domingo, março 31, 2013

Crónicas da Serra 3: A Páscoa

 Nesta Páscoa pingada que baste dei por mim a pensar no antigo e verdadeiro significado da palavra: Passagem. Passagem cíclica das estações do ano, início do novo ano agrícola, esperança de vida e de renascimento (das sementes, das crias) depois de um Inverno mais ou menos rigoroso.

Esta Passagem (passover) era festival antiquíssimo de Judeus, comemorando a fuga do Egito, mas também de gentios, ligada a cultos de Primavera e de fertilidade, ritual de ligação entre os homens e a divindade de forma a garantir que  a capacidade geradora dos campos  e dos animais se mantinha após o Inverno.

Foi  aproximadamente 200 anos depois da morte de Cristo que a Igreja Católica Romana fez prevalecer a moderna noção de Páscoa, mesmo que com a oposição das igrejas orientais, que desejariam continuar a manter os seus ritos da “Passagem”.

Vejam aqui sff:

There is no indication of the observance of the Easter festival in the New Testament, or in the writings of the Apostolic Fathers… The first Christians continued the observance of the Jewish [God’s] festivals, though in a new spirit, as commemorations of events which those festivals had foreshadowed,” (Encyclopaedia Britannica, 11th edition, p.828).

“Neither the apostles, therefore nor the Gospels, have anywhere imposed…Easter…The Savior and His apostles have enjoined us by no law to keep this feast [Easter]…And that the observance originated not by legislation [of the apostles], but as a custom the facts themselves indicate” (fourth century scholar, Socrates Scholasticus, Ecclesiastical History, chapter 22).

O cordeiro tradicionalmente comido na Páscoa cristã também já o era no "Passover" (Pesach) judeu, aqui comido de pé e temperado apenas com ervas, acompanhado de pão ázimo, para representar a pressa da viagem e os muitos cuidados que os antepassados tinham sofrido antes de chegar à Terra Prometida.

De Sábado de Aleluia para Domingo de Páscoa a liturgia católica atual manda o crente refletir sobre a Esperança. Depois das trevas de Sexta Feira Santa espera-se, anseia-se, pelas novas de alegria sobre a Ressurreição. Mas no Sábado de Aleluia esta ainda não existe, apenas se perfila no horizonte a “esperança” de que aconteça.

Não encontro melhor imagem para deixar aos meus amigos aqui do Blog, neste dia de Páscoa, do que esta mesmo: Tenham Esperança!

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