sábado, abril 08, 2006

Comentários ao Relacionamento Fornecedor-Cliente

Sobre o Post onde falo da táctica de subida de preços dos CTT, nos dois anos que faltam para a liberalização total da prestação dos Serviços Postais, foram feitos dois Comentários, que aproveito para sublinhar e para esclarecer:


Excelente texto, espero que o que preconiza seja efectivamente o futuro dos CTT.

Um abraço

Paulo Mendonça
06 April, 2006

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Zé said...

Será que se pretende fundamentar que enquanto houver monopólio há que aproveitar para se aumentarem as margens nas relações com os grandes clientes?através de cortes nos descontos, que tactica?...será adequada?...não será uma visão de curtíssimo prazo...será tudo uma lógica de preço?

Não há uma politica de relacionamento com o cliente a nível dos descontos e preços? o que se pretende do Cliente?Negócio é cada vez mais uma relação aonde todos ganham...e a memória?...é como no futebol só joga quem tem a bola e é muito mais fácil jogá-la quando se tem do que procurá-la.

Assim também creio ser com a fidelização do Cliente.Não acredito que a fidelidade e a lealdade sejam mandadas às ortigas...ninguém consegue dar o que não tem,mas Cliente que tem de sujeitar ao Fornecedor,na melhor oportunidade muda e depois é muito mais difícil reconquistá-lo.Negociações duras creio que serão cada vez mais....mas aonde ganhem todos,estaremos perante a lógica de negócios de ocasião?

Não acredito...é provocar a insatisfação do Cliente.

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Como esclarecimento, é preciso dizer que não questiono a racionalidade de uma acção unilateral de subida de preços a dois anos, onde se pretende ganhar dinheiro que será reinvestido de imediato na melhoria da posição competitiva dos CTT.

Ou seja, ganha-se hoje o que se vai ter de dar aos mesmos Clientes amanhã, mas por força das leis do Mercado.

Os Clientes não estão habituados a este tipo de atitude dos CTT e reagem mal, o que é esperado ao fim de tantos anos de interacção de uns com os outros...

Tenho é pena de termos chegado a esta situação, fruto de más escolhas no passado das quais não isento os CTT, mas que foram sobretudo da Regulação: temos andado a perder constantemente valor de portes postais quando comparado com os preços dos outros produtos no mercado.

Há 20 anos uma bica, o jornal diário e o transporte de uma carta até 20g no território nacional custavam todos o mesmo.

Hoje em dia um Jornal custa 0,85 € , uma bica entre 0,50€ e 0,70 € e o porte da Carta 0,30€ para o Cliente Individual e menos um desconto que pode chegar aos 20% para os Grandes Clientes... E não sobe há dois anos consecutivos...

Porquê? Há que perguntar à ANACOM entidade que regula a nossa actividade, porque eu, francamente não sei explicar...

Se todos os Monopólios fossem assim...

Por outro lado, com o advento da Liberalização qualquer Empresa, desde que autorizada pela Anacom, poderá fazer recolha, transporte e distribuição de Correio, tal como os CTT .

Dirão que é a concorrência e ainda bem.

Pois em teoria muito bem, mas essa tal empresa hipotética vai poder escolher ONDE faz a sua actividade. Ninguém a vai obrigar a distribuir em Bragança, ou em Vila do Bispo...

O Custo de distribuir o Correio dentro das Cidades (Lisboa e Porto, por exemplo) é 7 ou 8 vezes menor do que o de distribuir correio nas localidades exógenas, e não falo só das Regiões Autónomas, onde o preço de cada carta deve ser 20x o que ela custa ao Cliente.

Os CTT, mesmo depois de 2009, vão continuar - como até aqui e desde há 500 anos - a prestar o chamado Serviço Universal de Correio em todo o País. A diferença é que vão passar a ter concorrência directa no "correio de cidade" que é a franja mais rentável da actividade postal, em todo o mundo.

Por isso há que aproveitar o melhor possível estes anos que nos faltam.

Isso entendo (e acho que todos entendem) mas, repito, tenho é pena de ter de ser à custa dos Clientes ...

Um comentário:

Anônimo disse...

É a lógica de ter taxas e não preços.É a lógica do Serviço Público.Foi a lógica clientelar e de manutenção artificial de taxas numa lógica de poder e de resposta a pressões políticas de calendários eleitorais que pouco ou nada teve a ver com as necessidades do Mercado,dos clientes,de faz de conta muitas vezes,com uma visão de quinta....agora tudo assustado com a abertura de mercado?é urgente mudar processos,modernizar,ai se eu soubesse....há que recuperar o tempo perdido...será a empresa da oportunidade perdida?Terá sido a entidade reguladora a responsável pela política de preços?..ou o Tipo de Gestão que se desenvolveu?...chamar fato novo a fatos remendados...medidas avulsas..projectos adiados..lógicas clientelares na gestão das Pessoas..medidas de curto prazo..submissão ao poder e calendários políticos...não serão estas as verdadeiras razões?....Uma política de preços terá de ser enquadrada numa lógica de desenvolvimento sustentado, é uma ferramenta da Política e Estratégia de Desenvolvimento...miopia é uma doença que pode levar à entropia...