segunda-feira, maio 04, 2009

O País Improvável


O Director do Público faz hoje um editorial de grande pessimismo em torno daquilo que - na sua opinião - impedirá que Portugal seja , alguma vez, um País com futuro nesta Europa onde nos inserimos mais por imperativo geográfico do que por força dos indicadores económicos. E cita (quem senão ele?!) o imprescindível Eça de Queiroz:

"O País perdeu a inteligência e a consciência moral. ...A prática da vida tem por única direcção a conveniência. ...Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. ...Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. ...Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia".

Nesta vida de hoje em dia onde muitos (demasiados) fantasmas assombram o português médio, faz de facto impressão reler Eça e verificar que - pelo menos ao nível do diagnóstico - muito pouco ou nada mudámos desde o século XIX...

Tal como José Manuel Fernandes opina, todos sabemos que as conclusões do estudo do economista Vitor Bento ("Perceber a Crise para Encontrar o caminho") sobre a improbabilidade de Portugal como nação economicamente viável são verdadeiras. Gastamos (agora e quase desde sempre) mais do que produzimos, temos salários pouco competitivos , temos a produtividade média baixa, importamos mais do que exportamos...

O País das Descobertas, a que alguns chamaram pioneiro da Europa toda e farol da Cristandade Ocidental , estaria agora remetido a uma guerra de desgaste na esperança de atrasar o mais possível aquilo que pareceria cada vez mais inevitável: o colapso da economia nacional.

Mas... tenham atenção à Resposta, sff:

Não sou da opinião da castigada irmandade dos Neo-Liberais (onde incluo JMF e em parte Vítor Bento) segundo a qual a Crise actual em Portugal nada tem a ver com a Crise Financeira Mundial, mas sim com a inaptidão genética (digamos assim) deste nosso País para se deixar governar. Parece-me demasiado "eleitoralista de direita" esta forma de pensar, ao mesmo tempo que - muito habilmente - branqueia os comportamentos de certos "amigos" banqueiros destes neo-liberais.

Lavagens de consciências à custa do passado triste todos podemos fazer. E porquê parar no tempo de Eça? Ninguém fala do que é que custou ao País - em termos económicos - o proteccionismo absurdo e caquético do "Botas" ? Agora com direito a nome na Praça Pública na sua terra? Ou a sangria absurda de dinheiros públicos, mas sobretudo de juventude, que foi a infame guerra colonial?

Estavam estes nossos compatriotas do neo-liberalismo muito enamorados do que se passava "aqui ao lado" , da justeza e dos resultados das políticas dos governos de centro-direita de "nuestros hermanos"... Iberismo precisa-se e rapidamente, sugeriam eles...

Mas , desde que o desemprego em Espanha chegou aos 18%, ouço pouco estes arautos neo-liberais a fustigar os nossos ouvidos com a velha história de que foi o 1º Duque de Bragança - casado com a filha do Santo Condestável e antepassado directo de D. João IV - o grande responsável pelo que agora se passa neste País independente...

E quanto à Irlanda, esse paradigma neo-liberal de todos os Zés Manéis Fernandes? Têm ultimamente ouvido falar dela como espelho das virtudes capitalistas ? Não, pois não? Eu também não...

Mas que raio de coisa! Se tem Portugal todos esses defeitos congénitos quase desde o tempo de D. Afonso Henriques, e se a Crise Financeira Mundial não é responsável pelos males que nos afligem, porque é que a Espanha, a Irlanda, a Alemanha (pôrra, a Alemanha!!) estão tão mal ou pior do que nós neste tempos conturbados?

Bem, vou-me deitar a adivinhar... A Espanha está na fossa à conta e por causa da "Imprensa del Corazón" que tem corrompido a moral pública desde os tempos sérios e respeitáveis do Caudilho... E quanto à Alemanha... Se calhar terá sido o abandono das visionárias políticas de eugenismo do 3º Reich? Deixaram nascer demasiados bébés miscegenados?

Tenham santa Paciência...

Todos os problemas económicos que nos afligem têm solução. Haja mas é vontade de combater o mais pernicioso e devastador deles: a corrupção e a fuga ao fisco. E com qualquer Governo democraticamente eleito será possível saírmos do atoleiro...

Não foi exactamente na Batalha dos Atoleiros que recomeçou a nossa Independência, há mais de 600 anos?

Viva o Bacalhau Seco e abaixo o Jamón!!

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