quarta-feira, março 21, 2012

Regresso ao Passado

Em tempos que já lá vão tive muito que "fazer" ali em redor da Igreja da Memória, à Ajuda. Em novo ia para lá montar a cavalo com uma das filhas de um Sr. Coronel de Lanceiros 2 (sempre acompanhados por um ordenança, que o homem não era para brincadeiras!). Depois, muitos anos depois, namorei quem por ali morava (e mora). Sempre o coração a mandar no estômago, nesses tempos. Hoje é ao contrário...

Mas divago. Nestas andanças deu para conhecer um pequeno restaurante, quase "perdido" naquele bairro popular de Lisboa, onde - quase secretamente, na clandestinidade - o Dr. Jorge Sampaio ia por vezes almoçar quando era PR e se fartava da vianda do Palácio de Belém.

Restaurante A PAZ
Largo da Paz 22 B
Ajuda
1300-450 LISBOA
Telefone - 213641503

Para lá chegar não é muito fácil.... Tenham como primeiro azimute a Igreja da Memória, em cujo largo podem estacionar, e depois perguntem. O restaurante quase que se vê já de uma das muralhas em que  o largo da Igreja se apoia. Ou ,se se sentirem mais afoitos, venham para junto do Edifício do Comité Olímpico Português, um pouco cá mais para baixo na Travessa da Memória,  e estacionem por aí:

http://www.comiteolimpicoportugal.pt/cop/contactos

 O Restaurante ficará a uma escassa centena de metros, em subindo.

Fecha aos Sábados e Domingos o que dá já uma ideia do caráter citadino do estabelecimento. Lisboa - noutros tempos - esvaziava-se aos fins-de-semana. Nem é, por outro lado, restaurante para "turistas"! A  sua situação resguardada e quase "confidencial" também não convidava essa raça (tão abundante umas centenas de metros mais lá para baixo, para os "pastéis de Belém") a subirem e desfrutarem.

O que se come na Paz? Como verão de seguida a Lista parece trivial e comezinha, própria mais para snack bar do que para restaurante com pretensões a poiso de gastrónomos... Mas o que se destaca - sempre! - é a enorme qualidade da matéria prima e a delicadeza com que é confecionada, bem ali à nossa vista. Se o Cliente gostar dos filetes de pescada só alourados no azeite, sem farinha nem ovo, tudo bem.  Panados , em vez de passados por farinha normal? Arranja-se. Se o Cliente preferir o peixe assado com puré de batata , OK. E se ansiar por um arroz de pimentos ao lado, idem, idem...

Entradas: Pastéis de bacalhau, Salada de feijão frade com atum. Peixe: Filetes de pescada, garoupa e de cherne; Lulas grelhadas; Peixe do dia grelhado; Peixe assado no forno; Lulas à algarvia; Ovas de pescada; Garoupa frita à moda da casa; Garoupa cozida com todos. Carne: Vários cortes de carne de 1ª qualidade (só Lombo e Vazia) , disponíveis para a grelha ou para fritar à portuguesa, com alho e manteiga.

Para além disto, por vezes a origem minhota dos proprietários (já na segunda geração) , deixa-se ver nalgum mimo "de temporada" - o Cozido minhoto, só com enchidos da zona, a Lampreia, o Sável, a bela Cabidela de galo, até os Rojões com tudo a que têm direito cheguei a lá comer!...

Nunca mais me esqueço que nesta casa comi um dos melhores cozidos à portuguesa (versão do Minho) da minha vida! Ainda era vivo o Pai do atual gerente.

Ora depois de vários anos sem lá ter posto os pés, neste 1º Trimestre de 2012 e tendo como pretexto uma visita de trabalho ao palácio da Ajuda (ali tão perto!) fui almoçar com dois amigos ao velhinho " A Paz".

Entradas de pasteizinhos de bacalhau e rissóis (bons!). Filetes de garoupa com arroz de tomate (muito bons!) a 16 euros a dose, cada uma constituída por 3 filetes altos . Três peças de lombo grelhado "para provar as carnes", com batata frita em palitos (excelentes ambos) e a 7 euros cada peça, por ser meia dose. Com duas garrafas de verde Alvarinho e uma de Crasto 2009 Tinto, saindo as três juntas por 43 euros, pagámos 132 euros com 5 cafés e dois Jamesons para a sossega ( bebidos pelos "reformados" da campanha).

Um dia não são dias amigos...45 euros por cabeça é muito para os dias de hoje? Claro que sim.

E disso mesmo se queixa o gerente, que lamenta profundamente vir a ser obrigado a baixar a qualidade do que serve por falta de Clientes... E a ausência dos tradicionais e minhotos "pratos de tacho"? Bem, é pelas mesmíssimas razões... pelo cansaço em esperar Clientes que não vinham.

Em conclusão: se querem provar uma cozinha simples, intuitiva, feita de boa qualidade de matéria-prima e longe - mesmo muito longe - das atuais modas "metrosexuais" de alguma gastronomia dita de "Autor", vão à Paz. E fiquem bem , muito bem, Fiquem em Paz!

Mas depressa...pelo que vi, ouvi e entendi, não sei quanto tempo mais se vai aguentar...E não só é pena como faz também pena!

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