interessante.
Do saramago, que consta nos dicionários dos vários autores e editoras que consultei, dizem os mesmos, resumindo, que se trata de uma planta comestível; e da cangarinha, que não consta de todos aqueles dicionários, que se trata de um cardo frequente em Portugal, também conhecido por cardo-de-ouro.
Ora, no Pombalinho, tão comestível era o saramago como a cangarinha. Isto, se cangarinha, segundo os dicionários, é a mesma planta, e tudo me leva a crer que sim, a que no Pombalinho, provavelmente por corruptela, chamávamos cagarrinha.
O certo é que tanto um como a outra vinham em boa altura, porque vinham no tempo em que o dinheiro era ainda mais escasso que no resto do ano. Ou seja: vinham no inverno, quando, não só por causa das cheias, mas também por essa ser, já de si, uma época em que a actividade agrícola abrandava, muitos camponeses às vezes ficavam semanas sem trabalho.
Deitava-se então mão ao saramago e à cangarinha, que despontavam sobretudo nas terras semeadas de trigo. Os proprietários não se opunham. Tratando-se de ervas daninhas, até lhes dava jeito. Já ficava menos erva para mondar, mais um trabalho que eu fiz, tinha doze ou treze anos, metido num rancho de mulheres. Hoje, com os herbicidas, já não há mondas, naturalmente. E saramagos? E cangarinhas? Ainda haverá? No prato dos pobres, pelo menos, o mais certo é já não haver. Pobres que, de resto, e falando dos da minha terra em particular, são hoje, e ainda bem que assim é, muito menos pobres, Quanto mais não seja devido à assistência social de que actualmente fruem e que naqueles tempos, com excepção de consulta médica duas ou três vezes por semana, na Casa do Povo, para os sócios e familiares de si dependentes, era igual a zero. Note-se que como sócios da Casa do Povo só eram admitidos os trabalhadores rurais, terminologia oficial, ao tempo, para os mais vulgarmente chamados trabalhadores do campo, e que a quota mensal era de 3$00 (três escudos). Significa isso que os operários não eram aceites como sócios, não beneficiando, por conseguinte, da referida assistência médica.
Os saramagos substituíam as couves e os nabos. Muito simples, portanto. As cangarinhas não substituíam nada, acho eu. Como dizem os dicionários, trata-se de um cardo. E os cardos têm espinhos. Mesmo sendo de ouro, como, segundo ainda os dicionários, se chama a este. Por isso, ripava-se a nervura central das folhas, a qual era depois cortada em bocadinhos e cozida com feijão branco e chispe ou orelha de porco. Fazia um belo prato. Só que um bocado mais caro, por causa da carne. Por isso, e creio que também por ser precisa muita cangarinha para uma só refeição, comia-se muito menos vezes cangarinhas que saramagos.
Falando em saramagos, não pode deixar de vir à baila a história do José Saramago. Como ele próprio tem dado a conhecer, Saramago era alcunha da família paterna, tendo passado, nele, por lapso do empregado do registo civil que tratou do seu registo de nascimento, a apelido. Os restantes Saramagos da Azinhaga continuaram a sê-lo por alcunha e, muito provavelmente, a passarem a alcunha aos filhos.
O mais interessante, porém, e por isso este intróito a propósito da família Saramago, é que também havia, na Azinhaga, pelo menos um Cagarrinha (neste caso mantenho a corruptela, já que era assim mesmo que chamávamos àquele companheiro).
Sim, companheiro, o Cagarrinha, tanto como um dos Saramagos, o João, salvo erro. Companheiros, umas vezes, e outras adversários. Com efeito, houve um tempo em que jogámos os três na mesma equipa de futebol, a da Azinhaga, num campeonato da FNAT ( Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho). Como o Pombalinho não tinha uma equipa de futebol devidamente organizada e oficializada, e por isso não estava em condições de entrar fosse em que campeonato fosse, quando a Azinhaga entrou no tal campeonato da FNAT e o Augusto Souto Barreiros me convidou para ir jogar pela Azinhaga, eu fui. Eu, mais os irmãos António e José Leal, o António Maria Duarte, filho da Isaura (havia outro António Maria Duarte, dois ou três anos mais novo e filho do Izidoro Duarte “Sapateiro”) e o Manuel “Barão” (Manuel António Correia Bento). Mas muito mais vezes fomos adversários. Fomo-lo nos jogos que desde adolescentes combinávamos, os do Pombalinho e os da Azinhaga, e em que eu jogava pela minha terra e eles pela sua. E que, sem balizas a sério e sem árbitro nem juízes de linha, raramente chegavam ao fim, por desentendimento nas faltas e na validação dos golos. "
Guilherme Afonso
Um grande abraço
Paulo Mendonça
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