Há muito tempo que não experimentávamos uma noite assim… Às 23.00 ainda estavam 29 graus…
Do lado de fora da casa existe uma vaga de calor que impregna todas as superfícies duras, como as escadas, as paredes e a propria pedra do chão.
Noites boas para cá ficarmos fora, a contar histórias uns aos outros, olhando para o céu estrelado …
É claro que se previligiam as histórias de terror, ou, como se diz cá em cima, “de meter medo”.
Trago da minha reserva pessoal as histórias da “Cabra de Caparide” e da “Costureirinha”.
A primeira tem a ver com um animal branco – Cabra ou Bode - que apareceria nas noites mais quentes do Verão, pelas estradas mais isoladas de Caparide (perto do Murtal, lugarejo do alto de S. Pedro do Estoril) e que seria um prenúncio certo de morte na família daquele que a visse. É preciso avisar que aqueles lameiros perto da antiga Ribeira de Caparide, até há relativamente poucos anos atrás (30 ou 40) eram palco de estranhas cerimónias nocturnas que se entreviam nos dias seguintes, com sangue de animais e restos de galinhas mortas… provavelmente alguma assembleia de bruxas ou de adeptos do satanismo por ali oficiaria e teria todo o gosto do mundo em afastar dos seus lugares de culto os normais mortais… daí a provável origem da história fantasmagórica… De todas as formas houve gente na minha famíla que jurava e trejurava que tinha visto a célebre “cabra”.
A “Costureirinha” era e foi durante muitos anos um “Mito Urbano”... O da costureira que por Amor se perdera e que teria feito um pacto com o Diabo para conquistar o seu amado… como este pacto tinha dado para o torto – e os pormenores deste assunto variam com os contadores da história – o resultado foi que a costureira tinha ficado amaldiçoada a trabalhar toda a vida na sua máquina de coser, fazendo-se ouvir para toda a eternidade a muitas oficiais do mesmo ofício que, como ela, julgavam ter encontrado o amor na figura de um ou outro apaixonado.
Do lado de fora da casa existe uma vaga de calor que impregna todas as superfícies duras, como as escadas, as paredes e a propria pedra do chão.
Noites boas para cá ficarmos fora, a contar histórias uns aos outros, olhando para o céu estrelado …
É claro que se previligiam as histórias de terror, ou, como se diz cá em cima, “de meter medo”.
Trago da minha reserva pessoal as histórias da “Cabra de Caparide” e da “Costureirinha”.
A primeira tem a ver com um animal branco – Cabra ou Bode - que apareceria nas noites mais quentes do Verão, pelas estradas mais isoladas de Caparide (perto do Murtal, lugarejo do alto de S. Pedro do Estoril) e que seria um prenúncio certo de morte na família daquele que a visse. É preciso avisar que aqueles lameiros perto da antiga Ribeira de Caparide, até há relativamente poucos anos atrás (30 ou 40) eram palco de estranhas cerimónias nocturnas que se entreviam nos dias seguintes, com sangue de animais e restos de galinhas mortas… provavelmente alguma assembleia de bruxas ou de adeptos do satanismo por ali oficiaria e teria todo o gosto do mundo em afastar dos seus lugares de culto os normais mortais… daí a provável origem da história fantasmagórica… De todas as formas houve gente na minha famíla que jurava e trejurava que tinha visto a célebre “cabra”.
A “Costureirinha” era e foi durante muitos anos um “Mito Urbano”... O da costureira que por Amor se perdera e que teria feito um pacto com o Diabo para conquistar o seu amado… como este pacto tinha dado para o torto – e os pormenores deste assunto variam com os contadores da história – o resultado foi que a costureira tinha ficado amaldiçoada a trabalhar toda a vida na sua máquina de coser, fazendo-se ouvir para toda a eternidade a muitas oficiais do mesmo ofício que, como ela, julgavam ter encontrado o amor na figura de um ou outro apaixonado.
Outra versão mais conhecida no Alentejo, diz-nos que a "Costureirinha" fora amaldiçoada por teimar em trabalhar durante todos os domingos do ano. Ou ainda, por ter quebrado uma Promessa feita a S. Francisco de Assis...
De todas as formas trata-se da história recorrente da "alma penada" que por ter pecado foi obrigada a fazer desta terra o palco para a sua desventura eterna.
Aqui é que o assunto fica complicado, pois quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, muitas vezes ouvi em casa da minha Avó Judite este “barulho” de máquina de coser… Sempre interrompido pelas Avé Marias e Padres-Nossos dos ouvintes, transidos de medo. Poderia ser o caruncho dos móveis velhos (e decerto que seria) mas o facto tal como o presenciei fica aqui relatado.
Na Beira Alta este tipo de histórias tem mais a ver com os maus encontros nos Cruzeiros (cruzamentos de 4 estradas) durante a noite de Sexta Feira Santa ou então com as figuras dos “lobisomens” que por terem feito muitas malfeitorias teriam tido como paga demoníaca o transformarem-se em animais durante as noites de lua cheia, nem sempre lobos, como também bois ou cavalos…
Não sei se por reacção católica a estas histórias, mas o facto é que as santas mulheres de algumas aldeias perdidas da Serra (incluindo a nossa) ainda há muito pouco tempo faziam a antiga e provavelmente pagã cerimónia de “aumentar as almas” exactamente na Semana Santa e nos Cruzeiros das Aldeias. Esta cerimónia um pouco aterradora e que eu ainda presenciei – com cantos fúnebres “a capela” interrompidos pelas célebres matracas, que nos faziam estremecer a todos – tinha por objectivo, tanto quanto sei, pacificar as almas irrequietas do Purgatório que teriam a tentação de se passearem pela Terra e atormentarem os vivos nesta época do ano.
E pronto, são algumas das histórias do terror português que eu sei contar…
Tenho mais algumas no meu alforge, mas ficam para outra oportunidade…
Aqui é que o assunto fica complicado, pois quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, muitas vezes ouvi em casa da minha Avó Judite este “barulho” de máquina de coser… Sempre interrompido pelas Avé Marias e Padres-Nossos dos ouvintes, transidos de medo. Poderia ser o caruncho dos móveis velhos (e decerto que seria) mas o facto tal como o presenciei fica aqui relatado.
Na Beira Alta este tipo de histórias tem mais a ver com os maus encontros nos Cruzeiros (cruzamentos de 4 estradas) durante a noite de Sexta Feira Santa ou então com as figuras dos “lobisomens” que por terem feito muitas malfeitorias teriam tido como paga demoníaca o transformarem-se em animais durante as noites de lua cheia, nem sempre lobos, como também bois ou cavalos…
Não sei se por reacção católica a estas histórias, mas o facto é que as santas mulheres de algumas aldeias perdidas da Serra (incluindo a nossa) ainda há muito pouco tempo faziam a antiga e provavelmente pagã cerimónia de “aumentar as almas” exactamente na Semana Santa e nos Cruzeiros das Aldeias. Esta cerimónia um pouco aterradora e que eu ainda presenciei – com cantos fúnebres “a capela” interrompidos pelas célebres matracas, que nos faziam estremecer a todos – tinha por objectivo, tanto quanto sei, pacificar as almas irrequietas do Purgatório que teriam a tentação de se passearem pela Terra e atormentarem os vivos nesta época do ano.
E pronto, são algumas das histórias do terror português que eu sei contar…
Tenho mais algumas no meu alforge, mas ficam para outra oportunidade…
Nenhum comentário:
Postar um comentário