segunda-feira, abril 25, 2011

Crónicas da Serra - Primeira e Última...

Chegámos com a chuva. Pouco frio, temperaturas a rondar os 14º, mas chuvinha em barda.

As discussões sobre a política caseira repetem-se à mesa, parecendo aos amigos aqui de cima que a malta de Lisboa, por estar mais perto do Poder, terá maior conhecimento destes assuntos. Mas não tem.

A crise reflecte-se aqui na Serra sobretudo no aumento do desemprego e do preço das coisas para o dia-a-dia. Dá a ideia que não vão perdoar ao actual Primeiro-Ministro o estado a que “as coisas” chegaram. E postos perante a realidade das últimas sondagens, com o PS a subir e a fazer empate técnico com o PSD, questionam-se “como é possível?”. “Mas que Povo é este que parece que gosta de se sentir atazanado?”

Mas logo concluem “A alternativa não presta…O PSD vai retirar ainda mais regalias, o Serviço Nacional de Saúde, a Educação…”

Os velhos recordam os tempos de antigamente e avisam que todos têm que se preparar para grandes faltas: “Cuidem bem das terras. Quando o resto faltar é dali que têm de ir buscar o sustento, como há 50 anos…” Esta noção que o País “voltou ao antigamente, ao tempo do Botas” começa a tomar corpo, apesar de injusta. E nota-se um grande desânimo sobre o futuro dos filhos: “Estão a estudar para quê? Para o subsídio de desemprego? Enquanto houver?”

Só quando o tinto ou o branco começam a correr pelas gargantas é que a malta anima mais um bocado. À falta de alegrias vindas lá do lado do Benfica (hélas, nem a conquista da Taça da Liga, pobrinha, ajudou…) os amigos falam do Real Madrid e do Ronaldo, Mourinho e companhia.

Na Sexta feira Santa, fiz um Bacalhau à Gomes de Sá mais comunitário, que chegou para uns 8 ou 9, alterando assim a tradição da cabeça de cherne (embora grande não permitia tal partilha alargada) que ficou para outra noite. Acho que mais vale ter mais pessoas à mesa, à volta de uma refeição “de conforto” do que nos remetermos ao isolamento, cada qual em sua casa.

Assim todos trazem do seu vinho, cada um vai gabar-se que o seu “é que é bom”, e estando o bacalhauzinho de feição (como estava, modéstia à parte) sempre se esquecem por umas horas as maleitas destes tempos que correm…

E bebemos uns copos à saúde do FMI, que aqui por cima já arranjou alcunha: Fomos Mal Informados !

E foram. Eles e nós. Sobre o real tamanho do “Buraco”. Já nem se sabe se há ainda País ou se é só Buraco…

Agora ala para baixo que na Terça Feira é dia de trabalho...

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