segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O Fórum Económico Mundial de DAVOS

O Fórum Económico Mundial (FEM) é uma reunião anual entre presidentes das corporações mais ricas do mundo, alguns líderes políticos nacionais (Presidentes da República , Primeiros ministros e outros) mas também intelectuais e jornalistas seleccionados, normalmente de grande gabarito em termos da ciência económica. Este Fórum que geralmente acontece em Davos, Suiça, foi fundado em 1971 por um Professor de Gestão suiço, e em consequência disso ajuda a financiar a Fundação Schwab para o Empreendedorismo Social, criada pelo mesmo Professor.

O FEM tem estatuto de consultor da ONU e é considerado o representante das ideologias dos países desenvolvidos.

Neste fim de semana lá se deu o FEM em Davos.. E as notícias são alarmantes. Reparem só nas duas intervenções que fiz questão de aqui trazer:

"This is the time to see courageous leadership on the part of the G20 - said Maria Ramos, Group Chief Executive, Transnet, South Africa, and Co-Chair of this year’s Annual Meeting. - The time for words is over; this is the time for implementation and action. If we come back in six months or a year and are still talking about the same things, we will have failed. And the social unrest we will have to deal with will be absolutely dramatic.”


When the economic malaise really begins to affect families and people don’t have jobs, that will have huge political repercussions,” - warned Moisés Naím, Editor-in-Chief, Foreign Policy Magazine, USA. - Naím predicted that, while 2008 will be remembered as the year of financial crashes, 2009 will go down in history as the year of “political crashes”, with governments falling in many countries."

Se bem notarmos o que foi dito, o pior está para acontecer no mundo económico desenvolvido: vai chegar a altura em que famílias deixam progressivamente de poder assumir os seus compromissos - com os bancos por causa das casas ou dos carros, mas também com os colégios dos filhos, ou com o pagamento dos seguros de vida, de saúde, etc... - devido às ondas de choque das falências generalizadas que irão trazer atrás de si desemprego como nunca se viu na Europa do Pós-Guerra ou nos USA desde 1929\1930.

Todos avisam que estes acontecimentos - em cima de muitos anos de prosperidade e de "boa vida" da classe média e média baixa, que provocaram maus hábitos de consumo... - só poderão causar distúrbios sociais e manifestações de rua. E de um nível incomparavelmente mais grave do que as que já presenciámos em França , por ocasião dos distúrbios nos bairros sociais do "banlieu" de Paris, que começaram exactamente por ser a ponta do fio desta tragédia económica agora anunciada.

Que fazer? Se esperarmos mais 6 meses ou um ano sem nada fazer, como muito bem diz Maria Ramos, Secretária da conferência deste ano, o mais certo será que muitos governos caiam e que a insustentabilidade dos sistemas sociais venha ao de cima de forma assustadora. Não esqueçamos que esses sistemas, aqui em Portugal como em quase todo o lado, já estavam fragilizados por causa do descalabro da partição entre a população activa e a reformada... Imaginem-nos agora a terem que resolver, com subsídios, os índices de desemprego de dois dígitos??!!

É de esperar mais recuos nas pensões - tanto no aumento da idade da reforma como na diminuição do montante a receber (à boca pequena já se fala na aplicação da regra "75": 75 anos e 75% do vencimento) - o que só poderá causar ainda mais instabilidade política e social.

Se os Governos que podem não avançarem de imediato com programas de Obras Públicas ou \ e de Investimentos Públicos que ponham fim à sangria do desemprego, muito mal virá a este mundo... e cá estaremos para o comprovar.

Como raio deixaram (deixámos...) as coisas chegar a este ponto??!! E não há culpados??!!

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