No domínio da geometria Euclidiana fomos habituados, na nossa juventude, a considerar que a linha recta traçava sempre a distância mais curta entre dois Pontos, fossem eles duas cidades no mapa de um qualquer País, ou apenas duas referências de arquitectura que urgia unir no estirador antes de se tornarem edifícios construídos.
Mais tarde começámos a ler algumas coisas sobre a teoria da Relatividade e de como a inclusão do "tempo" nesta equação da distância podia começar a baralhar estes simples raciocínios. Não só o tempo "perdido" num fila de trânsito pode parecer mais ou menos do que o tempo real, de acordo com a nossa percepção da "pressa" , do que "temos para fazer", como até começou a ser hábito coloquial medir a distância mais pelo tempo e menos pelos Km: Durante a semana levo 1,5 hora de casa ao emprego, mas ao Sábado faço esse trajecto em meia hora apenas...
Veio esta conversa a propósito do tempo que passamos a trabalhar e de como será possível rentabilizá-lo ainda mais, sobretudo no caso de profissões onde a eficácia não se meça ao "nº de peças" ou com outra medida quantitativa de avaliação da produção.
Depois de muitos anos de conversa sobre a "forma" como a avaliação do trabalho se deve fazer - desde o conceito Taylorista do início da Revolução Industrial até aos novos modelos virados sobretudo para Resultados , para as contas de Perdas e Lucros por unidade industrial - vêm agora alguns "Gurus" da gestão do tempo dizer-nos que o futuro terá de ter em conta a produtividade individual durante o ciclo das 7 ou 8 horas de trabalho diárias, sendo preferível - pelo menos em algumas profissões - que o trabalhador escolha o seu horário de acordo com a sua produtividade específica, nem que seja "fora de horas" , se for essa altura aquela em que o Trabalhador rende mais...
Podemos aliar estas conclusões à disseminação das formas de tele-trabalho que já permitem, dentro de certos limites, exercer uma função remunerada em casa, ligados remotamente ao servidor da Empresa empregadora.
Desta forma seria possível antever um futuro onde parte dos trabalhos poderia ser realizada à distância e dentro do horário escolhido pelo tele-trabalhador.
Posso até afirmar que, por exemplo, algumas empresas de software já possuem esta alternativa de trabalho, dando por vezes a possibilidade aos seus programadores para fazerem o seu trabalho (ou pelo menos as partes dele que não necessitam de envolvimento de equipas) em casa e dentro dos horários que preferem.
Mas... para actividades de carácter intelectual, como a Edição, ou o Conceito ( o desenvolvimento de novos produtos ou serviços) acho que esta teoria é potencialmente perigosa, pois ao afastar o Trabalhador\Criativo da companhia dos colegas, do meio ambiente onde se movimentam os outros, da "cultura de empresa" que lhe paga, estará a isolá-lo numa redoma - porventura mais segura e rentável em sentido estrito - mas onde lhe será difícil relacionar-se com o mundo que o rodeia ou aperceber-se de quais as necessidades que os habitantes desse mundo têm .
E , sendo assim, estará o nosso Trabalhador a desenhar produtos para quem? Para outros como ele?
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