quinta-feira, maio 14, 2009

Vem aí o Dia Mundial da Família (Cruzes, Credo!!)


Entendam-me bem: eu não sou contra a Família em termos gerais, teóricos, nem contra a proliferação de Crianças nas Famílias, nem sequer contra os direitos e garantias que a lei e a constituição garantem às Famílias...

O que me preocupa é quando estas ideias gerais e absolutamente estimáveis se concretizam na "minha Família"... Aí é que "a porca começa a torcer o rabo..."

Nem tanto se me referir à família que adquiri pelo casamento. São gente estimável e de bom trato, a quem gosto muito de visitar e com eles partilhar todas as mordomias da calma vida no campo, desde o vinho da nossa lavra até aos cabritos ali criados à mão, na quinta da casa. E depois, se o pior vier a acontecer, sempre se trata de mais de 300 Km de distância... Três horas e meia nos separam, para o bem e para o mal. Grande vantagem!

Não amigos, o verdadeiro problema está bem mais próximo do vosso Blogger! Mesmo ao pé de casa...

De facto, Família no concreto, em coabitação de casa e pucarinho, sou só eu e o meu senhorio. Em termos fiscais devo até dizer que lá em casa já existem duas famílias de uma pessoa só cada uma delas, uma vez que apresentamos os IRS separados.

Mas...Existe também a "santa senhora" (de alcunha a "sargenta") que - não dormindo no local - por lá entra umas 50 vezes por dia sem dizer água vai... Pondo e dispondo como se estivesse em sua casa...

Ora aqui é que o quadro ternurento e carinhoso dos elogios às Famílias começa a toldar-se na mente do vosso Blogger. Explico porquê:

Naquela rua pequena da freguesia do Estoril antigo (Alto Estoril, como se costumava dizer) casa sim , casa não, eram de pessoas da nossa família. E as que não eram nossos familiares moravam ali há dezenas de anos, o que as tornava também numa "família" de vizinhos.

Começava pela casa da Sargenta (logo a primeira!) , seguia-se em frente a dos Pais da Sargenta (meus avós maternos). Mais em baixo, do mesmo lado, a casa da Namorada (que, enfim, não era família , mas vivia lá desde os 3 anos de idade...) . Por cima da Namorada (salvo seja!) era a casa dos meus Avós paternos. Depois, do outro lado da mesma rua , havia ainda a casa dos meus Primos direitos e, por cima dessa, moravam os meus Tios (a irmã da "sargenta", conhecida por ser o braço teórico do exército, uma espécie de Melo Antunes, enquanto que a "Sargenta" era o braço armado e executivo, uma espécie de Otelo ou de Jaime Neves - consoante as inclinações de quem me lê).

Nessa rua afamada a "sargenta" era (é...) a chefe da tribo. Mantém o respeito e controla as notícias, sobretudo nos últimos tempos em que a vizinhança foi envelhecendo e ela pôde assumir o controlo do espaço: pagava as contas dos vizinhos e da família sobrante (água, electricidade, etc...) , ficava com as cartas e fazia a respectiva entrega em mão se os vizinhos e família não estivessem em casa (cheguei até a pensar pedir aqui nos Correios um subsídiozito para essa ajuda desinteressada ao carteiro) e por aí fora.

Atenção que a pessoa em questão não era mais nova do que as outras!! A sua saúde de ferro e a vontade inquebrantável de ser "cacique" naquele meio é que suplantavam os normais "achaques" dos seus 80 anos. De tal forma que ainda hoje sobe as escadas mais depressa do que eu! E ai do carteiro (ou do cobrador) que se engane na distribuição! Levam logo ali uma roda viva de "elogios de sinal contrário" que até se lhes aperta o buraco escuro no fim das costas...

As formas que esta minha progenitora de ar marcial encontra para me dar a volta ao texto são inúmeras... Por exemplo: como - por enquanto - não lhe falta o dinheiro, decide soberana e maquiavelicamente quais os produtos (de limpeza, de consumo doméstico, etc..) que devo ter em minha casa. Mas como eu próprio também não abdico daqueles que eu acho que seriam preferíveis, o resultado é que as marcas, as latas e os plásticos se acotovelam na dispensa ou nas arrecadações, para gáudio da nossa empregada que, no seu dizer de experiência feito e tendo já calcorreado muito mundo "- nunca viu nada assim..."

Que fazer??!! Esperar com calma pela "conclusão natural do processo" ? Mas é que não está fora de causa que seja ela, a minha "santa" , ainda a ir ao meu enterro!! (Chiça!)

Não Amigos. A solução será partir para longe , para fora da influência "maternal", esperando que a mesma volte a sua atenção obssessiva e detalhada para outros assuntos (o meu senhorio que se cuide...)

Estou agora em negociações secretas (ao mais alto nível) para tentar mudar de casa, deixando a actual ao meu senhorio. Se a "Sargenta" sonha com este desvario, o futuro dessas negociações parece mais tremido do que a discussão da Paz no Médio Oriente...

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