terça-feira, março 26, 2013

Postas de Pescada e outras futeboladas

Ainda mal refeito de uma admirável lampreia  de ontem à noite no estimável Beira Mar -  provavelmente a última deste ano, porque quero sair deste campeonato com as melhores recordações - ouvi hoje pela TSF que Pinto da Costa e Paulo Bento teriam trocado epítetos gastronómicos a propósito daquela sombria exibição da Seleção contra Israel.

"Debitar Postas de Pescada" foi a expressão utilizada para classificar as tiradas presidenciais nortenhas , expressão chã e proletária que no seu natural devia ser "arrotar postas de pescada", significando "armar-se em rico", "pavonear-se", "gabar-se de uma coisa que não se possui".

Bento não é de modas e a farpear pede meças ao falecido Manuel dos Santos! E Olé! Corta rabo e orelha!

Nada tenho contra as postas de pescada (embora, como já sabem, prefira as cabeças). Trata-se de um peixe admirável mas caprichoso e delicado, sendo fundamental que chegue ao prato e à mesa sem mancha de "amolgadela" durante o percurso que atravessou desde que foi mesmo "pescada" até que entrou nas nossas cozinhas. 

É que não há "arrepio" de sal a contracorrente da escama que se aguente com amassos naquela  carninha branca de neve...

A pescada do anzol normalmente sofre menos destes apertões do que a sua companheira capturada no arrasto, motivo pelo qual o respetivo preço costuma ser mais alto... Tão "mais alto" que até justifica que os engenhosos peixeiros (alguns) pendurem nas ventas das pescadas "arrastadas" um anzolzito ou dois, para enganar os "gringos" que se abastecem nos mercados...

O meu Senhorio detesta Pescada, o que me impede de a comprar com frequência. Desta forma,  quando quero matar as saudades de uma bela cabeça  da dita com batata nova cozida com a pele, feijão verde tenrinho, chalotas pequeninas  e uma ou duas manitas de grão de bico, é mister ir por algum restaurante que saiba como tratar a "bicha" e respeite os canones da sua confeção.

Uma dica: procurem nos restaurantes que servem Filetes de Pescada (de peixe fresco, obviamente!!). Como a cabeça e o rabo não se filetam, normalmente nesses restaurantes pode-se comer (ou encomendar para o dia da desmancha dos lombos) umas belas cabecinhas, simplesmente  cozidas ou  então estaladas no forno com azeite e alho (a outra forma de consumir cabeças que eu mais aprecio depois da cozedura simples).

Acresce que para serem bons filetes a pescada tem de ser de tamanho considerável, o que só aproveita ainda mais aos amantes das "cabeças".

No meio deste entusiasmo tomem nota dos locais onde ainda se pode ir atrás deste petisco: Beira Mar (sempre!). Funil e Polícia (às vezes, mas apostam agora mais no Cherne e na Garoupa). Tia Matilde e Solar (às vezes também).

Voltando ao Futebol, hoje que é dia da Seleção provar que sabe fazer melhor do que fez  em Tel-Aviv (o que não será difícil) , fica aqui um abraço de boa sorte a toda a malta lusa em Baku, e dois beijos (como é moda local) ao meu amigo e colega  da AzerMarka do Azerbeijão (empresa que trata da Filatelia desse país), o  qual nos costumava receber com baldes de caviar e vodka, como desculpa de "não ter mais nada para nos dar"...

Ora essa Amigo! Quem dá o que tem,  a mais não é obrigado!

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