Não há Jornal , diário ou semanário, que hoje evite falar do caso do BCP e da apresentação "in extremis" da lista de Cadilhe concorrente à de Santos Ferreira e da forma como o Banco de Portugal estaria, neste momento, a passar a pente fino os "curriculae" dos administradores propostos por ambas as listas para garantir que nenhum estaria envolvida na suposta fraude de favorecimento que fustigou o Banco nos últimos tempos.
De uma forma geral sou a favor da apresentação de duas listas, já que o unanimismo me parece uma política perigosa qualquer que sejam as circunstâncias...
Sabemos que Cadilhe se terá - e com alguma razão, digo já eu - insurgido contra as suspeitas que o Banco de Portugal tinha lançado sobre todas as Administrações do BCP desde 1989. Na razão desta indignação estava o facto de nada se ter ainda provado contra ninguém , nem actuais nem antigos dirigentes do mesmo banco.
O Banco de Portugal, por sua vez, assume aqui a posição que lhe compete, de garante da sobriedade e da honestidade do sistema financeiro nacional onde, como à mulher de César, não se exige apenas que sejam todos honestos, mas também que o pareçam... e , francamente, muitos dirigentes do BCP não o parecem actualmente, podendo até sê-lo na verdade.
Nesta diferença ente possíveis responsabilidades civis e criminais que se apuram em tribunal e dúvidas fundadas de credibilidade, que têm a ver com a opinião pública e com o organismo Regulador da actividade bancária, está a oposição entre as posições de Cadilhe e de Vitor Constâncio.
Na minha opinião têm ambos razão: nem se devem crucificar responsáveis na Praça Pública antes de o seu "crime" ter sido provado, nem, por outro lado, será de bom senso manter os mesmos responsáveis à frente de instituições onde existe a "suspeita" de se terem cometido falcatruas.
O contrário seria como nomear um suspeito de Pedofilia para vigilante de um Jardim de Infância, passe a crueza da comparação.
Por outro lado, se é verdade que sócios do BCP utilizaram financiamentos do mesmo banco para comprarem as acções (desse banco ainda) o que parece criticável mesmo a um "ingénuo" em política financeira , também Berardo e os seus "compadres" não se livram da fama de terem usado financiamentos da CGD para comprarem acções do BCP.
O que, de per si, nada teria de estranho se não fosse a posterior nomeação do Presidente da mesma CGD para Presidente do BCP , apoiado por esses "clientes" que a CGD financiou em primeiro lugar...
Mas, se de um Joe Berardo será de esperar alguma, como dizer, "impertinência ", face à moral e aos bons costumes, tal presunção seria - há dois meses atrás - inconcebível de ser levantada em relação ao Engº Jardim Gonçalves...
Que dizer? Que País, que Gestores... Pois se nem a Opus Dei se mostra à altura das suas pretensas obrigações de rectidão e de seriedade...
"A santidade pelo trabalho" é o lema da "obra", embora , e se calhar de propósito, não se explique bem que tipo de trabalho... Algumas vigarices elaboradas também devem dar muito "trabalho" a montar.
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