quarta-feira, outubro 10, 2012

Teias da Ignorância no Universo Fiscal

O meu "bi-colega" Miguel Esteves Cardoso (primeiro andámos juntos nos 2 últimos anos do Liceu, em  S. João do Estoril e depois no ISCTE fomos assistentes na mesma altura) fala hoje na sua crónica diária sobre aquela frase célebre de um físico americano:
"Existe no mundo físico um oceano de desconhecimento que rodeia a ilha daquilo que sabemos por todos os lados. Quanto mais cresce a ilha , quanto mais julgamos saber, mais cresce também a costa da nossa ignorância".

E é bem verdade. Mas essa "ignorância" nunca foi tão perigosa  - sobretudo no relacionamento com o Estado e a Autoridade Fiscal - como neste momento.

Reparem que na sua vertente mais otimista de encarar a vida, muitos restauradores diziam sobre o aumento do IVA  de 13% para 23%:
- "Temos que aguentar e não fazer refletir nos preços estes 10% do aumento..."

Quando na verdade, de 13% para 23%  é mesmo  um acréscimo de quase 80%!! E a  AHRESP tanto tem insistido no esclarecimento cabal deste ponto que atualmente já serão muito poucos os seus associados que ainda pensam daquela maneira.

As SCUDS  têm agora 15% de desconto para "toda a gente" ! Quer isto dizer que a partir da 6ª ou da 7ª vez que uma viatura por lá passar estará a passar "à borla"?  6 x 15% sempre são 90%!

Claro que não! Cada vez que passarmos pelos "portais" lá vai o Gaspar outra vez à continha bancária do automobilista impetrante!! E se passarmos 6 vezes , irá lá ao mesmo local 6 vezes tirar o dinheirinho!

O IMI, para o ano que vem,  vai dar conta da vidinha de muita gente. Anulada a precaução legal que impedia aumentos superiores a 75€ em 2013 e 2014, é provável que a maioria dos proprietários veja a sua "contribuição" bastante inflacionada face ao que pagou em 2012.
 Vejam aqui um artigo explicativo sff:


Mas não paguem sem ler atentamente os detalhes das reavaliações! Existe já jurisprudência do Supremo Tribunal Administrativo que aconselha todo o cuidado ao contribuinte em relação a esse ponto fulcral,  que é o seu direito em saber quais os argumentos que levaram o Estado a reavaliar por determinado valor.

Aqui também podem ler sobre este assunto:


Finalmente, como podem os trabalhadores por conta de outrém "safar-se" desta maresia?  Eles  que já não sabemos bem se  têm direito a qualquer tipo de dedução em sede de IRS , os tais "ricos" de que aqui falava um destes dias, e que tudo indica que sejam (para confirmar no Orçamento de Estado) famílias com mais de 45000€ brutos de rendimento por ano em 2013?

Vejam também aqui sff este excelente artigo de Paula Cravina de Sousa:

http://economico.sapo.pt/noticias/nprint/152252.html

E ainda cito, de diversas publicações especializadas:

"De uma forma geral,  e e para a maioria dos portugueses, o aumento dos impostos em 2013 será sentido particularmente  ao nível das referidas deduções. Pela primeira vez, as deduções permitidas em sede de IRS serão sujeitas a um valor que englobarão todas as deduções – saúde, educação, casa, etc."

 "Quando no próximo ano começarem a ser entregues as declarações de IRS referentes aos rendimentos obtidos em 2012, a generalidade dos portugueses vai confrontar-se pela primeira vez com um valor global para o conjunto das deduções (saúde, educação, casa, seguros) fiscais que oscila entre os 1250 e os 1100 euros. E os rendimentos acima de 66045 euros perdem totalmente o direito a beneficiar destas deduções."


Na ressaca de tanta violência de Estado como devemos encarar  aquele  "grave problema" da bandeira nacional invertida na Praça do Município, a 5 de Outubro?

Como diria o Zé Povinho:

-" A bandeira  que se f...coiso ...carago! Eu quero saber é onde pára o meu pilim!!"

Ele e nós...

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