sexta-feira, dezembro 28, 2007
A Missa
Hoje foi dia da minha Missa anual. Até parece mentira, criado nos Salesianos do Estoril, como actualmente limito a minha participação na eucaristia católica ao dia 28 de Dezembro.
Desde que a minha mulher faleceu, exactamente neste dia, que a missa por sua alma é celebrada sempre no mesmo lugar: o convento de Gouveia. E na primeira missa da manhã.
Já se passaram 8 anos e ainda não estou à vontade para falar sobre o assunto.
Provavelmente nunca estarei...
Mas posso descrever o" ambiente" desta manhã fria.
A cerimónia começa em casa, com o acordar às 6.00 da matina (o que é o habitual) mas com 3 graus negativos (o que já não é assim tão simpático).
Depois ala para Gouveia a observar os campos todos brancos da geada.
O Padre também já é nosso conhecido, rapaz de barba, muito simpático e que se vê sempre aflito para chegar a horas da Missa ao Convento, debaixo do olhar ligeiramente crítico da Madre Superiora e das suas "muchachas", passe a brincadeira...
Também a festa liturgíca que se celebra a 28\12 é sempre a mesma: o dia dos Santos Inocentes sacrificados por Herodes na sua busca pelo rei dos Judeus enquanto Jesus , Maria e José partiam para o Egipto.
Desta vez a homilia foi surpreendente: o bom Padre - nas suas "luzes" muito ao estilo do Concílio Vaticano II - desconfiava da veracidade histórica da "matança" e trazia em auxílio da sua tese o facto de apenas S. Mateus a cronicar e ainda da inexistência de registos romanos sobre o assunto.
Já se sabe que estes romanos podiam ter os seus defeitos, mas como foram eles que inventaram (ou quase) a História (1) e a Burocracia (2) ,para além de outras coisas, pouco ou nada lhes escapava nos locais onde governavam...
Posso estar enganado mas esta homilia menos habitual pode ter sido provocada pela presença dos Estorilistas no Convento, como que a mostrar que também ali na Serra se cultiva a crítica documental exegética.
Claro que a Madre Superiora não perdoou , ou assim me pareceu lê-lo nos olhos claros rodeados de rugas, desafiantes face ao "improviso".
Esta liberdade, este desvio à ortodoxia de uma história que o Padre pretenderia, à viva força, transformar em fábula, não foi decerto do agrado das Irmãs.
Eu, se fosse o Padre em causa, e tendo em atenção quem actualmente se senta na cadeira de S.Pedro , teria algum cuidado, não vá a Madre fazer um relatório negativo da sua performance...
Pois se até parece que a Missa em Latim vai estar aí outra vez para lavar e durar...
Vade Retro!
NOTA1: Heródoto de HaliKarnasso, o Jónio, é considerado o Pai da História, mas também o Pai das mentiras históricas... Verdade seja dita que escreveu bué de mentiras. Mas também foi dos poucos historiadores que reconheceu estar apenas a "citar o que outros lhe tinham dito"...
NOTA2: A Burocracia terá sido inventada no Jardim do Éden, na altura em que Adão tentou decifrar ( e mal) as regras de acesso à Árvore do Bem e do Mal. Depois disso parecem ter sido os Persas grandes burocratas , mas ninguém como os Romanos (também inventores do IRS - ou se não foram andaram lá perto) para interiorizarem a Burocracia como figura de Estado.
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