terça-feira, abril 12, 2011

O Pato

O Pato? Nesta altura do campeonato, com os FMIs por portas adentro este gajo vem falar do "Pato"? Mas qual Pato? O Octávio Pato, coitado, já faleceu... Será que temos por aí mais algum político chamado "Pato"? Talvez um dos "Desconhecidos" do Dr Portas? Ou algum dos Independentes do Dr Coelho?

Não? Então deverá ser um Pato, pato mesmo, quá quá, Donald Duck... Ou não?

Eu explico. Na linguagem vulgar o termo "Pato" significa também "Palerma". Alguém pouco avisado ou  expedito. Uma criatura que é correntemente enganada pelos outros: "Caíste que nem um Patinho".

Pois no caso vertente o "Pato" sou eu. Patinho mesmo.

Um destes dias estava à espera de um Amigo para  almoçar num dos seus locais habituais (que não era  dos meus) quando vejo chegar à mesa do lado um vulto que me saudou com a cabeça e que me pareceu reconhecer.

Devo confessar que sou míope. E grande. Por outro lado dei aulas na faculdade durante 30 anos, o que me leva sempre a supor que, dado que mais de 2,000 alunos passaram por mim nessa altura, é sempre possível existir alguém que me conheça melhor a mim do que eu a ele (ou a ela).
A minha falecida Mulher até se irritava por eu estar sempre a acenar à janela do carro quando alguém me fazia também um gesto amistoso:

"- Mas tu conheces esta?
"-"Eu não, mas pode ser que ela me conheça a mim"
-" De onde?"
- "Por ser minha Aluna, lá da faculdade..."
- "Com esta idade? Deve ter uns 30 aninhos bem conservados ..."
(e eu,  já com a voz sumida)
- "Também dou aulas aos alunos trabalhadores..."

Por todos estes motivos até não estranhei quando a tal senhora  do Restaurante se dirigiu a mim depois dos acenos de cabeça  e me saudou efusivamente:

-"Como está? Há muito tempo que não o via!"
-" Estou bem muito obrigado!"

Por outro lado, não sei se se passa o mesmo convosco, mas eu sou incapaz de "dar o braço a torcer" nestas situações meio duvidosas. Se alguém faz finca pé que me conhece e se eu não me lembro, tento continuar a conversa até que me venha à memória o rosto e algum nome (o que é raríssimo). Mesmo assim o máximo que consigo articular à laia de esclarecimento é a sempre medíocre escapatória:

-" Conhecemo-nos lá do ISCTE não é ?"

Com esta "Sorte Grande " saída assim sem mais nem menos à minha opositora,  não admira que um enorme sorriso se lhe abrisse na face. Tinha ganho o dia.



















Daí até tentar convencer-me - ao "colega" ou ao "Professor" lá do ISCTE -  a fazer um investimentozinho num Produto financeiro da "máxima segurança, de uma Companhia de Seguros reputadíssima" , foi um passo. Que ela deu despudoradamente e já sentada à minha mesa.

O que me salvou, por entre os gaguejos habituais, foi ter chegado naquela altura o Amigo com quem tinha combinado almoçar naquele dia.  E que não esteve com meias medidas:

-"Minha Senhora por aqui outra vez? Olhe que não estamos interessados em nada do que propôe! . Não leve a mal mas preciso de falar aqui com o meu Amigo. Importa-se de se levantar? Muito Obrigado!"

Livra! É que sou mesmo um tótó com estas coisas. Fiquei de tal modo aliviado que até lhe paguei o almoço naquele dia, embora a combinação fosse ao contrário.  (Eu não disse? Patoooo)

Pior  do que eu só se alguém andasse com um letreiro ao pescoço: Pato. Podem abusar.

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