quinta-feira, outubro 23, 2008

Ter nos olhos a esperança

Um dos efeitos colaterais desta crise espera-se que seja um impacto na "economia real", na nossa vida de todos os dias.

Esse impacto - à primeira vista tendo como rastilho a quebra nas nossas exportações por falta de dinheiro nos destinos da mercadoria - resultaria em desemprego na Industria e num decréscimo do consumo privado que lhe é subjacente, o que levaria por consequência a que baixassem as vendas no comércio e serviços, arrastando eventualmente à falência de muitas pequenas e médias empresas comerciais e ao aumento do desemprego nos serviços, o que faria ainda mais baixar o consumo, começando assim um círculo vicioso que seria muito difícil de quebrar.

Por isso o Presidente da República manifestou ao Expresso da semana passada que "receava muito o aumento do desemprego". Por isso também o actual Governo não abre mão dos chamados "mega-projectos" de construção civil, tentando substituir-se aos privados na animação da economia.

É certo que os primeiros beneficiários da concretização destes projectos serão as firmas do "bâtiment", mas estas, ao pagarem salários e ao contratarem mais trabalhadores - mesmo que imigrantes - estão a contribuir para que as mercearias, supermercados, bares e restaurantes também funcionem.

O petróleo está neste momento no valor mais baixo do último ano e meio e o Euro está também a desvalorizar-se face ao USD, boas notícias para as exportações nacionais SE houvesse mercado que as sustentasse na Europa do Centro e Norte ou nos USA. Mas, infelizmente, esses países todos estão com problemas, a começar pelo nosso maior Parceiro comercial, mesmo aqui ao lado.

Se baterem certas as previsões dos economistas - hoje em dia uma "classe" muito desvalorizada em termos de credibilidade - um dos primeiros sectores da economia real a sentir a crise "importada" será o Turismo e, por arrasto, toda a Restauração, Hotelaria e similares.

Na base da estrutura da economia industrial portuguesa sabemos como muito pesa o Turismo e como pouco pesam as "verdadeiras" industrias transformadoras que, como a Automóvel, têm ainda por cima já dificuldades em esgotar os seus stocks no Estrangeiro... E, com os Bancos nacionais a restringir o acesso ao crédito, não serão os Portugueses a compensar.

Do mal o menos. Venham por isso e rapidamente as "Grandes Obras" do Regime Socrático, nem que seja para amparar o "doente" nesta fase difícil da "doença" e enquanto não se descobre a cura...

Se a "cura" levar muito tempo a descobrir há sempre a hipótese da criogenação!

Congela-se o País por uns cem anos esperando pelo melhor... O pior é que "congelados" já nós estivemos entre 1928 e 1974 e - olhando para trás em perspectiva - não creio que servisse de grande coisa...Economicamente falando, claro está.

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