sexta-feira, fevereiro 13, 2009

O Sentido do Amor

Dizem - e todos vimos no filme - que Elizabeth I pediu a William Shakespeare que fizesse uma peça de teatro onde tentasse explicar o "Verdadeiro sentido do Amor". O Bardo concordou (a pensar na sua saúde...) e o resultado foi o "Romeu e Julieta" , considerado por muitos a mais perfeita obra-prima da língua inglesa dedicada ao Amor .

Também aqui no Blog quisémos dar a palavra a um Poeta para ilustrar o pensamento deste dia de amanhã - e à mingua de se poder contar com William Shakespeare, ou com o Camões , pois nem um nem o outro revelaram disposição de saírem de "lá do assento etéreo onde subiram" - fizémos apelo ao Poeta Manuel Luar. Poeta de alto coturno, mestre da língua, aliás, de várias línguas (vaca ou porco desde que bem temperadas) e também...o único que não pediu dinheiro pela contribuição, nestes tempos de todas as crises... E aqui vai o que nos arranjou para esta ocasião.

O poema vinha escrito num toalhete de restaurante ainda a cheirar ao Cozido à Portuguesa da véspera, e trazia uma nota agarrada onde se podia ler: " Desculpem lá qualquer coisinha que foi o que se conseguiu arranjar... Amanhã onde é o almoçinho?"
Há grande Luar que não há poeta mais português!

Gozar com o amor

O Sol nos olhos de quem passa
Cura mais que muitos médicos
Manejando os seus instrumentos
Sempre afoitos, diligentes,
Consultando os seus doentes

Só mal de amor não tem remédio.
Quando se instala num coração
Com tão grande e triste tédio
Causa agonia a corpo são
E quase não tem solução...

A não ser que o objecto amado
Desfaça essa insensatez
E com cuidado redobrado
Mostre ao pobre coitado
Que pode amar outra vez…

Nessa altura fará Sol
Mesmo que um temporal
Em borrasca transfigurado
Pelas TV’s esteja anunciado
E em águas mil confirmado…

E o amante vem para a rua
Dançando com tanta alegria
Aquela ventura que é só sua
Sem pensar que ficaria
Com a água pela cintura…

É louco quem ama assim?
Só aquele que nunca amou
Pensa que amar é triste fim
Até o rio que transbordou
Regressa às margens que já beijou

“Amor” é um pobre palhaço
Desejar sem qualquer mistério
Nem medo do fracasso
A linda bailarina
Que dança sobre o trapézio…

E “Amor” também pode ser
Esse desejo sem mal
Que parecia condenado
Dar casamento, afinal
No Circo onde foi criado.
Manuel Luar

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