segunda-feira, março 25, 2013

O Chipre é já ali na Caparica malta!

Quem sabe de certeza certa  que as coisas más só acontecem aos outros que vivem  longe do nosso "jardim", sabedoria essa porventura ancorada pelo passado, pela propaganda  àcerca do "escudo invisível" que o super-herói Oliveira Salazar tinha estendido sobre a Nação Lusa durante a 2ª Guerra Mundial, deve repensar as suas ideias. E rapidamente.

Vem à memória aquela anedota atribuída a Brecht, segundo a qual  (e mais ou menos cito de cor) : Quando o vizinho viu (na Alemanha Nazi) virem as SS prender os Judeus, assobiou para o lado porque não era Judeu. Quando viu deportarem os ciganos, calou-se porque não era cigano. Quando deu conta que lhe cortavam a ele mesmo as liberdades essenciais, já era demasiado tarde para protestar...

A crise imediata sobre o Chipre parece ter sido resolvida in extremis.
Leiam aqui sff:

http://www.nytimes.com/2013/03/25/business/global/cyprus-and-europe-officials-agree-on-outlines-of-a-bailout.html?emc=na

 

Mas o certo é que este episódio incrível   nos deve ensinar alguma coisa.

a) Por um lado, é que não estamos a salvo de nada. Ninguém, nesta Europa que já não existe como bloco político ou económico, estará a salvo de alguma indigestão que aconteça lá para os lados de Bona. Se quando a América se constipava a Europa adoecia, neste momento bastará a Srª Alemanha ficar ligeiramente obstipada de tanta choucoute para que os países do Sul tenham de encarar alguma colonoscopia  com urgência...

b) E por outro lado, constata-se que quem deixámos  que mandasse neste pequeno mundo não tem categoria para tal. Foi quase grotesca a forma como as cabecinhas pensadoras europeias se deixaram arrastar por um caminho que só destruiria a confiança geral no sistema bancário. E, exceto o Luxemburgo, que se doeu ele também com as dores cipriotas, parece que as outras ovelhas foram todas a fazer "mé-mé" para o lado da pastora tedesca, com medo do cajado.

Não é que os bancos sejam flores que se cheirem nestes tempos de golpes e contragolpes ao incauto cidadão. Mas se nem lá  pudermos depositar os trocos com alguma segurança, onde o devemos fazer? Dentro de um vaso no quintal?

E quando quem manda avisa  que se deve travar o consumo de todas as formas (ideia  que eu repudio, como sabem) , este susto que se pregou ao dinheiro poupado não é uma espécie de grito geral:  "Às compras Camaradas! Porque aquilo que se comprar hoje já ninguém nos tira amanhã!"??!!

Que raio de mundo estranho é este que tem de ser observado por uns óculos de cristal da Boémia para poder ser entendido...

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